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É legal conhecer sobre as expansões marítimas e sobre o processo de colonização do Brasil pois pode ajudar a compreender melhor o Quinhentismo

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Academic year: 2021

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Texto

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Quinhentismo

De onde partir

✓ É legal conhecer sobre as expansões marítimas e sobre o processo de colonização do Brasil pois pode ajudar a compreender melhor o Quinhentismo

Onde você vai chegar

✓ O estudo do conjunto dessa obra é fundamental para compreendermos a influência europeia sobre a formação dos nossos mitos fundadores e, hoje, a partir de novas perspectivas e narrativas, ressignificarmos as nossas origens históricas

✓ Aprender sobre definição de Quinhentismo e reconhcer seu caráter documental e informativo

Teoria

Introdução

As escolas literárias no Brasil possuem características diversas ao longo dos séculos, a partir de seu contexto histórico, momentos políticos e valores sociais. Assim, para essa aula, veremos alguns pontos importantes sobre a primeira manifestação “literária” do país. Mais para a frente, compreenderemos o porquê de literária estar entre aspas.

No século XVI, momento histórico marcado pelas grandes navegações, os portugueses buscavam novas terras e acordos comerciais. Em 1500, com o intuito de encontrar o caminho das Índias, os navegantes acabaram avistando as terras brasileiras e, desde então, iniciou-se um grande processo colonizador ao território encontrado e aos índios que ali habitavam.

Sendo assim, a partir do momento que os portugueses chegam nesta nova terra, eles passam a escrever relatos com a finalidade inicial de informar ao reino de Portugal sobre o novo território encontrado. No Brasil, tais registros escritos marcaram o período intitulado como Quinhentismo.

O Quinhentismo

O período quinhentista é marcado pelo início do processo de colonização no Brasil. Não se trata exatamente de uma corrente literária (por isso as aspas anteriormente), pois sua contribuição é muito mais histórica e informativa sobre aquele momento, uma vez que é caracterizada pelo choque cultural entre índios e europeus: os primeiros contatos, as relações de troca, a linguagem, a diferença entre os valores e hábitos e, também, a exploração das pessoas indígenas.

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Literatura

Dado o caráter de registro neste período, vale frisar que não há lirismo, subjetividade, elementos comuns a outros momentos literários. Na literatura de informação (que você verá a seguir), por exemplo, os textos são descritivos (logo, a função denotativa/referencial da linguagem prevalece, e não a emotiva). O objetivo era o de relatar e descrever o território novo.

A literatura informativa

Também chamada de literatura da informação, é conhecida pelas descrições da terra brasileira durante os primeiros anos no processo de colonização. Os textos tinham o intuito de informar aos governantes de Portugal sobre o território explorado e os interesses comerciais. Assim, pode-se dizer que os assuntos recorrentes de tais documentos eram:

• exploração de matéria-prima

• área favorável para a implementação de colônias • a abundância de minérios

• a grandiosidade da fauna

• o contato com os indígenas, entre outros.

Leia, abaixo, dois trechos da carta do escrivão Pero Vaz de Caminha, enviada à corte portuguesa, pouco tempo após a chegada dos europeus em solo brasileiro. Essa carta também é conhecida como a “certidão de nascimento” do Brasil, tido que não havia registro escrito antes da chegada dos portugueses.

“O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa por estrado. Sancho de Tovar, Simão de Miranda, Nicolau Coelho, Aires Correia, e nós outros que aqui na nau com ele vamos [...]. Acenderam-se tochas. Entraram. [...] um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. Também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal como se lá também houvesse prata.”

"Andam nus sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa de cobrir nem mostrar suas vergonhas e estão acerca disso com tanta inocência como têm de mostrar no rosto. (...) Eles porém contudo andam muito bem curados e muito limpos e naquilo me parece ainda mais que são como as aves ou alimárias monteses que lhes faz o ar melhor pena e melhor cabelo que as mansas, porque os corpos seus são tão limpos e tão gordos e tão fremosos que não pode mais ser."

Consegue distinguir?

O primeiro trecho se refere ao capitão, Pedro Álvares Cabral, representado com solenidade, bem vestido, elegante (“com um colar d’ouro”). Por outro lado, ao ilustrar o povo nativo, Caminha traz quase uma descrição selvagem, considerados “como aves ou alimárias” (sendo alimárias, segundo o dicionário, definidas como qualquer animal quadrúpede). Perceba o contraste entre a visão do europeu sobre o seu semelhante, e a visão do europeu sobre o “outro”. Essa percepção quase animalizada do diferente, aos olhos europeus, contribui para o processo de aculturação, que veremos à frente.

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“De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito fremosa. (...) Nela até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata... porém a terra em si é de muito bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem (...)”.

Repare que, aqui, há a descrição geográfica do local que, futuramente, virou o Brasil: fala-se sobre a praia, trazendo adjetivos positivos à paisagem. Relata-se sobre os ares e o volume das águas. Assim, cumprindo a função de detalhar ao reino português sobre o novo local.

A seguir, você lerá sobre a literatura Jesuítica que, diferente da Informativa, apresentava outro objetivo durante o Quinhentismo. Vamos ver!

A literatura Jesuítica

A literatura jesuítica, ou também intitulada como literatura de catequese, surgiu com a chegada dos jesuítas ao Brasil-Colônia. Os jesuítas vieram à terra tupiniquim para catequizar os índios e, segundo a ideologia cristã, era uma maneira de livrá-los de seus “pecados” e conhecer a Deus, além de conquistar novos fiéis e, assim, expandir o catolicismo. Os principais nomes da literatura informativa são José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e Fernão Cardim. É importante dizer, ainda, que os colonizadores ficaram insatisfeitos com a atuação dos jesuítas, visto que os índios eram usados como mão de obra escrava para a extração da árvore Pau Brasil e, sendo influenciados pelo catolicismo, muitos acabavam sendo protegidos pelos jesuítas para outros fins. No entanto, é importante compreender que, apesar de os jesuítas, a princípio, protegerem os nativos para que não fossem utilizados como mão de obra escrava, cabe frisar que, estes europeus foram os responsáveis pelo processo de aculturação indígena. Apesar de alguns relatos jesuítas denunciarem os maus-tratos sofridos pelos índios, o caráter didático-religioso, ou seja, a imposição do cristianismo como única manifestação correta de religião, por parte destes catequistas, levou à proibição dos ritos, religiões e vivências indígenas.

Confira, a seguir, um trecho de um dos poemas de José de Anchieta, intitulado A Santa Inês. Cordeirinha linda,

Como folga o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo! Cordeirinha santa, De Jesus querida, Vossa santa vida O Diabo espanta. Por isso vos canta Com prazer o povo, Porque vossa vinda Lhe dá lume novo. (...)

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Literatura

Primeira Missa no Brasil, 1860. Victor Meirelles

Se liga!

A maior representação do Quinhentismo é a carta de Pero Vaz de Caminha, destinada à corte de Portugal. Aqui está o material na íntegra.

Na Cultura

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Veja a sinopse:

O filme tem como ponto central a história de Diogo Álvares, artista português, pintor talentoso, responsável por uma das lendas que povoam a mitologia brasileira — a do Caramuru. Antes, porém, Diogo é responsável por uma confusão envolvendo os mapas que seriam usados nas viagens de Pedro Álvares Cabral. Contratado por Dom Jaime, o cartógrafo do rei, para ilustrar o precioso documento, ele acaba sendo joguete de uma francesa, Isabelle, que vive na corte em busca de ouro, poder e bons relacionamentos. Ela rouba-lhe o mapa e o artista é deportado. Na viagem, Diogo conhece Heitor, um degredado cult, quase precursor do que hoje em dia se conhece como mochileiro. Como muitas caravelas que se arriscavam, a de Vasco de Athayde naufraga. mas Diogo consegue chegar ao Brasil e o infortúnio acaba sendo um auxílio para dar início à história de amor entre ele e Paraguaçu, a índia que conhece ao chegar ao novo mundo, ao paraíso bíblico sonhado. O romance entre o descobridor e a nativa é, de fato, a história do triângulo amoroso entre Diogo, Paraguaçu e sua irmã Moema. Os três viviam em perfeita harmonia, sob os olhares do cacique Itaparica. Algum tempo depois, no entanto, Diogo é indagado a ir embora para a França para se casar com a maquiavélica marquesa Isabelle. Apaixonadas, Paraguaçu e Moema mergulham no mar atrás da caravela, mas só Paraguaçu chega à embarcação. Ela e Diogo continuam sua história de amor, com todos os impactos da cultura europeia na vida de uma linda índia.

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Literatura

Exercícios

1.

(Enem 2009)

(ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666).)

“A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto.”

(CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br.)

Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que: a) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do

movimento romântico das artes plásticas.

b) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso.

c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador.

d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena. e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto

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2.

(Enem 2013) TEXTO I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

(CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).)

TEXTO II

(O descobrimento do Brasil, Cândido Portinari. Óleo sobre tela, 1956. Disponível em: http://www.portinari.org.br/#/acervo/obra/2551.)

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que:

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.

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Literatura

Gabaritos

1. C

Ambos os textos abordam a questão do índio, que eram os nativos encontrados na América. A pintura dialoga com o que está escrito na carta de Caminha, representando o índio sem vestimentas, com seus apetrechos.

2. C

Referências

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