SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO DE USO/COBERTURA DA TERRA
Por
Jussara Rafael Angelo
Trabalho entregue a Prof. (a) Maria Isabel Escada da disciplina de Padrões e Processos de dinâmica de uso e cobertura da terra
Julho/2010
1 - Introdução
Este trabalho tem por objetivo a criação de classes de uso e cobertura da terra para associar com a ocorrência da malária. Possibilitando a compreensão dos determinantes socioambientais desta endemia. Serão utilizados dois sistemas de classificação para fim de comparação, o modelo proposto pela Food and Agriculture Organization (FAO), o Land Cover Classification System (LCCS) e o modelo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Montar uma classificação de uso e cobertura da terra exige de antemão algumas premissas básicas, das quais destacamos:
1) Compreender o fenômeno que será analisado e para qual finalidade será utilizada essa modelagem.
2) Escolher a escala de análise adequada pois é através dela que serão definidos o nível de detalhes das classes.
2 - Malária e uso e cobertura da terra
A malária é uma doença infecciosa produzida pelo protozoário do gênero plasmodium. No Brasil, o seu principal vetor é o anopheles. De forma geral, as condições adequadas para a proliferação é água limpa, parada em uma região sombreada. Seu processo de transmissão é extremamente influenciado pelas relações que os grupos populacionais mantêm com o espaço geográfico. Neste sentido que a compreensão das mudanças de uso e cobertura da terra pode contribuir para o entendimento dos determinantes socioambientais da malária. A seguir segue as classes que são importantes que podem contribuir para a associação ente malária e uso/cobertura da terra. Importante ressaltar que essas classes foram definidas para uma análise mais regional.
Classes de cobertura da terra:
Agrícola Recente Agrícola Consolidada Área Urbana
Extração Mineral Vegetação Natural Pastagem
Água
3 – Land Cover Classification System
O programa Global Land Cover Network (GLCN) da Food and Agriculture Organization (FAO) da Organização das Nações Unidas (ONU), desenvolveu um sistema de classificação próprio de cobertura da terra. Esta classificação foi criada com a finalidade de uniformizar os critérios de classificação das coberturas para o mapeamento global. A classificação é definida através de critérios diagnósticos, organizados hierarquicamente, compondo desta forma fórmulas alfanuméricas representativas das classes. A proposta visa a uma padronização da metodologia de forma que os produtos sejam independentes das diversas classificações adotadas regionalmente e até da densidade das informações coletadas.
Land Cover Classification Legend
7/7/2010
List of Land Cover Classifiers Used
# ClassifierClassifier Label
Dichotomous Phase
15 B27Artificial Waterbodies, Snow and Ice
Cultivated and Managed Terrestrial Area(s)
16 A4Graminoid Crops
17 A5Non-Graminoid Crops
Natural And Semi-Natural Primarily Terrestrial Vegetation
18 A10Closed > (70-60)% (Main Layer)
19 A3Trees (Main Layer)
20 B2> 30 - 3m (Trees Height Main Layer)
21 C2Fragmented
22 C5(Cellular)
Artificial Surfaces and Associated Area(s)
23 A1Built Up Area(s)
Bare Area(s)
24 A5Bare Soil And/Or Other Unconsolidated Material(s)
Artificial Waterbodies, Snow and Ice
25 A1Artificial Waterbodies
26 A5(Standing)
Natural Waterbodies, Snow and Ice
27 A1Inland Water
28 A5(Standing)
4 – Classificação do IBGE
O Projeto de Uso da Terra do IBGE surgiu da necessidade de um referencial nacional para o estabelecimento de normas e critérios a serem utilizados na elaboração de mapeamento de uso e cobertura da terra (IBGE, 1999). O sistema de classificação, que se encontra na sua segunda edição (IBGE, 2006), foi definido em três níveis hierárquicos, com classes e subclasses, procurando formar legendas com o máximo de significado e o mínimo de níveis.
Nível 1 – Classe Nível 2 – subclasse Nível 3 - Unidade Áreas Antrópicas Não-
Agrícolas Áreas Urbanizadas
Cidades, vilas
Áreas de extração mineral
Área de Mineração
Áreas Antrópicas
Agrícolas
Cultura Temporária
Cultura Permanente Pastagem
Áreas de Vegetação Natural
Floresta Campestre
Água Corpo D`água Continental
5 – Conclusão
Os mapeamentos da cobertura da terra constituem importantes ferramentas para o planejamento regional. Além de se constituírem em ricas fontes de informação para diversas áreas, inclusive para análises dos determinantes sócioambientais em saúde.
Entretanto, os atuais mapeamentos, inclusive os analisados no corpo deste texto, atendem a propósitos muito específicos, sendo limitados na sua capacidade de definir a ampla variedade de tipos existentes de cobertura da terra, o que dificulta a utilização deste para outros fins como acontece nas análises em saúde.
Os dois sistemas apresentados, LCCS e IBGE apresentam, de imediato, diferenças conceituais. Enquanto o sistema de classificação do LCSS aborda apenas cobertura da terra, o sistema de classificação do IBGE faz uma mistura entre uso e cobertura.
Como explanado no início do texto, a questão da definição da escala de análise constitui-se numa prioridade para a classificação de uso da terra. Neste sentido, no caso dos dois sistemas de classificação utilizados, os dois podem ser adequados de acordo com a escala de análise selecionada.
Para uma análise regional da relação malária e uso da terra, a classificação proposta pelo IBGE pode ser adequada até o segundo nível hierárquico. Tendo em vista que a partir do terceiro nível ele entra em detalhes que nem sempre são pertinentes.
Como por exemplo, quando na classe de vegetação do IBGE, ele específica o produto extrativista (ex. Extrativismo de castanha do Pará+ Exploração de madeira). Na análise da relação uso da terra e malária não há a necessidade de saber o produto extraído, seria mais interessante se houvesse uma classe mais geral, denominada “Extrativismo Vegetal”.
Para uma escala de análise mais local, onde há a necessidade de mais detalhes o Sistema de Classificação da FAO parece atender melhor as necessidades. Tendo em vista, que o sistema proporciona um maior número de possibilidades. No caso da classificação da vegetação há a possibilidade, por exemplo, de escolher a fenologia da vegetação.
Todavia, este sistema não foi muito adequado para definir a classe de extração mineral/garimpo. Essas áreas ficaram definidas simplesmente como solo exposto. Isto por que a classe extração mineral/ garimpo constitui-se numa classe de uso da terra, e o LCSS faz uma abordagem somente de cobertura da terra.
As classes área agrícola recente e área agrícola consolidada que são classes que podem contribuir para o entendimento dos determinantes da malária não puderam ser identificadas. Nos dois sistemas essas classes foram generalizadas por área de cultivo.
Já que nestas variáveis é necessária a incorporação da variável tempo, que não é abordada em nenhum dos sistemas de classificação.
Para concluir, destaca-se que não há um sistema de classificação mais adequado para a relação da cobertura/uso da terra e malária. Dependendo da classe cada sistema demonstrou-se mais adequado. Se o LCSS permite uma classificação mais detalhada da cobertura da terra, por outro lado ele não aborda o uso da terra que é importante para o entendimento dos determinantes ambientais da malária.