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RESULTADOS PRELIMINARES DO INFORME NACIONAL DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS

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Academic year: 2021

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RESULTADOS PRELIMINARES DO INFORME NACIONAL DE ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS

Danielle Kioshima Romais¹; Joachim Graf Neto²; Rafael Dudeque Zenni²; Rodrigo Chaves Ribeiro²; Sílvia Renate Ziller³

RESUMO

O Informe Nacional sobre Espécies Exóticas Invasoras vem sendo realizado desde 2003 na forma de entrevistas e buscas em fontes bibliográficas e possui em sua base de dados 201 espécies exóticas invasoras registradas para ambientes brasileiros, sendo 103 vegetais e 98 animais. Destas 201 espécies, existem 8.536 registros de ocorrência em todo o País. Praticamente 75% das introduções de espécies exóticas no Brasil são voluntárias e principalmente com finalidades econômicas. Observa-se que a ciência das invasões biológicas ainda não é consolidada no País e que os técnicos que atuam no campo e em pesquisas não possuem uma visão formada sobre o tema. Neste sentido é fundamental a criação de políticas públicas que revertam este panorama bem como a evolução da legislação para que incorpore a problemática das invasões biológicas no Brasil de forma clara.

INTRODUÇÃO

Tratando-se as invasões biológicas de um tema ainda novo no Brasil, a existência de referências bibliográficas é escassa e pouco representativa da situação concreta. Ainda não existe uma referência oficial de quais são as espécies exóticas invasoras registradas para o Brasil, seus locais de ocorrência, danos e impactos causados. Neste contexto, a coleta de dados sobre espécies exóticas invasoras e seus locais de ocorrência foi iniciada em 2003 pela The Nature Conservancy e pelo Instituto Hórus através de contatos por correio eletrônico, telefone e pessoais. O nível de resposta apresentado foi baixo, cerca de 10%, denotando a falta de conhecimento técnico e a precariedade com que o assunto é tratado no país.

Em 2004, com a entrada de recursos do Probio / Ministério do Meio Ambiente para a realização de um informe nacional sobre espécies exóticas invasoras, foram contratados técnicos em cada bioma brasileiro para a realização de entrevistas. As instituições envolvidas foram Secretarias do Meio Ambiente, Agricultura e/ou Pesca, IBAMA, Universidades e Faculdades, ONG’s, EMBRAPA, instituições de pesquisa e técnicos autônomos. As pessoas entrevistadas receberam uma orientação sobre invasões biológicas e foram consultadas sobre a ocorrência de espécies nos respectivos estados ou região em que atuam.

MATERIAL E MÉTODOS

Os técnicos responsáveis pela coleta das informações receberam um treinamento sobre invasões biológicas e sobre quais informações seriam necessárias para o informe nacional. Através das respostas obtidas nas entrevistas, preencheram fichas de ocorrência de espécies exóticas invasoras no Brasil. A informação das planilhas foi triada para fins de padronização anteriormente à sua incorporação na Base de Dados. A base de dados é composta por 9 planilhas. Os dados obtidos das entrevistas foram complementados a partir de pesquisas bibliográficas.

As informações contidas na planilha Espécie caracterizam os aspectos ecológicos e taxonômicos de cada espécie. O ambiente natural e a área de ocorrência ajudam a separar limites ambientais de espécies sem consideração por limites políticos. O conhecimento do ambiente em que a espécie evoluiu mostra que tipo de condições ambientais a espécie está adaptada e qual a capacidade de tolerar novas condições.

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O resgate do histórico da introdução de espécies no Brasil está contemplado na planilha de Introdução e consiste numa descrição das introduções registradas, na data em que ocorreram, na(s) causa(s) da introdução e ainda se a introdução foi voluntária ou acidental.

Para caracterizar a invasão biológica, uma espécie precisa ultrapassar primeiramente uma barreira geográfica, depois uma barreira ambiental para se estabelecer e por último a barreira da dispersão. Isso ocorre quando a espécie consegue produzir descendentes e disseminá-los além do local de introdução. As características que cada espécie possui, ou que desenvolve para vencer estas três barreiras estão apresentadas na planilha Características, que contém informações sobre as formas de dispersão de sementes, hábito alimentar da fauna, formas de reprodução, forma biológica, rotas e vetores de dispersão.

A classificação de uma espécie como invasora ou ainda como potencial invasora foi fundamentada na existência de casos de invasão biológica pela espécie em outros locais do mundo. Essas informações estão registradas nos campos “locais onde a espécie é invasora” e “ambientes preferenciais para invasão”, que contemplam países onde se tem registro de invasão de determinada espécie e o ambiente invadido. Na mesma planilha está incluído o campo “uso econômico”, maior motivo de introdução de espécies no Brasil.

Os impactos causados pela introdução de espécies exóticas invasoras podem ser econômicos, sociais, ecológicos ou atingir a saúde e estão agrupados na planilha Impactos.

A prevenção, o controle e, quando possível, a erradicação de espécies exóticas invasoras de ambientes naturais geram tanto mais benefício quanto mais cedo são iniciados, pois o processo de invasão biológica tem crescimento exponencial. O número de indivíduos da população e o conseqüente impacto causado é pouco perceptível no início e, com o passar do tempo, aumenta até que a invasão se torne irreversível. Os custos são proporcionalmente mais elevados. Espécies exóticas invasoras favorecem a si mesmas e a outras espécies invasoras no processo de substituição de ambientes naturais. Muitos métodos de controle estão em uso ao redor do mundo e podem viabilizar a erradicação de espécies desde que a intervenção ocorra precocemente. Havendo-se perdido essa oportunidade, pode-se manter sob controle o tamanho de uma população. Métodos mecânicos (arranquio, caça, etc.), químicos (herbicidas, envenenamento, etc.) e biológicos (agentes de controle) são utilizados de forma combinada e específica para resolver invasões em diferentes contextos e tempos. Embora o controle biológico não tenha tradição no Brasil, está consagrado em outros países como método de grande eficiência para reversão de invasões biológicas, especialmente quando os outros métodos já não podem ser eficientes devido ao tamanho da área invadida.

Ainda na planilha de Controle constam medidas preventivas, referentes a práticas de manejo que minimizam e/ou impedem a dispersão de espécies exóticas invasoras bem como medidas legislativas que impedem a introdução, criação ou produção de determinadas espécies. São exemplos a criação de barreiras para quebra-vento, planejamento da produção integrado com vistas a sistematizar o controle da dispersão de espécies invasoras, introdução de agentes de controle biológico para predação de sementes em espécies de uso florestal e normas legislativas que impedem a introdução ou criação de espécie de risco.

O campo destinado à análise de risco incorpora dados de processos realizados em outros locais do planeta que podem servir como indicadores para o país, dada a ausência no Brasil de análise de risco que envolva fatores ambientais no momento de introdução de espécies exóticas. A falta de um sistema de triagem que considere riscos ambientais é uma premência no país, especialmente dado que as estatísticas de introdução apontam que quase 90% das espécies exóticas invasoras atualmente existentes no Brasil foram introduzidas para uso econômico – obviamente sem qualquer análise prévia estendida além dos sistemas produtivos. Na planilha de Ocorrências estão registrados os locais onde foram identificados processos de invasão biológica. O registro está associado à localidade (fazenda, morro, rio, etc.), município

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Brasileira publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1992 para ambientes terrestres e em termos técnicos específicos para ambientes aquáticos, marinhos e de água doce, além de termos genéricos para casos em que falta informação específica. Bacias hidrográficas servem de referência para espécies aquáticas. Há espaço para coordenadas geográficas, porém esse dado mostrou-se difícil de se obter durante o informe nacional, em função da escassa dedicação científica ao assunto no país. A situação populacional da espécie foi dividida em contida, detectada em ambiente natural, estabelecida e invasora, referindo-se às diferentes etapas desde a introdução até a invasão. Outros campos permitem incluir uma descrição do processo de invasão, a data de entrada na base de dados, a data de observação em campo e o nome do contato que forneceu a informação, cadastrado em detalhes na planilha de Contatos.

A planilha de Contatos contém todas as informações das pessoas que forneceram registros de invasão relacionados na planilha de Ocorrências. As informações disponíveis sobre o contato são: nome completo, formação profissional, instituição, cargo, especialidade, endereço, cidade, estado, país, código postal, e-mail, telefone, fax e website. Cada informação inserida no banco de dados ficará sempre vinculada à fonte de informação. Desta forma ficará mantida a confiabilidade dos dados e é possível voltar a consultar os informantes sempre que necessário. A planilha de Projetos agrupa informações sobre projetos já realizados e em andamento sobre invasões biológicas. Objetiva-se possibilitar maior comunicação entre pesquisadores e responsáveis pelo controle de espécies exóticas invasoras, assim como receber os resultados de desses projetos para constante atualização da base de dados. As informações disponíveis são: título do projeto, área geográfica, contato, data de início e término do projeto, objetivos principais, breve descrição do projeto e observações relevantes.

A planilha de Referências Bibliográficas serve como referência científica dos dados existentes, assim como para a difusão do conhecimento sobre invasões biológicas. Cada referência está diretamente relacionada a uma ou mais espécies.

No presente, está em desenvolvimento uma interface para a Internet em parceria com a Universidad del Sur e I3N – Rede Inter-Americana de Informação sobre Espécies Invasoras. O objetivo é disponibilizar o banco de dados no website do Instituto Hórus para consulta pública, facilitar as consultas sobre espécies e dados correspondentes e, no futuro, criar um corpo de colaboradores que terão acesso direto à inserção de novas informações no banco de dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Características das espécies registradas no informe nacional de espécies exóticas invasoras

Os grupos de fauna e flora encontram-se distribuídos de forma aproximadamente igual nos registros obtidos durante o Informe Nacional de Espécies Exóticas Invasoras. Do total de espécies cadastradas na base de dados até 01 de agosto de 2005 (201 espécies), 51% são plantas e 49% são animais.

As 103 espécies invasoras de flora registradas para o Brasil foram classificadas em oito grupos quanto à forma biológica: arbórea (36%), herbácea (31%), arbustiva (12%), gramínea (11%), enquanto as bromeliformes, palmeiras, suculentas e trepadeiras formam os 10% restantes (ANEXO 1).

As 98 espécies invasoras da fauna foram classificadas em 15 grupos, segundo as formas biológicas. Os grupos mais representados são moluscos (20%), peixes (20%), crustáceos (19%) e mamíferos (13%). Água-viva, anêmona, anfíbios, aves, camarão-de-água-doce, caranguejo-siri, anelídeos, répteis e insetos representam os demais 24% das espécies (ANEXO 2).

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Para melhor retratar as espécies exóticas invasoras presentes no Brasil foram analisadas características morfofisiológicas, hábitos alimentares, reprodução, dispersão e ecologia.

As formas de dispersão de sementes mais relevantes registradas na base de dados foram: anemocórica (42%), zoocórica (22%) e ornitocórica (18%) (ANEXO 3). A forma de dispersão das espécies influencia o potencial de invasão, porém essas tendências variam de acordo com o ambiente invadido.

As espécies de fauna foram classificadas quanto ao seu hábito alimentar: canibal, carnívoro, detritívoro, frugívoro, generalista, granívoro, gumívoro, hematófago, herbívoro, insetívoro, malacófago, nectarívoro, onívoro, piscívoro, planctívoro, polinívoro ou zooplanctívoro. Das 98 espécies de fauna invasora registradas atualmente para o Brasil, 25% são herbívoras, 19% são onívoras e 16% são carnívoras (ANEXO 4). Dados referentes à dieta de espécies invasoras são indicadores de impacto sobre ecossistemas e espécies nativas, sendo também de utilidade na definição de métodos de controle e erradicação.

A partir dos dados coletados no Informe Nacional, observou-se que 76% das espécies foram introduzidas propositalmente. Isso significa que a maioria das espécies exóticas invasoras no Brasil foi introduzida com alguma expectativa de uso econômico e conseqüente benefício ao homem. Exemplos de espécies que trouxeram prejuízos já superiores a quaisquer benefícios gerados são o caramujo gigante africano (Achatina fulica), javali (Sus scrofa) e capim-annoni (Eragrotis plana), amplamente reconhecidos pelos impactos negativos que trazem. Apenas 18% das espécies foram introduzidas de forma acidental, o mexilhão dourado (Limnoperma

fortunei) é uma delas.

A causa de introdução de espécies exóticas invasoras que agrega o maior número de espécies é o uso ornamental, agrupando 19% das espécies registradas, inclusive pets e animais de função ornamental como peixes de aquário. Espécies introduzidas para criação somam 10% dos registros. As causas de introdução são fundamentais para a definição de estratégias e medidas preventivas à introdução de novas espécies ou mesmo à reintrodução e dispersão de espécies no território nacional.

Na TABELA 1 pode-se observar a classificação das introduções utilizada no Informe Nacional. Percebe-se um maior número de introduções do que espécies registradas porque as informações provêm de diferentes fontes, fazendo com que algumas espécies apresentem mais de um registro de introdução e outras espécies não apresentam nenhum.

TABELA 1: Somatório das formas de introduções registradas na base de dados.

INTRODUÇÃO %

Voluntária 75,65 Acidental 18,15 Desconhecida 6,2

Os impactos mais freqüentemente atribuídos à flora exótica invasora foram competição por espaço, luz e nutrientes, perda de biodiversidade local, redução da regeneração de espécies nativas por alelopatia, impactos à fauna nativa, substituição da vegetação nativa e alteração de regime hídrico. Os principais impactos atribuídos à fauna exótica invasora foram competição por alimento e espaço, predação de espécies nativas e perda da biodiversidade local.

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nunca registradas em ambientes naturais e em geral restritas a laboratórios ou pet shops, como a versão albina de Xenopus laevis, e espécies contidas em criação ou plantios. Essas espécies estão registradas na base de dados em função de já estarem presentes no país e representarem alto risco em caso de escape. A categoria de Detectada em ambiente natural refere-se a espécies que estão fora de áreas de cultivo, porém sem informação suficiente para enquadrá-la em outras categorias. A categoria de Estabelecida refere-se a situações em que a espécie está adaptada e reproduzindo localmente, não havendo quebrado barreiras de dispersão para além do ponto de introdução. Essas categorias devem ser consideradas na definição de prioridades para ação de erradicação e controle, com vistas a otimizar relações de custo/benefício iniciando o controle por áreas de baixa densidade de invasão e estabelecimento de medidas preventivas para que espécies já estabelecidas não possam se tornar invasoras. TABELA 2. Ocorrências por situação populacional.

SITUAÇÃO POPULACIONAL %

Contida 1,79

Detectada em ambiente natural 3,51

Estabelecida 30,19 Invasora 63,72

Sem informação 0,78

O maior número de ocorrências registradas foi para os ambientes Urbano e Periurbano (26,99%), seguido de ambientes de água doce em geral (16,42%) e Savana Estépica (8,59%). No caso específico de ambientes naturais terrestres, o maior número de ocorrências está na Savana Estépica, seguida da Floresta Estacional Semidecidual e da Floresta Ombrófila Densa, conforme Tabela 3.

TABELA 3. Número de ocorrências registradas para cada ambiente brasileiro e suas respectivas porcentagens para o número total de ocorrências registradas.

AMBIENTES %

Periurbano + Urbano 26,99

A Verificar + Indeterminado + Em Branco 19,95

Água Doce + Cursos d'água + Lago/Lagoa 16,42

Savana Estépica 8,59

Floresta Estacional Semidecidual 6,64

Floresta Ombrófila Densa 6,48

Savana 2,96

Floresta Ombrófila Mista 2,16

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AMBIENTES %

Floresta Ombrófila Aberta 1,55

Áreas de Tensão Ecológica 1,41

Estepe 1,32

Formações Pioneiras de Influência Fluvial 1,01

Costão Rochoso + Marinho + Estuarino 0,75

Floresta Estacional Decidual 0,69

Formações Pioneiras de Influência Fluviomarinha 0,41

Açude + Reservatório de água doce + Tanque escavado 0,30

Plantio florestal com espécies exóticas 0,26

Refúgios Vegetacionais 0,18

Campinarana 0,05 As ocorrências mostram onde os casos de invasões biológicas foram observados com maior

freqüência pelos entrevistados. Como o levantamento foi realizado através de entrevistas e não de estudos de campo, não se devem tecer conclusões sobre a realidade de cada ambiente com base nessa tabela. A Savana Estépica não deve ser considerada um ecossistema mais ameaçado por espécies exóticas invasoras do que as demais formações simplesmente por haver-se obtido um maior número de registros de ocorrência. Algumas espécies exóticas invasoras foram reportadas como existentes em todos os municípios de estados da Caatinga, conseqüentemente gerando um volume de registros maior. Cada ambiente deve ser observado de forma particular e não comparativa, pois o risco de invasão não está relacionado ao número de espécies e sim aos danos e impactos causados.

A forma de coleta das informações (entrevistas presenciais) influenciou os resultados do levantamento, uma vez que eles ficaram totalmente atrelados a um conhecimento previamente existente que, por sua vez, se mostrou pouco consolidado à exceção de alguns cientistas. O levantamento nacional é, portanto, um demonstrativo do estado atual do conhecimento sobre invasões biológicas no Brasil, reconhecendo-se que há muita informação ainda a coletar para produzir um retrato fiel da situação. Outro fator que tirou precisão do resultado obtido sobre ocorrências de invasão em ambientes naturais foi a falta de padronização na adoção de sistemas de classificação da vegetação. Para o Informe foi adotada a classificação da vegetação brasileira do IBGE (1992), não compreendido por diversos dos entrevistados em regiões que dão preferência a nomenclaturas locais. Essa divergência impediu que todos os ambientes fossem enquadrados, pois os responsáveis pela informação não souberam identificar a categoria correta do IBGE para alguns ambientes. Diversos destes dados estão separados aguardando aprofundamento e revisão.

Desde o início deste levantamento era sabido que não seria viável identificar e registrar todas as ocorrências de espécies exóticas invasoras no país. Sendo a ciência relativamente nova no Brasil, está visto que a grande maioria dos técnicos que trabalham na área ambiental, em campo ou com pesquisa, não têm visão consolidada ou conhecimento aprofundado sobre o tema.

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O site do Instituto Hórus está online desde outubro de 2002 e desde então está totalmente dedicado ao tema de invasões biológicas. O website é bilíngüe e funciona como integrador de informações, organizações e pessoas da esfera pública, civil e privada. O site começou com apenas 5 páginas em outubro de 2002, recebendo cerca de 500 visitas por mês, e hoje é composto por cerca de 25 páginas principais, mais de 150 fichas técnicas e páginas para fotos de espécies exóticas invasoras. Recebe, atualmente, mais de 25.000 visitas ao mês.

Os dados do informe nacional de espécies exóticas invasoras estão disponíveis no site em forma de fichas técnicas, geradas a partir do conteúdo total do banco de dados. Atualmente, das 154 fichas técnicas dispostas no site do Instituto Hórus, 81 são referentes à flora e 73 referentes à fauna.

Também é possível encontrar no site artigos científicos e marcos legais referentes ao tema invasoras, links para sites vinculados ao tema, notícias da mídia e diversas outras sobre espécies exóticas invasoras.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Embora o Informe Nacional de Espécies Exóticas Invasoras não tenha exaurido as informações sobre o assunto no Brasil, especialmente no que se refere aos locais de ocorrência de espécies, configura um passo importante na formação de uma visão anteriormente inexistente. Mais dados poderão ser coletados sempre, porém os dados coletados são inicialmente suficientes para gerar diversas ações práticas no âmbito da prevenção, erradicação e controle de espécies exóticas invasoras.

Dentre essas ações estão a criação de políticas públicas e marcos legais específicos para tratar problemas existentes. Inicialmente, é fundamental que o problema seja oficialmente reconhecido e que sejam estabelecidas prioridades de governo para abordagem do tema.

Observa-se a partir dos resultados obtidos que pouco mais de 75% das espécies hoje presentes no país foram introduzidas voluntariamente, para algum uso econômico. A adoção de um sistema de análise de risco no Brasil, a exemplo do utilizado na Nova Zelândia e na Austrália, é fundamental para estancar o processo de entrada de novas espécies que serão problemas no futuro. Da mesma forma, espécies exóticas de uso comercial precisam de regulamentação específica que permita compatibilizar seu valor econômico com valores ambientais hoje desprezados.

É também urgente a revisão de marcos legais que não diferenciam espécies exóticas de nativas em áreas protegidas e a abertura, sem subjetividade legal, para remoção de espécies exóticas invasoras de quaisquer ambientes, até mesmo urbanos. Outro item pendente é a revisão de sistemas estaduais de uso de herbicidas, em diversos casos desatualizados, ainda permitindo uso de produtos de alta residualidade enquanto há produtos novos no mercado de melhor efeito e residualidade menor. Rótulos de herbicidas precisam igualmente ser revistos pelos fabricantes, pois de modo geral não há previsão de uso para controle de espécies exóticas invasoras, dificultando o trabalho de controle.

Recomenda-se ainda que sejam realizadas campanhas informativas acerca do tema, para evitar crimes ambientais básicos que muitos realizam por pura falta de conhecimento. Os recursos hídricos estão gravemente comprometidos pela introdução de espécies exóticas. Até mesmo no rio Amazonas há registro de ocorrência de tilápia, conseqüência de um programa de governo que estimulou a produção da espécie nas várzeas do rio. Os escapes são uma questão de tempo. A mesma estória é contada em muitos países, sobre as mesmas espécies, as mesmas intenções econômicas, os mesmos impactos ambientais. Esperamos que no Brasil, onde está 20% da biodiversidade do planeta, tenhamos tempo de tomar consciência de que temos mais a perder do que todos os outros países do mundo. Esperamos também ver ao concluir este trabalho o final de um esforço teórico e o início de muitos esforços que gerem

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resultados práticos, qualificando sistemas produtivos, limpando ambientes naturais e impedindo a formação de novas invasões biológicas para as gerações futuras.

ANEXOS

FIGURA 1. Gráfico do total de espécies de flora classificados quanto à forma biológica.

19% 13% 20% 0% 5% 10% 15% 20% 25%

Forma Biológica - Fauna

Água - Viva Anêmona Anfíbio Ave Camarão-de-água-doce Caranguejo, siri Crustáceo Inseto Lagarto Mamífero Minhoca Molusco Peixe Réptil Tartaruga

FIGURA 2. Gráfico do total de espécies de fauna classificados quanto à forma biológica.

42%

18%

22%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

Tipo de Dispersão

Anemocoria Autocoria Barocoria Blastocoria Entomocoria Hidrocoria Ornitocoria Quirocoria Zoocoria

12%

11%

31%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

Forma Biológica - Flora

Arbórea

Arbustiva

Bromeliforme

Gramínea

Herbácea

Palmeira

Suculenta

Trepadeira

36%

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FIGURA 3. Gráfico do total de espécies de flora classificadas quanto à dispersão de sementes. 16% 25% 19% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% T ipo de Die ta Canibal Carnív oro Detritív oro Frugívoro Generalis ta Granív oro Gumív oro Hematóf ago Herbív oro Ins etív oro Malac óf ago Nec tarív oro Onív oro Pis c ívoro Planctív oro Polinív oro Zooplanc tív oro

FIGURA 4. Gráfico do total de espécies de fauna classificadas quanto à dieta.

1 2 ,0 % 1 1 ,0 % 2 1 ,5 % 1 1 ,5 % 0 ,0 % 5 ,0 % 1 0 ,0 % 1 5 ,0 % 2 0 ,0 % 2 5 ,0 % C a u s a s d e In tr o d u ç ã o C e rc a -viva C ria ç ã o C o m é rc io de A nim a is d e E s tim aç ã o C o m é rc io de A qu ic u ltu ra C o m id a V iva C o m é rc io In te rna c io n al E s ta b iliz aç ã o de D u na s Ind ú s t ria Q u ím ic a F orrag e ira P rog ra m a d e A ju d a O u tro s C o n tro le B iológ ic o F in s A lim en ta res F in s de P e s qu is a F in s O rn am e n tais P e s s o a s tro c a nd o re c urs o s N ã o O b s e rva ç ã o A q u ic ultu ra M inh o c u ltu ra Int ere s s e F lo re s t al Int ere s s e M e d ic in al Q u e bra-ve n to R e s ta ura ç ão d e H a bita t Tra ns p orte de A n im a is D o m é s tic os

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