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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DA CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA NACIONAL - CONDECINE E

SEUS ASPECTOS GERAIS

Por Tereza Cristina Barbosa Alves

Orientador Prof. Willian Rocha

Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DA CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA NACIONAL - CONDECINE E

SEUS ASPECTOS GERAIS

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Público e Tributário

Por: Tereza Cristina Barbosa Alves

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AGRADECIMENTOS

Aos colegas de classe Danielle e João (Jony de Vitor), pelo apoio, a Vinícius Portela Martins, pela orientação. As pessoas que direta e indiretamente, contribuíram para elaboração deste trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a meu marido Rogério, grande incentivador e colaborador. Também meus aos filhos Igor e Beatriz, fonte de inspiração que dá sentido as minhas conquistas.

E a Dona Lilita, minha mãe e “pai”, sem a qual eu não teria chegado até aqui.

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RESUMO

O enfoque do trabalho será apenas a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) em seus gerais aspectos, sua incidência e influência no mercado audiovisual brasileiro, como Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE). De modo geral o trabalho considerará os aspectos relevantes da Condecine principalmente aqueles afetos aos seus pressupostos, fatos geradores, isenção, quantitativos e outros. Faremos também uma descrição da espécie tributária - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) – denominada Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (CONDECINE) e sua intervenção no domínio econômico audiovisual brasileiro.

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METODOLOGIA

A metodologia aplicada a este trabalho destinou-se a ajudar na análise contextual da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (CONDECINE) e sua intervenção no domínio econômico no setor audiovisual.

O leitor verá uma linguagem atual, porém simplificada e atraente, sem perder o foco principal da questão.

Para alcançar os propósitos do trabalho centralizamos os procedimentos metodológicos na pesquisa bibliográfica, webgráfica, lei, doutrina e outros, fazendo um contraponto na questão em seus relevantes aspectos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...9

CAPÍTULO I - A CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA (CONDECINE) E A SUA INTERVENÇÃO NO DOMINIO ECONOMICO AUDIOVISUAL BRASILEIRO...10

1.1 Das Contribuições Sociais e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) ... 11

1.2 Contribuições de intervenção no domínio econômico ... 14

1.3 Pressupostos Constitucionais da Contribuição para o desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional - Condecine ... 17

1.4 Fator gerador da Condecine ... 20

1.5 Aspecto material da incidência ... 25

1.6 Inconsistências da natureza jurídica da Condecine... 29

1.7 Aspecto temporal da incidência ... 36

1.8 O aspecto pessoal da Condecine ... 38

1.9 O aspecto quantitativo da Condecine ... 42

1.10 Redução da Condecine ... 43

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1.11 Destinação da Condecine ... 45

1.12 Hipóteses de isenção da Condecine – Art. 39 da MP n° 2.228- 1/2001. ... ...45

CONCLUSÃO...48

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...51

REFERÊNCIAS WEBGRÁFICAS...52

ÍNDICE ...53

FOLHA DE AVALIAÇÃO...54

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INTRODUÇÃO

O setor audiovisual apresenta-se de forma bastante concentrada, não só no Brasil, mas no mundo todo. Muito se falou a respeito da necessidade de um órgão regulador para atuar intervindo neste domínio econômico, corrigindo falhas de mercado e privilegiando a promoção das obras audiovisuais brasileiras, da cultura e da língua nacional.

Existem diversas dificuldades de atuação regulatória no setor audiovisual, contudo vemos na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE, atualmente existente para o Audiovisual, denominada Condecine Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional diversas possibilidades de intervenção neste domínio, com base nas hipóteses de incidência deste tributo.

Com a utilização desta exação e de algumas isenções previstas na lei que cria o tributo provavelmente conseguir-se-á intervir no setor audiovisual para minimizar os efeitos negativos de falhas desse mercado.

Dessa forma, faremos uma descrição da espécie tributária na Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE denominada Condecine Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional.

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CAPÍTULO I

A CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA CINEMATOGRÁFICA (CONDECINE) E A

SUA INTERVENÇÃO NO DOMINIO ECONOMICO AUDIOVISUAL BRASILEIRO

A Condecine é uma espécie tributária classificada como Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Tais contribuições estão dispostas no art.

149 da Carta Magna de 1988, bem como no art. 32 da Medida Provisória nº 2.228-1/01, e suas alterações, a saber:

CF/88 – “[...] Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sócias, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observando o disposto nos arts. 146, III e 150, I e II, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo [...].”

MP 2.228-1/01 – “[...] Art. 32. A Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine) terá como fato gerador a veiculação, a produção, o licenciamento e a distribuição de obras cinematográficas e videofonográficas com fins comerciais, por segmento de mercado a que forem destinadas (ver Lei nº 10.545/2002).

Parágrafo único. A Condecine também incidirá sobre o pagamento, o crédito, o emprego, a remessa ou a

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entrega, aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, de importâncias relativas a rendimento decorrente da exploração de obras cinematográficas e videofonográficas ou por sua aquisição ou importação a preço fixo [...].”

No tocante a Condecine destacamos ainda as denominações Condecine Título sempre que abordarmos os fatos geradores disciplinados no caput do Art. 32 da MP 2.228-1/01, e Condecine Remessa quando tratarmos dos fatores geradores elencados no parágrafo único do mesmo diploma.

Quando tratarmos do tema “Artigo 3° da Lei n° 8695/93 - Lei do Audiovisual e a isenção da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional” neste trabalho, estaremos abrangendo a Condecine remessa. Mas antes de aprofundarmos no estudo do tema Condecine, descreveremos algumas características da espécie tributária Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE).

1.1 Das Contribuições Sociais e da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE)

A Lei nº 5.172/1966 – Código Tributário Nacional em sua redação original não considerava contribuição como Tributo. Somente os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria eram assim considerados. Entretanto, a Constituição Federal de 1988, não deixa dúvidas quanto à natureza tributária dessa espécie.

As contribuições representam a atuação do Estado em situações relativa a determinado grupo de contribuintes. Não pode ser confundida com uma ação geral a ser custeada por impostos, também não pode ser abordada como uma situação específica e divisível como as taxas. A qualidade típica da Contribuição é sua destinação a determinada atividade exercida por estatal ou

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paraestatal reconhecida pelo Estado como necessária a realização de uma função de interesse público em que sua divisibilidade em relação aos indivíduos não seja relevante.

A Contribuição é caracterizada pela inerência da finalidade de sua essência, visto que não pode ser reconduzida à figura de imposto, uma vez que a própria Constituição não atrela nenhuma materialidade na respectiva norma atributiva de competência instituidora, além de claramente não incluir a figura na categoria de impostos.

Embora a referência a uma determinada finalidade seja elementar distintiva nas contribuições, não se pode pressupor diretamente àquele que a paga, a prestação de uma atividade pelo poder público. Sequer se pode afirmar que se destinem ao essencial fim indicado no art. 195 do Diploma Maior. O PIS, a Cofins e a extinta CPMF já tiveram três destinações não inteiramente ligadas à seguridade social. De modo que, a denominação da teoria da vinculação das contribuições a um determinado fim e sua referência direta ao contribuinte não constitui em toda a essência do tributo, diferentemente do que ocorre com as taxas em que há uma perfeita vinculação.

Se a lei instituidora do tributo não previr sua destinação, não podemos considerá-lo uma contribuição social, a menos que se trate de contribuição que se possa caracterizar como realizadora da finalidade pela simples razão de sua cobrança. Segundo Greco:

[...] a contribuição poderá assumir a feição de instrumento de atuação, por exemplo, no domínio econômico (contribuição de equalização de carga tributária), assim, como poderá ser instrumento para gerar recursos para uma atuação material da União nas respectivas áreas.

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Para que a Contribuição tenha sustentação constitucional é indispensável a correspondência entre a finalidade invocada e a efetiva destinação dos recursos à sua realização. Significa dizer que a contribuição deve ser investida na sua finalidade precípua, nos termos elencados no Art.

149 da CF/88, não podendo ter o motivo de majorar a arrecadação.

A destinação dos recursos obtidos por meio de contribuição assume relevância legitimadora da competência federal. A mudança da contribuição que não esteja afeta aos fins constitucionalmente admitidos poderá ser impugnada pelo contribuinte, que também poderá reclamar a repetição do tributo pago, quando houver desvio na aplicação dos recursos arrecadados, apesar da lei constituidora.

Embora o destino dado às contribuições tenha relevante papel na sustentação constitucional, é a referibilidade que dá a identidade às contribuições, diferenciado-as dos impostos e taxas, sendo requisito inerente a todas as contribuições sejam sociais, do interesse de categorias, de intervenção do domínio econômico ou de iluminação pública, não se aplicando, porém, às contribuições da seguridade social.

Não é toda e qualquer pessoa que pode ser chamada ao custeio das contribuições. Paga-se contribuição porque o sujeito passivo – denominado contribuinte - faz parte de determinado grupo, de alguma classe ou categoria cuja identificação encontra respaldo constitucional. Sendo assim, o sujeito passivo da contribuição não pode ser completamente alheio à vantagem obtida ou ao fato que deu origem à atividade do Estado que lhe tenha dado efeito uma vez que a referência entre quem paga a contribuição e a situação mediadora é o elo caracterizador dessa espécie tributária, posto que nesse tributo, necessariamente há vínculo entre quem paga e o fato descrito na situação material da hipótese tributária.

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No que diz respeito às contribuições, tal ocorrência serviria para descaracterizar essa exação, pois nesse tributo, há necessariamente um vínculo entre quem paga e o fato descrito na situação material da hipótese tributária. Assim, corrobora-se a necessidade, especialmente nas Cides, de que a pessoa que não integrar quaisquer das categorias elencadas não deve ser compelida a contribuir no interesse de tais.

1.2 Contribuições de intervenção no domínio econômico

As contribuições de intervenção no domínio econômico – Cides – são definidas no art. 149 da CF/88, conforme vimos no início desta seção. O domínio econômico corresponde ao âmbito de atuação dos agentes econômicos de modo que eventual intervenção da União terá, necessariamente, de estar voltada para a alteração da situação com vista à concretização de tais princípios. Os princípios estabelecidos no título da Constituição Federal “Da Ordem Econômica” delimitam, pois, as finalidades que amparam a instituição das Cides.

Em se tratando de Cide, podemos vislumbrar que, pela sua própria cobrança, ter-se-á um efeito que configurará, nesse caso, específico a pretendida intervenção. Destarte, o controle quanto à efetiva presença de finalidade e da relação de causa e efeito almejado será, em alguns casos, absolutamente indispensável a verificação de sua validade, especialmente para evitar que a simples referência ao caráter intrínseco acabe dissimulando a instituição de um novo imposto, cuja validade tenha de ser analisada à luz do regime jurídico aplicável a tal espécie tributária.

Entretanto, não há sustentação de que essa espécie tributária deva ser interventiva, de forma que sua cobrança implique a própria intervenção. A contribuição tem por objetivo custear a União no sentido da intervenção no

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domínio econômico, o que significa, ajustar as distorções do mercado corrigindo eventuais falhas – diretamente ou por indução.

A intervenção supõe a idéia de provimento pontual, circunscrito a uma determinada área, setor, segmento da atividade econômica que apresentem características que a justifique. Muitas vezes a intervenção sobre o domínio econômico ocorrerá positivamente para concretizar objetivos da própria Constituição. Deste modo, toda vez que existir a necessidade de intervenção no domínio econômico, surgirá a possibilidade de se cobrar uma Cide.

Um dos parâmetros da instituição de uma Cide é a definição de uma parcela do domínio econômico, que atuará como critério de circunscrição da sua aplicação, inclusive no que refere aos respectivos contribuintes.

Contribuição de intervenção que atinja universo que abranja a todos, independente do segmento econômico e da área de atuação, poderá eventualmente ser uma contribuição, mas por certo não estará na condição de

“intervenção”.

A característica fundamental dessa espécie tributária é ser um instrumento de planejamento econômico de que dispõe o Estado para regular e intervir sobre setores da economia. Intervém-se no mercado sempre que se deseja orienta-lo ou reorienta-lo em caso de descompasso de segmentos determinados, sendo pois, sua própria intervenção, instrumento de planejamento econômico.

Em resumo, para o direito a Cide é uma espécie tributária, para a economia, um instrumento de planejamento. A intervenção no domínio econômico, à luz do título VII da Constituição, objetiva permitir que a economia flua sem choques e de forma competitiva, afastando abusos, facilitando o fluir

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da economia e obtendo recursos de remuneração no setor escolhido, além de universalizar a expansão do segmento de maneira neutra, justa e eficaz.

O que fica claro aqui é que não há espaço para a instituição dessa espécie tributária com fins meramente arrecadatórios, em que as receitas por ela geradas possam exceder as necessidades da intervenção, constituindo essa medida o limite da própria exação.

Com relação ao grau de vinculação que o legislador possui no que diz respeito à destinação das receitas da Cide, há casos em que ele não possui praticamente nenhuma liberdade (situação vislumbrada na Cide dos combustíveis), como há casos em que o legislador possui quase que total liberdade, tendo como limite apenas a finalidade constitucional que autoriza a criação da exação. Entretanto alterar a finalidade da contribuição significa para alguns autores, a criação de uma nova contribuição, sujeita a respectivo exame de compatibilidade constitucional, tanto sob o ângulo central quanto substancial.

Podemos arrolar os pressupostos constitucionais para a válida instituição de uma Cide da seguinte forma:

1) haja uma intervenção do Estado no domínio econômico com fundamento no art. 1741 da Constituição Federal;

2) haja vinculação do produto de sua arrecadação ao financiamento da atividade interventiva do Estado na ordem econômica;

3) que a atividade interventiva do Estado realizada com fundamento no art. 174 da Constituição Federal opere com seus feitos sobre qualquer um dos eventos resguardados pelos princípios arrolados no art. 1702, caput;

1 “Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado”.

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4) que somente aqueles que atuam no campo econômico objeto da intervenção estatal podem ser eleitos com sujeitos passivos de uma Cide.

Significa dizer que o universo dos respectivos sujeitos passivos estará limitado ao conjunto formado pelos que integram aquele setor.

Assim, observamos que a Cide pode funcionar como um instrumento, inclusive de intervenção regulatória, corrigindo eventuais falhas de mercado sem que haja necessidade de uma intervenção mais incisiva.

1.3 Pressupostos Constitucionais da Contribuição para o desenvolvimento da indústria cinematográfica nacional – Condecine

Assim, observamos que a Condecine – que é uma espécie tributária denominada contribuição de intervenção no domínio econômico - Cide – é prevista inicialmente no Art. 149, da Carta Magna, uma vez que a instituição de qualquer espécie tributária no ordenamento jurídico brasileiro depende de previsão constitucional3.

A Constituição Federal atribui à União a instituição dessa espécie tributária.

2 “Art. 170. A ordem econômica fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I a soberania nacional; II a propriedade privada; III função social da propriedade: IV livre concorrência; V defesa do consumidor; VI defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação (redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 1912/203.”

3 A Condecine foi instituída pela Medida Provisória nº 2.219/2001, alterada e convalidada pela Medida Provisória nº 2.228/2001. A Condecine e seus dispositivos sofreram alterações ainda na Lei nº 10.454/2002, e da Lei nº 11.437/2006.

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CF/88 – “[...] Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sócias, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observando o disposto nos arts. 146, III e 150, I e II, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo [...].”

Existem também, algumas obrigações e/ou vedações previstas na Carta Magna com relação especificamente as Cides. Essas obrigações estão previstas nos arts. 149, 150 e 151 - das limitações ao poder de tributar. Dessa forma, há diversos traços para instituição dessa espécie de tributária que deverão ser observados, segundo os dispositivos transcritos a seguir:

1) necessidade de lei para exigir ou aumentar o tributo/contribuição – Princípio da legalidade (art. 150, inciso I, da CF/88);

2) vedação de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente – Princípio da isonomia (art. 150, inciso II, da CF/88);

3) Vedação à cobrança de contribuição relacionado a fato gerador ocorrido antes do início da vigência da lei que a houver instituído ou aumentado – Princípio da irretroatividade (art. 150, inciso III, da CF/88);

4) Vedação à cobrança de contribuição no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que a instituiu ou aumentou – Princípio da anterioridade (art. 150, inciso III, alínea b, da CF/88);

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5) Vedação da cobrança de contribuição antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que a instituiu ou aumentou – Princípio da anterioridade (art. 150, inciso III, alínea c, da CF/88, observado o disposto da alínea b do mesmo diploma legal);

6) Vedação da cobrança de contribuição que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do país (art. 151, inciso I, da CF/88);

7) Impossibilidade de incidir sobre receitas decorrentes de exportação (art. 149, § 2º, inciso I, da CF/88);

8) Incidirão sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços (art. 149, § 2º, inciso II, da CF/88);

9) Possibilidade de aplicação de alíquota ad valoren - tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operação - e, no caso de importação, o valor aduaneiro ou específica - tendo por base a unidade de medida adotada - (art. 149, § 2º, inciso III, da CF/88);

10) Equiparação de pessoa natural destinatária das operações de importação a pessoa jurídica (art. 149, § 3º, da CF/88);

11) Competência para a lei definir as hipóteses em que a contribuição incidirá uma única vez – incidência monofásica (art. 149, § 4º, da CF/88).

Outros pressupostos constitucionais importantes, referindo-se especificamente a parte que trata da ordem econômica na Constituição Federal

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(Título VII da Ordem Econômica e Financeira), deverão ser observados pelas Cides, como no caso da Condecine, a saber:

1) Vinculação do produto de sua arrecadação ao financiamento da atividade interventiva do Estado na ordem econômica;

2) Atividade interventiva do Estado realizada com fundamento no art. 174 da Constituição Federal que opere seus efeitos sobre qualquer um dos eventos resguardados pelos princípios arrolados no art. 170, caput.

1.4 Fator gerador da Condecine

O Código Tributário nacional (CTN) em seus arts. 114 e 115, descreve o conceito de fato gerador de obrigação tributaria e acessórios:

CTN [...] Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal [...]”.

Falcão (1994) define fato gerador como “conjunto de fatos ou estados de fato a que o legislador vincula o nascimento da obrigação jurídica de pagar um determinado tributo”

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Amaro (2004) diz:

“[...] na verdade, o mandamento (contido na lei) e a hipótese (também nela descrita), que desencadeia a subsunção à norma legal dos fatos que reflitam aquela hipótese, é o fenômeno que não se restringe à seara tributária, mas se apresenta igualmente noutros setores do direito [...] assim, a necessidade de classificar as obrigações tributárias (gênero nos quais o diploma pretendeu abranger todos os deveres legais dos destinatários das normas tributárias, até mesmo o dever de satisfazer a exigência de multa por infração à lei) foram segregadas nos dois referidos grupos principais (tributos mais penalidades pecuniárias e acessórias (demais deveres estabelecidos na lei tributária).”

Paulsen (209) cita:

“[...] com rigor técnico, pode-se diferenciar a hipótese de incidência, de um lado, e o fato gerador, de outro.

Aquela, a hipótese de incidência, corresponde à previsão em lei, abstrata, da situação que implica a incidência de norma tributária; este, o fato gerador, é a própria concretização da hipótese de incidência no plano fático.

A situação fática, quando corresponde à hipótese de incidência da norma, gera a obrigação tributária. A hipótese de incidência constitui o antecedente ou pressuposto da norma tributária impositiva.”

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A ocorrência do fato gerador dá nascimento a obrigação tributária. Nas ocasiões em que a lei não obriga o recolhimento imediato pelo sujeito passivo, o indivíduo só será compelido ao pagamento se o sujeito ativo efetivar o ato formal previsto em lei para determinação do valor do tributo, dele cientificando o sujeito passivo (exemplo do tributo IPTU). Segundo o CTN, esse crédito tributário4 seria constituído por meio do denominado Lançamento de Ofício5. Nesse caso, antes da consecução do ato, embora nascida a obrigação tributária, o sujeito passivo estará desprovido da obrigação de recolher o tributo. A primeira parte se dá no âmbito administrativo; a outra, no judicial

4 CTN – Título 3 - Crédito Tributário – “[...] Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.

Art. 140. As circunstancias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos ou que excluem a sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.

Art. 141.O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída nos casos previstos nesta lei, fora dos quais não podem ser dispensados sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei a sua efetivação ou as respectivas garantias [...].

Art. 142. Compete privativamente a autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo, e sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.”

5 Art. 149 do CTN - “[...] Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:

I – quando a lei assim o determine;

II – quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;

III – quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a presta ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;

IV – quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;

V – quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;

VI – quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar para a aplicação de penalidade pecuniária;

VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;

VIII – quando se deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior;

IX – quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falha funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial.

Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da fazenda pública.”

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(inscrição do tributo como divida ativa), caso seja frustrada a cobrança administrativa anteriormente mencionada.

Em outros casos, entretanto, quando a lei atribuir ao sujeito passivo o dever do pagamento independente da prática do lançamento pelo sujeito ativo, a ocorrência do fato gerador exigirá do sujeito passivo o dever de praticar as operações necessárias à determinação do valor da obrigação tributária e recolher o montante apurado, sem que, para isso, se imponha a prática de algum ato do sujeito ativo. E este é exatamente o caso do tributo Condecine, seja nos quatro fatos geradores enumerados no caput do art. 32 da MP nº 2.228-1/2001, seja nos cincos fatores geradores citados no parágrafo único do mesmo dispositivo.

Deste modo, ocorrido o fato gerador, o sujeito passivo da obrigação tributária principal é obrigado a recolher o valor do tributo, independente da realização do lançamento pelo sujeito ativo da obrigação. Neste caso o crédito é constituído mediante o denominado lançamento por homologação6. O lançamento por homologação ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem o prévio exame da autoridade administrativa, operando-se pelo ato em que a referida autoridade,

6 CTN – modalidades de lançamento. “[...] Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.

§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.

§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito.

§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo por ventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou na graduação.

§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador, expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação [...].”

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tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa.

Amaro (2004) considera que o lançamento por homologação ocorre em tributos nos quais:

”[...] em razão da natureza (multiplicidade de fatos geradores de caráter instantâneo, como tipicamente se dá com os chamados tributos indiretos e com os tributos sujeitos a retenção na fonte, tem-se o recolhimento exigido pelo devedor independente de prévia manifestação do sujeito ativo.”

Entretanto, o mesmo autor critica a figura do lançamento por homologação dizendo que:

“[...] na verdade, teria sido melhor o legislador definir que nessas hipóteses, o lançamento é desnecessário, ou melhor, o lançamento só se faria necessário se o sujeito passivo se omitisse no seu dever legal de recolher corretamente o valor legalmente exigido. E aí, tudo se daria, no plano da norma, tal qual se dá na realidade fática.”

Por último, segundo o mesmo autor, a autoridade administrativa não homologa ao lançamento, mas sim o pagamento efetuado pelo sujeito passivo.

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Conclui-se assim que, após a ocorrência do fato gerador, a Condecine deverá ser recolhida por meio do lançamento por homologação. O sujeito passivo da Condecine em dada situação deverá recolher o tributo e autoridade administrativa, posteriormente ao recolhimento, caso este tenha sido efetuado de forma correta, homologará o lançamento (pagamento). Nos casos de não cumprimento pelo sujeito passivo do tributo, ocorre o lançamento de ofício.

1.5 Aspecto material da incidência

Os fatos matérias que ensejam a cobrança da Condecine são divididos em dois grupos de fatos geradores semelhantes entre si. Quatro deles são encontrados no caput do Art. 32 da MP nº 2.228-1/01, e os outros cinco, no parágrafo único do mesmo artigo. Costuma-se denominar os quatros primeiros por Condecine Título, enquanto os cincos restantes são chamados de Condecine Remessa, a saber:

“[...] Art. 32. A contribuição para o Desenvolvimento da Industria Cinematográfica (Condecine) terá por fato gerador a veiculação, a produção, o licenciamento e a distribuição de obras cinematográfica e videofonográficas com fins comerciais, por segmento de mercado a que forem destinadas. (vide lei nº 10.454, de 13/05/2002).

Parágrafo Único. A Condecine também incidirá sobre o pagamento, o crédito, o emprego, a remessa ou a entrega, aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, de importâncias relativas ao rendimento decorrente de exploração de obras cinematográficas ou

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videofonográficas ou por sua aquisição ou importação, a preço fixo.”

Observa-se na Condecine duas características semelhantes a um outro tributo contido no ordenamento jurídico-tributário brasileiro, qual seja, o imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF). A primeira característica marcante e semelhante à Condecine é que o IOF possui diversos fatos geradores, assim como ocorre com a Condecine. Na verdade, o IOF possui quatro bases econômicas tributáveis.

Paulsen (2009) trata do assunto:

”[...] vê-se, de pronto, que não se trata de uma única base econômica outorgada à tributação, mas quatro bases econômicas, operações de crédito, operações de câmbio, operações de seguro e operações relativas a valores mobiliários [...] a Constituição Federal não prevê uma base econômica “operações financeiras” [...] a denominação de “imposto” sobre operações financeiras é absolutamente inapropriada. Isso porque induz ao entendimento de que haveria um imposto sobre operações financeiras que, na verdade não existe [...] a outorga a tributação, pela União, das quatros bases econômicas distintas sequer podem ser precisamente subsumidas na locução operações financeiras, quais sejam, as operações de crédito, câmbio e seguro e as relativas a título ou valores mobiliários.”

O mesmo autor finaliza dizendo:

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“[...] se deve deixar de utilizar a referência simplista e inadequada ao inexistente IOF, passando-se a refletir, corretamente, cada um dos impostos que encontram sua base constitucional no art. 153, V, da CF/88. O imposto sobre operações de crédito, impostos sobre operações de câmbio, imposto sobre operações de seguro e imposto sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários.”

Dessa forma, observamos que o mesmo fenômeno ocorre na Condecine. Quando nos referimos a Condecine Título, na verdade estamos falamos das quatros situações materiais que fazem existir a incidência da Condecine. Assim, defendemos a classificação de quatro Condecines Títulos (nos moldes da classificação feita antes para a IOF): Condecine produção, Condecine Distribuição, Condecine Licenciamento e Condecine Veiculação.

Para cada uma destas situações, há incidência desse tributo para um dado segmento de mercado (por exemplo, segmento de mercado de radiodifusão de sons e imagens – TV de sinal não codificado, ou comunicação eletrônica de massa por assinatura - TV de sinal codificado), desde que haja intenção comercial.

No caso da Condecine prevista no parágrafo único, observada a presença de cinco fatos geradores, entende-se também que deveria haver mais outras cinco denominações como: Condecine Crédito, Condecine Emprego, Condecine Remessa, Condecine Entrega e Condecine Pagamento efetuado para o exterior em virtude de importâncias relativas a rendimentos decorrentes da exploração de obras cinematográficas ou videofonográficas ou por sua aquisição ou importação a preço fixo.

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No entanto, essa classificação dada acima não resolve um outro aspecto de natureza jurídica da Condecine. É que os cinco fatos geradores mencionados no parágrafo único do art. 32 da MP nº 2.228-1/2001, não possuem qualquer relação com os outros quatros mencionados e possuem uma forma de incidência completamente diferente, inclusive com adoção de base de cálculos distintas, conforme veremos a seguir. Desse modo, não observamos uma semelhança nem mesmo com o IOF, uma vez que este, independente de ser IOF câmbio, seguro, títulos etc, possui uma base de calculo e uma forma incidência uniforme, qual seja, o montante da operação – ou o valor do prêmio no caso de operações de seguro, incidindo uma alíquota sobre esses determinados montantes.

Observa-se que, na verdade estamos diante de um caso de confusão, que consideramos muito maior, pois nesses nove fatos geradores contidos na Condecine, os quais são divididos em dois grande grupos semelhantes entre si – Condecine Título e Condecine Remessa – percebe-se, na verdade, a existência de dois tributos em uma só espécie tributária ou duas espécies tributárias diferentes numa mesma denominação, o que por si não é ilegal mas muito confuso, especialmente porque é diverso ao que ocorre como o ICMS, e o próprio IOF, em que há vários impostos em uma só espécie tributária.

E, observando as características da Condecine Título aliando outros tributos arrecadados pelas agências reguladoras federais brasileiras, como veremos a seguir entendemos que a Condecine Título – e os quatros fatos geradores nela contidos – tenha mais características de taxa que de contribuição de intervenção no domínio econômico (Cide). Isso ocorre em virtude das peculiaridades de arrecadação, controle, fiscalização, composição da obrigação tributária, fatos geradores e sujeito passivo desse tributo nas situações descritas no art. 32 da MP nº 2.228-1/2001.

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1.6 Inconsistências da natureza jurídica da Condecine

A Agência Nacional do Cinema – Ancine, é a autarquia especial, vinculada ao Ministério da Cultura responsável pelo fomento, pela regulação e pela fiscalização da indústria cinematográfica e videofonográfica, dotada de autonomia administrativa e financeira (art. 5º da MP nº 2.228/1/01 – adaptado), tendo como uma das suas competências legalmente definidas a aplicação de multas e sanções na forma da lei7. A lei criadora da Ancine não fala, diferentemente das leis de criação das outras agências reguladoras, conforme veremos mais a frente, sobre a cobrança de taxas “cujo fator gerador é o exercício pela Agência X, Y e etc, do poder de polícia que lhe é legalmente atribuído”.

Meireles, IN Paulsen (2009), define poder de policia como a “faculdade de que dispõe a administração pública para condicionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais em benefício da coletividade ou do próprio Estado”. No caso da cobrança da Condecine Título, observamos que a Ancine é responsável pela concessão de licença aos contribuintes que queiram comercializar, licenciar etc, obras audiovisuais nos diferentes segmentos de mercado com fins comerciais, inclusive definindo e normatizando questões que versem a respeito de:

- enquadramento de obras (publicitárias);

- verificação de cumprimento de requisito legal para que as empresas ou obras por estas veiculadas possam gozar de isenções tributárias;

- verificação de tamanho da obra audiovisual para pagamento de maior ou menor contribuição (Condecine), etc.

7MP n º 2.281/2001 – “[...] Art. 7º A Ancine terá as seguintes competências [...]

[...] IV – aplicar multas e sanções, na forma da lei [...].”

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Para a Ancine conceder essa licença de veiculação, exibição etc, com intenção comercial é obrigatório o pagamento da Condecine Título por segmento de mercado8 a que se destinar.

Uma das características que fazem parte das espécies tributárias das taxas e não das contribuições de intervenção no domínio econômico é exatamente esta. Paulsen (2009) cita que [...] taxa tem como fato gerador atuação estatal específica referível ao contribuinte, podendo consistir no exercício do poder de polícia [...]”. Com base no poder de polícia utilizado, o Estado, neste caso específico por intermédio da Ancine, exerce uma atividade estatal manifestadora desse poder. Fiscaliza, controla, vistoria, inspeciona, licencia etc. Tal atividade estatal, em razão do exercício do poder de polícia (que ocorre de fato), será (na verdade seria) custeada pela Condecine Título.

Caso contrário, não haveria o que justificasse esta despesa e a respectiva receita tributária nos moldes deste tributo, PIS inexistiria o que é essencial para o surgimento dessa espécie (Condecine Título), qual seja: atividade estatal (concessão de licença para veiculação e comercialização de obras audiovisuais, no interesse público e dentro das regras legais por parte da Ancine), dirigida ao contribuinte (o que é característica em verdade, das taxas e não de contribuição de intervenção).

O poder tributante não exerce o poder de polícia para justificar a cobrança da taxa pertinente, mas cobra a taxa relacionada porque exerce poder de polícia. Neste sentido a Ancine cobraria a Condecine Título como

8 MP nº 2.228-1/2001 – “[...] Art. 29. A contratação de direitos de exploração comercial, de licenciamento, produção, co-produção, exibição, distribuição, comercialização, importação e exportação de obras cinematográficas e videofonográficas em qualquer suporte ou veiculo no mercado brasileiro deverá ser informada à Ancine, previamente à comercialização, exibição ou veiculação da obra, com a comprovação do pagamento da Condecine para o segmento em que a obra venha a ser explorada comercialmente.” (redação da a pela lei nº 10.454, de 13/05/2002) [...].

(31)

condição fundamental para obtenção, pelo contribuinte, do direito de licenciar, comercializar, veicular (com intenção comercial) obras audiovisuais nos diferentes segmentos de mercado. E o poder de polícia é serviço profilático, objetivando orientar o comportamento social e empresarial, observando ordem e coerência. Por isso os valores da Condecine são diferentes (dado que a Condecine Título usa alíquota específica), a depender do tamanho da obra (aquelas de cunho não publicitário) e do segmento de mercado em que esta for veiculada, regra que vale tanto para obras publicitárias como para não publicitárias, sem que se fira o princípio da isonomia.

Além disso, é de fundamental importância atentar para o fato de que essa licença concedida pela Ancine, para além das necessidades mercadológicas e de obtenção de informações, faz parte de um escopo muito maior, conforme preconizado nos objetivos e nas competências da Ancine, qual seja, promoção da obra audiovisual brasileira, a promoção da língua brasileira e a promoção da cultura nacional. Ou seja, a Ancine usa de seu poder de polícia para proteger um bem maior e extremamente relevante para o interesse público da sociedade brasileira, que é a valorização da cultura nacional, conforme veremos na citação a seguir:

“[...] Art. 6º A Ancine terá por objetivos:

I – Promover a cultura nacional e a língua portuguesa mediante o estímulo ao desenvolvimento da indústria cinematográfica e videofonográfica nacional em sua área de atuação [...]”

Outro elemento que seria importante para caracterizamos a Condecine como uma Cide, mas que não está presente na Condecine Título é que essa espécie tributária deve intervir num determinado domínio econômico corrigindo

(32)

distorções do mercado (além de outras funções é claro!). Assim, em caso de monopólios, a intervenção viria no sentido de reduzir um possível abuso de poder do mercado da empresa monopolista. As finalidades da intervenção devem perseguir a livre concorrência, combatendo o abuso do poder econômico e reprimindo o aumento arbitrário de lucros. Entretanto, quando atentarmos para a Condecine, especialmente as isenções da Condecine Título, observamos que ela acaba não incidindo nas empresas que possuem o maior faturamento9 no setor audiovisual brasileiro, como empresas radiodifusoras e algumas das empresas que operam no segmento de mercado de comunicação eletrônica de massa por assinatura e de telecomunicações.

“[...] Art. 39. São isentos da Condecine:

VI – as obras audiovisuais brasileiras, produzidas pelas empresas de serviços de radiodifusão de sons e imagens e empresas de serviço de comunicação eletrônica de massa por assinatura, para exibição no seu próprio segmento de mercado ou quando transmitida por força de lei ou regulamento em outro segmento de mercado, observado o disposto no parágrafo único, exceto as obras audiovisuais publicitárias (redação dada pela lei nº 10.454, de 13/05/2002).

VII – o pagamento, o crédito, o emprego, a remessa ou entrega aos produtores, distribuidores ou intermediários no exterior, das importâncias relativas a rendimentos decorrentes da exploração de obras cinematográficas ou videofonográficas ou por sua aquisição ou importação a

9Vide a coluna de Daniel Castro na Folha de S. Paulo, de 04 de junho de 2006, na qual se trata da questão do faturamento das empresas de radiodifusão, especialmente da rede Record, o qual aponta para valores próximos a R$ 950 milhões de reais.

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preço fixo, bem como qualquer montante referente a aquisição ou ao licenciamento de qualquer forma de direitos, referentes à programação, conforme definição constante do inciso XV do Art. 1º (incluído pela Lei nº 10.454, de 13/05/2002)

[...]

IX – as obras cinematográficas e videofonográficas incluídas na programação internacional de que trata o inciso XIV do Art. 1º, quanto à Condecine prevista no inciso I, alínea d, do Art. 33 redação dada pela lei nº 10.454, de 13/05/2002)10 [...].

Desse modo, as empresas que obtêm o maior faturamento no setor são, ao mesmo tempo, as únicas não oneradas pela contribuição de intervenção – Condecine, ferindo o princípio da capacidade contributiva e da isonomia.

Destarte, defendemos que a Condecine Título, apesar de definida em lei como uma contribuição, seja na verdade, uma taxa – já que possui muito mas características dessa espécie tributária – do que Cide, como hoje é definida.

No entanto, o grande problema que temos para realizar tal caracterização hoje, diz respeito à destinação que a Condecine tem atualmente, e neste caso a lei não diferencia a Condecine Título, do caput do

10 É importante observar que essas isenções, especialmente as relativas às empresas de radiodifusão de nos e imagens, caem sob medida para estas, pois a produção de produtos audiovisuais é feita dentro de um processo de integração vertical no qual estas radiodifusoras produzem seus próprios produtos e utilizam o seu canal para veiculá-los. Entretanto, como estas mesmas empresas são as que possuem o maior faturamento do setor audiovisual brasileiro, seria interessante e doutrinariamente justificável, que a Cide tirasse destas os recursos para o desenvolvimento de outros setores menos abastados, mas não é o que ocorre.

De modo, um dos objetivos da Cide – que é corrigir as falhas de mercado – é claramente desrespeitado se observado a isenção prevista em lei.

(34)

Art. 32 da MP nº 2.228-1/2001, da Condecine Remessa, prevista no parágrafo único do mesmo dispositivo.

Vejamos a redação original constante na MP nº 2.228-1/2001, e a posteriormente modificada pela Lei nº 11.437/2006:

MP nº 2.228-1/2001 – redação original:

“Art. 34. O produto da arrecadação da Condecine terá as seguintes destinações:

I – custeio das atividades da Ancine (g.n.);

II – atividades de fomento, ao cinema e ao audiovisual, desenvolvidas pelo Ministério da Cultura;

III – transferência ao Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Cinema Nacional (Prodecine, de que trata o art. 47 desta Medida Provisória) [...];”

MP nº 2.228-1/2001 – redação atual que substituiu à original:

“[...] Art. 34. O produto da arrecadação da Condecine será destinado ao Fundo Nacional da Cultura (FNC) e alocado em categoria de programação especifica denominada Fundo Setorial do Audiovisual, para aplicação nas atividades de fomento relativas aos Programas de que trata o art. 47 desta Medida Provisória (redação dada pela lei nº 11.437, de 2006) [...].”

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A redação do art. 1º da lei nº 11.437/20016, detalha esta especificação:

“[...] Art. 1º O total dos recursos da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine), criada pela Medida Provisória nº 2.228-1, de 6 de setembro de 2001, será destinado ao Fundo Nacional da Cultura (FNC), criado pela Lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986, restabelecido pela Lei nº8.313, de 23 de dezembro de 1991, o qual será alocado em categoria de programação específica, denominada Fundo Setorial do Audiovisual, e utilizado no financiamento de programas e projetos voltados para o desenvolvimento das atividades audiovisuais [...]”

Anteriormente a modificação introduzida pela mencionada Lei, parte do resultado da Condecine destinava-se a própria Ancine, constituindo receita da própria Agência, conforme observávamos no inciso primeiro do Art. 11 da MP supracitada, atualmente revogado pela Lei em estudo, senão vejamos:

Redação original:

“[...] Art. 11. Constituem receitas da Ancine:

I – parte do produto da arrecadação da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine), de que trata o Capitulo VI desta Medida Provisória. (revogado pela Lei nº 11.437/2006).

[...]”

(36)

A alocação em categoria de programação específica da Condecine (Título e Remessa) impede que possamos caracterizar, de forma definitiva, a Condecine Título como taxa11. E essa alteração promovida pela Lei nº 11.437/2006, modifica a estrutura da Ancine como Agência reguladora, posto que a espécie tributária por ela cobrada, arrecadada e fiscalizada impacta significativamente a autonomia financeira da Agência12. Desta forma, concluímos que a natureza jurídica da Condecine Título, enquanto tributo único, seja ao menos revista e adequada, inclusive conformando-a à espécie tributária mas coerente com a natureza de seus quatro fatos geradores.

Outra característica marcante da Condecine semelhante a IOF é que ambos possuem uma função extrafiscal bastante acentuada, na medida em que sua cobrança, muitas das vezes, tem um objetivo maior do que o de simplesmente arrecadar recursos para o Estado. Temos outra Cide com características semelhantes à Condecine também, é a contribuição de intervenção sobre os combustíveis, que interfere no domínio econômico relativo ao mercado de petróleo, gás e derivados. A Cide, que é prevista no Art. 177 da Constituição Federal e regulada pela Lei nº 10.336/2001, que ainda define a Receita Federal do Brasil (RFB) a competência da fiscalização e arrecadação da Cide combustível, exatamente como ocorre na Condecine prevista no parágrafo único do Art. 32 da MP supracitada, que por sua vez é a Cide que intervém no domínio econômico especificamente relacionado ao mercado audiovisual.

1.7 Aspecto temporal da incidência

Os arts. 32 e 33 da MP nº 2.228-1/2001, descrevem que a incidência da

11O que não se admite é a determinação legal de aplicação em outra atividade estatal ou em benefício de terceiros. Existe uma dupla vinculação, qual seja: fato gerador vinculado a atividade estatal e produto da arrecadação vinculado à atividade que justifica a instituição do tributo.

12Detalhes a respeito desta informação e características de Cide e taxas, ver Martins (2009)

Referências

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