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GABARITO COMENTADO SIMULACICLOS

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GABARITO COMENTADO

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SIMULACICLOS

CiclosR3

MINI-SIMULADO DE SÚMULAS – GABARITO COMENTADO – RODADA 03 DIREITO CIVIL

QUESTÃO 01

A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau da invalidez.

CERTO.

Súmula 474-STJ: A indenização do seguro DPVAT, em caso de invalidez parcial do beneficiário, será paga de forma proporcional ao grau da invalidez.

#AJUDAMARCINHO: A Lei nº 6.194/74, em seu art. 3º, II, prevê que a indenização no caso de invalidez permanente será de até R$ 13.500,00, mas não estabeleceu, em sua redação original critérios para se graduar essa quantia. Em outras palavras, nem toda invalidez irá gerar o pagamento do valor máximo, mas, por outro lado, a legislação não forneceu parâmetros para se escalonar essa indenização.

O STJ afirmou que o valor da indenização deveria ser proporcional ao grau da invalidez permanente apurada.

MP 451/2008 (publicada em 16/12/2008)

Com o objetivo de trazer algum tipo de critério para esses casos, o Presidente da República editou a Medida Provisória nº 451/2008 (convertida na Lei nº 11.945/2009), que acrescentou um anexo à Lei nº 6.194/74, prevendo expressamente, por meio de uma tabela, situações caracterizadoras de invalidez permanente e estabelecendo uma proporcionalidade para o pagamento das indenizações.

Veja o que diz o art. 3º da Lei nº 6.194/74: Art. 3º (...)

§ 1º No caso da cobertura de que trata o inciso II do caput deste artigo (invalidez permanente), deverão ser enquadradas na tabela anexa a esta Lei as lesões diretamente decorrentes de acidente e que não sejam suscetíveis de amenização proporcionada por qualquer medida terapêutica, classificando-se a invalidez permanente como total ou parcial, subdividindo-se a invalidez permanente parcial em completa e incompleta, conforme a extensão das perdas anatômicas ou funcionais, observado o disposto abaixo: (Incluído pela Lei nº 11.945/2009).

I - quando se tratar de invalidez permanente parcial completa, a perda anatômica ou funcional será diretamente enquadrada em um dos segmentos orgânicos ou corporais previstos na tabela anexa, correspondendo a indenização ao valor resultante da aplicação do percentual ali estabelecido ao valor máximo da cobertura; e

II - quando se tratar de invalidez permanente parcial incompleta, será efetuado o enquadramento da perda anatômica ou funcional na forma prevista no inciso I deste parágrafo, procedendo-se, em seguida, à redução proporcional da indenização que corresponderá a 75% (setenta e cinco por cento) para as perdas de repercussão intensa, 50% (cinquenta por cento) para as de média repercussão, 25% (vinte e cinco por cento) para as de leve repercussão, adotando-se ainda o percentual de 10% (dez por cento), nos casos de sequelas residuais.

QUESTÃO 02

A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. CERTO.

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Súmula 332-STJ: A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia. #AJUDAMARCINHO: Veja o que diz o CC/2002:

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:

III — prestar fiança ou aval.

União estável

Essa súmula não se aplica no caso de união estável (STJ REsp 1299866/DF, julgado em 25/02/2014).

Não se aplica a súmula se o fiador omite ou presta informação inverídica

A jurisprudência do STJ tem mitigado a incidência da regra de nulidade integral (total) da fiança nos casos em que o fiador omite ou presta informação inverídica sobre seu estado civil. Em tais hipóteses, deverá ser preservada apenas a meação do cônjuge cuja autorização não foi concedida, não se protegendo a parte do cônjuge que agiu de má-fé. Nesse sentido:

Nos termos da jurisprudência pacífica desta Corte, a fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia (Sumula 332/STJ), salvo se o fiador emitir declaração falsa, ocultando seu estado civil de casado.

A Corte Estadual reconheceu a má-fé do devedor, ora recorrente, que omitiu seu estado civil, objetivando frustrar a garantia.

STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1533161/SP, Rel. Min. Marco Buzzi, julgado em 23/08/2018. QUESTÃO 03

Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, cabe indenização por dano moral, ainda que preexistente legítima inscrição.

ERRADO.

Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

#DEOLHONAJURIS: Desse modo, a ausência de prévia comunicação ao consumidor da inscrição do seu nome em cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. 43, §2º do CDC não enseja o direito à compensação por danos morais quando preexista inscrição desabonadora regularmente realizada. • Importante ressaltar que a Súmula 385-STJ também é aplicada às ações voltadas contra o suposto credor que efetivou inscrição irregular. Assim, a inscrição indevida comandada pelo credor em cadastro de proteção ao crédito, quando preexistente legítima inscrição, não enseja indenização por dano moral, ressalvado o direito ao cancelamento (STJ. 2ª Seção. REsp 1.386.424-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. para acórdão Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 27/4/2016. Info 583).

QUESTÃO 04

Os juros remuneratórios são cumuláveis com a comissão de permanência. ERRADO.

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Súmula 296-STJ: Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado.

QUESTÃO 05

Não é possível a cobrança antecipada do valor residual garantido no contrato de arrendamento mercantil. ERRADO.

Súmula 293-STJ: A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil.

#AJUDAMARCINHO:1

Arrendamento mercantil

O arrendamento mercantil (também chamado de leasing) é uma espécie de contrato de locação, no qual o locatário tem a possibilidade de, ao final do prazo do ajuste, comprar o bem pagando uma quantia chamada de valor residual garantido (VRG).

O arrendamento mercantil, segundo definição do parágrafo único do art. 1º da Lei nº 6.099/74, constitui "negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta."

Obs: alguns autores fazem uma diferenciação entre valor residual e valor residual garantido (VRG). Penso, contudo, que esta distinção não é importante para os fins desta explicação até porque, na prática contratual, essa diferença não existe, não sendo explorada também pelos julgados do STJ.

Opções do arrendatário

Ao final do leasing, o arrendatário terá três opções: a) renovar a locação, prorrogando o contrato; b) não renovar a locação, encerrando o contrato;

c) pagar o valor residual e, com isso, comprar o bem alugado.

Exemplo: “A” celebra um contrato de leasing com a empresa “B” para arrendamento de um veículo 0km pelo prazo de 5 anos. Logo, “A” pagará todos os meses um valor a título de aluguel e poderá utilizar o carro. A principal diferença em relação a uma locação comum é que “A”, ao final do prazo do contrato, poderá pagar o valor residual (VRG) e ficar definitivamente com o automóvel.

Pagamento do VRG de forma antecipada dentro das prestações mensais

É muito comum, na prática, que o contrato já estabeleça que o valor residual será pago de forma antecipada nas prestações do aluguel. Neste caso, o arrendatário, todos os meses, paga, além do aluguel, também o valor residual de forma parcelada. Como dito, isso é extremamente frequente, especialmente no caso de arrendamento mercantil (leasing) financeiro.

O STJ considera legítima essa prática de diluir o VRG nas prestações?

SIM. A Súmula 293 acima foi editada com o objetivo de deixar claro este entendimento do STJ sobre o tema.

1https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/7f5fc754c7af0a6370c9bf91314e79f4?categoria=1

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL/PROCESSO COLETIVO QUESTÃO 06

É possível a discussão do valor da indenização por danos morais em sede de embargos de divergência. ERRADO.

Súmula 420-STJ: Incabível, em embargos de divergência, discutir o valor de indenização por danos morais. #DEOLHONAJURIS: Em se tratando de compensação por danos morais, as particularidades de cada hipótese concreta inviabilizam a comparação analítica entre os acórdãos paradigmas e o aresto embargado para justificar o cabimento dos embargos de divergência, consoante cristalizado na Súmula 420/STJ (2ª Seção. AgInt nos EDcl nos EAREsp 589.373/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 08/08/2018).

A discussão sobre o quantum estabelecido para indenização por danos morais não é cabível na via dos embargos de divergência, pois inexiste dissensão de teses jurídicas, mas apenas diferenças na fixação do valor indenizatório, uma vez que a aferição de sua razoabilidade está intrinsecamente atrelada à análise das particularidades de cada caso concreto, o que impede a comparação (STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp 1408497/SC, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 03/06/2015).

QUESTÃO 07

A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer.

CERTO.

Súmula 410-STJ: A prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento da obrigação de fazer ou não fazer.

#SELIGA #AJUDAMARCINHO: Para a doutrina majoritária, a Súmula 410 do STJ está superada com o CPC/2015. Isso porque o § 2º do art. 513 trata da intimação do devedor para cumprir a sentença e não exige que essa intimação seja pessoal. Veja:

Art. 513 (...) § 2º O devedor será intimado para cumprir a sentença:

I - pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;

II - por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;

III - por meio eletrônico, quando, no caso do § 1º do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos; IV - por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento.

Nesse sentido: NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, p. 1202.

Ocorre que, para o STJ, a súmula continua válida. O STJ possui precedentes no sentido de que, mesmo com a entrada do novo CPC, a prévia intimação pessoal do devedor constitui condição necessária para a cobrança de multa pelo descumprimento de obrigação de fazer ou não fazer: STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp 1726817/MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 04/09/2018.

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QUESTÃO 08

É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de Imposto de Renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual.

CERTO.

Súmula 394-STJ: É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de Imposto de Renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual.

QUESTÃO 09

Não são devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas quando não embargadas.

ERRADO.

Súmula 345-STJ: São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.

#SELIGA: O STJ entende que a súmula continua válida mesmo após o CPC/2015. Confira: "O art. 85, § 7º, do CPC/2015 não afasta a aplicação do entendimento consolidado na Súmula 345 do STJ, de modo que são devidos honorários advocatícios nos procedimentos individuais de cumprimento de sentença decorrente de ação coletiva, ainda que não impugnados e promovidos em litisconsócio." STJ. Corte Especial. REsp 1648238/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 20/06/2018 (recurso repetitivo).

QUESTÃO 10

Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

CERTO.

Súmula 333-STJ: Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia mista ou empresa pública.

#NÃOCONFUNDA: A súmula refere-se a atos administrativos e não a atos de gestão, razão pela qual permanece válida. Veja o que dispõe a Lei nº 12.016/2009:

Art. 1º (...) § 2º Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.

QUESTÃO 11

Na execução contra instituição financeira, é penhorável o numerário disponível, excluídas as reservas bancárias mantidas no Banco Central.

CERTO.

Súmula 328-STJ: Na execução contra instituição financeira, é penhorável o numerário disponível, excluídas as reservas bancárias mantidas no Banco Central.

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DIREITO PENAL/LEGISLAÇÃO PENAL ESPECIAL QUESTÃO 12

De acordo com entendimento sumulado do STF, o tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

ERRADO.

Trata-se de entendimento sumulado do STJ: Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

Posição do STF: 40 anos*

Posição do STJ: máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado

O STF possui julgados afirmando que a medida de segurança deverá obedecer a um prazo máximo de 40 anos*, estabelecendo uma analogia ao art. 75 do

CP, e considerando que a CF/88 veda as penas de caráter perpétuo.

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40

(quarenta) anos. (redação dada pela Lei 13.964/2019)

§ 1º Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40

(quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite máximo deste artigo. (redação

dada pela Lei 13.964/2019)

(...) Esta Corte já firmou entendimento no sentido de que o prazo máximo de duração da medida de segurança é o previsto no art. 75 do CP (...) (STF. 1ª Turma. HC 107432, Rel. Min. Ricardo Lewandowski,

julgado em 24/05/2011)

Súmula 527-STJ: O tempo de duração da medida de segurança não deve ultrapassar o limite máximo

da pena abstratamente cominada ao delito praticado.

Ex.: João, inimputável, pratica fato previsto como furto simples (art. 155, caput, do CP); o juiz aplica a

ele medida de segurança de internação; após 4 anos cumprindo medida de segurança, o magistrado deverá determinar a desinternação de

João, considerando que foi atingido o máximo da pena abstratamente cominada para o furto (“reclusão, de um a quatro anos, e multa”). A conclusão do STJ é baseada nos princípios da

isonomia e proporcionalidade (proibição de excesso). Não se pode tratar de forma mais gravosa o infrator inimputável quando comparado ao imputável. Ora, se o imputável somente poderia

ficar cumprindo a pena até o máximo previsto na lei para aquele tipo penal, é justo que essa mesma regra seja aplicada àquele que recebeu medida de

segurança.

* o art. 75 do CP previa o prazo máximo de 30 anos de cumprimento de pena. Este dispositivo foi, contudo, alterado pela Lei nº 13.964/2019, de sorte que o prazo passou a ser de 40 anos:

CÓDIGO PENAL

Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 30

(trinta) anos.

Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode ser superior a 40

(quarenta) anos.

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privativas de liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender

ao limite máximo deste artigo.

privativas de liberdade cuja soma seja superior a 40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para

atender ao limite máximo deste artigo. QUESTÃO 13

A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

CERTO.

Súmula 522-STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa.

#AJUDAMARCINHO:2

AMPLA DEFESA

A CF/88 estabelece, em seu art. 5º, incisos LV e LXIII: Art. 5º (...)

LV — aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

LXIII — o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;

No processo penal a ampla defesa abrange:

· defesa técnica: exercida por advogado ou defensor público;

· autodefesa: exercida pelo próprio réu. Por conta da autodefesa, o réu não é obrigado a se autoincriminar.

O Pacto de San José da Costa Rica, que vige em nosso ordenamento jurídico com caráter supralegal, estabelece em seu art. 8º, inciso II, alínea “g”, que “toda pessoa tem direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a declarar-se culpada”.

Por fim, o Código de Processo Penal também preconiza:

Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.

Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser interpretado em prejuízo da defesa.

Por força desses dispositivos, a doutrina e a jurisprudência entendem que, no interrogatório, tanto na fase policial, como em juízo, o réu poderá:

a) ficar em silêncio, recusando-se a responder as perguntas sobre os fatos pelos quais ele está sendo acusado;

Obs.1: prevalece que o réu não pode negar-se a responder as perguntas relativas à sua qualificação, sendo o direito ao silêncio relativo apenas à segunda parte do interrogatório.

Obs.2: o silêncio do interrogado não pode ser interpretado como confissão ficta, devendo ser encarado pelo magistrado como mera ausência de resposta.

2https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/0cdf61037d7053ca59347ab230818335?categoria

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Obs.3: o direito ao silêncio também é conhecido como nemotenetur se detegere.

b) mentir ou faltar com a verdade quanto às perguntas relativas aos fatos;

Obs.1: diferentemente das testemunhas, o réu não tem o dever de dizer a verdade porque tem o direito constitucional de não se autoincriminar. Logo, o réu, ao ser interrogado e mentir, não responde por falso testemunho (art. 342 do CP).

Obs.2: o direito de mentir não permite que impute falsamente o crime a terceira pessoa inocente. Caso isso ocorra, responderá por denunciação caluniosa (art. 399, CP). A mentira que incrima terceiros é chamada pela doutrina de "mentira agressiva". Alguns doutrinadores afirmam que o réu não tem “direito” de mentir, mas sim que a mentira é apenas “tolerável”. É o caso, por exemplo, de Renato Brasileiro.

Obs.3: em alguns países, como nos EUA, é crime mentir durante o interrogatório. Ressalte-se que, no direito norte-americano, também se garante ao acusado o direito ao silêncio e à não autoincriminação (privilegie against self-incrimination), no entanto, na hipótese de o réu decidir responder as perguntas, não poderá faltar com a verdade. Trata-se do chamado crime de perjúrio.

LIMITES DA AUTODEFESA

A autodefesa é um direito ilimitado?

Não. A autodefesa não é um direito absoluto. Exemplo disso, já consagrado há muito tempo, é o fato de que se o réu, em seu interrogatório, imputar falsamente o crime a pessoa inocente, responderá por denunciação caluniosa (art. 399, CP).

Autodefesa e uso de documento falso (art. 304 do CP)

Como expressão do direito à autodefesa, o réu pode apresentar um documento falso para não se prejudicar criminalmente? Ex.: João é parado em uma blitz da PM e, sabendo que havia um mandado de prisão contra si expedido, apresenta a cédula de identidade de seu irmão com sua foto no lugar. Isso é permitido?

Não. Na hipótese retratada, João poderia ser condenado por uso de documento falso. Esse é o entendimento do STF e STJ:

O fato de o paciente ter apresentado à polícia identidade com sua foto e assinatura, porém com impressão digital de outrem, configura o crime do art. 304 do Código Penal. Havendo adequação entre a conduta e a figura típica concernente ao uso de documento falso, não cabe cogitar de que a atribuição de identidade falsa para esconder antecedentes criminais consubstancia autodefesa.

STF.2ª Turma.HC 92763, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 12/02/2008.

Autodefesa e falsa identidade (art. 307 do CP)

Inicialmente, cumpre estabelecer a distinção entre falsa identidade e uso de documento falso. Art. 307 — Falsa identidade Art. 304 — Uso de documento falso Consiste na simples atribuição de falsa identidade,

sem a utilização de documento falso.

Aqui, há obrigatoriamente o uso de documento falso.

Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente afirma que seu nome é Pedro Silva, quando, na verdade,

ele é João Lima.

Ex.: ao ser parado em uma blitz, o agente, João Lima, afirma que seu nome é Pedro Silva e apresenta o RG

falsificado com este nome.

Assim como no caso do uso de documento falso, também na hipótese de falsa identidade, o STF entende que há crime quando o agente, para não se incriminar, atribui a si uma identidade que não é sua. Essa questão já foi, inclusive, analisada pelo Pleno do STF em regime de repercussão geral:

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O princípio constitucional da autodefesa (art. 5º, inciso LXIII, da CF/88) não alcança aquele que atribui falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar maus antecedentes, sendo, portanto, típica a conduta praticada pelo agente (art. 307 do CP). O tema possui densidade constitucional e extrapola os limites subjetivos das partes.

STF. Plenário. RE 640139 RG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 22/09/2011.

(...) O Plenário Virtual, ao analisar o RE 640.139/DF, reconheceu a repercussão geral do tema versado nestes autos e, na ocasião, reafirmou a jurisprudência, já consolidada no sentido de que comete o delito tipificado no art. 307 do Código Penal aquele que, conduzido perante a autoridade policial, atribui a si falsa identidade com o intuito de ocultar seus antecedentes. (...)

STF. 2ª Turma. RE 648223 AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 18/10/2011

Trata-se também da posição do STJ:

É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão em flagrante, atribui para si falsa identidade (art. 307 do CP), ainda que em alegada situação de autodefesa. Isso porque a referida conduta não constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se de conduta típica, por ofensa à fé pública e aos interesses de disciplina social, prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome seja utilizado no falso. STJ. 3ª Seção. REsp 1.362.524-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 23/10/2013 (recurso repetitivo).

Em suma, tanto o STF como o STJ entendem que a alegação de autodefesa não serve para descaracterizar a prática dos delitos do art. 304 ou do art. 307 do CP.

QUESTÃO 14

A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.

ERRADO.

De fato, esta é a redação da súmula 521 do STJ. Todavia, o enunciado foi cancelado.

#DEOLHONAJURIS: O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).

#AJUDAMARCINHO:3

Sanção penal

Sanção penal é a resposta dada pelo Estado à pessoa que praticou uma infração penal. Existem duas espécies de sanção penal:

1) Pena. 2) Medida de segurança. Espécies de pena 3https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/24b43fb034a10d78bec71274033b4096?categoria =18&subcategoria=184

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GABARITO COMENTADO

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CiclosR3

As penas podem ser de três subespécies: 1.1 Penas privativas de liberdade; 1.2 Penas restritivas de direito; 1.3 Multa.

Espécies de medidas de segurança

As medidas de segurança, por sua vez, podem ser: 2.1 Detentiva

2.2 Restritiva

Multa

Multa é uma espécie de pena por meio do qual o condenado fica obrigado a pagar uma quantia em dinheiro que será revertida em favor do Fundo Penitenciário.

Pagamento da multa

A pena de multa é fixada na própria sentença condenatória.

Depois que a sentença transitar em julgado, o condenado terá um prazo máximo de 10 dias para pagar a multa imposta (art. 50 do CP).

O Código prevê a possibilidade de o condenado requerer o parcelamento da multa em prestações mensais, iguais e sucessivas, podendo o juiz autorizar desde que as circunstâncias justifiquem (ex: réu muito pobre, multa elevadíssima etc.).

O parcelamento deverá ser feito antes de esgotado o prazo de 10 dias.

O Juiz, antes de decidir, poderá determinar diligências para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido o Ministério Público, fixará o número de prestações (art. 169, § 1º da LEP).

Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá revogar o benefício (art. 169, § 2º da LEP).

O que acontece caso o condenado não pague nem parcele a multa no prazo de 10 dias?

• Antes da Lei nº 9.268/96: se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a pena de multa, ela deveria ser convertida em pena de detenção. Em outras palavras, a multa era transformada em pena privativa de liberdade.

• Atualmente: a Lei nº 9.268/96 alterou o art. 51 do CP e previu que, se a multa não for paga, ela será considerada dívida de valor e deverá ser exigida por meio de execução (não se permite mais a conversão da pena de multa em detenção).

Antes da Lei 9.268/96 Depois da Lei 9.268/96

Art. 51. A multa converte-se em pena de detenção, quando o condenado solvente deixa de paga-lá ou

frustra a sua execução.

Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de

valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive

no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Multa permaneceu com caráter penal

Importante esclarecer que, mesmo com essa mudança feita pela Lei nº 9.268/96, a multa continua tendo caráter de sanção criminal, ou seja, permanece sendo uma pena, por força do art. 5º, XLVI, “c”, da CF/88: Art. 5º (...)

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GABARITO COMENTADO

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c) multa;

Assim, a única coisa que a Lei nº 9.268/96 fez foi mudar a forma de cobrança da multa não paga: antes, ela virava pena de detenção; agora, deve ser cobrada por meio de execução.

Quem executa a pena de multa?

STJ: Fazenda Pública

STF:

Prioritariamente: o Ministério Público. Subsidiariamente: a Fazenda Pública

O STJ sempre sustentou que, como se trata de dívida de valor, a pena de multa deveria ser executada pela Fazenda Pública por meio de execução fiscal que tramita na vara de execuções

fiscais.

O rito a ser aplicado seria o da Lei nº 6.830/80. A execução da pena de multa ocorreria como se

estivesse sendo cobrada uma multa tributária. Não se aplica a Lei nº 7.210/84 (LEP). Esse era o entendimento pacífico do STJ, tanto que

foi editada uma súmula nesse sentido. Súmula 521-STJ: A legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta

em sentença condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.

A Lei nº 9.268/96, ao considerar a multa penal como dívida de valor, não retirou dela o caráter de sanção

criminal.

Diante de tal constatação, não há como retirar do MP a competência para a execução da multa penal, considerado o teor do art. 129 da CF/88, segundo o

qual é função institucional do MP promover privativamente a ação penal pública, na forma da lei.

Promover a ação penal significa conduzi-la ao longo do processo de conhecimento e de execução, ou seja, buscar a condenação e, uma vez obtida esta, executá-la. Caso contrário, haveria uma interrupção

na função do titular da ação penal.

Ademais, o art. 164 da LEP é expresso ao reconhecer essa competência do MP. Esse dispositivo não foi

revogado expressamente pela Lei nº 9.268/96. Vale ressaltar, entretanto que, se o titular da ação penal, mesmo intimado, não propuser a execução da

multa no prazo de 90 dias, o juiz da execução criminal deverá dar ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual,

conforme o caso) para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal, com a observância

do rito da Lei 6.830/80.

Quem executa: Fazenda Pública. Juízo: vara de execuções fiscais.

Legislação: Lei nº 6.830/80.

Quem executa:

• Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de execução penal, aplicando-se a LEP.

• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser devidamente intimada: a Fazenda Pública irá executar, na vara de execuções fiscais,

aplicando-se a Lei nº 6.830/80.

Onde tramita essa execução?

No juízo da execução penal.

ATENÇÃO: alteração recente do art. 51 pela Lei 13.964/2019 ("Pacote Anticrime"). O art. 51 do Código Penal foi alterado para deixar expressa essa competência:

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GABARITO COMENTADO

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Antes da Lei 13.964/2019 ATUALMENTE

Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de

valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive

no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Art. 51. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz

da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da

Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição.

Foi o que decidiu o STF:

O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de cobrança pela Fazenda Pública. STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927). STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 12 e 13/12/2018 (Info 927).

Exemplo:

João foi sentenciado por roubo e o juiz de direito (Justiça Estadual) o condenou a 4 anos de reclusão e mais 10 dias-multa no valor de meio salário mínimo cada.

Depois do trânsito em julgado, o condenado foi intimado para pagar a pena de multa no prazo de 10 dias, mas não o fez.

Diante disso, o escrivão da vara irá fazer uma certidão na qual constarão as informações sobre a condenação e o valor da multa.

• Para o STJ, o magistrado deveria remeter a certidão para Procuradoria Geral do Estado e um dos Procuradores do Estado iria ajuizar, em nome do Estado, uma execução fiscal que tramitaria na vara de execuções fiscais (não era na vara de execuções penais).

• Agora, com a decisão do STF, o magistrado deverá intimar o Ministério Público e o Parquet irá propor a execução da multa na vara de execução penal. Caso o MP, devidamente intimado, não proponha a execução da multa no prazo de 90 dias, o juiz da execução criminal deverá dar ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual, conforme o caso) para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal, com a observância do rito da Lei 6.830/80.

Obs: se João tivesse sido condenado pela Justiça Federal, quem iria ingressar com a execução seria prioritariamente o MPF e, apenas subsidiariamente, a União, por intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN).

O que acontece com o entendimento do STJ manifestado na Súmula 521?

Fica superado e a súmula será cancelada. Isso porque a decisão do STF foi proferida em ação direta de inconstitucionalidade possuindo, portanto, eficácia erga omnes e efeito vinculante (art. 102, § 2º, da CF/88). QUESTÃO 15

O STJ autoriza a combinação da lei anterior revogada com a lei posterior revogadora, desde que em benefício do réu.

ERRADO.

Súmula 501-STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis.

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#AJUDAMARCINHO:4

Lei nº 11.343/2006

Atualmente, os crimes envolvendo drogas encontram-se previstos na Lei nº 11.343/2006, que entrou em vigor no dia 08/10/2006.

Lei nº 6.368/76

Antes da lei atual, os delitos relacionados com entorpecentes estavam tipificados na Lei nº 6.368/76. A Lei nº 11.343/2006, em seu art. 75, revogou expressamente a Lei nº 6.368/76.

Preceito secundário do art. 33, caput, é mais gravoso aos réus

A pena mínima do crime de tráfico de drogas foi aumentada. Comparemos: Pena do tráfico de drogas na lei anterior

(art. 12, caput, da Lei nº 6.368/76)

Pena do tráfico de drogas na lei atual (art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006)

3 a 15 anos 5 a 15 anos

O art. 33, caput, da Lei nº 11.343/2006 é retroativo? Deve ser aplicado aos fatos ocorridos antes de 08/10/2006?

NÃO. Trata-se de novatio legis in pejus, ou seja, uma inovação legislativa que agravou a situação dos réus. Logo, é irretroativo.

§ 4º do art. 33 é mais benéfico aos réus

A Lei nº 11.343/2006 trouxe uma nova causa de diminuição de pena aplicável ao tráfico de drogas (caput do art. 33) e às figuras equiparadas. Trata-se do § 4º do art. 33, denominado de tráfico privilegiado. Vejamos o que ele preconiza:

Art. 12, caput, da Lei nº 6.368/76 Lei nº 11.343/2006 Não existia causa de diminuição de pena para o

pequeno traficante.

Logo, mesmo que o agente fosse primário, de bons antecedentes e não integrasse organização criminosa, ainda assim não teria direito a qualquer

causa de redução da pena.

Passou a prever a figura do pequeno traficante: § 4º Nos delitos definidos no caput e no § 1º deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto

a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às

atividades criminosas nem integre organização criminosa.

Perceba, portanto, que o § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 constitui-se em uma novatio legis in mellius, ou seja, uma inovação legislativa benéfica aos acusados.

Tese defensiva pela combinação das duas leis: Diante desse panorama, foi idealizada a seguinte tese:

Se o réu praticou tráfico de drogas antes da vigência da Lei nº 11.343/2006, a ele deverá ser aplicada a pena prevista no art. 12, caput, da Lei nº 6.368/76, incidindo, no entanto, a causa de diminuição de pena do § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006.

4https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/3fd60983292458bf7dee75f12d5e9e05?categoria=

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Exemplo:

João, 18 anos, primário e de bons antecedentes, nunca havia se envolvido com qualquer fato criminoso. Em determinado dia, por conta de dificuldades financeiras, decidiu aceitar proposta para transportar droga de uma “boca-de-fumo” para outra.

No meio do caminho, foi parado pela polícia e preso em flagrante pela prática de tráfico de drogas. Esse fato ocorreu em 07/10/2006.

João foi denunciado pela prática do crime previsto no art. 12, da Lei n.° 6.368/76.

Réu confesso, nas alegações finais, a Defensoria Pública pediu que João recebesse a pena mínima do art. 12 da Lei n.° 6.368/76 (3 anos) e que fosse reconhecida sua condição de “pequeno traficante”, aplicando-se a ele a redução prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.° 11.343/2006.

Em suma, o que pediu a Defensoria:

Pena do art. 12 da Lei 6.368/76 (3 anos) + diminuição do § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006 (2/3) = 1 ano. Perceba que essa tese utiliza a combinação de duas partes de leis diferentes: a Lei nº 6.368/76 e a Lei nº 11.343/2006.

Essa tese foi aceita pelo STJ?

NÃO. Segundo decidiu a 3ª Seção do STJ (que reúne a 5ª e 6ª Turmas), não é possível fazer incidir a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/06 na pena do art. 12 da Lei nº 6.368/76, sob pena de se estar criando uma terceira norma (lex tertia), não elaborada e jamais prevista pelo legislador.

Se fosse admitida essa tese, o Poder Judiciário atuaria como verdadeiro legislador positivo, o que viola a separação dos poderes (art. 2º, da CF/88).

O art. 33, § 4º da Lei nº 11.343/06 inovou no ordenamento jurídico pátrio ao prever uma causa de diminuição de pena explicitamente vinculada ao novo apenamento previsto no caput do art. 33 da nova Lei. Dessa forma, a aplicação da referida minorante deve incidir tão somente em relação à pena prevista no caput e no § 1º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006.

(EREsp 1094499/MG, Rel. Min. Felix Fischer, Terceira Seção, julgado em 12/05/2010).

Em suma, não é permitida, nem mesmo para beneficiar o réu, a combinação de dispositivos de leis diversas, criando uma terceira norma (lex tertia) não estabelecida pelo legislador, sob pena de violação aos princípios da legalidade, da anterioridade da lei penal (art. 1º do Código Penal) e da separação de poderes.

Mas o § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 pode ser aplicado a fatos ocorridos antes da sua vigência? SIM, é possível se, diante do caso concreto, isso se mostrar vantajoso ao réu, mas desde que a redução incida sobre a pena prevista na Lei nº 11.343/2006.

Assim, a minorante do § 4º do art. 33 pode ter aplicação retroativa, mas desde que a pena a ser considerada como parâmetro seja a prevista no caput do art. 33 da Lei nº 11.343/2006.

O grande Min. Félix Fischer pontua que:

“a retroatividade deve ser total, mas jamais parcial, fruto da combinação de leis, pois no caso em exame, reitere-se, a causa de diminuição somente possui razão de ser se analisada em conjunto à nova faixa de apenamento trazida pelo novo diploma legal.

(...) deve-se, caso a caso, verificar qual a situação mais vantajosa ao condenado: se a aplicação das penas insertas na antiga lei - em que a pena mínima é mais baixa - ou a aplicação da nova lei na qual, muito embora contemple penas mais altas, prevê a possibilidade de incidência da causa de diminuição. Contudo, de forma alguma admitir-se-á a combinação dos textos legais.” (EREsp 1094499/MG).

Em palavras simples, se o réu praticou o tráfico de drogas antes da Lei nº 11.343/2006, deve-se analisar, no caso concreto, se para ele é mais vantajoso aplicar a Lei nº 6.368/76 ou a Lei nº 11.343/2006. A aplicação tem que ser de uma ou de outra, na integralidade. Não pode utilizar a pena de uma com a diminuição da outra.

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Vejamos com base em um exemplo hipotético:

Carlos, primário, bons antecedentes e sem envolvimento com organização criminosa, praticou tráfico de drogas antes da Lei nº 11.343/2006.

O juiz reconhece que ele era um “pequeno traficante” e decide aplicar o § 4º do art. 33 da Lei nº 11.343/2006.

O referido § 4º permite que o juiz reduza a pena de 1/6 a 2/3.

Qual é o critério utilizado pelo juiz para escolher o percentual de redução que será aplicado?

O magistrado deverá levar em consideração a natureza e a quantidade da droga, a personalidade e a conduta social do agente, nos termos do art. 42 da Lei nº 11.343/2006.

Hipótese 1:

Se o juiz entender que os critérios do art. 42 são negativos e que, portanto, deverá aplicar a causa de diminuição do § 4º do art. 33 no mínimo (1/6): nesse caso, é mais benéfico ao réu que seja aplicada a Lei n.° 6.368/76.

Isso porque se o juiz aplica o redutor em 1/6: ele irá reduzir 1/6 de 5 anos (pena mínima do art. 33 da Lei n.° 11.343/2006), alcançando a pena de 4 anos e 2 meses.

Logo, é melhor deixar de lado a causa de diminuição do § 4º do art. 33 e aplicar somente a Lei n.° 6.368/76, que tem pena mínima de 3 anos.

Obs: no exemplo dado acima, como o art. 42 era desfavorável, a pena-base (art. 59 do CP) não seria a pena mínima. No entanto, mantive a pena no mínimo apenas para facilitar a demonstração dos cálculos.

Hipótese 2:

Se o juiz entender que os critérios do art. 42 são favoráveis e que, portanto, deverá aplicar a causa de diminuição do § 4º do art. 33 no máximo (2/3): nesse caso, é mais benéfico ao réu que seja aplicada a nova Lei n.° 11.343/2006.

Isso porque se o juiz aplica o redutor em 2/3: ele irá reduzir 2/3 de 5 anos (pena mínima da Lei n.° 11.343/2006), alcançando a pena de 1 ano e 8 meses.

Logo, é melhor deixar de lado a Lei n.° 6.368/76 e aplicar a causa de diminuição do § 4º do art. 33, que deverá incidir, conforme já explicado, sobre a pena da Lei n.° 11.343/2006.

Resumindo:

• A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 não pode ser aplicada incidindo sobre a pena do art. 12 da Lei n.° 6.368/76. Ao fazer isso, o Judiciário estaria realizando a combinação de duas leis e criando uma terceira (lex tertia), o que é vedado pelo ordenamento jurídico. • Assim, a redução prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 deverá sempre incidir sobre a pena prevista no caput do art. 33 (de 5 a 15 anos);

• A causa de diminuição de pena prevista no § 4º do art. 33 da Lei n.° 11.343/2006 pode ser aplicada a fatos ocorridos antes da sua vigência. No entanto, para isso, é necessário que, no caso concreto, se verifique qual o percentual de redução que seria aplicado ao réu e, então, se compare se para ele será mais vantajoso receber a pena do art. 33, caput c/c o § 4º, da Lei n.° 11.343/2006 ou se será melhor ficar com a pena do art. 12 da Lei n.° 6.368/76.

QUESTÃO 16

É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base. CERTO.

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Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.

É o entendimento também do STF: "A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena." (RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 17/12/2014. Repercussão geral. Info 772).

#SELIGA: O fundamento deste entendimento é o princípio da presunção de inocência. QUESTÃO 17

Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

CERTO.

Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. #AJUDAMARCINHO:5

Fixação do regime inicial

O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, deverá fixar o regime no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade. A isso se dá o nome de fixação do regime inicial.

Os critérios para essa fixação estão previstos no art. 33 do Código Penal.

O que o juiz deve observar na fixação do regime inicial?

O juiz, quando vai fixar o regime inicial do cumprimento da pena privativa de liberdade, deve observar quatro fatores:

1) o tipo de pena aplicada: se reclusão ou detenção; 2) o quantum da pena definitiva;

3) se o condenado é reincidente ou não; 4) as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP).

Vamos organizar a aplicação desses quatro fatores:

RECLUSÃO O regime inicial pode

ser:

FECHADO: se a pena é superior a 8 anos.

SEMIABERTO: se a pena foi maior que 4 e menor ou igual a 8 anos. Se o condenado for reincidente, o regime inicial,

para esse quantum de pena, é o fechado. ABERTO: se a pena foi de até 4 anos. Se o condenado for reincidente, o regime inicial, para esse quantum de pena, será o semiaberto ou o fechado.

5https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/f6b5f8c32c65fee991049a55dc97d1ce?categoria=

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O que irá definir isso vão ser as circunstâncias judiciais: · se desfavoráveis, vai para o fechado; · se favoráveis, vai para o semiaberto.

Súmula 269-STJ: É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias

judiciais. DETENÇÃO O regime inicial pode ser: FECHADO: nunca

SEMIABERTO: se a pena foi maior que 4 anos. ABERTO: se a pena foi de até 4 anos.

Se o condenado for reincidente, o regime inicial é o semiaberto.

É possível que seja imposto ao condenado primário um regime inicial mais rigoroso do que o previsto para a quantidade de pena aplicada? Ex.: uma pessoa pode ser condenada a 6 anos de reclusão e o juiz fixar o regime inicial fechado?

SIM, é possível, desde que o juiz apresente motivação idônea na sentença.

Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea.

O juiz pode fundamentar a imposição do regime mais severo devido ao fato do crime praticado ser, abstratamente, um delito grave? Ex.: o juiz afirma que, em sua opinião, no caso de tráfico de drogas o regime deve ser o fechado em razão da gravidade desse delito.

NÃO. A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime NÃO constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada (Súmula 718-STF).

O que é considerado, então, motivação idônea para impor ao condenado regime mais gravoso?

Exige-se que o juiz aponte circunstâncias que demonstrem que o fato criminoso, concretamente, foi grave. Se as circunstâncias judiciais do art. 59 forem desfavoráveis, é possível que o juiz se fundamente nesses dados para impor ao condenado regime inicial mais gravoso que o previsto para a quantidade de pena aplicada. Nesse sentido:

(...) Se as penas-base de ambos os crimes são fixadas acima do mínimo legal em face da valoração negativa das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, não há ilegalidade na imposição de regime inicial mais gravoso do que o abstratamente previsto de acordo com a quantidade de pena aplicada. (...)

STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1471969/RN, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 20/11/2014)

Se a pena privativa de liberdade foi fixada no mínimo legal, é possível a fixação de regime inicial mais severo do que o previsto pela quantidade de pena? Ex.: Paulo, réu primário, foi condenado a uma pena de seis anos de reclusão. As circunstâncias judiciais foram favoráveis. Pode o juiz fixar o regime inicial fechado?

NÃO. A posição que prevalece é a de que, fixada a pena-base no mínimo legal e sendo o acusado primário e sem antecedentes criminais, não se justifica a fixação do regime prisional mais gravoso.

STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 303.275/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 03/02/2015.

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O STJ possui um enunciado no mesmo sentido:

Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.

Esse é também o entendimento do STF:

Habeas corpus. Penal. Processual penal. Roubo. Artigo 33, § 2º, do CP. Imposição de regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso. Possibilidade, desde que seja a decisão devida e concretamente fundamentada. Circunstâncias judiciais reconhecidamente favoráveis. Pena-base fixada no mínimo legal. Ausência de fundamentação apta ao agravamento do regime prisional. Habeas corpus deferido.

(...)

3. A Corte tem entendido que a fixação de regime mais severo do que aquele abstratamente imposto pelo art. 33, § 2º, do CP não se admite senão em virtude de razões concretamente demonstradas nos autos. 4. Ausência, no caso concreto, de fundamentação válida, nas razões de convencimento, para a fixação do cumprimento da pena em regime inicialmente fechado.

STF. 1ª Turma. HC 118.230, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 08/10/2013. DIREITO PROCESSUAL PENAL/EXECUÇÃO PENAL QUESTÃO 18

Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

CERTO.

Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

QUESTÃO 19

Compete à justiça federal processar e julgar prefeito por desvio de verba federal transferida e incorporada ao patrimônio municipal.

ERRADO.

Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.

QUESTÃO 20

É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.

CERTO.

Súmula 207-STJ: É inadmissível recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal de origem.

É possível interpretar essa súmula sob o ponto de vista do processo civil e do processo penal: Quanto ao processo civil, a súmula está superada considerando que o CPC/2015 acabou com os embargos

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infringentes. Por outro lado, no processo penal continua existindo o recurso de embargos infringentes, sendo possível aplicar esta súmula para os processos criminais.

QUESTÃO 21

Compete à justiça comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço.

ERRADO.

Essa é a redação da súmula 172 do STJ, todavia, o entendimento do enunciado encontra-se

superado.

A súmula foi superada pela Lei nº 13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM. Antes da alteração, se o militar, em serviço, cometesse, abuso de autoridade, ele seria julgado pela Justiça Comum porque o art. 9º, II, do CPM afirmava que somente poderia ser considerado como crime militar as condutas que estivessem tipificadas no CPM. Assim, como o abuso de autoridade não está previsto no CPM), mas sim na Lei nº 4.898/65, este delito não podia ser considerado crime militar nem podia ser julgado pela Justiça Militar. Isso, contudo, mudou com a nova redação dada pela Lei nº 13.491/2017 ao art. 9º, II, do CPM.

Com a mudança, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”. Dessa forma, o abuso de autoridade, mesmo não estando previsto no CPM pode agora ser considerado crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM.

QUESTÃO 22

Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar por crime de promover ou facilitar a fuga de preso de estabelecimento penal.

ERRADO.

Essa é a redação da súmula 75 do STJ, todavia, o entendimento do enunciado encontra-se

superado.

Se o policial militar promove ou facilita a fuga de preso por qual crime ele responde?

Depende:

• Se o preso estava recolhido em quartel da corporação ou outro local sujeito à administração militar: trata-se do crime previsto no art. 178 do CPM. Neste caso, a competência é da Justiça Militar.

• Se o preso estava recolhido em estabelecimento penal comum: a conduta amolda-se ao art. 351 do CP. Neste caso, a Súmula 75 dizia que a competência era da Justiça Comum Estadual.

A súmula 75 do STJ continua válida?

NÃO. A súmula foi superada pela Lei nº 13.491/2017, que alterou o art. 9º, II, do CPM.

Antes da alteração, para se enquadrar como crime militar com base no inciso II do art. 9º, a conduta praticada pelo agente deveria ser obrigatoriamente prevista como crime no Código Penal Militar. Como o art. 351 estava previsto no Código Penal comum, entendia-se que a competência para julgá-lo era da Justiça Comum.

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O que fez a Lei nº 13.491/2017: disse que a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º, pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”. Dessa forma, a conduta descrita no art. 351, mesmo estando prevista no Código Penal comum, pode agora ser considerado crime militar (julgado pela Justiça Militar) com base no art. 9º, II, do CPM.

QUESTÃO 23

Esgotado o prazo de queixa ou representação para o representante legal da vítima menor de 18 anos, poderá esta propor queixa ou representação, iniciando-se seu prazo a partir do momento em que completa 18 anos.

CERTO.

Súmula 594-STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal.

#AJUDAMARCINHO:6

Esta súmula foi editada em 1977. Nesta época, vigorava o Código Civil de 1916 que previa as seguintes regras (sem contar as exceções):

a) pessoas menores de 18 anos: eram absolutamente incapazes; b) pessoas entre 18 e 21 anos: relativamente incapazes;

c) pessoas acima de 21 anos: plenamente capazes.

Assim, quando estava em vigor o CC-1916, prevalecia o seguinte:

a) se uma pessoa menor de 18 anos foi vítima de crime de ação penal privada ou pública condicionada à representação: a legitimidade para oferecer a queixa ou a representação era dos seus representantes legais. b) se a vítima tinha entre 18 e 21 anos: a legitimidade era concorrente, ou seja, poderia ser a queixa ou representação poderia ser oferecida tanto pelo ofendido como por seu representante legal (art. 34 do CPP). c) se a vítima tina mais de 21 anos: em regra, não precisava de representante e ela mesma é quem tinha legitimidade para a queixa ou representação.

Veja a redação do art. 34 do CPP:

Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 (vinte e um) e maior de 18 (dezoito) anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.

A Súmula 594 do STF tinha, portanto, como fundamento este art. 34 do CPP.

Ocorre que o Código Civil de 2002 trouxe outras regras sobre a capacidade: a) pessoas menores de 16 anos: são absolutamente incapazes;

b) pessoas entre 16 e 18 anos: relativamente incapazes; c) pessoas acima de 18 anos: plenamente capazes.

Com isso, a doutrina entendeu que o CC-2002 revogou tacitamente o art. 34 do CPP. Isso porque se a pessoa tem mais de 18 anos, ela atualmente é plenamente capaz e não necessita de representante legal (ex: pais) para oferecer queixa ou representação.

6https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/35937e34256cf4e5b2f7da08871d2a0b?categoria

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Também na visão da doutrina majoritária, se o art. 34 do CPP foi revogado isso significa que a Súmula 594 do STF também teria perdido aplicabilidade já que este enunciado se baseava no referido artigo do CPP. Essa é a posição, por exemplo, de Renato Brasileiro (Código de Processo Penal comentado. Salvador: Juspodivm, 2016, p. 1694).

Com a devida vênia, penso que o âmbito de aplicação da Súmula 594 do STF foi reduzido com a revogação do art. 34 do CPP, mas ela permanece válida.

A Súmula 594 do STF não mais se refere ao art. 34 do CPP. Este dispositivo do Código realmente foi revogado tacitamente pelo CC-2002 já que a vítima com mais de 18 anos, em regra, é plenamente capaz (não tem representante legal) e, portanto, possui legitimidade exclusiva para queixa ou representação. No entanto, a Súmula continua sendo utilizada pela jurisprudência para dizer o seguinte: se a vítima tinha menos de 18 anos, a legitimidade para a queixa ou representação era dos seus pais (ou outros representantes legais). Se o representante legal da vítima menor de 18 anos não fez a representação no prazo de 6 meses, isso significa que, em tese, teria havido a decadência. Ocorre que, segundo a Súmula 594 do STF, existe uma autonomia (independência) entre o exercício do direito de queixa ou representação pelo ofendido em relação ao seu representante legal. Logo, o ofendido, ao completar 18 anos, poderá exercer a representação mesmo que seu representante legal não o tenha feito quando ele era menor já que, nos termos da Súmula 594, "os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal."

A Súmula 594-STF atualmente serve para transmitir o seguinte entendimento: se esgotou o prazo de queixa ou representação para o representante da vítima menor de idade, mesmo assim ela poderá propor queixa ou representação, iniciando-se seu prazo a partir do momento em que completa 18 anos.

Nesse sentido, confira:

(...) I - Os prazos para o exercício do direito de queixa ou representação correm separadamente para o ofendido e seu representante legal (Súmula nº 594/STF).

II - Escoado o prazo para o representante de uma das vítimas, conserva-se o direito de representação da ofendida, a ser contado a partir da sua maioridade (Precedentes). (...)

STJ. 5ª Turma. RHC 39.141/SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 25/11/2014.

(...) Na ocorrência do delito descrito no art. 214 do Código Penal - antes da revogação pela Lei n. 12.015/2009 -, o prazo decadencial para apresentação de queixa ou de representação é de 6 meses, após a vítima completar a maioridade, em decorrência da dupla titularidade, lato sensu, do direito de ação (Súmula 594/STF). (...)

STJ. 6ª Turma. EDcl no AgRg no REsp 1189268/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/08/2012.

1. Na ocorrência do delito descrito no art. 214 do Código Penal - antes da revogação pela Lei nº 12.015/2009 -, o prazo decadencial para a apresentação de queixa ou de representação era de 6 meses após a vítima completar a maioridade, em decorrência da dupla titularidade. 2. Esta Suprema Corte tem reconhecido a dualidade de titulares do direito de representar ou oferecer queixa, cada um com o respectivo prazo: um para o ofendido e outro para seu representante legal. Súmula nº 594 do STF. (...)

STF. 1ª Turma. HC 115341, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/10/2014. DIREITO CONSTITUCIONAL QUESTÃO 24

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Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.

CERTO.

Súmula 642-STF: Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal.

O DF, por não ser dividido em Municípios, acumula competências estaduais e municipais (art. 32, § 1º, da CF/88). Assim, o DF pode editar leis tratando sobre assuntos de competência dos Estados ou dos Municípios.

O art. 102, I, “a”, da CF/88 somente admite ADI contra lei ou ato normativo federal ou estadual. Não cabe contra lei ou ato normativo de competência municipal.

Logo, quando o DF edita uma lei no exercício de competência municipal, não cabe ADI para o STF contra este ato normativo. Poderia ser proposta ADI no TJDFT alegando violação à Lei Orgânica do DF. QUESTÃO 25

A Fazenda Pública e o Ministério Público não gozam prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça.

ERRADO.

Súmula 116-STJ: A Fazenda Pública e o Ministério Público têm prazo em dobro para interpor agravo regimental no Superior Tribunal de Justiça.

#AJUDAMARCINHO:7

Aprofundando

"O prazo em dobro previsto para a Fazenda Pública, para o Ministério Público e para a Defensoria Pública não se aplica quando a lei estabelecer prazo próprio ou específico para cada um deles. É o caso do agravo interno contra a decisão do presidente do tribunal que indefere pedido de suspensão de segurança. Nesse caso, só quem pode agravar é o requerente, que será ou a Fazenda Pública ou o Ministério Público. O prazo para o agravo será, nessa hipótese, simples, e não em dobro." (DIDIER JR., Fredie; CUNHA, Leonardo Carneiro da. Curso de Direito Processual Civil. Vol. 3., 13ª ed., Salvador: Juspodivm, 2016, p. 289).

Processo civil

Vale ressaltar que esta súmula vale para o processo civil, mas não para o processo penal. No âmbito penal, o Ministério Público não goza de prazo em dobro, sendo intempestivo o recurso de agravo regimental interposto fora do quinquídio previsto no art. 258 do Regimento Interno do STJ (AgInt no REsp 1658578/MT, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/04/2018).

7https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/98cac9d33aad44bb31800130e8c50b5f?categoria

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O prazo para interposição de agravo regimental no STF, em processos criminais, é de 5 dias corridos (não são dias úteis, como no CPC). O MP e a Defensoria Pública possuem prazo em dobro para interpor esse agravo?

• MP: NÃO. Em matéria penal, o Ministério Público não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais em dobro. Logo, o prazo para interposição de agravo pelo Estado-acusador em processo criminal é de 5 dias.

• Defensoria Pública: SIM. Mesmo em matéria penal, são contados em dobro todos os prazos da Defensoria Pública. Logo, o prazo para a Defensoria Pública interpor agravo regimental é de 10 dias.

STF. 1ª Turma. HC 120275/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15/5/2018 (Info 902). QUESTÃO 26

A identificação criminal não constitui constrangimento ilegal, ainda que o indiciado já tenha sido identificado civilmente.

ERRADO.

Essa é a redação da súmula 568 do STJ, todavia, o enunciado encontra-se superado. Segundo a CF/88, a pessoa que for civilmente identificada não poderá ser submetida à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei (art. 5º, LVIII).

QUESTÃO 27

É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. CERTO.

Súmula vinculante 25-STF: É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito.

O art. 5º, LXVII, da CF/88 permite, em tese, duas espécies de prisão civil: a) devedor de alimentos; b) depositário infiel. Veja: "LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;".

Ocorre que o Brasil, por meio do Decreto nº 678/92, promulgou a Convenção Americana de Direitos Humanos - CADH (Pacto de San José da Costa Rica). Segundo este tratado internacional, somente é permitida uma espécie de prisão civil: a do devedor da obrigação alimentar (artigo 7º, § 7º). Logo, a Convenção ampliou a garantia do cidadão e diante disso passou a ser proibida a prisão do depositário infiel. QUESTÃO 28

Desde o advento da Constituição Federal de 1988, a prisão administrativa não subsiste mais no ordenamento jurídico brasileiro.

CERTO.

Súmula 280-STJ: O art. 35 do Decreto-Lei n° 7.661, de 1945, que estabelece a prisão administrativa, foi revogado pelos incisos LXI e LXVII do art. 5° da Constituição Federal de 1988.

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