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FORMAÇÃO E PERFIL DO PEDAGOGO: PARA UM CAMININHO INTERDISCIPLINAR

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Academic year: 2021

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FORMAÇÃO E PERFIL DO PEDAGOGO: PARA UM CAMININHO INTERDISCIPLINAR

KARPINSKI, Raquel Lemes1 FETTER, Shirlei Alexandra 2

Resumo

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de revisão bibliográfica que teve por finalidade analisar a relação e a importância da autoridade democrática dada pelo professor ao seu educando deixando claro que o fundamental é a construção, pelo indivíduo, da responsabilidade da liberdade que ele assume. É o aprendizado autonomia com ética e responsabilidade. Através da metodologia teórico-descritiva, com abordagem qualitativa o estudo se concretizou levando em consideração que a docência, não pode ser o único caminho para a formação do pedagogo.

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Palavras-chave: Pedagogo; Docência; Formação; Competência.

1 Introdução

Na Universidade dos dias atuais, surge cada vez mais a necessidade de ofertar uma formação qualificada, que se fundamente na construção de saberes e possibilidades de sínteses próprias. Nessa direção, já não basta à obtenção de informação e acesso ao conhecimento, mas, faz-se indispensável o estudo interdisciplinar para agregar informações transformando-as em conhecimentos, em saberes prático e coerente com a vida prática. Saberes com sentido e que dialoguem com as diferentes áreas do conhecimento.

Na década de 80, no contexto de crítica da Educação ao capitalismo, é retomada a questão da formação de professores e a busca pela revalorização da Educação Pública no Brasil. Com as novas Diretrizes Nacionais, o Curso de Pedagogia ganha uma nova configuração no contexto da educação, ou seja, adota a formação do perfil do Pedagogo como ponto central, configurando um novo olhar para a formação.

1 Pedagogia. Mestranda em Educação (PPGED). UFRGS. raquelk@faccat.br

2 Pedagoga. Mestranda em Desenvolvimento Regional (PPGDR). FACCAT. E-mail: fettershirlei@gmail.com

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Os desafios de inovar os cursos universitários estão presentes em todas as áreas do conhecimento e não só na área de ciências humanas, de onde comumente parte essa preocupação. De modo geral, as IES (Instituição de Ensino Superior), estão organizadas e divididas por áreas de conhecimento, ainda de forma bastante fragmentada, uma vez que seguem a lógica da ciência moderna.

O objetivo deste estudo é dialogar as questões de formação de professores no contexto atual tendo como base à docência, a formação dos profissionais esta ligada a um conjunto de conhecimentos conectados a Pedagogia e não a docência, pois, os conhecimentos estão primeiramente atados aos conhecimentos pedagógicos e depois ao ensino. A metodologia utilizada foi a teórico-descritiva, com abordagem qualitativa.

O artigo está estruturado da seguinte forma: a seção 2 apresenta o referencial teórico, a seção 2.1 subcapitulo, a seção 3 traz as considerações finais.

2 Referencial teórico

O profissional, formado em pedagogia ganha um papel mais abrangente, indicando que o ponto central da Pedagogia em sua formação é a docência. A docência passa a ter maior abrangência a partir do parecer CNE nº 05/05 (2005b, p. 7), que diz:

“a docência é compreendida como ação educativa e processo pedagógico metódico intencional, construído em relações sociais, étnico-raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da pedagogia”.

Sobre a formação de professores e o campo de atuação, Libâneo (2002, p. 38-39) diz:

O curso de Pedagogia deve formar o pedagogo stricto sensu, isto é, um profissional qualificado para atuar em vários campos educativos para atender demandas sócio-educativas de tipo formal e não formal e informal, decorrentes de novas realidades, novas tecnologias, novos atores sociais, ampliação das formas de lazer, mudanças nos ritmos de vida, presença de meios de comunicação e informação, mudanças profissionais, desenvolvimento sustentado, preservação ambiental, não apenas na gestão, supervisão e coordenação pedagógica de escolas, como também na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino, no planejamento educacional, na definição de politicas educacionais, nos movimentos sociais, nas empresas, nas várias instâncias de educação de adultos, nos serviços de psicopedagogia e orientação educacional [...]

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Pelo relato, a base do Curso de Pedagogia seria a docência. E tendo como base à docência, a formação dos profissionais não reduz o curso de Pedagogia ao técnico, não separando a formação do professor da formação de especialistas como cita a Anfope (2005a). Colaborando com o ponto da docência, Scheibe (2001, p. 7), diz:

A tese defendida por esta proposta procura garantir a formação unificada do Pedagogo, profissional que, tendo como base os estudos teóricos investigativos da educação, é capacitado para a docência e consequentemente para outras funções técnicas educacionais, considerando que a docência é a mediação para outras funções que envolvem o ato educativo intencional.

Sobre a formação dos pedagogos, Pimenta (2004), aponta que a ênfase na docência como base desestruturou os pedagogos, mudando o viés do Pedagogo, que, seria a atuação e produção de conhecimento. Pois, para ela, a formação deveria estar atrelada a pesquisa em Educação.

Colaborando com Pimenta (2004), Libâneo (2006), afirma que o curso de Pedagogia não pode ter como base a docência. Para ele, a formação do educador precisa estar ligada a um conjunto de conhecimentos conectados a Pedagogia e não a docência, pois, os conhecimentos estão primeiramente atados aos conhecimentos pedagógicos e depois ao ensino.

Libâneo (2002) faz colocações sobre o que foi aprovado pela Resolução 1/06. O autor afirma ser muito para uma formação em um mesmo curso, formar profissionais em três ou mais habilitações. Para o autor

[...] para se atingir níveis mínimos desejáveis de qualidade da formação, ou se forma um bom professor, ou se forma um bom gestor ou coordenador pedagógico ou um bom pesquisador ou um bom profissional para outra atividade. Não é possível formar todos esses profissionais num só curso, nem essa solução é aceitável epistemologicamente falando. A se manter um só currículo, com o mesmo número de horas, teremos um arremedo de formação profissional, uma formação aligeirada, dentro de um curso inchado (LIBÂNEO, 2002, p. 84).

Sendo assim, no parecer homologado em 2006, a formação em Pedagogia estaria ligada a formação de professor, de gestor e de pesquisador, tudo em um mesmo curso,

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gerando assim, não apenas um perfil novo de docente, e sim, um novo perfil de pedagogo, uma forma mais ampla e abrangente.

Neste sentido, constatou-se que o perfil de Pedagogo, adquire uma abrangência muito maior e atende as demandas da sociedade capitalista, seja ela, na forma de ajudar a Educação ou como concursos públicos, abrindo assim, maiores possibilidades para atuação.

2.1 Saberes necessários para um bom pedagogo: Dialogando com Freire

Sabemos que a profissão e identidade do Pedagogo por vezes estão sofrendo com a crise da educação, pois vários são os motivos que levam a tal, como baixos salários, desvalorização dos profissionais, a ausência de formação continuada e falta de incentivos a categoria, etc...

Em meio a tantas posições e contradições que vivemos atualmente no contexto da Educação e formação de professores, Freire (2015) traz grandes contribuições em seu livro Pedagogia da Autonomia, sobre alguns saberes necessários para atuação do professor em seu campo de trabalho.

Cabe aqui destacar, o que coloca Libâneo (2002) mediante a distinção de Pedagogia e Pedagogo. Para ele, pedagogia ocupa-se, de fato, dos processos educativos, dos métodos e maneiras de ensinar, pois é um campo bem amplo, um campo de conhecimentos sobre a problemática da Educação, como esclarece

Pedagogia é, então, o do conhecimento que ocupa do estudo sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da atividade humana. Nesse sentido, educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais. É uma prática que atua na configuração da existência humana individual e grupal, para realizar nos sujeitos humanos as características de ‘ser humano’.

(LIBÂNEO, 2002, p. 30)

Ainda para o mesmo autor, o Pedagógico refere-se a finalidades da ação educativa, implicando objetivos sociopolíticos, que estabelecem formas organizadas da

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ação metodológica. Ou seja, pedagogia é a teoria e a reflexão de sua realidade com demais contextos. E pedagogo, segundo Libâneo (2002, p. 33):

[...] é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligados à organização e aos processos de transmissão e assimilação de saberes e modos de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica.

Libâneo (2002), diz ainda, que a identidade do profissional passado Pedagógico à Pedagogia, ou seja, significando a docência. Sendo assim, pedagogo é o profissional que atua em vários campos da prática pedagógica, ligado ou não a uma instituição formal de ensino.

Mas como será a atuação deste profissional em sua prática docente? Quais saberes ou formação se fazem necessários para que venha ao encontro do que se espera de um bom profissional da Educação?

Em seu livro Pedagogia da Autonomia, Freire (2015), coloca 27 saberes necessários à prática educativa, saberes que julga indispensáveis para uma boa atuação enquanto professor. O autor faz uma reflexão profunda sobre o ato de ensinar, enquanto docência, e diz que, não adianta discurso sem mudanças, pois o profissional de ensino precisa atuar de fato como professores em suas ações pedagógicas. Defende ainda que não se pode conceber que ensinar é transferir conhecimentos, conteúdos, pois não há docência sem discência, as duas se auto complementam. E seus sujeitos, apesar das diferenças, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. E ao ensinar aprende-se uns com os outros.

Para Freire (2015, p. 47), “ensinar não é transferir conhecimento”, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Ou seja, o professor quando forma um aluno capaz de produzir seus próprios pensamentos e ideias também se reconstrói, pois, além de ensinar, aprende ensinando.

Enquanto na concepção ‘bancária’(...) o educador vai ‘enchendo’ os educandos de falso saber, que são os conteúdos impostos; na prática problematizadora, vão os educandos desenvolvendo o seu poder de captação e de compreensão do mundo que lhes aparece, em suas relações com eles não mais como uma realidade estática, mas como uma realidade em transformação, em processo (FREIRE, 1993, p. 71).

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O autor em seus escritos deixa bem claro a preocupação de ensinar de forma acessível a qualquer educando, de forma respeitosa com os seus saberes, com sua bagagem cultural, sendo essa a oportunidade que o professor tem de levar as novas reflexões e possibilidades de ensino aos seus alunos.

Freire (2015) faz uma discussão baseada na interação entre professor e aluno, por meio da transmissão do conhecimento como parte das relações culturais que envolvem o educando. Assim, entra-se em questão a relação entre o “eu” e o “você”, que sempre estarão envolvidos nesse processo de aquisição de conhecimento, ou seja, o respeito pelo que cada um tem. Outro ponto abordado é o bom senso, por parte do professor “não é possível respeitos aos educandos, à sua dignidade, ao seu ser formando-se, à sua identidade fazendo-se, se não se levam em consideração as condições em que eles vêm existindo, se não se reconhece a importância dos

“conhecimentos de experiência feitos” com que chegam à escola [...]” (FREIRE, 2015, p. 62). Além disso, “ensinar exige consciência do inacabado”, sendo que, o ser humano por si só é um ser inacabado, além disso, Freire expõe que ensinar exige respeito à autonomia do educando. É nesse sentido que, é feita uma análise sobre a imagem do professor em sala de aula, e como é preciso defender uma dialogicidade nesse contexto social. Freire (2015) destaca que, o professor deve acordar no aluno um ser instigador, curioso e persistente, para assim, irem à busca de respostas aos porquês que surgem durante uma aula, durante a vida ou de algum conflito na sociedade. Desta forma, é preciso ainda, que o educador, remeta aos alunos a busca de construção de ideias, e não somente aceite o conceito explicado sem perguntar ou refletir sobre o mesmo.

Freire relata sobre a necessidade de um professor ser ético e estético profissionalmente, em suma, o docente precisa ser coerente com sua teoria e prática.

A ideia para ele é de que todos os profissionais da educação devem se considerar profundamente e autocriticarem-se construtivamente, afinal “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (Freire 2015, p.

40). Ou seja, se o professor analisar e perceber as falhas ou os erros mudará e conseguirá em fim atingir o objetivo desejado; Isso é ser ético consigo mesmo.

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Entretanto, a falta de preparo do profissional da educação e a dificuldade frente aos desafios contemporâneos faz com que muitos docentes adotem uma prática autoritária, perdendo a essência da Educação, não levando em conta as contribuições discentes na produção do conhecimento. Essa perda de respeito para com os alunos descaracteriza a pedagogia como movimento humanístico e emancipatório, sendo este um caminho que vai contra a prática defendida por freire que é voltada para o aluno e sua formação enquanto cidadão consciente e atuante em seu contexto.

Freire ainda argumenta (2015, p. 103):

Sou professor a favor da boniteza da minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais sem as quais meu corpo, descuidado corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste.

O autor ressalta quão importante é o desenvolvimento do lado crítico do educador, simultaneamente com a importância do aluno criticá-lo caso julgue necessário, pois dessa forma o aluno aprenderá se colocar diante do mundo, e juntos, professor e alunos cumprirão suas funções com mais responsabilidade.

Em seu livro Pedagogia da Autonomia (FREIRE, 2015, p. 16) faz a seguinte afirmação: “é nesse sentido que reinsisto em que formar é mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas”, além de afirmar que a formação docente vai além do desenvolvimento da habilidade do docente.

Como professor crítico, o professor deve estar disposto à mudança, à aceitação do diferente. Nada em sua experiência docente deve necessariamente repetir-se. A inconclusão é a própria definição sobre não repetir-se. Quanto mais cultural o ser, maior o suporte ou espaço ao qual o ser se prende em seu desenvolvimento. O suporte vai se ampliando, vira mundo e a vida, existência na medida em que ele se torna consciente, apreendedor, transformador, criador de beleza e não de espaço vazio a ser preenchido por conteúdos.

Quanto mais o professor coloca em prática sua aptidão de indagar, aferir e duvidar, tanto mais crítico se faz seu bom senso. O bom senso tem papel importante na tomada de posição no que diz respeito do que se deve ou não fazer, e a ele não pode

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faltar à ética. E como diz Freire (2015) não é preciso ter um professor de ética para dizer o que é ético ou não, basta usar o bom senso.

A segurança do professor, portanto, é fundamentada na competência profissional, pois, a incompetência desqualifica a autoridade do professor. A autoridade deve fazer-se generosa e não arrogante, A relação de autoridade enquanto detentor daquele saber, não é de autoritarismo. O educando que exercita sua liberdade ou autonomia vai se tornando tão mais livre quanto mais eticamente vai assumindo as responsabilidades de suas ações.

O professor autoritário que recusa escutar os alunos impede a afirmação do educando como sujeito de conhecimento. Como protagonista de sua própria prática educativa, enquanto ser humano. Como professor, Freire (2015) fala que, os profissionais devem estar advertidos do poder do discurso ideológico, ou seja, de suas crenças. O discurso ideológico ameaça de anestesiar a mente, de confundir a curiosidade, de distorcer a percepção dos fatos, das coisas. No exercício crítico da resistência ao poder da ideologia, gera-se qualidades que vão virando sabedoria indispensável à prática docente.

Logo, não pode faltar a postura crítica do professor diante dos meios de comunicação. Impossível à neutralidade nos processos de comunicação. O educador não pode desconhecer a televisão, mas deve usá-la, sobretudo, discuti-la, como citam Freire e Guimarães (2011, p. 173):

Ora a inércia era maior do que se pesava, e eles continuaram a ensinar como se a mídia não existisse, sem se apoiar na mídia. E assim houve o que eu continuo a chamar - e é dramático - de escola paralela no sentido próprio da palavra paralela, ou seja, eles não se encontram [...].

Sendo assim, a tarefa do professor não é camuflar os fatos que a mídia traz, através dos meios de comunicação, mas sim, fazer um equilíbrio entre os mesmos, e fazendo, que os educandos tenham a consciência critica. ou seja, sair da consciência ingênua para a postura crítica de interpretar os fatos.

Dentre as considerações apontadas, o professor deve levar para sala de aula situações e discussões que possibilitaram aos docentes e educandos a prática do

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desenvolvimento de suas ideias, e com isso, o conhecimento acontece como troca, não apenas é transferido aos educandos.

Vale destacar que, a experiência e a prática em sala de aula, de certa forma, estão distantes do discurso dos Parâmetros Curriculares Nacionais vigentes. No cotidiano escolar o professor está sujeito a enfrentar: uma luta constante entre “o que fazer” e “como deve ser feito”, palavras de Freire (2015).

Porém, um simples gesto do professor pode estimular o educando em sua formação e auto-formação. A experiência informal de formação ou deformação que se vive na escola, não pode ser negligenciada e exige reflexão. Experiências vividas nas ruas, praças, trabalho, salas de aula, pátios e recreios são cheias de significação e por isso mesmo, precisam ser discutidas, refletidas e resinificadas criticamente.

Portanto, é imprescindível para o educador buscar a competência educacional baseada no que a palavra, “ensinar”, exige. Exige dele mais do que apenas conhecimento sobre o conteúdo a ser trabalhado, mas envolve um todo da formação integral do educando. O diálogo e as relações de experiências contribuem para que haja uma mudança na forma de ensino que vem sendo reparada, ou pelo menos oportuniza uma busca pela melhoria na educação.

Freire não adota uma concepção intelectualista, ou racionalista do conhecimento. O conhecimento engloba a totalidade da experiência humana.

O ponto de partida é a experiência concreta do indivíduo, em seu grupo ou sua comunidade. Esta experiência se expressa através do universo verbal e do universo temático do grupo. As palavras e os temas mais significativos deste universo são escolhidos como material para (...) a elaboração do novo conhecimento, partindo da problematização da realidade vivida”

(ANDREOLA, 1993, p. 33).

Neste ponto, cabe ao professor ter a esperança da mudança, pois sem essa, sem acreditar que enquanto profissional tem a capacidade de mudar a educação, nem que seja com ações pequenas, ele passa a tornar-se apenas mais um conteudista em seu trabalho, reproduzindo a educação bancária tão duramente criticada por Freire.

A luta dos professores em defesa de seus direitos e dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática e ética. Em

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consequência, da forma que é posta a prática pedagógica, o professor não pode desgostar-se do que faze sob pena de não fazê-lo bem. O educador necessita cultivar a humildade e a tolerância, a fim de manter o respeito entre ele e educando. É preciso priorizar o empenho de formação permanente dos professores como tarefa altamente política, e repensar a eficácia das greves, das marchas.

Para Freire (2015) querer bem os educandos é o primeiro saber necessário à formação do docente, numa perspectiva progressista. É uma postura difícil a assumir diante dos outros e com os outros, mediante ao mundo e aos fatos. Fora disso, o educador não está indo ao encontro de sua teoria e prática, e nem usando o bom senso de ser educador.

Conclusão

Portanto, o educador deve querer bem aos educandos e à própria prática educativa de que participa. Essa abertura significa que a afetividade não o assusta que não tem medo de expressá-la. Seriedade docente e afetividade não são incompatíveis.

Aberto ao querer bem significa sua disponibilidade à alegria de viver. Quanto mais metodicamente rigoroso o professor se torna na sua busca e na sua docência, tanto mais alegre e esperançoso sente-se.

Sendo assim, ao conhecer as diferentes dimensões da prática educativa, mais seguro será o desempenho. O homem é um ser consciente que usa sua capacidade de aprender não apenas para se adaptar, mas, sobretudo para transformar a realidade, e estar inserido de fato como sujeito de lutas por uma sociedade mais justa e humana.

O papel fundamental do professor progressista, é contribuir positivamente para que o educando seja autor de sua formação, e ajudá-lo nesse empenho. Deve estar atento à difícil passagem da heteronomia para a autonomia para não desequilibrar a busca e investigações dos educandos.

O professor também é um pesquisador, e isso ajuda em sua formação profissional. Pois pela pesquisa o professor está sempre em constante busca pelo novo, e assim, leva aos seus educandos a vontade de buscar o novo pela pesquisa, e deste novo surgem outros olhares, outras leituras de mundo.

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É de extrema importância a ligação entre a criticidade e a curiosidade, pois para o autor, todo discente deve ter coragem para ser curioso ao ponto de estudar e desenvolver ideias que ele produziu, e ainda, cabe ao contexto escolar e docente descobrir práticas e atividades para motivar e encorajar o aluno a desenvolver pensamentos de reflexão, assim, fazendo parte a pesquisa no contexto escolar, tanto para educando como para o educador.

REFERÊNCIAS

ANDREOLA, Balduino A. O Processo do Conhecimento em Paulo Freire.

Educação e Realidade, Vol.18, nº1, p. 32-45, jan-jul/1993.

BERGER, Guy. Conditions d'une problématique de l'interdisciplinarité. In Ceri (eds.) L'interdisciplinarité. Problèmes d'enseignement et de recherche dans les Université , pp.

21-24. (1972). Paris: UNESCO/OCDE Girardelli, M. F. Qual é a diferença entre multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade?

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº. 5, de 13 de dezembro de 2005. Brasília.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1991.

______ Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e terra, 1993.

______Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 51ª ed – Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

LIBÄNEO, José Carlos. Diretrizes curriculares da Pedagogia: um adeus à Pedagogia e aos pedagogos? Novas subjetividades, currículos, docência e questões pedagógicas na perspectiva da inclusão social/Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Recife: ENDIPE, 2006, p. 213 – 242.

______. Pedagogia e Pedagogos, para quê? 6. Ed. São Paulo, Cortez, 2002.

PIMENTA, Selma Guarrido. Mesa-redonda: por uma pedagogia de formação de professores – embates conceituais e crítica das políticas atuais. In: BARBOSA, Raquel Lazzari Leite (org.) Trajetórias e perspectivas da formação de educadores. São Paulo:Editora UNESP, 2004.

PIAGET, J. A vida e o pensamento do ponto de vista da psicologia experimental e da epistemologia genética. In: Piaget. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1972.

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SCHEIBE, Leda. Diretrizes curriculares Para o curso de pedagogia: Trajetória longa e inconclusa. Cadernos de pesquisa. V. 37, n. 130, p. 43-62, jan/abr. 2007.

Disponível em: <www.scielo.br/pdf/cp/v37n130/04.pdf> Acesso em 06 de jan de 2016.

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