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A INFLUÊNCIA DA LEITURA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NARRATIVO CONTO 1

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Academic year: 2022

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A INFLUÊNCIA DA LEITURA NO PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL DO GÊNERO NARRATIVO CONTO1

Ana Valéria Piovesan2 Edimara Luciana Sartori3

RESUMO

A leitura tem papel importantíssimo na formação do cidadão, contribuindo para o desenvolvimento da criatividade, do repertório lexical e da capacidade de argumentação oral e escrita. Desse modo, este artigo apresenta um estudo de produções textuais dos alunos do 3° ano do ensino médio a fim de analisar a influência da leitura na produção de texto do gênero conto. Para tanto, foi construído e aplicado um questionário aos alunos a fim de saber sobre a frequência e os gêneros que eles leem e escrevem. Depois de aplicado o questionário, foi realizado o trabalho de leitura e compreensão a partir do conto O retrato oval, de Edgar Allan Poe, e identificados os elementos da narrativa no texto. Após produzirem a narrativa, para a escolha das produções a serem analisadas, foram criados dois critérios para a seleção de dois textos e quatro critérios de avaliação, para analisar as produções escolhidas, comparando-as quanto aos critérios elencados.

Dessa forma, foram apresentados os resultados que mostram como a leitura influencia na produção textual, uma vez que os alunos que leem diariamente apresentaram em suas produções elementos narrativos mais desenvolvidos, poucos desvios de grafia, criatividade na temática, entre outros aspectos. Assim, conclui-se que o trabalho com a leitura e com os diferentes gêneros textuais deve ser constante com o intuito de formar alunos autônomos no uso da língua em quaisquer situações comunicativas.

Palavras-chave: Leitura. Gêneros textuais. Produção textual. Análise.

RESUME

Reading has a very important role in the formation of citizens, contributing to the development of creativity, lexical repertoire and the capacity for oral and written argumentation. Thus, this article presents a study of textual productions of students in the 3rd year of high school in order to analyze the influence of reading on the production of texts in the short story genre. Therefore, a questionnaire was built and applied to students in order to know about the frequency and genres they read and write.

After applying the questionnaire, the reading and comprehension work was carried out based on the short story The oval portrait, by Edgar Allan Poe, and the elements of the narrative were identified in the text. After producing the narrative, to choose the productions to be analyzed, two criteria were created for the selection of two texts and four evaluation criteria, to analyze the chosen productions, comparing them with regard to the listed criteria. Thus, the results that show how reading influences textual production were presented, since students who read daily presented more developed

1 Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Especialização em Linguagens e Tecnologias na Educação do Instituto Federal Sul-rio-grandense, câmpus Passo Fundo, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Linguagens e Tecnologias na Educação, na cidade de Passo Fundo, em 2021.

2 Licenciada em Letras pela Universidade de Passo Fundo (UPF, 2019) e pós-graduanda em Linguagens e

Tecnologias na Educação pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSUL) câmpus Passo Fundo. anavpiovesan@hotmail.com

3 Profa. Doutora em Letras (Letras Vernáculas – Literatura portuguesa) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007). edimarasartori@ifsul.edu.br

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narrative elements in their productions, few spelling deviations, creativity in the subject, among other aspects. Thus, it is concluded that the work with reading and with the different textual genres must be constant in order to train autonomous students in the use of language in any communicative situations. the results that show how reading influences textual production were presented, since students who read daily presented more developed narrative elements in their productions, few spelling deviations, creativity in the subject, among other aspects. Thus, it is concluded that the work with reading and with the different textual genres must be constant in order to train autonomous students in the use of language in any communicative situations. the results that show how reading influences textual production were presented, since students who read daily presented more developed narrative elements in their productions, few spelling deviations, creativity in the subject, among other aspects. Thus, it is concluded that the work with reading and with the different textual genres must be constant in order to train autonomous students in the use of language in any communicative situations.

Key words: Reading. Textual genres. Text production. Analyze.

INTRODUÇÃO

Na última pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro (IPL), em 2020, constatou- se que apenas pouco mais da metade dos brasileiros tem hábito de leitura. Dessa forma, a justificativa da pesquisa se dá diante desse cenário preocupante, em que se percebe que essa falta de leitura reflete em vários aspectos sociais do brasileiro que, desde o ensino fundamental, enfrenta dificuldades com a escrita e a interpretação de textos.

Estudantes chegam ao ensino médio com dificuldades em escrever um texto claro, coeso, fundamentado e sem desvios linguísticos. Um dos motivos dessa defasagem na escrita é a falta de leitura. Sabe-se que a leitura permite ao educando um vocabulário mais abrangente, desenvolve o pensamento crítico, além de contribuir para o aperfeiçoamento da escrita. Logo, quanto mais se lê, melhor se escreve.

Assim, com base em documentos que são referências na educação - Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e Referencial Curricular Gaúcho (RCG) - e também em obras de Paulo Freire e de Angélica Soares, o presente artigo trata da importância da leitura e sua influência nos mais diversos âmbitos sociais, tendo como objetivo principal analisar a função e influência da leitura nas produções textuais de alunos do ensino médio. Também serão abordadas obras de Sônia Kramer (2001) que trata de concepções da escrita e de Marcuschi (2008) sobre a produção e análise de gêneros textuais. Além disso, trata-se brevemente da metodologia de ensino híbrido, adotado pela rede estadual de educação em virtude das restrições sanitárias ocasionadas pela pandemia de COVID-19. A presente pesquisa expõe uma análise elaborada a partir

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da comparação entre a escrita de alunos que leem com frequência e alunos que não leem frequentemente. Esses dados foram coletados por meio da aplicação de um questionário, que é um dos objetivos específicos da pesquisa, cuja análise associada à produção dos alunos é exposta no desenvolvimento.

Diante do cenário exposto, a presente pesquisa buscou respostas para os seguintes questionamentos: como a leitura contribui para uma escrita eficiente e autônoma do aluno? Como a falta de leitura afeta a produção textual dos alunos e de que maneira realizar atividades de produção de texto de diversos gêneros contribui para o aperfeiçoamento dessa competência? Quais são os principais impasses na escrita e na narração que a leitura pode sanar? Com esses questionamentos pretende-se verificar outro objetivo que é, por meio da produção do gênero conto, a influência da leitura nas produções dos alunos, analisando critérios baseados em duas das cinco competências de avaliação da redação do Enem: 1) “demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa”; 2) “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Além desses, outros dois critérios serão levados em conta para a avaliação do conto: 3) apresentar criatividade na temática e descrição dos fatos narrados e 4) desenvolver adequadamente os elementos da narrativa.

E, por fim, a partir desse processo de análise, expor os resultados obtidos sobre a escrita dos alunos, a evolução e o emprego de recursos e elementos estudados, mostrando os efeitos e influências da leitura no processo de construção do texto narrativo do gênero conto.

REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 Leitura e Escrita

A Língua Portuguesa está organizada em quatro grandes eixos de ensino.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), os eixos são correspondentes às práticas de linguagem: oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica. Esses eixos devem ser trabalhados para o aperfeiçoamento e domínio da língua pelos alunos, a fim de que saibam desempenhar cada uma dessas competências. O resultado da aprendizagem de Língua Portuguesa se deve a três variáveis: aluno, língua e ensino.

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O primeiro elemento dessa tríade, o aluno, é o sujeito da ação de aprender, aquele que age sobre o objeto de conhecimento. O segundo elemento, o objeto de conhecimento, é a Língua Portuguesa, tal como se fala e se escreve fora da escola, a língua que se fala em instâncias públicas e a que existe nos textos escritos que circulam socialmente. E o terceiro elemento da tríade, o ensino, é, neste enfoque teórico, concebido como a prática educacional que organiza a mediação entre sujeito e objeto do conhecimento. Para que essa mediação aconteça, o professor deverá planejar, implementar e dirigir as atividades didáticas, com o objetivo de desencadear, apoiar e orientar o esforço de ação e reflexão do aluno (BRASIL, 1997, p. 25).

A leitura é um ato de grande importância e aprendizado para o ser humano. Por meio dela, amplia-se o vocabulário, desenvolve-se a criatividade, a concentração, a capacidade de compreensão. Ela ainda insere o aluno nas mais diversas práticas sociais, tornando-o capaz de refletir e atuar criticamente na sociedade, pois se trata de um processo, “em torno da importância do ato de ler, que implica sempre percepção crítica, interpretação e ‘re-escrita’ do lido” (FREIRE, 2005, p. 21).

A leitura deve iniciar desde os níveis de alfabetização e, a partir de então, fazer parte de toda a vida do educando, pois não é um processo de junção de letras e palavras, mas sim, um processo que vai muito além, significa reconhecer o mundo ao nosso redor, perceber, interpretar. Favoni (2012, p. 11) aponta que “o ensino da leitura no contexto escolar objetiva a formação de leitores competentes e consequentemente a formação de escritores aptos à comunicação escrita”.

Dessa maneira, percebe-se que a leitura, com toda sua grandeza, ao proporcionar conhecimento, pode auxiliar no processo de produção de texto, uma vez que ela é a base da escrita. Cabe mencionar também que a escrita é um meio de interação em diferentes âmbitos sociais e contribui para o desenvolvimento da autonomia e do protagonismo na vida em sociedade.

Além disso, lemos todos os dias, pois ao nosso redor está uma imensidão de gêneros textuais que chegam até nós com várias informações. As redes sociais como facebook, whatsapp, twitter, são exemplos disso, pois estamos todos os dias imersos e conectados por meio de telas, interagindo com o mundo ao redor. Além disso, jornais, bilhetes, avisos, entre outros, são alguns dos diversos textos que fazem parte de nosso dia e que nos permitem contato e desenvolvimento por meio da leitura.

Assim, nota-se que esses dois eixos possuem grande relação, pois um serve como base para o bom desempenho no outro. Sabe-se que a leitura traz diversas informações e conhecimentos que, para a escrita, são elementos fundamentais para a argumentação e fundamentação daquilo que se pretende difundir. Além do mais, a leitura contribui para

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uma escrita clara, coesa e adequada a sua situação de comunicação. Segundo Geraldi (2004), a possibilidade de produzir textos eficazes está relacionada à prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências modelares.

Segundo Kramer (2001), escrever é admitir características vividas da própria escrita, reformular textos, compartilhar e também reescrever nela novos sentidos.

Também Geraldi (1993, p. 135) considera a produção de textos “como ponto de partida de todo processo de ensino/aprendizagem da língua, [pois] é no texto que a língua se revela em sua totalidade”. Portanto, partindo do papel valioso que a leitura desempenha, pode-se dizer que é preciso proporcionar aos estudantes oportunidades e também projetos de leitura a fim de estimulá-los para esse caminho. Porém, não é somente realizar uma leitura superficial, mas sim, ler mais profundamente, compreender todo o contexto por trás do texto e os mecanismos de tessitura do próprio texto. Pode-se desenvolver a competência escrita com excelência e ser capaz de, por meio dela, estabelecer comunicação e levar informação. Por isso, o professor deve ser o mediador e incentivador desse hábito que deve começar desde a educação infantil. Isso inclui contações de histórias, momentos dedicados à leitura e também exercícios variados e cotidianamente de produção textual. Assim, unindo esses dois eixos, poderemos melhorar o vocabulário, a fundamentação, mas também todo o processo de escrita dos alunos que devem desenvolver melhor essas habilidades.

1.2 Produção e Gêneros textuais

O texto é o ponto de partida para as aulas de Língua Portuguesa. Isso se deve ao fato de ele ser uma unidade contextualizada que permite às aulas da língua materna mais significado e logicidade, pois “o texto pode ser tido como um tecido estruturado, uma entidade significativa, uma entidade de comunicação e um artefato histórico”

(MARCUSCHI, 2008, p. 72).

Ainda, é importante destacar que “o texto é um sistema atualizado de escolhas extraído de sistemas virtuais entre os quais a língua é o sistema mais importante”.

(MARCUSCHI, 2008, p. 79), ou seja, quando alguém vai fazer uso da língua, no caso produzir um texto, precisa fazer escolhas a partir do seu armazenamento lexical. Por esse motivo, a pessoa que possui o hábito da leitura, que lê com frequência, terá mais opções e mais escolhas para realizar seu texto enquanto que aquela que não lê com certa frequência terá mais dificuldades, pois seu repertório lexical é mais limitado. Isso mostra e confirma o que foi citado anteriormente, pois a leitura promove, além da

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criatividade, um repertório lexical mais amplo e diversificado, ampliando suas escolhas na hora de usar a língua na produção de um texto.

Além disso, essa proximidade com a leitura permite também que sejam escritos com facilidade diversos gêneros textuais, uma vez que a leitura promove a autonomia e isso faz com que a produção variada de gêneros das mais diversas formas de organização, seja mais fácil. “Gêneros são modelos correspondentes a formas sociais reconhecíveis nas situações de comunicação em que ocorrem” (MARCUSCHI, 2008, p.

84). Ou seja, os gêneros são as manifestações da língua que acontecem em diferentes formatos e que circulam nas esferas sociais, como propaganda, reportagem, receita, memes, entre outros.

Cada gênero possui suas particularidades, ou seja, quando se escolhe um determinado gênero para produzir, é preciso conhecer a composição daquele determinado gênero, pois isso irá condicionar como a língua deverá ser usada/

empregada naquela determinada categoria. A configuração textual, a estrutura, o ordenamento paragráfico, a linguagem a ser empregada, os elementos a compor o texto (personagens ou não, informações sobre fatos, entre outros) devem-se à escolha do gênero que, com suas formas textuais e particularidades, manifestam-se no artefato linguístico.

METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho consiste em uma pesquisa-ação, pois esta pesquisadora é também a professora regente da turma de 3º ano para a qual a ação foi planejada e posta em execução, sendo, depois, observados e avaliados os resultados da ação empreendida com foco na aprendizagem. Essas são as quatro fases do ciclo básico da pesquisa-ação definidas por David Tripp (2005). Para o autor, “a pesquisa-ação educacional é principalmente uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência, o aprendizado de seus alunos” (2005, p. 445). Sob esse viés, a pesquisa consistiu em analisar as diferenças existentes entre produções textuais de alunos de uma turma do 3° ano do ensino médio de uma escola da rede estadual de ensino da cidade de Estação- RS. A turma é do turno da manhã e possui dezesseis alunos na faixa etária de 16 a 18 anos. Nesta turma há um aluno especial que necessita de atividades diferenciadas dos demais. Além disso, há três alunos que não vêm

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frequentando as aulas e dois que frequentam raramente. Quanto aos demais alunos, alguns são dedicados e participam de todas as aulas e atividades propostas e outros são mais displicentes. Somente onze alunos realizaram a produção do conto. O objetivo foi analisar como a leitura influencia na construção de um texto. Para isso, um questionário foi aplicado a fim de coletar dados sobre a frequência e os gêneros que os alunos leem e escrevem. Em razão do contexto de pandemia, o retorno das aulas que inicialmente seria de forma híbrida, está acontecendo de forma remota. Por esse motivo, foi criado um arquivo no Google Formulários para enviar o link para os alunos responderem.

O formulário contou com respostas de onze dos dezesseis alunos da turma. A maioria dos alunos considera a leitura uma forma de aprender e afirma que ela tem papel significativo em suas vidas, por isso leem diariamente. Oito alunos leem livros e gêneros em redes sociais. Já os que não leem afirmam não terem tempo para a prática.

Somente dois alunos têm o hábito de ir à biblioteca, mas, com a pandemia, buscaram materiais para leitura na internet, como os demais colegas fazem. Quanto aos gêneros mais procurados para leitura, o romance foi o mais requerido. As indicações de leitura, em sua maioria, ocorrem em sítios da internet e depois por indicação dos professores. E 36,4% dos alunos afirmaram que leem de 1 a 3 livros ao ano.

Quanto à questão da escrita, a maioria dos alunos (63,6%) só escreve quando é solicitada pelos professores. Quando questionados sobre como eles percebem a influência da leitura no momento da escrita, os alunos observam que, com a leitura, a escrita se torna mais rica, com vocabulário mais variado, ganhando consistência pelo conhecimento mais elaborado sobre o assunto solicitado. Além disso, desenvolve a criatividade, contribuindo com uma variedade de ideias no momento da escrita.

Após a aplicação do questionário, foi realizada a leitura e a compreensão do conto O retrato oval, de Edgar Allan Poe. A seguir, os elementos da narrativa foram analisados de maneira contextualizada no conto, identificando-os a partir da observação das características da linguagem empregada. Por último, os alunos foram instruídos a desenvolver um conto como produção textual avaliativa, utilizando a plataforma Google Classroom para entregar a atividade. Na plataforma, foram descritas as competências para a análise das produções. São elas duas competências avaliadas na prova de Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), a saber: 1) “demonstrar domínio da modalidade formal da língua portuguesa”; 2) “selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista”. Além desses, outros dois critérios foram levados em conta para a

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avaliação do conto: 3) mostrar criatividade na temática e na descrição dos fatos narrados e 4) desenvolver os elementos da narrativa. Após a entrega do conto no sistema, foram selecionadas as produções de dois alunos que foram avaliadas conforme os critérios expostos.

Como David Tripp (2005) afirma, “pesquisa-ação é uma forma de investigação- ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar a ação que se decide tomar para melhorar a prática”. Dessa forma, variar as práticas pedagógicas para trabalhar a leitura e a escrita de gêneros diversos é um meio eficaz para tornar o aluno autônomo no uso da língua de forma crítica e reflexiva em diferentes situações de comunicação.

Os processos de aprendizagem são múltiplos, contínuos, híbridos, formais e informais, organizados e abertos, intencionais e não intencionais. (MORAN, 2017).

Esse cenário passou a fazer parte da educação a partir do ano de 2020, em decorrência do cenário desencadeado pela pandemia da COVID-19. O formato híbrido de ensino passou a ser adotado como forma de dar continuidade às aulas. Este modelo consiste em combinar aulas presenciais com aprendizado online em alguma plataforma e/ou ambiente de aprendizagem.

Desta forma, percebe-se que, por meio desse modelo, o aluno desenvolve certa autonomia na busca por conhecimento e material necessário, fazendo com que o professor torne-se um mediador do conhecimento, mostrando o caminho e conduzindo o aluno para que depois ele possa por si próprio, buscar e construir conhecimento.

COLETA DE DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Apenas onze dos dezesseis alunos que compõem a turma realizaram a produção do conto. Para a seleção das duas produções textuais a serem analisadas, foram seguidos dois critérios: 1) Frequência: o aluno que lê diariamente e outro raramente e 2) pontualidade, participação nas aulas síncronas e realização de atividades no contexto das aulas remotas.

Depois de selecionados os dois textos, a partir desses critérios, os alunos foram nomeados como A e B: A, o estudante que lê diariamente e B, o que lê raramente. O aluno A participa de todas as aulas online, cumpre os prazos estabelecidos e apresenta bom desenvolvimento das atividades, além de bom repertório de conhecimento e argumentação tanto na fala quanto na escrita. Também, ao responder o questionário,

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considera que a leitura é prazerosa. Já o aluno B, participou poucas vezes das aulas online, apresenta muita dificuldade tanto na compreensão textual quanto na capacidade de argumentação oral e escrita e realiza as atividades parcialmente, muitas vezes fora do prazo. Ao responder o questionário, considera a leitura uma forma de aprender, mas afirma não ter tempo para a prática, por isso, lê raramente.

O primeiro critério de análise é o domínio da norma padrão da língua portuguesa.

A partir dele, observa-se que o aluno B demonstra domínio insuficiente da norma padrão, pois em várias situações apresentou desvios na grafia, como “ematomas” e

“derepente”. Ainda, percebe-se também que os sinais de pontuação são raramente empregados ou até mesmo nem usados em algumas partes da narrativa, o que dificulta, muitas vezes, a clareza do texto, como no trecho a seguir:

Chegando na cidade eles descobrem que as crianças adoecem durante a madrugada enquanto estão dormindo. Os irmãos então decidem se hospedar em um hotel no qual a dona tem dois filhos um menino que é o mais velho e ajuda sua mãe no hotel cuidando de sua irmã mais nova.

Já o aluno A, comparado ao aluno B, demonstra um bom domínio da norma padrão, apresenta poucos desvios gráficos e convenções na escrita: “Era madrugada, por volta das 3:00, surgiu um frio inexplicável que meu corpo arrepiou-se dos pés à cabeça”.

Com relação à estrutura dos parágrafos, o aluno B não possui parágrafos definidos e, muitas vezes, inicia um novo sem dar continuidade ao anterior, deixando, assim, a ideia desconexa e difícil de ser compreendida. Dessa forma, o texto não possui uma linearidade em algumas partes, comprometendo a progressão temática e a clareza, já que os assuntos mudam de um parágrafo ao outro sem terem ligação. Já o aluno A, apresenta parágrafos organizados, bem definidos e com as ideias relacionadas de um parágrafo ao outro. Assim, consegue-se acompanhar a ordem dos episódios de forma clara.

O segundo critério diz respeito a selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Marcuschi (2008) declara que os processos de coesão dão conta da estruturação da sequência (superficial) do texto e a coerência se refere às relações de sentido que se manifestam entre os enunciados. A partir desses conceitos, observa-se que o aluno A escreve seu conto com coesão entre os parágrafos, de forma que se consegue acompanhar os fatos de forma lógica e linear observando a “ligação” entre as partes do texto. Além disso, o

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estudante seleciona fatos e características que complementam e alimentam o tom misterioso e de suspense presente no conto. Também, detalha com precisão episódios e acontecimentos que se desenrolam no decorrer da narração, além de caracterizar, de forma minuciosa, os fatos, as características dos personagens e da situação em curso. A ordem em que os fatos acontecem é sequencial e é possível identificar o início, meio e fim da história. O conto é bem construído e articulado em seu interior, apresentando conectores como “e” e “então” que contribuem para a ligação e sentido entre as partes, estabelecendo relação de logicidade e sentido no interior do texto. Dessa forma, observa-se que o aluno, nessa competência, atinge resultado satisfatório, pois a narração está coesa, com seu texto interligado em cada parte.

Já o aluno B, seleciona e apresenta características de personagens e outros elementos da narração, no entanto, quanto à organização, deixa a desejar. Os parágrafos, em alguns casos, não possuem ligação entre si e apresentam ideias vagas se comparadas ao trecho anterior.

Patrick e Robert são dois irmãos que sempre a procura de algo misterioso, os dois são conhecidos como caçadores, eles caçam todos os tipos de criaturas que vocês possam imaginar.

Como fantasmas, vampiros, lobisomens, bruxas e tudo de ruim que existe de assustador.

Percebe-se, nesse trecho, que não há uma sequência e ligação lógica entre parágrafos, fazendo com que as partes fiquem desconexas, inclusive com o período truncado, e sem relação com o que foi exposto no anterior. Quanto à coerência, observa- se que há ausência de conectores, palavras que auxiliam na construção de sentido e organização frasal, uma vez que vários parágrafos estão sem conexão lógica em seu interior. Em vista disso, constata-se que o aluno B não atinge resultado satisfatório nesse critério, visto que não consegue relacionar os fatos e elementos da história de maneira encadeada e coerente.

Quanto ao critério 3 que analisa a criatividade na temática e descrição dos fatos narrados, o aluno A apresenta mais criatividade tanto na escolha do tema quanto na forma em que narra os fatos. O conto inicia com a caracterização de uma festa que ocorrerá e vai se desenrolando a partir desse episódio. A narração acontece a partir desse evento em que são relatadas diversos fatos estranhos que acontecem com o jovem após a volta da festa. Ao final da narrativa, é revelado o que realmente aconteceu com o personagem após a ida à festa. Percebe-se que o suspense ao longo do conto é mantido e alimentado, pois os fatos citados não mostram explicitamente qual é o motivo de tudo

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que está acontecendo na história. Além disso, o título do conto- “Sedento”- não apresenta o conteúdo da narração, que somente é justificado ao final, quando acontece o desfecho dos fatos.

Já o aluno B abordou a temática de caçadores de criaturas misteriosas que vão até uma cidade resolver os casos de crianças doentes em hospitais. A criatura que estava deixando as crianças no hospital era uma bruxa. O que se percebe com o conto desse aluno é que não houve muita criatividade com a temática e com o desenrolar dos fatos, já que logo no início do conto já sabemos qual é o problema que assombra a cidade citada e também o que acontece. O conto do aluno B não possui suspense, os fatos são revelados e contados logo no início. Além disso, as situações não são detalhadas de forma minuciosa como no conto do aluno A. Tudo é citado de forma objetiva, sem dar muitos detalhes da cena, inclusive o título deste conto - Uma criatura do mal- já revela a trama que será desenvolvida na história.

E a análise pelo quarto e último critério é sobre o desenvolvimento dos elementos da narrativa. Como já mencionado, os elementos da narrativa são o narrador, personagem, enredo, tempo e espaço. O narrador é a “voz do texto”, quem conduz a narrativa. É importante diferenciar os tipos de narrador existentes. “1º) se participa da história narrada, sob a forma de um ‘eu’ (narrador homodiegético), que pode ser o protagonista, impondo-se como um narrador autodiegético ou uma personagem secundária” (SOARES, 2006, p. 47). Ou seja, o narrador pode fazer parte da narração como um personagem ativo ou somente ser um observador, que acompanha os personagens, conhece-os, mas não influencia nos acontecimentos da narração. Já, “2º) se está ausente da história narrada (narrador heterodiegético), [...] onisciente, que, em terceira pessoa, é o contador da história, sem participar ativamente dela, mas conhecendo os sentimentos íntimos dos personagens” (SOARES, 2006, p. 47). Também é preciso salientar que há três tipos de focalização, conforme classificação de Pouillon.

“A visão ‘por trás’, pela qual o narrador conhece tudo sobre as personagens e a história;

a visão ‘com’ em que o narrador sabe tanto quanto a personagem; e a visão ‘de fora’, quando o narrador se limita ao que se vê [...]” (apud SOARES, 2006, p. 52).

No conto do aluno A, percebe-se a presença de um narrador homodiegético, que participa da história. Isso é perceptível por meio de alguns trechos como: “Era julho, no meio do inverno, estava de férias da escola. Fui convidado a uma festa que ocorreria em um sábado a noite, típica festa de adolescente”, ou seja, o narrador também é o protagonista da história, uma vez que é ele quem realiza as ações que acontecem na

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trama. Já no texto do aluno B, o narrador é classificado como heterodiegético, ou seja, ele é o contador da história, por isso, aparece em 3ª pessoa como no trecho a seguir:

“Chegando na cidade eles descobrem que as crianças adoecem durante a madrugada enquanto estão dormindo”. Isso mostra que o narrador conhece e sabe toda a história, mas não participa dela.

Desta forma, percebe-se que cada aluno adota um tipo de foco narrativo em seu conto. O aluno A apresenta um foco narrativo de 1ª pessoa (narrador-personagem), pois observa-se que há subjetividade na narração, visto que ele está mais envolvido na história e em vários momentos traz características que constatam o envolvimento nela, como no trecho a seguir: “Uma forte sede de sangue tomou conta de mim e ataquei aquela mulher, sem pestanejar. Mordia seu pescoço enquanto a mulher gritava desesperadamente por sua vida, e eu gostava disso”. Já o foco narrativo do aluno B é de observador, que conhece a história e a conta a partir de sua visão. Com isso, nota-se que o aluno A envolve-se mais com a narração, uma vez que além de personagem, adota aspectos subjetivos, enquanto que o aluno B apresenta pontos superficiais, pois somente conta a partir do que sabe, como no exemplo: “Chegando na cidade eles descobrem que as crianças adoecem durante a madrugada enquanto estão dormindo”.

Já os personagens são os elementos que participam da história. Segundo E.M.

Forster (apud SOARES, 2006, p. 49), “podem ser caracterizadas apenas por um traço básico e comportar-se sempre da mesma maneira” (personagens planos ou desenhados)

“ou podem ter seu retrato e sua atuação complementados e modificados no decorrer da narrativa (personagens redondos ou modelados)”. No conto do aluno A, há um personagem que predomina em toda a trama, o protagonista. Ao longo da história, ele muda suas características e seu retrato, passando de um ser humano normal, com vida de festa e curtição, a um vampiro que se alimenta do sangue de outras pessoas. Dessa forma, classifica-se como personagem redondo. No conto do aluno B, há três personagens, os protagonistas (Robert e Patrick) e a vilã (bruxa). Esses personagens classificam-se como planos, pois não mudam suas características e/ou personalidades ao longo da narrativa, permanecendo os mesmos, com atitudes previsíveis.

Quanto ao enredo, pode-se afirmar, a partir das características e da forma como os fatos são desenrolados, que o conto do aluno A possui um enredo mais elaborado, que se constrói e se desenvolve em torno do suspense e mistério do que aconteceu com o adolescente após a festa na qual ele foi e quando retornou com seu pescoço ensanguentado. A trama gira em torno desse assunto que vai se desenvolvendo

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conforme as pistas que vão sendo citadas ao longo da história. Pistas como “Ao pisar fora de casa, comecei a queimar, a luz do sol estava corroendo minha pele, então pulei para dentro novamente. Comecei a suspeitar do que havia mordido aquele dia, mas me recusava a acreditar”. Neste trecho, presencia-se que o aluno começa a explicar sobre o assunto da narrativa, mas sem explicitar do que se trata, apresentando gradativamente pistas ao leitor. Já no conto do aluno B, o enredo não possui suspense. O conto gira em torno da caça à bruxa que vem amedrontando as crianças e provocando problemas ao local. Além disso, as ações do enredo relatam a busca por essa bruxa e os fatos são citados e desenrolados de forma objetiva. O clímax e o desfecho da história são revelados rapidamente, com diferença de um parágrafo. Não há detalhamento dos episódios, que são escritos de forma breve e sucinta.

Quanto ao tempo em que acontecem as histórias, no conto do estudante A, o período é o de férias escolares, no mês de julho. Também há a presença do fluxo de consciência, que contém trechos que apresentam sentimentos do íntimo do personagem, Isso não é citado, mas é possível identificar por meio de partes como: “E aqui estou eu, preso em uma cela, contando a história de como me tornei um monstro em um pedaço de papel que encontrei jogado pelo chão”. Nesse trecho, percebe-se a solidão que o personagem está sentindo ao encontrar-se sozinho em uma cela. No texto do estudante B, não há um período de tempo citado pelo autor.

E, por fim, o espaço, também chamado de ambiente, localização ou cenário, “é o conjunto de elementos da paisagem exterior (espaço físico) ou interior (espaço psicológico), onde se situam as ações dos personagens” (SOARES, 2006, p. 51-52). É um elemento que influencia o desenvolvimento do enredo. Comparando as obras dos alunos, é possível observar que o aluno A desenvolve a narrativa em vários ambientes: a festa, sua casa, a rua e a cela. A casa é onde o personagem começa a ver as transformações que estão ocorrendo, a rua onde acontecem os ataques e, por fim, a cela onde ele acaba ficando após ser capturado. Essa troca de ambientes mostra a capacidade criativa e de narração do aluno, visto que cada parte do enredo acontece em um ambiente que influencia as ações do personagem ao longo da trama. O conto do aluno B não detalha muito o ambiente em que a narrativa acontece. Os detalhes que são citados é o nome da cidade (nomeada Riverdale) e características: interior e uma cidade pequena.

A partir dessa análise, é possível afirmar como a leitura desenvolve a capacidade narrativa dos alunos, pois percebe-se o aluno A (aluno que lê diariamente) produziu um

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conto que contém todos os elementos da narrativa desenvolvidos e detalhados, enquanto que o aluno B (que lê raramente) não desenvolveu todos os elementos e os que desenvolveu fez de maneira sucinta e sem detalhamentos, deixando alguns fatos incompletos ou de forma superficial. Ainda, percebe-se também que a criatividade na escolha do tema, no título e na forma de contar a história também pode ser diferenciada entre os alunos a partir de sua frequência de leitura.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A atividade proposta aos alunos apresentou resultado satisfatório, uma vez que os objetivos foram alcançados. No entanto, é preciso levar em consideração que ainda há muito trabalho a ser feito com o intuito de melhorar a produção textual dos alunos e, consequentemente, a autonomia deles no uso da língua.

A presente pesquisa contribuiu para mostrar que um indivíduo que lê frequentemente, participa das aulas, realiza as atividades de forma efetiva e que costuma escrever desenvolve melhor suas habilidades de escrita como a criatividade, a exposição de fatos e dos elementos característicos do gênero textual além de possuir domínio maior da língua padrão. Por outro lado, o aluno que não lê, não escreve frequentemente e que raramente participa das aulas e das atividades, não consegue desenvolver com excelência elementos e fatos característicos de cada gênero textual. Esse aluno possui repertório mais limitado, o que acaba interferindo na sua produção que se torna mais enxuta e com mais desvios linguísticos, já que não possui um bom domínio da língua padrão se comparado ao texto do aluno leitor. Outro aspecto que resultou visível é que quem lê frequentemente possui maior criatividade na escolha da temática e também na forma pela qual desenvolve e narra os fatos. Como pode ser observado, o aluno leitor conseguiu, ao longo de sua narrativa, manter o suspense e mistério sobre o desfecho da história, enquanto o aluno que não é leitor não conseguiu manter o suspense, revelando logo no início o problema sobre o qual girava o enredo.

Portanto, percebe-se que a leitura é influenciadora quando o assunto é produção textual. Ela é o caminho para se produzir textos claros, objetivos, coesos e coerentes, além de criativos. Constatou-se também que a leitura promove, além de um repertório lexical ampliado, um domínio maior da língua padrão. Por essa razão, práticas de leitura e atividades de produção textual com diferentes gêneros são extremamente importantes para que essas habilidades sejam trabalhadas e aperfeiçoadas tornando o aluno capaz de

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utilizar a língua de forma autônoma e criativa em diferentes situações de comunicação,

“já que a finalidade do ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa é permitir e incentivar o desenvolvimento crítico e reflexivo da criança e do adolescente como agentes da linguagem” (RIO GRANDE DO SUL, 2018, p. 195). Assim, entende-se também que a leitura precisa, desde cedo, ser incentivada e trabalhada em todas as etapas escolares, para que os alunos possam produzir diferentes gêneros textuais de maneira clara, coerente e significativa.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017. Disponível em:

http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 10 mar. 2021.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1997. Disponível em:

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/linguagens02.pdf. Acesso em: 10 mar. 2021.

FAVONI, C. C. Bertaglia. A relação leitura e escrita: investigando hábitos e influências na produção textual dos alunos E.M. Monografia de Especialização em educação: Métodos e técnicas de ensino – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Paraná, 2012. p. 46.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 46.

ed. São Paulo: Cortez, 2005.

GERALDI, J.W. Portos de passagem. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

GERALDI, J. W. Portos de passagem. 4. ed. São Paulo: Ática, 2004.

KRAMER, Sonia. Escrita, experiência e formação - múltiplas possibilidades de criação da escrita. In Candau, Vera Maria (org.). Linguagens, espaços e tempos no ensinar e aprender. 2a ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão.

São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

MORAN, José. Metodologias ativas e modelos híbridos na educação. ECA, USP, 2017.

Disponível em: http://www2.eca.usp.br/moran/wp-

content/uploads/2018/03/Metodologias_Ativas.pdf Acesso em: 10 mar. 2021.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação. Referenciais curriculares do estado do Rio Grande do Sul: linguagens, códigos e suas tecnologias. Porto

Alegre: SE/DP, 2018. Disponível em:

http://portal.educacao.rs.gov.br/Portals/1/Files/1531.pdf. Acesso em: 10 mar. 2021.

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SOARES, Angélica. Gêneros Literários. São Paulo: Ática, 2006.

TRIPP, David. Pesquisa- ação: uma introdução metodológica. Educação e pesquisa, São Paulo, 2005. Disponível em: file:///C:/Users/Windows/Downloads/Pesquisa-

a%C3%A7%C3%A3o_Tripp.pdf Acesso em: 28 mar. 2021.

ANEXO A – Conto produzido pelo aluno A

Sedento

Era julho, no meio do inverno, estava de férias da escola. Fui convidado a uma festa que ocorreria em um sábado a noite, típica festa de adolescente. Nada podia dar errado, certo? Não tinha ideia que minha vida mudaria completamente naquela noite.

Finalmente chegou o dia, estava ansioso para festejar e passar um tempo com meus amigos. Bebemos, dançamos, saímos com garotas, foi uma noite incrível, vindo de alguém que passa a maior parte do tempo sozinho. Bebi pouco, estava completamente sóbrio, tenho certeza absoluta de que vi o que vi.

Ao me despedir de meus amigos, tive de ir caminhando para casa sozinho. Era madrugada, por volta das 3:00, surgiu um frio inexplicável que meu corpo arrepiou-se dos pés à cabeça. Comecei a ouvir barulhos estranhos atrás de mim, sons de passos, como se alguém estava me seguindo, mas quando olhava para trás não tinha nada lá.

Apressei o passo, o medo tomou conta, tive uma sensação de terror, aquilo não era normal, quando de repente, algo agarrou-me por trás. Senti algo pegando meu pescoço por alguns segundos e depois sumiu. Em desespero, corri até a estrada, onde havia luz e fui pra casa o mais rápido possível, desesperado.

Ao chegar em casa, olhei-me no espelho. Meu pescoço estava totalmente ensanguentado e haviam marcas de dentes, uma arcada dentária humana. Minha primeira reação foi tomar um banho para lavar aquela sujeira e fazer um curativo para meus pais não perceberem, pensariam que fui atacado por um animal selvagem e ligariam pra polícia.Quando acordei, fui ao espelho checar meu curativo. Quando retirei-o, o machucado havia sumido. Eu sabia que algo de estranho estava acontecendo comigo.

Bom, como estava de férias, não tinha que ir à escola, então liguei para Klaus, meu melhor amigo. Disse-lhe que iria à sua casa pois tinha que conversar sobre algo sério. Ao pisar fora de casa, comecei a queimar, a luz do sol estava corroendo minha pele, então pulei para dentro novamente. Comecei a suspeitar do que havia de mordido aquele dia, mas me recusava a acreditar.

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Ao cair da noite, consegui sair de casa, não estava queimando. Estava indo em direção à casa de meu amigo quando comecei a escutar uma mulher falando no telefone.

Meu instinto disse para seguir a voz, e lá fui eu. Andei, andei, andei, acredito que por centenas de metros, e a mulher ainda não estava à vista. Andei mais um pouco e avistei uma linda dama conversando no telefone, e, por algum motivo, conseguia ouvir tudo que ela dizia, mesmo estando uma quadra longe. Era de um pálido tom de branco, portava um vestido vermelho que acentuava suas curvas, usava um batom vermelho vibrante extremamente provocante. Eu conseguia vê-la perfeitamente, de uma longa distância, mas como? Na hora essa pergunta não me veio à mente, mas algo me dizia para aproximar-me daquela dama. Ao chegar mais perto, era possível ouvir as batidas do coração, e aquilo estava me deixando louco. Seu pescoço estava à mostra, conseguia ouvir os batimentos cardíacos através de sua jugular. Uma forte sede de sangue tomou conta de mim e ataquei aquela mulher, sem pestanejar. Mordia seu pescoço enquanto a mulher gritava desesperadamente por sua vida, e eu gostava disso. A sensação foi incrível, aquilo me saciava e era impossível de parar, era bom demais. Subitamente, os gritos pararam. Ela estava morta, com seu sangue completamente drenado. Entrei em desespero, não sabia direito o que tinha feito e entrei em prantos naquela calçada. Um senhor passando de carro, parou para olhar a cena. Eu não sabia que aquele seria meu fim.

Um homem grisalho, alto, vestindo um casaco grosso aveludado, saiu de seu carro e veio em minha direção com uma espingarda em sua mão. Sem nem perguntar o que havia acontecido, o mesmo atirou contra meu peito, duas vezes.

Acordei sedado em uma cela cheia de pessoas cobertas de sangue, era possível ouvir os gritos de desespero vindo de todas as direções. Havia um homem louro, por volta dos 25 anos na mesma cela, e por algum motivo, me passava uma sensação de conforto. Aproximei-me e perguntei a ele seu nome e o que estava acontecendo. Seu nome era Abel, me disse todos presentes naquele local eram vampiros e estavam esperando a sua execução.

Foi nesse momento que tudo veio á tona. Tudo fazia sentido, a sede de sangue, uma audição e uma visão anormais, cheguei à conclusão de que eu realmente era a criatura que me foi dita e tinha sido capturado para evitar que faça mais vítimas pela cidade.

E aqui estou eu, preso em uma cela, contando a história de como me tornei um

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monstro em um pedaço de papel que encontrei jogado pelo chão. Um prisioneiro é chamado por dia, e eles nunca voltam. Acho que o mesmo ocorrerá comigo. Bom, não tive muita vivência como vampiro, mas tenho certeza que se continuasse lá fora, faria mais vítimas, a sensação de tirar a vida de alguém e alimentar-se ao mesmo tempo é inexplicavelmente incrível. Eu realmente gostei. Sei que é estranho dizer isso, mas é impossível mudar os fatos. Bom, acho que esse é o fim digno para um monstro sedento.

Se você está lendo isso, eu provavelmente já não estou mais neste mundo.

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ANEXO B – Conto produzido pelo aluno B

Uma criatura do mal

Patrick e Robert são dois irmãos que sempre a procura de algo misterioso, os dois são conhecidos como caçadores, eles caçam todos os tipos de criaturas que vocês possam imaginar.

Como fantasmas, vampiros, lobisomens, bruxas e tudo de ruim que existe de assustador.

Patrick é um jovem de altura média olhos claros, cabelo castanho e com um temperamento explosivo, já seu irmão Robert é alto, com cabelo curto, olhos azuis e mais calmo.

Em busca de encontrar trabalho, percorrem o país inteiro em seu carro vermelho, antigo de duas portas com o porta malas cheio de armas.

Havia uma pequena cidade no interior chamada Riverdale em que as crianças estão sendo internadas com sintomas de olheiras, cansaço, dor no corpo e ematomas e não reagem aos medicamentos. Então Patrick e Robert resolvem partir para a pequena cidade investigar o caso e descobrir se pode ser algo sobrenatural.

Chegando na cidade eles descobrem que as crianças adoecem durante a madrugada enquanto estão dormindo.

Os irmãos então decidem se hospedar em um hotel no qual a dona tem dois filhos um menino que é o mais velho e ajuda sua mãe no hotel cuidando de sua irmã mais nova.

Patrick se vê no irmão mais velho que passa o dia a cuidar da caçula, exatamente como ele fazia com Robert quando eram pequenos.

Na mesma noite a criança mais nova filha da proprietária do hotel fica doente, então Robert começa a juntar pistas e descobre que, o que as crianças tem, não é nenhuma doença e sim se trata de uma bruxa conhecida como Sarah que se alimenta de energia vital (alma) das crianças. Essa bruxa é imortal e só pode ser morta quando está se alimentando e assim ficando mais fraca e vulnerável.

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Patrick resolve contar para o garoto do hotel o que está acontecendo. O menino não acredita e Patrick conta que também passou por isso quando era criança.

Para salvar sua irmã e as outras crianças o garoto aceita ser a isca para Patrick e Robert possam matar a bruxa.

O menino deita em sua cama enquanto os irmãos ficam em um quarto ao lado vigiando por uma câmera tudo que está acontecendo no outro quarto. Derepente uma mão com unhas enormes aparece na janela do quarto do menino e lentamente vai abrindo-a, o garoto assustado começa a tremer e coloca a coberta em seu rosto, Patrick e Robert se preparam com suas armas esperando a hora certa de agir.

Então a bruxa entra no quarto com seu rosto todo enrugado, suas unhas enormes, uma roupa preta assustadora pronta para se alimentar da pobre criança que está com muito medo.

A bruxa se aproxima e começa a sugar do menino, nessa hora Patrick e Robert entram no quarto e começam a atirar, a criatura cai ao lado da cama do garoto parecendo estar morta, mais o improvável acontece Sarah ataca Robert jogando-o contra a parede, pega Patrick pelo pescoço e começa a sugar sua força vital , Robert então consegue pegar sua arma e dar um tiro bem no meio da testa da bruxa.

Com a morte de Sarah as crianças que estavam mal no hospital começam a melhorar e Patrick e Robert resolveram mais um caso sobrenatural salvando a vida das crianças na pequena cidade de Riverdale.

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