(organizador)
Não me considero especialista nem em ciência nem em filosofia. Tenho, contudo, tentado com afinco, durante toda a minha vida, compreender alguma coisa acerca do mundo em que vivemos. O conhecimento científico e a racionalidade humana que o produz são, em meu entender, sempre falíveis ou sujeitos a erro. Mas são também, creio, o orgulho da humanidade. Pois o homem é, tanto quanto sei, a única coisa no universo que tenta entendê'lo. Espero que continuemos a fazê'lo e que estejamos também cientes das severas limitações de todas as nossas intervenções.
Karl Raimund Popper (O mito do contexto)
Todos os direitos desta edição reservados ao
OLIVEIRA, Paulo Eduardo de (org.)
Ensaios sobre o pensamento de Karl Popper / Paulo Eduardo de Oliveira (org.). Curitiba: Círculo de Estudos Bandeirantes, 2012.
ISBN
978-85-65531-02-3
1. Filosofia. 2. Filosofia da Ciência. 3. Epistemologia.
4. Filosofia Política.
Inclui bibliografia.
Afiliado à Pontifícia Universidade Católica do Paraná Rua XV de Novembro, 1050 ' Curitiba – Paraná Fone: (41) 3222'5193
http://www.pucpr.br/circuloestudos/
Prof. Dr. Clemente Ivo Juliatto : Prof. Sebastião Ferrarini
Prof. Dr. Agemir de Carvalho Dias – FEPAR Prof. Dr. Edilson Soares de Souza – FTBP Prof. Dr. Eduardo Rodrigues Cruz – PUCSP Prof. Drª Etiane Caloy Bovkalovski – PUCPR Prof. Dr. Euclides Marchi – UFPR
Prof. Dr. Gerson Albuquerque de Araújo Neto – UFPI Prof. Dr. Jean Lauand – USP
Prof. Dr. Jean'Luc Blaquart – Universidade Católica de Lille (França) Prof. Dr. João Carlos Corso – UNICENTRO
Prof. Dr. Joaquín Silva Soler – PUC'Chile Prof. Drª Karina Kosicki Bellotti – UFPR Prof. Dr. Lafayette de Moraes – PUCSP
Prof. Drª Márcia Maria Rodrigues Semenov – UNISANTOS Prof. Drª Maria Cecília Barreto Amorim Pilla – PUCPR Prof. Dr. Paulo Eduardo de Oliveira – PUCPR
Prof. Dr. Silas Guerriero – PUCSP
Prof. Dr. Uipirangi Franklin da Silva Câmara – FTBP Prof. Drª Wilma de Lara Bueno – UTP
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A sequência dos capítulos não obedece a um critério específico. No entanto, esta mesma sequência é utilizada para a apresentação da breve biografia dos respectivos autores dos capítulos, na sessão Sobre os Autores.
Procurou'se, ao longo de toda a obra, dar certa homogeneidade aos formatos das citações e referências bibliográficas utilizadas. Contudo, na medida do possível, respeitou'se também o estilo de cada autor.
As notas de rodapé têm numeração sequencial em toda a obra, independentemente do capítulo, de modo a manter a unidade do trabalho.
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Gerson Albuquerque de Araujo Neto 19
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Cristina de Amorim Machado
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Ney Marinho
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Julio Cesar R. Pereira
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Jézio Hernani Bomfim Gutierre
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Elizabeth de Assis Dias
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Fernando Lang da Silveira
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Marcia Maria Rodrigues Semenov
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Paulo Eduardo de Oliveira
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Karl Popper é a principal referência da epistemologia contemporânea e suas ideias, como escreveu Imre Lakatos,
“constituem o mais importante desenvolvimento da filosofia do século XX”. Para David Miller, um de seus discípulos e principal assistente ao longo de muitas décadas, “poucos filósofos sentiram uma sede de conhecimento tão revigorante e insaciável”. Segundo o professor Leônidas Hegenberg, tradutor da edição brasileira de A lógica da pesquisa científica, Popper “se revela um dos pensadores mais fecundos de nosso tempo, digno sucessor de Kant e Russell, e que só tem uns poucos rivais de nota, como Carnap e Quine”.
A grandeza de seu pensamento decorre da fecundidade e alcance de sua obra, traduzida em mais de 20 idiomas, cujos principais títulos, em forma de livro, são: A lógica da pesquisa científica (1934), A miséria do historicismo (1944' 1945), A sociedade aberta e seus inimigos (1945), Conjecturas e Refutações (1963), Conhecimento Objetivo (1972), Autobiografia intelectual (1974), O eu e seu cérebro, escrito em parceria com John C. Eccles (1977), Os dois grandes problemas da teoria do conhecimento (preparado na década de 1930, mas publicado apenas em 1979), a trilogia Pós6Escrito à Lógica da Pesquisa Científica (1982'1983), Um mundo de propensões (1990) e O mito do contexto (1994). Entre as publicações póstumas, destacam'se:
Em busca de um mundo melhor (1995), A lição deste século (1996), O mundo de Parmênides (1998) e A vida é aprendizagem (1999).
científica (1974) e Conhecimento Objetivo (1975). Nas décadas de 1980 e 1990, surgiram novas traduções, publicadas em Portugal e no Brasil, além de trabalhos de comentadores, incluindo dissertações e teses sobre elementos diversos do pensamento popperiano.
Algumas notas biográficas poderão ser úteis para situar o filósofo em seu contexto. Karl Raimund Popper nasceu em Viena, em 1902. Estudou matemática, física, filosofia e psicologia, obtendo seu doutorado em 1928, na Universidade de Viena. Casou'se em 1930, imaginando que sua carreira seria definida pela dedicação ao ensino secundário de matemática e física. Porém, foi estimulado a apresentar para publicação as ideias que havia discutido com alguns intelectuais de Viena, inclusive com membros do Círculo de Viena. Assim nasceu sua primeira obra, Logik der Forschung [A lógica da pesquisa científica], em 1934: note'se que a tradução inglesa, sob o título The logic of scientific discovery, veio a público apenas em 1959.
Nos anos seguintes, Popper fez uma série de viagens a convite de algumas universidades europeias e norte' americanas, realizando conferências e divulgando sua obra.
Desse modo, tornou'se “filósofo profissional”.
Em 1937, por ser filho de família judia, fugiu da perseguição nazista, emigrando com a esposa para a Nova Zelândia, onde permaneceu até o final da Segunda Grande Guerra. No início de 1946, partiu para a Inglaterra, para assumir a cadeira de “Lógica e Método Científico”, na London School of Economics. Membro da Royal Society, tornou'se Sir em 1965. Aposentado em 1969, foi eleito “Professor Emérito” da Universidade de Londres. Desde então, nunca deixou de estudar, escrever e fazer conferências em todo o mundo.
Continuou a viver de forma simples e modesta, em
morte, ocorrida em 1994.
Popper é reconhecido pela originalidade de sua posição filosófica acerca da ciência. Considerado, como afirma Neurath, “a oposição oficial do Círculo de Viena”, desenvolveu uma abordagem crítica em relação à tendência positivista. Para ele, nosso conhecimento, incluindo o conhecimento científico, é sempre falível, conjectural e passível de erro. Desse modo, propõe a falseabilidade como critério de demarcação entre teorias científicas, de um lado, e teorias não científicas ou pseudo'científicas de outro lado (além da matemática, da lógica e da metafísica). Para tanto, Popper sugere que a construção de teorias científicas se apoie não mais na lógica indutiva, cujo problema ele afirma ter resolvido, mas na lógica dedutiva, em razão da assimetria lógica que descobre entre indução e dedução: enquanto, na indução, muitos casos particulares não conseguem provar a verdade de uma teoria, na dedução um só caso consegue provar sua falsidade. Com efeito, teorias devem ser apresentadas como conjecturas ousadas a serem submetidas a testes rigorosos com o intuito de falseá'las ou, eventualmente, de corroborá'las mas, jamais, de verificá'las ou confirmá'las de modo absoluto.
Popper sustenta, então, que o que distingue a racionalidade científica é a atitude crítica, mais preocupada com a busca da verdade do que com a defesa de teorias que possam eventualmente ocultá'la ou dela se afastar: daí sua compreensão de que a ciência se assemelha a um pântano, onde de vez em quando se encontra uma pedra firme.
Seu racionalismo crítico, como ficou conhecido o núcleo de seu pensamento, coloca'se frontalmente contra algumas das principais construções teóricas de seu tempo, sobretudo a Psicanálise de Freud, a Psicologia Individual de Adler e o Marxismo (além do Positivismo Lógico, como já dissemos). De