AD\1059657PT.doc PE549.097v02-00
PT
Unida na diversidadePT
PARLAMENTO EUROPEU 2014 - 2019
Comissão do Desenvolvimento Regional
2014/2149(INI) 8.5.2015
PARECER
da Comissão do Desenvolvimento Regional
dirigido à Comissão da Cultura e da Educação
sobre a iniciativa «Rumo a uma abordagem integrada do património cultural europeu»
(2014/2149(INI))
Relator de parecer: Andrea Cozzolino
PE549.097v02-00 2/6 AD\1059657PT.doc
PT
PA_NonLeg
AD\1059657PT.doc 3/6 PE549.097v02-00
PT
SUGESTÕES
A Comissão do Desenvolvimento Regional insta a Comissão da Cultura e da Educação, competente quanto à matéria de fundo, a incorporar as seguintes sugestões na proposta de resolução que aprovar:
1. Considera que, no que diz respeito ao património cultural, é necessária uma abordagem integrada para se poder alcançar o diálogo cultural e a compreensão mútua; manifesta a sua convicção de que esta abordagem pode contribuir para reforçar a coesão social, económica e territorial, contribuindo simultaneamente para o cumprimento dos objetivos estabelecidos na Estratégia Europa 2020;
2. Observa que os projetos de valorização do património cultural representam
frequentemente exemplos de atividades económicas inovadoras e sustentáveis, capazes de criar postos de trabalho de qualidade e de desenvolver as capacidades de
empreendedorismo e de investigação das PME, principais motores da economia da UE;
refere que o património cultural é um bem público comum que tem um impacto positivo na inovação social e no crescimento inteligente, sustentável e inclusivo, na
competitividade e na criação de emprego; insta, portanto, a Comissão a incentivar os Estados-Membros a investirem no património cultural e a contribuírem para a proteção e preservação da identidade cultura regional, nacional e europeia;
3. Destaca que a promoção da preservação dos bens do património cultural e a sua inclusão em produtos turísticos sustentáveis atrairá as pessoas e contribuirá para fortalecer a economia local/regional; solicita à Comissão que, considerando a importância económica do património cultural e os vínculos entre o património cultural e o turismo sustentável, estabeleça uma abordagem global - também à luz da recente iniciativa relacionada com o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos - para o financiamento do património cultural urbano, nomeadamente o desenvolvimento de infraestruturas urbanas, a
normalização e a harmonização necessárias para fins de (re)construção e de preservação de monumentos, tendo em conta que a diversidade e as características específicas do património histórico requerem soluções e métodos específicos;
4. Solicita à Comissão Europeia que, no âmbito do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE) e da revisão da estratégia Europa 2020, favoreça projetos no domínio da promoção do património cultural europeu, inclusivamente projetos de larga escala, a fim de criar postos de trabalho nas regiões, em particular para os jovens, e contribuir para a coesão social; observa os múltiplos benefícios do investimento no património cultural, que reforçam o valor intrínseco do património cultural europeu, e salienta a necessidade de consolidar as parcerias público-privadas para fins de financiamento;
5. Exorta a Comissão a avaliar a possibilidade de promover, no âmbito do FEIE, uma
plataforma de investimento temática com vista a atrair recursos públicos e privados para a investigação nos domínios da salvaguarda e da valorização do património cultural;
observa ainda que uma abordagem integrada do património cultural nos FEEI carece ainda de aperfeiçoamento; sublinha, por conseguinte, a importância de desenvolver sinergias entre os fundos estruturais da UE e os programas-quadro e outros recursos à disposição do setor cultural; insta a Comissão a acompanhar e orientar os Estados-Membros no âmbito
PE549.097v02-00 4/6 AD\1059657PT.doc
PT
da integração do património cultural no desenvolvimento económico local e regional, a fim de alcançar a máxima eficácia e eficiência, bem como a informar o Parlamento sobre os investimentos no património cultural e os resultados alcançados;
6. Salienta que o espírito da reforma do Regulamento FEDER e, particularmente, o princípio do financiamento integrado podem igualmente ser concretizados através de projetos de grandes dimensões; reconhece, todavia, a necessidade de promover e apoiar igualmente iniciativas culturais em pequena escala, que são de especial importância para o
desenvolvimento endógeno e podem contribuir para a preservação do património cultural e para a promoção do desenvolvimento local e regional e para o crescimento
socioeconómico em geral;
7. Considera os grandes projetos um exemplo desse financiamento integrado e da valorização da singularidade do património cultural europeu, tal como refletem o
empenho e o controlo diretos e constantes da Comissão no que toca à implementação dos projetos; destaca a necessidade de reconhecer a sua importância como o primeiro passo no sentido das relações interculturais e da unificação entre as regiões da Europa;
8. Nota que o artigo 3.º, n.º 1, alínea e), do Regulamento (UE) n.º 1301/2013 prevê a referência ao financiamento das infraestruturas culturais «de pequena escala»;
congratula-se com as oportunidades de financiamento de serviços culturais previstas no artigo 5.º, n.º 9, alínea a), do mesmo regulamento;
9. Toma conhecimento de que, nas negociações para a definição dos programas operacionais regionais, a Comissão Europeia estimou em 5 milhões de euros o custo total desses
investimentos em infraestruturas (10 milhões para os sítios da UNESCO);
10. Observa que esta estimativa, em particular a referência aos custos totais, pode limitar fortemente a capacidade dos Estados-Membros de financiarem estes projetos integrados que contribuem para a preservação e a valorização do património cultural; recorda,
todavia, que os projetos de infraestruturas culturais podem ser conciliados com projetos de educação cultural (aproveitando plenamente as possibilidades proporcionadas pela
digitalização) e projetos para as PME, etc., o que permitiria que o montante total investido fosse muito superior a 5 milhões de euros;
11. Exorta a Comissão a, após consulta dos Estados-Membros e das regiões, considerar aumentar o valor de 5 milhões de euros, tendo em conta a possibilidade de afetar a capacidade dos Estados-Membros para utilizarem de forma eficaz os financiamentos FEDER; exorta ainda a Comissão a incentivar a combinação eficaz de diversos fundos para o financiamento de projetos culturais e a introduzir flexibilidade no caso de projetos específicos, quando o investimento em infraestruturas exceda o limite de 5 milhões de euros;
12. Sublinha que os projetos FEDER ligados à valorização do património cultural representam um exemplo concreto de governação multiníveis e de aplicação válida do princípio de subsidiariedade, representando ainda um importante elemento em termos das despesas do FEDER; salienta a importância de projetos culturais transfronteiriços que contribuam para o reforço da coesão económica e social e fomentem a inclusão; solicita, neste contexto, medidas que visem reforçar e alargar o apoio ao financiamento através de acordos de
AD\1059657PT.doc 5/6 PE549.097v02-00
PT
parcerias público-privadas;
13. Regista que tais projetos representam muitas vezes boas práticas na realização de projetos integrados em áreas urbanas, contribuindo também para o desenvolvimento da agenda urbana; destaca a dimensão urbana das iniciativas relativas às Capitais Europeias da Cultura, que contribuem para o desenvolvimento das redes culturais nas cidades e para a promoção de iniciativas criativas a longo prazo, nomeadamente a salvaguarda das identidades das diversas tradições culturais locais e regionais; encoraja, além disso, a criação de produtos turísticos em geral com base num plano integrado de
desenvolvimento/ estratégia e na utilização de ferramentas TIC, de instrumentos de comercialização e de outras tecnologias inovadoras com o objetivo de melhorar a visibilidade do património cultural;
14. Considera que a DG Educação e Cultura deve criar uma CCI (Comunidade de Conhecimento e Inovação) do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT), especificamente dedicada à preservação do património cultural, e que essa CCI deverá apoiar diretamente uma visão holística da investigação e da inovação;
15. Acolhe favoravelmente a iniciativa da Comissão no sentido de utilizar o «valor» como plataforma de divulgação, mas solicita aos serviços da Comissão que insiram igualmente numa tal plataforma os exemplos de boas práticas extraídos de projetos no campo da valorização do património cultural já realizados através do Fundo Europeu de
Desenvolvimento Regional, nos períodos de programação de 2000-2006 e 2007-2013;
recomenda que seja efetuada uma análise técnica das modalidades concretas de telecarregamento de dados no portal; chama a atenção para a necessidade de criar um portal/ uma base de dados unificada da UE com informações sobre projetos no domínio do património cultural financiados no âmbito de todos os programas e iniciativas da UE, e solicita à Comissão que crie um portal/ uma base de dados unificada da UE a fim de informar potenciais beneficiários sobre as linhas de financiamento existentes a nível europeu;
16. Considera que, tendo em vista a execução de estratégias urbanas integradas e sustentáveis (artigo 7.º do Regulamento (UE) n.º 1301/2013 - FEDER) e de estratégias de
desenvolvimento local de base comunitária (artigo 32.º do (UE) n.º 1303/2013 - Disposições Comuns), devem ser reforçadas as políticas de preservação do património (em especial a política em matéria de centros históricos), deve ser aplicada a
especialização inteligente, assim como os requisitos de adaptação da habitação às alterações climáticas, deve ser reforçada a utilização de ferramentas TIC e devem ser aplicados instrumentos de comercialização e outras técnicas inovadoras com o objetivo de reforçar a visibilidade do património cultural;
17. Insta a Comissão a criar o Ano Europeu do Património Cultural.
PE549.097v02-00 6/6 AD\1059657PT.doc
PT
RESULTADO DA VOTAÇÃO FINAL EM COMISSÃO
Data de aprovação 5.5.2015
Resultado da votação final +:
–:
0:
37 1 0
Deputados presentes no momento da votação final
Pascal Arimont, José Blanco López, Franc Bogovič, Victor Boștinaru, Mercedes Bresso, Andrea Cozzolino, Rosa D’Amato, Tamás Deutsch, Anna Hedh, Krzysztof Hetman, Ivan Jakovčić, Marc Joulaud,
Constanze Krehl, Martina Michels, Iskra Mihaylova, Andrey Novakov, Mirosław Piotrowski, Stanislav Polčák, Terry Reintke, Liliana
Rodrigues, Fernando Ruas, Monika Smolková, Maria Spyraki, Olaf Stuger, Ruža Tomašić, Ramón Luis Valcárcel Siso, Ángela Vallina, Matthijs van Miltenburg, Lambert van Nistelrooij, Derek Vaughan, Joachim Zeller
Suplentes presentes no momento da votação final
Isabella Adinolfi, Enrique Calvet Chambon, Josu Juaristi Abaunz, Ivana Maletić, Bronis Ropė, Marco Zullo
Suplentes (art. 200.º, n.º 2) presentes no momento da votação final
Ulrike Trebesius