Sistemas de separação
Prof: André Luís Alberton
Princípios de separação
• São os princípios de separação
– Ação de campo (gravitacional, centrífugo, elétrico, magnético) que promove caminho diferente das partículas, permitindo sua separação
– Exclusão por tamanho (como no filtro)
– Separação por afinidade química (como na flotação ou membranas funcionalizadas)
– Choques (para coalescer em partículas, ou reter
partículas)
Fases heterogêneas
Partículas sólidas (ex:
ouro e areia)
A
B B A
A B
A B
A
B
Fluido + partículas ou gotas dispersas (A) e (B)
B A
Fluido
Sólido + Sólido Partículas dispersas em um fluido
Aqui é genérico: podem ser:
• Gotas de líquido em ar;
• Gotas de líquido em outro líquido (imiscível);
• Partículas sólidas em gás;
• Partículas sólidas em líquido;
• Combinações das anteriores
Princípios de separação
Ação de um campo mais intenso sobre A do que sobre B. Modificação da
trajetória.
A B
A
A B
Velocidade com B
fluido que A e B são alimentados
B A
Fluido
Mudança de trajetória sob ação de campo (gravitacional, centrífugo, elétrico, magnético)
Equipamentos: Gravitacionais (câmaras de poeira, decantadores, vasos de separação gás-líquido, etc); Separadores centrífugos
(ciclones, centrífugas); Eletrostáticos (precipitador eletrostático);
Magnéticos (separador magnético de sólidos).
Princípios de separação
Retenção por tamanho
B A B
Fluido, A e B alimentados
A é retido pelo tamanho, enquanto o fluido e B atravessam o sistema
A
Equipamentos: Filtros, alguns tipos de membranas, entre outros
B
Fluido, A e B alimentados
A
+ + + + + + + + + + + + + + + + + + + +
B
A é retido por afinidade eletrostática
A
B
A
B
Fluido, A e B alimentados
A é retido por afinidade eletrostática
Princípios de separação
Retenção por afinidade eletrostática
Equipamentos: Membranas funcionalizadas, flotação, etc Bolhas
de ar
Princípios de separação
Choque acompanhado ou não de coalescência (crescimento)
Fluido e partículas
ou gotas pequenas Chocam-se com barreiras estruturadas ou gotas maiores
Partículas podem ser coletadas diretamente pelo choque ou crescem
e agora podem ser coletadas
Equipamentos: Lavadores (ex. lavador Venturi), eliminadores de
névoa (separação G+L), coalescedores para aumentar diâmetro de
gota em separadores L+L, separadores de impacto para eliminação
de poeira, etc
Ilustração de alguns equipamentos
Câmara de poeira
Partículas caem
Gás atravessa
Sedimentador contínuo
Líquido sai por cima
Partículas saem por baixo com um pouco
de fluido
Centrífuga decantadora
Líquido sai por cima Partículas chocam-se e são coletadas
Ciclone
Fluido sai por cima
Partículas são coletadas no
fundo
Precipitador eletrostático
Gás atravessa
Partículas eletricamente carregadas são atraídas às
placas
Separador magnético
Partículas magnéticas têm sua trajetória desviada pela ação de um
imã
Ilustração de alguns equipamentos
Vasos de separação G+L
Líquido cai Gás sobe
Lavador de bandejas
Partículas e/ou gotas
caem Gás sobe
Centrífuga filtrante (ex, máquina de lavar)
Líquido atravessa
Sólidos ficam retidos no
filtro
Como escolher o sistema de separação?
Não há resposta fácil para esta pergunta!! Aliás, ela é muito complicada e dependerá de cada caso!!!
Apresentaremos alguns gráficos que estabelecem linhas gerais de escolha, mas são absolutas.
Uma destas linhas é: se a partícula cair com velocidade razoável sob a gravidade, escolhemos separadores gravitacionais. Se a partícula for muito pequena ou possuir baixa diferença de densidade em relação ao fluido, ela cai muito lentamente. Nestes casos, precisamos de outros separadores, como centrífugos, eletrostáticos, etc.
Aqui consideraremos que a separação G+L pode ser feita em
vasos de separação gravitacional!!!
1 10 100 1000 10000
1 10 100
% de sólidos na alimentação
D iâ m e tr o d e p a rt ícu la s ( μ m )
Towler e Sinnot (2008)
Filtros e
centrífugas Hidrociclones Secagem
Classificadores
Sólido - líquido Figura 1
D iâ m e tr o d e p a rt ícu la s ( μ m )
Vazão de gás (ft
3/min)
Filtros (para todos os dp’s)
Separadores úmidos (dp>1μm)
Precipitadores eletrostáticos ou
Filtros ou
Separadores úmidos (dp>1μm)
Bancos com multiciclones de pequeno diâmetro (dp>5μm)
Ciclones com elevado diâmetro e alta eficiência (dp>15μm)
Câmaras gravitacionais (dp>50μm)
103 104 105 106
10-1 100 10+1 10+2
Sólido - gás
Figura 2
Towler e Sinnot (2008)
Flotação
Separadores eletrostáticos Separadores magnéticos úmidos
Separadores magnéticos secos
Jigs Mesa separadora
Câmaras gravitacionais, ciclones Centrífugas
Hidroseparadores Hidrociclones
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Sólido - sólido
Diâmetro de partículas (μm)
Figura 3
Towler e Sinnot (2008)
Líquido-líquido (imiscível)
Fase dispersa
>30% ?
dp≥ 200μm ?
Separador gravitacional Separador gravitacional
+ equipamento adicional Fase dispersa
>15% ?
dp ≥ 200μm ?
Há espaço suficiente?
Centrífuga de discos
Sim Não
Não Sim
Não Sim
Separador gravitacional Sim
Sim Fase dispersa
>5% ?
dp < 25μm ?
Sim Não
dp> 25μm ?
Não Sim Não
Coalescedores ou flotação
Decantador de bandejas
Não Não
Sim
dp> 25μm ?
Coalescedores ou flotação
Decantador de bandejas
Não Sim
Figura 4
Baseado em Rousseau (1987)
As curvas de eficiência granulométrica
D
P
=
,∙
A curva de eficiência granulométrica pode ser derivada
fenomenologicamente, empiricamente, ou informada por
fornecedores de equipamentos
Separadores Gravitacionais
“Caixas” de separação
• Consideram a separação de uma partícula individual, ou uma velocidade média de
“queda” ou “ascensão”
– Câmaras de poeira (G+L) – Caixas de areia (S+L)
– Sedimentadores primários (G+L)
– Caixas de Gorudra, flotadores, etc
Alguns equipamentos - Câmaras de poeira
- Caixa de areia
- Decantadores primários
- Caixa de Gordura (Tanque API)
Funcionamento e Equações
L
H B
u
Fu
t=
= ∙ ∙
∙ ∙ =
=
=
= ∙ ∙
=
∙ =
• Precisamos de duas relações adicionais, que podem ser:
– Velocidade do fluido
recomendada – Conhecimento de , ou , ou
– Razões geométricas ( / , / , / )
Câmara de poeira
• Considera a sedimentação discreta de uma partícula p/
equacionamento. P/ determinar
– Admite-se um
, !ou
,"!!– Ou admite-se uma eficiência total remoção
• Para fins de projeto, pode-se adotar velocidade
recomendada
= 0,2 − 0,8 (/) ou alguma dimensão conhecida
• Adota-se uma relação /
( por exemplo, teto quadrado = )
Exemplo-) Determine as dimensões de uma câmara de poeira de teto quadrado (B=L), para separação de partículas de 100 micra com eficiência de 100%, sendo a vazão de gás igual a 9 m
3/s. A densidade do gás é de 0,9kg/m
3e a viscosidade do ar é de 2,18x10
-5Pa.s. A densidade do sólido é igual a
2100kg/m
3. A velocidade do fluido na câmara deve ser de
0,6m/s. Por simplicidade, adote Stokes!
Exemplo-) Para o exemplo anterior, determine a eficiência total de remoção na câmara, sabendo que a seguinte
distribuição de partículas é alimentada!
Dp (micra) X
45-60 0,20
60-80 0,28
80-100 0,25
100-130 0,27
Exemplo-) Se no exercício de dimensionamento, ao invés de
conhecer D
P,100, conhecêssemos a eficiência total, digamos,
70%, como efetuaríamos o dimensionamento?
Alguns equipamentos - Câmaras de poeira
- Caixa de areia
- Decantadores primários
- Caixa de Gordura (Tanque API)
Caixas de areia
• Objetivo: remoção de partículas que decantam com velocidade terminal previamente estabelecida
• Tipos:
• Prismática retangular
• Prismática quadrada
• Tangenciais
• Aeradas
Caixa de areia prismática
• Princípio: na medida em que o fluido escoa, a partícula cai sob ação da gravidade.
A areia é removida por dragagem ou por
transportadores, por
exemplo, helicoidal,
como o ilustrado ao
lado.
Caixas de areia tangenciais
• Princípio: promove um movimento em vórtex, fazendo com que partículas (que possuem maior inércia que o fluido) se afastem do centro devido à força centrífuga do movimento
*Figura de http://www.hatchmott.com/projects/cfd-modeling-vortex-grit-chambers
Ao mesmo tempo, caem sob ação da gravidade.
As partículas são
lançadas para regiões próximas às bordas
externas, onde há baixa velocidade de
escoamento. Isto favorece sua
decantação!
Menor área
Maior custo de instalação
Caixa de areia aeradas
• Princípio: promovem adicionalmente a flotação!
*Figura de
Exige menor área
Vejamos alguns princípios e recomendações para o dimensionamento...
Pela simplicidade, derivaremos algumas relações para a caixa de areia prismática
Para as demais, empregamos recomendações de
dimensionamento, pois exigiriam cálculos mais complexos
Dimensionamento da caixa prismática
• Do que vimos de sedimentação (aulas anteriores), para o regime de Stokes e sedimentação discreta, a velocidade terminal (u
t)
• Axialmente, a partícula atravessa o tanque com a velocidade com que o líquido escoa (u
F)
L
H B
u
Lu
t• Essencialmente, projetamos a caixa para que partículas de dado
diâmetro, mesmo entrando no topo, consigam sedimentar (atingir
o fundo do recipiente)
Estabelecemos então que o tempo de queda seja igual ao tempo de permanência, ou seja:
*=
+=
= ∙
=
L
H B
Onde A
supé a área da superfície da caixa. O termo
,-./0
é conhecido como ‘taxa de vazão superficial’. Há valores recomendados para
diversos equipamentos.
Analogamente, uma mesma derivação permite fornecer:
*=
+=
=
Ainda do que vimos na Aula de Sedimentação, a velocidade terminal pode ser calculada de acordo com a faixa de Reynolds, na forma:
=
1∙ 2 ∙ 3
− 3
418 ∙ 6
4)7 87 < 2
",:∙ 2 ∙ 3
− 3
413,9 ∙ 3
4!,=∙ 6
4!,:"
",=
)7 87 > 2
Se adotarmos 3
= 2560 A2/(
B, tomando as condições da água de 6
4= 8 ∙ 10
C=DE ∙ ) e 2 = 9,81 (/)² , podemos calcular
em
função do diâmetro de partícula
, como segue
*:
*Dados de Crittender et al., 2012, “MWH’s Water Treatment, Principles and Design, John Wiley and Sons
Dimensionamento da caixa prismática
• Do que vimos de sedimentação (aulas anteriores), para o regime de Stokes e sedimentação discreta, a velocidade terminal (u
t) de partícula fica:
=
1∙ 2 ∙ 3
− 3
418 ∙ 6
4L
H B
u
Liqu
tVamos considerar o caso em que a altura da caixa de areia é pré-delimitada pelo uso de uma calha Parshall (ou seja, conhecemos previamente a altura da lâmina de água na
caixa de areia)
Adotando o uso de calha Parshall, a altura da caixa será delimitada por esta, conhecida a vazão!
Exemplo – Complete o dimensionamento de uma caixa de areia, sabendo que a vazão é de 0,2 m³/s e a altura de 0,6 m.
Deseja-se remover partículas de 200 micra, e a velocidade de fluido recomendada é 0,3 m/s
Adotando a velocidade recomendada:
∙ =
→ = 0,2
0,6 ∙ 0,3 = 1,11 (
O cálculo da velocidade terminal para este diâmetro de partícula leva à u
t=0,022 m/s.
∙ =
→ = 0,2
0,022 ∙ 1,11 = 8,20 (
Alguns equipamentos - Câmaras de poeira
- Caixa de areia
- Decantadores primários
- Caixa de Gordura (Tanque API)
Decantadores primários
• Neste caso, é feita adição de agente floculantes! A partícula cresce na medida em que “caminha" no decantador
• Com esta complexidade, é necessário a caracterização
experimental (relação de u
tseria complexa)
Veja como a adição de agentes floculantes melhora a
decantação
Descrição do procedimento e matemática no material em pdf EXEMPLO -) Tendo sido feito teste experimental que leva ao seguinte resultado (Jordão e Pessoa, 7ª Edição)
C0(g/L) 350
Concentrações (g/L) em função do tempo para diferentes alturas t (min) h0 = 1,8m h1 = 1,2m h2 = 0,6m h3 = 0m
0 350 350 350 350
10 0 255 266 273
20 0 220 241 245
30 0 143 192 217
40 0 122 164 168
50 0 70 105 136
60 0 38 77 91
70 0 28 49 66
80 0 0 31 42