Peculiaridades da Educação de Jovens e Adultos
Todo fazer pedagógico emergem de assuntos que tenham significado ao grupo. Realizei minha Prática Pedagógica em Ciências Sociais numa escola de classe média baixa, com alunos do segundo ano do Ensino Médio, EJA, noturno. Nos primeiros contatos como o grupo procurei realizar um diagnóstico dos seus aspectos demográficos, cognitivos e sociais, a fim de possibilitar-lhes aulas mais relevantes. Uma das perguntas aplicadas no questionário investigativo buscava o motivo dos alunos estarem estudando. Algumas respostas produzidas foram justificadas nas seguintes citações: “Para ‘subir’ na vida” (homem, casado, 20 anos); “Para conseguir ter um futuro melhor” (mulher, solteira, 20 anos); “Para me comunicar mais com as pessoas e aprender mais sobre a vida” (mulher, divorciada, 43 anos); “Para me formar” (mulher, solteira, 20 anos).
Pode-se analisar essas falas associadas à busca de volume de capital cultural, não adquirido nas relações de família – das classes mais abastadas. No entanto, busca-se conquistá-lo através do investindo de seu tempo em outras redes de relações. Esses jovens e adultos retornam à escola à procura de lucros materiais ou simbólicos. Seus relatos expunham as dificuldades enfrentadas pela freqüência às aulas noturnas. Eles optaram pelo afastamento de suas famílias, apesar do cansaço das jornadas de trabalho, com todas as dificuldades das distâncias de locomoção de suas residências e ameaçados pela violência enfrentada nos ambientes públicos da rua, dos transportes coletivos e dos pontos de ônibus.
A acumulação de capital cultural exige uma incorporação que, enquanto pressupõe um trabalho de inculcação e de assimilação, custa tempo que deve ser investido pessoalmente pelo investidor (tal como o bronzeamento, essa incorporação não pode efetuar-se por procuração).
Sendo pessoal o trabalho de aquisição é um trabalho de” sujeito” sobre si mesmo (fala-se em
‘cultivar’). O capital cultural é um ter que se tornou ser, uma propriedade que se faz corpo e tornou-se parte integrante da ‘pessoa’, um habitus. Aquele que o possui ‘pagou com sua própria pessoa’ e com aquilo que tem de mais pessoal, seu tempo