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Breve Histórico Sobre Mímica

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Academic year: 2022

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Breve Histórico Sobre Mímica

Se pararmos para pensar quando o homem começou a se utilizar à mímica como forma de expressão, vamos voltar ao tempo antes da palavra, quando o homem primitivo se utilizava à mímica para expressar sua religiosidade, mitos e suas tradições, e desde então em toda a história da humanidade ate os dias de hoje, vamos encontrar sempre de alguma forma, ou manifestação religiosa ou artística, alguma forma de mímica como linguagem, pois a mímica como linguagem gestual, o ato de “mimicar” e algo inerente em nosso inconsciente.

Tanto no ocidente como no oriente a mímica sempre esteve presente, no oriente encontramos hoje em suas formas tradicionais de teatro, principalmente no Japão e na China (no, Katacali na Índia).

No ocidente os gregos provavelmente foram os primeiros a se utilizar à mímica como forma de arte autônoma mesmo ainda estando fortemente ligada a dança, na abertura dos festivais da primavera. Os romanos continuaram com a tradição do uso da mímica como forma de arte, mas de uma forma mais vulgar, como forma de diversão, pecas obscenas etc.

Mas foi durante a idade media que a mímica começa a aparecer mais forte como forma de arte, em uma Europa dividida por varias línguas e dialetos diferentes, companhias itinerantes tinham que se utilizar basicamente da mímica para suas apresentações, pois era a única forma de atingir platéias diferentes em cidades diferentes e atingir públicos de cidades diferentes.

A renascença no século 16 trouxe um renascimento da mímica como forma dramática, criando as raízes para as “escolas” de mímica encontradas no século dezoito, a quis seguem ate hoje, como a comedia dell’arte na Itália.

Mímica e a religião?

Normalmente a mímica em algumas tradições religiosas, principalmente no oriente aparece como uma forma de dança “mimicada”, com gestos precisos e movimentos simbólicos repetidos como forma de “contar” uma estória de fundo moral ou religioso, onde o artista tem aprender e repetir precisamente cada movimento ou coreografia ensinada pelo seu mestre. Normalmente de forma mais metafórica do que descritiva. Foi no ocidente durante a idade media encontramos as pantomimas religiosas de forma mais descritiva.

Como gênero teatral onde a mímica começou?

Na Inglaterra durante o período elisabetano, a mímica como forma artística ganhou um novo “status” saindo das feiras e mercados como espetáculos vulgares chegando a corte pelos “bobos da corte” e ganhando admiração do publico em geral através de algumas comedias de Shakespeare.

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no século dezoito a mímica já era apreciada por toda a Inglaterra, da mesma forma, França, Itália e outros países da Europa e a partir de 1800 se torna uma forma familiar de teatro sendo apreciada por todos independente da classe social, desta época surgiu um dos mais importante nomes da mímica ocidental foi ele, Jean Gaspard Debureau, na França, Debureau elevou o status da arte da mímica como forma artística autônoma e influenciou a formação das principais “escolas” de mímica ocidental que se formaram partir do século dezenove na França e Itália a qual seguem ate os dias de hoje.

Mas foi na França que...

O GRANDE QUARTETO FRANCÊS

por Bari Rolfe Um quarteto francês está inevitavelmente associado com a mímica hoje em dia, são quatro artistas que têm trabalhado diferentemente daqueles que os precederam. São quatro artistas notáveis com reputação internacional, são contemporâneos e dois ainda estão em atividade. É ainda mais notável que o trabalho de cada um tomou uma direção própria diferente das demais. E mais surpreendentemente ainda é que os quatro derivaram da mesma fonte.

No início dos anos 20 foi aberta em Paris a Vieux Columbier, uma escola de treinamento para atores. O Diretor Jacques Copeau tinha o que foi para a época uma abordagem revolucionária; ele rejeitava o então popular naturalismo estrito em favor do impressionismo, um movimento compartilhado por vários outros diretores tais como Gordon Craig, Adolph Appia e Nicolai Evreinoff. O Impressionismo abriu as portas para o teatro não-literal, não-realista, para um teatro mais físico, da fantasia, dos sonhos e da metáfora.

O programa de Copeau incluía estudos com máscaras, expressividade corporal, clown, commedia dell'arte, acrobacia, dança, música/movimento, identificação animal, e a atuação muda. Ele enfatizou o ensino da comédia e do Coro Grego da antigüidade (teatro não-realista épico e farsesco) como importantes objetivos no desenvolvimento de atores capazes de atuação coletiva em estilos físicos.

Depois que a Vieux Columbier fechou, duas importantes escolas nasceram de sua experiência, de Charles Dullin e a de Jean Daste, que funcionaram como elos no desenvolvimento do Grande Quarteto Francês:

Etienne Decroux

Fez sua matrícula na Vieux Columbier em 1923, Etienne Decroux ocupou-se com uma visão voltada para a mímica durante suas aulas, e desenvolveu um estilo pessoal e original de movimento. A sua mímica busca resgatar figuras de Rodin; e daí derivou uma forma mais plástica, a qual foi denominada Mímica Corporal. Um intelectual e teórico, seu treino corporal baseava-se, por um lado,

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no que os dançarinos modernos chamam de isolação, com as seções do corpo movimentando-se numa seqüência prescrita, e por outro lado, na física, estudando a compensação necessária para manter o corpo em equilíbrio quando o centro gravitacional é deslocado.

Decroux tentou envolver outros alunos na sua companhia de mímica, porém os alunos de teatro não se mostraram muito interessados. Quando a Vieux Columbier fechou em 1924, Decroux passou a lecionar na escola de teatro de Charles Dullin, a Atellier. Jean-Louis Barrault juntou-se a esta escola também, e os dois trabalharam juntos por dois anos, produzindo vários números de mímica em conjunto ou separados.

A primeira contribuição de Decroux foi como professor na referida escola. Os seus espetáculos enquanto tais, não foram muito importantes, e mesmo esses espetáculo eram tratados por ele mesmo como ensaios. Muitos deles eram apresentados em estúdios para pequenas platéias convidadas. Ele mesmo trabalhou como ator, notavelmente, com Barrault no Les Enfants du Paradis, representando o pai de Deburau, e em outros filmes também. Decroux abriu a sua própria escola em 1941, e desenvolveu uma teoria para endossar o seu sistema. O seu trabalho teve efeitos contundentes em artistas como Barrault e Marcel Marceau, embora eles tenham posteriormente seguido seus próprios passos.

Decroux já foi chamado o pai da mímica moderna, o que na verdade significa dizer que ele é o pai do seu próprio estilo; havia e há outros estilos de mímica moderna que não estão relacionados ao seu. Além da sua contribuição enquanto professor, a sua influência sobre Barrault e Marceau criou um tremendo ímpeto para a mímica na França, espalhando-se a seguir por todo o mundo. O seu trabalho continua a estimular e inspirar muitos artistas da mímica.

Jean-Louis Barrault

Jean-Louis Barrault foi um ator, diretor, professor, escritor e teórico. Seu interesse pela mímica foi uma parte do seu amor pelo teatro como um todo. Ele foi para a escola de Dullin em 1931 sem um centavo, e foi cativado pela mímica já na sua primeira aula com Decroux, e os dois trabalhariam juntos por dois anos, vivendo frugalmente a base de peixe defumado, uva passa, alface, e frutas. Eles inicialmente trabalharam uma "mímica objetiva", utilizando ilusão e objetos imaginários, como até hoje se faz, mas foi a "mímica subjetiva" que passou a ser o estudo final, estudando os estados de ânimo, corporais, e emoções. A invenção do andar no lugar de perfil levou muitos outros a desenvolver outras ilusões de movimento no lugar.

Além das suas gloriosas experiências de juventude, Barrault é muito mais conhecido pelo seu papel de Jean Gaspard Deburau no filme Les Enfants du Paradis. O filme introduziu o que era considerado o estilo de pantomima de Deburau, Barrault consultou para tanto o mímico Georges Wague, tornando

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esse estilo um sinônimo da mímica para grandes platéias. Ironicamente, os dois atuaram no filme muito depois de haver perdido o interesse pelo estilo da pantomima-arlequina (pantomime-harlequinade).

A ênfase de Barrault durante seus primeiros anos, e pelo resto da sua vida, foi sobre os aspectos físicos da atuação, e ele incorporou a mímica em seus processos altamente imaginativos de produção de espetáculos. Na peça

"Rabelais," 1968, seus atores utilizavam a mímica para representar o nascimento de Gargantua, animais, a forma e o movimento do navio, e realizou diversas seqüências de mímica com narração.

Marcel Marceau

Marcel Marceau dispensa uma apresentação da sua importância e influência.

Ele literalmente criou um público para a mímica no seu tempo, e também fomentou o desejo de ser mímico de inúmeros artistas. Marceau atraiu tanto o público de teatro nas suastournes desde 1949, como o público popular através das suas diversas aparições na televisão. Seu caminho para a fama foi meteórico, apresentando-se no mundo todo em poucos anos.

Para a maioria do público mímica está associada diretamente ao trabalho de Marceau. Ele próprio assume a Chaplin uma grande influência no seu trabalho entre outros, como o próprio Decroux, quem fora seu professor na escola de Dullin em 1946. A maquiagem de Pierrô e o estilo anedótico de Deburau(pelo que se sabe dele) são toques franceses, e o seu personagem (Bip) é Chaplinesco e clownesco. Marceau criou também outros estilos de pantomima, como a mímica abstrata e mímica elíptica.

Como praticamente primeiro e certamente mais conhecido mímico nos Estados Unidos, ele serviu de modelo para muitos aspirantes a mímico. Além disso, o público passou a esperar (exigir) por números semelhantes aos de Marceau, e alguns artistas encontram dificuldades em terem outros estilos aceitos pelo público. Na realidade, nenhum estilo pode ser mantido como sagrado, e o próprio Deburau foi acusado de falta de fé no seu próprio trabalho. Se falarmos em imitação, a resposta de Marceau é que os alunos deveriam imitar a sua técnica, porque deste modo a forma artística seria preservada; a partir daí eles deveriam desenvolver sua própria caraterização, seus próprios conceitos. Ele chama este processo de "imitação com continuação"; pois os alunos devem continuar pelos seus próprios caminhos artísticos.

Jacques Lecoq

Jacques Lecoq é primariamente um professor, às vezes diretor, e tem o conceito mais amplo de mímica dentre os quatro. Ele chamou a sua escola em Paris de Escola Internacional de Teatro e inclui muitas técnicas diferentes do treino físico, sem pretender perpetuar a mímica numa forma definida,

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estruturada, convencional. Lecoq vê a mímica de duas maneiras: como uma forma artística em constante transformação, e como uma fonte de confiança para diversas formas dramáticas, para a dança, música, arquitetura, literatura, entre outras. Emboras integrantes dessas categorias profissionais se vejam atraídos por essa escola, a maioria dos alunos é constituída por mímicos, atores e diretores.

Lecoq na juventude era um atleta e paramédico para atletas; seu interesse pela mímica teve origem em um grupo de estudos, no qual foi pupilo de um notável professor de educação física. Durante uma apresentação com o seu grupo em Grenoble, Lecoq foi visto por Jean Daste que prontamente o convidou para integrar a sua companhia. Atuou como ator na trupe e foi encarregado do treino físico. Depois disso, foi para Itália onde lecionou na Universidade de Teatro Pádua e no Piccolo Teatro di Milano; após alguns anos voltou a Paris e abriu sua escola em 1956.

Essas são as origens da mímica de hoje em dia. Os quatro, formados dentro da ótica de Copeau, são diferentes em suas contribuições para a mímica: o estilo e a técnica meticulosa de Decroux, a integração da mímica com o teatro falado de Barrault, Os sketches e as abstrações simbólicas de Marceau, e a preocupação abrangente de Lecoq com o movimento.

Provavelmente a maioria dos mímicos e professores de mímica hoje em dia tem origem direta ou indiretamente nas fontes francesas. O Grande Quarteto Francês deram início a uma onda de interesse crescente pela mímica moderna, uma onda que nós estamos encantados em poder seguir e que ainda não foi exaurida.

Tradução de Javier O’cenig e Victor de Seixas (www.mimicas.com. Acesso em 20/03/2011)

Referências

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