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da condução coercitiva no direito brasileiro

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE DIREITO

SABRINA LOBO SOBREIRA

APLICABILIDADE DA CONDUÇÃO COERCITIVA NO DIREITO

BRASILEIRO

FORTALEZA

(2)

SABRINA LOBO SOBREIRA

APLICABILIDADE DA CONDUÇÃO COERCITIVA NO DIREITO

BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina MONOGRAFIA JURÍDICA do Curso de Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de BACHAREL EM DIREITO.

Orientador: Prof. Sérgio Bruno Araújo Rebouças

FORTALEZA

(3)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos

pelo(a) autor(a)

S659a Sobreira, Sabrina.

Aplicação da Condução Coercitiva no Direito Brasileiro / Sabrina

Sobreira. – 2016. 37 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do

Ceará, Faculdade de Direito, Curso de Direito, Fortaleza, 2016.

Orientação: Prof. Me. Sergio Bruno Araújo Rebouças.

Coorientação: Prof. Me. William Paiva Marques Jr.

1. Condução Coercitiva. I. Título.

(4)

SABRINA LOBO SOBREIRA

APLICABILIDADE DA CONDUÇÃO COERCITIVA NO DIREITO

BRASILEIRO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina MONOGRAFIA JURÍDICA do Curso de Direito da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial à obtenção do título de BACHAREL EM DIREITO.

Orientador: Prof. Ms Sérgio Bruno Araújo Rebouças.

Aprovada em: ___/___/______.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Ms. Sérgio Bruno Araújo Rebouças (Orientador) Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________

Prof. Dr. William Paiva Marques Junior Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________

(5)

AGRADECIMENTOS

Não imaginei que iria me encontrar no Direito, depois de tanto sonhar com

a carreira na Medicina, porém a vida nos surpreende com as nossas próprias

escolhas, mesmo sendo elas decididas sem respaldo algum, apenas com a intuição

do coração, que foi o meu caso. Entretanto, com a pontuação que tirei na nota do

Enem, eu poderia ter ingressado em qualquer curso, menos no de Medicina, sendo

que eu tinha opção de ter escolhido entre a Odontologia ou a Enfermagem que é

área de saúde, mas um sentimento dentro de mim aflorava para tentar o curso de

Direito. Vale destacar, que não sendo bem aceito a minha escolha pela família, pois

para eles não havia motivo para ingressar neste curso, além disso, no decorrer

deste caminho eu tive a honra de conviver com pessoas maravilhosas à minha volta

que me apoiaram, incentivaram e ajudaram bastante nesta empreitada tanto

acadêmica quanto profissional.

Inicialmente, agradeço a DEUS por estar sempre ao meu lado, apesar de

todos os percalços em que passei nunca me senti sozinha por completo, pois,

parando para pensar, DEUS nunca deixou de me abençoar nem um dia sequer, fato

este que considero uma honra.

Agradeço ao meu noivo Rafael Gonçalves por me apoiar desde o

momento da escolha do curso, durante todos esses 5 anos de estudos e agora na

conclusão; também, por me ajudar de todas as formas possíveis, como na

realização de trabalhos, nos estudos, por me levar à faculdade quando eu não tinha

ânimo, inclusive por não permitir que trancasse a matrícula quando a dúvida pairou

sobre a minha mente, especialmente quando ocorreu um fato quando assistia à aula

do professor Marcelo Guerra, recebi a notícia de que minha avó havia falecido, cujo

seu apoio foi fundamental para o fortalecimento de minha alma e de meu corpo.

Agradeço pelo carinho, amor, dedicação e ensinamentos aprendidos ao longo deste

curso de Direito.

À minha família, meu pai Carlos Sobreira que não mediu esforços para

que este momento pudesse estar sendo executado; também, minha mãe Socorro

(6)

Sâmia Sobreira que diversas vezes ofereceu a sua ajuda, fornecendo-me diversos

materiais de estudo.

À minha avó Rosa Maria de Araújo, que no primeiro ano de faculdade

faleceu, momento em que perdi essa rosa esplêndida, porém os seus ensinamentos

perduraram durante todo o curso e estarão presentes durante toda minha vida.

Ao Pipoca, o meu cachorro que é o meu segredinho para não perder a

cabeça nos momentos difíceis, com quem compartilhei todas as incertezas,

tristezas, alegrias e vitórias.

Ao meu cunhado Henrique Douglas companheiro de estudos, que me

ajudou no desenvolvimento do presente trabalho e com quem tive a honra de trocar

diversas experiências na área do direito e, também, na vida pessoal. Eu posso dizer

que ele é ótimo em tudo que faz em sua vida.

Agradeço ao professor e orientador Sérgio Rebouças, que ajudou na

escolha do tema e na realização do presente trabalho, cuja minha paixão pelo

Direito Penal surgiu em uma de suas primeiras aulas.

Agradeço ao professor Raul Nepomuceno, pois a segurança na escolha

da matéria penal para a prova da OAB e o tema de monografia veio após suas

aulas.

Ao professor William Marques que acompanhou a dificuldade que tive em

conciliar trabalho, faculdade e vida pessoal, já que à minha sede de aprender não foi

só de teoria, mas também, de aprender a prática nos estágios. Seu apoio e

compreensão foram indispensáveis. Além disso, sou convicta de que sua presença

em sala de aula e na coordenação é um aconchego a todos os alunos da Faculdade

de Direito.

Agradeço ao meu primeiro estágio no setor jurídico do Hapvida, peça

fundamental no meu crescimento jurídico, em que tive a oportunidade de ter

experiências relevantes para minha vida acadêmica e profissional.

A toda equipe que compõe o escritório Barreira Hitzschky Carvalho

Advogados local em que fui recebida de maneira ímpar e que são responsáveis

pelas experiências cruciais para a minha carreira jurídica; além de, atualmente,

serem o motivo pelo qual acordo imensamente satisfeita, pois neste recinto sei que

tenho pessoas que confiam no meu potencial e reconhecem a minha dedicação.

Aos meus chefes Sávio Carvalho e Bruno Murilo pelo apoio,

(7)

aprendizados diários que me foram transmitidos até presente momento para a minha

vida pessoal, acadêmica e profissional.

Aos meus queridos companheiros de trabalho e amigos Laíse Rodrigues,

Breno Castro, Tarcila Araripe, Juliana Costa, Gustavo Hitzschky Jr, Amanda

Siqueira, Nathan Sanchez, Dayse Pires, Paula Vasconcelos, Vinicios Cavalcante e

Adherbal Barros, por fazer do meu dia a dia o mais agradável possível e estarem

sempre dispostos a me ajudar.

Por fim, a todos que estiveram presentes no desenvolvimento de minha

vida tanto acadêmica como profissional, mesmo aqueles que estiveram de longe

(8)

RESUMO

O presente trabalho analisa a aplicabilidade da condução coercitiva no

direito brasileiro, demonstrando a sua definição e implicações. Dentro desse

contexto, perpassam-se as particularidades que cercam a condução coercitiva na

fase do inquérito policial, esclarecendo quem é a autoridade competente para

determinar a condução coercitiva à luz da Constituição Federal Brasileira e do

Código de Processo Penal Brasileiro. Ademais, analisa-se como se dá a condução

do ofendido, da testemunha e como é procedida a condução coercitiva no Tribunal

do Júri. Salienta-se, nesse viés, a repercussão da privação de liberdade mesmo que

por um curto período, determinando diante disso a natureza jurídica de medida

cautelar da condução coercitiva. Por derradeiro, discorre-se e embasa-se o direito

ao silêncio que o acusado/investigado detém resguardado pelo princípio da

dignidade da pessoa humana. Vale destacar que o estudo se deu por meio da

pesquisa bibliográfica e documental, em que se trabalha com diversos autores,

doutrinas e jurisprudências com objetivo de tentar elucidar os pontos levantados

nesta pesquisa monográfica.

(9)

ABSTRACT

This work analyzes the applicability of coercive conduct in Brazilian law,

demonstrating its definition and implications. In this context we pervade the

particulars surrounding the coercive conduct at the stage of the police investigation,

clarifying who is the competent authority to determine the coercive conduct in the

light of the Brazilian Federal Constitution and the Brazilian Criminal Procedure Code.

Furthermore, it analyzes how is the conduct of the victim, the witness and how

preceded the forceful presentation on the jury. , Is stresses that bias, the impact of

imprisonment even for a short period, setting forth that the legal nature of a

precautionary measure of coercive conduct. For last, we discus and based the right

to silence the accused/investigated has safeguarded the principle of human dignity.

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 A PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ...12

2.1 Histórico sobre a privação de liberdade no Código de Processo Penal …...12

2.2 Prévia decisão judicial ... 13

2.3 A Medida de privação de liberdade temporária ... 14

2.4 A condução coercitiva e o silêncio do investigado ...15

3 PARTICULARIDADES DA CONDUÇÃO COERCITIVA...19

3.1 Relato da Condução Coercitiva ... 19

3.2 As Particularidades da Condução Coercitiva... 20

4 DIMENSÕES DA CONDUÇÃO COERCITIVA NO PROCESSO PENAL POLICIAL...24

4.1 Abordagem sobre a Condução Coercitiva no Inquérito Policial ... 24

4.2 A Condução Coercitiva do ofendido ... 25

4.3 A Condução Coercitiva da testemunha ... 26

4.4 A Condução Coercitiva no Tribunal do Júri ... 28

4.4.1 A Condução Coercitiva no Tribunal do Júri da testemunha ... 28

4.4.2 A Condução Coercitiva no Tribunal do Júri do suspeito ou réu ... 29

4.4.3 A Condução Coercitiva autônoma no Tribunal do Júri ... 29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 32

(11)

1 INTRODUÇÃO

A liberdade de locomoção é considerada como um dos direitos

fundamentais mais básicos, dada a sua estreita relação com o princípio da

dignidade da pessoa humana, que é basilar da Constituição Federal.

O tema teve uma abordagem teórica, exaltando a importância da sua

identificação e a adoção das medidas cabíveis pelo operador do direito, objetivando

demonstrar algumas formas para o eficaz resguardo do menor e de sua dignidade.

O princípio da dignidade da pessoa humana abrange todos os outros

princípios e tem como objetivo principal garantir a essência humana do direito

brasileiro, limitando assim a atuação do Estado-Juiz, evitando a prática de atos

atentatórios à pessoa humana.

Salienta-se que o direito de liberdade de locomoção só poderá ser restrito

baseada no ordenamento constitucional e princípios que o norteiam, sendo inclusive

previsto na Carta Magna, em que se pode destacar o habeas corpus como uma importante ferramenta garantidora em casos de lesão ou ameaça à liberdade de

locomoção.

A condução coercitiva, uma das diversas formas de restrição à liberdade

de locomoção prevista no ordenamento jurídico brasileiro, é definida como um meio

conferido à autoridade competente de fazer comparecer a parte integrante do

processo (ou qualquer pessoa) que injustificadamente não cumpriu a sua intimação,

sendo a sua presença essencial para o curso da persecução penal.

Contudo, conforme as normas legais relativas à condução coercitiva,

consta-se que a sua regulamentação no processo judicial se encontra demonstrada

minuciosamente. Todavia existem orientações que acabam por acarretar em

controvérsias no que tange a aplicação no âmbito do inquérito policial da condução

coercitiva, situações estas que tem trazido diversos questionamentos sobre a sua

(12)

Nesse contexto, propõe-se uma abordagem precisa acerca da condução

coercitiva no inquérito policial, bem como o que implica o silêncio do

(13)

2 A PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NO CÓDIGO DE PROCESSO

PENAL

2.1 –Histórico sobre a privação de liberdade no Código de Processo Penal

Historicamente, a pena era conhecida como uma forma de vingança a ser

executada, na maioria das vezes, com crueldade. Portanto, passou a atingir o direito

primordial do ser humano, como: a liberdade de ir e vir passando assim a ser

caracterizada como uma sanção.

A pena imposta pelo Estado de Direito possui o condão de punir o

condenado, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Lei, que cobre a parte do

delito cometido até no aspecto de reabilitá-lo e reinseri-lo novamente na sociedade.

Até porque para que ocorra essa reeducação do condenado são utilizados o

trabalho e a educação, dentro do que prevê a lei de execuções penais.

Com o advento da Lei nº 9.714/1998, as penas alternativas ganharam

força, pois veio com o intuito de minimizar a crise da pena de prisão, prevenindo

dessa maneira a reincidência criminal dos condenados. Esta, que atualmente possui

sérias dificuldades em atender o objetivo primordial da sanção penal, consiste na

reabilitação do apenado e na sua reintegração à sociedade, considerada por muitos

a pena nomeada de substituta como um recurso eficaz de humanização e uma

maneira de realizar a resocialização os apenados.

Na contemporaneidade, a pena de reclusão somente é justificada

conforme a sua necessidade, ou seja, quando é reservada a criminosos

considerados de alta periculosidade e ou de grave ameaça à sociedade. Desta

forma, é adotado pelo Estado como último recurso para fazer punir de forma eficaz

os apenados, pois, por meio dela, será possível restabelecer a ordem dentro do

meio social.

Mirabete afirma que:

Apesar da contribuição para eliminação da pena sobre o corpo (suplícios, mutilações) a pena de prisão não tem correspondido com as finalidades de recuperação do preso. No sistema de penas privativas de liberdade e seu fim constituem verdadeira contradição (MIRABETE, 2007, p.252).

No entanto, faz-se necessário dizer que a função explícita da pena é

entendida pelos doutrinadores como tríplice, já que visa punir dentro da lei o

(14)

É importante ressaltar que sobre o assunto. Greco (2008, p.496)

esclarece dizendo que: “As penas privativas de liberdade estão previstas pelo

código penal, para os crimes ou delitos são as de reclusão e detenção. A lei das

contravenções penais também prevê pena privativa de liberdade que é a prisão

simples”.

Com base no artigo 33, do Código Penal Brasileiro, pode-se entender que

a pena de reclusão é para os crimes considerados mais graves e a pena de

detenção é reservada apenas para os delitos de menor gravidade. Todavia,

ressalta-se que havendo descumprimento as condições impostas pelo juiz, o

condenado poderá ter sua pena de detenção revertida para o regime fechado.

2.2 – Prévia decisão judicial

Como corolário das normas do artigo 5º da CF/88, tem-se que as partes

integrantes de um processo possuem asseguradas o seu direito ao contraditório e a

ampla defesa, não podendo haver restrições à liberdade sem o devido processo

legal.

Na fase do inquérito policial, alguns doutrinadores entendem por não se

ter a obrigatoriedade da abertura para o contraditório e a ampla defesa, todavia

referido entendimento vai a embate com o que preceitua a Constituição Federal de

1988, especialmente em casos que tratam da liberdade do indivíduo.

Vale destacar que o inciso LV, do art. 5º da Constituição Federal de 1988

descreve que “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados

em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e

recursos a ela inerentes”.

Logo, se atenta para este aspecto não há o que se falar na possibilidade

de que uma autoridade competente seja induzida a tolher a liberdade de um

indiciado apenas baseado na versão contada pela vítima. Vez que ela pode está

exagerando, omitindo ou até mesmo mentindo para que sejam adotadas medidas

rigorosas como as prisões processuais sem que se tenha havido, de fato, motivo

para isso.

Destarte, sabe-se que antes de qualquer medida a ser adotada, e neste

(15)

procedimento de averiguação dos elementos que compõem o delito, tanto objetivos

quanto subjetivos.

Se fazendo assim patente o entendimento que somente será adotada a

prisão preventiva em casos excepcionais e após prévia intimação do acusado.

Ressalta-se, ainda, que adotar posicionamento diverso representaria um

retrocesso enorme no tempo e um descumprimento ao que prevê o processo penal,

uma vez que a privação de liberdade, antes de proferida a sentença de mérito,

deve-se ser configurada a sua ilegalidade. Neste aspecto, nota-se que o

posicionamento de Ferrajoli (2006, p.515) sobre o assunto é bem direto e enfático

quando diz que: “colocá-lo em condição de inferioridade em relação à acusação,

imediatamente sujeito à pena exemplar, e, acima de tudo, não obstante as virtuosas

proclamações em contrário, presumido culpado”.

2.3 – A Medida de privação de liberdade temporária

A prisão temporária é tida como uma espécie de prisão cautelar, devido

possuir natureza processual que visa restringir o direito de ir e vir do indiciado por

determinado período, estabelecido por lei, com a égide de proceder a investigações

acerca de crimes tidos como graves.

Referida medida só poderá ser decretada por autoridade competente,

durante o prazo de cinco ou 30 dias, variando o dito prazo de acordo com a

gravidade do crime que está lhe sendo imputado. Contudo, poderá ocorrer

prorrogação do citado prazo uma única vez desde que comprovada a sua

necessidade.

A prisão temporária por ser de natureza cautelar tem o condão de

resguardar o processo de conhecimento ou de execução, pois caso não seja

decretada sem ser proferida ainda a sentença definitiva, quando esta for proferida,

já não será mais cabível na aplicação da lei penal, em virtude de ela ser justificada

apenas em casos em que existe a presença da urgência.

A prisão cautelar possui as seguintes características que a definem: é

revestida de jurisdicionalidade, ou seja, só pode ser determinada por autoridade

competente, por se tratar de medida que restringe direitos preconizados na

Constituição Federal. Neste caso, o mais prudente é buscar seguir e ser o

(16)

período que estiver presente os seus requisitos autorizadores, sendo proporcional a

um eventual resultado favorável ao pedido do acusador, mas que não sendo

admissível ser mais severa do que a sanção que será aplicada caso o pedido seja

julgado procedente, ocorrendo assim por meio dessa proporcionalidade à

adequação ao princípio da presunção da inocência.

Neste aspecto, Capez (2002, p.242-244) arrazoa dizendo que:

Como toda prisão cautelar, a prisão temporária somente pode ser decretada quando presentes o fumus boni iuris (fumus comissi delicti), que se concretiza no processo penal condenatório pela verificação da presença de elementos indicadores da existência do crime e da autoria, e o periculum in mora (periculum libertatis), ou seja, o perigo, o risco de que, com a demora no julgamento, possa o acusado, solto, impedir a correta solução da causa ou a aplicação da sanção punitiva.

Quando se atenta para o fato do uso de algemas, vale frisar que só seria

lícito o seu uso em casos onde há resistência e fundado receio de fuga do acusado,

bem como o perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de

terceiros, devidamente justificada sua excepcionalidade por escrito, sob pena de

incorrer em responsabilidade disciplinar, civil e ou penal, do agente ou da

autoridade, podendo neste caso ocasionar a nulidade da prisão e ou do ato

processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

Registra-se que o mandado de condução coercitiva tem natureza jurídica

de medida cautelar pessoal restritiva da liberdade, podendo ser decretado em

desfavor da vítima em se tratando de crimes de ação penal pública, de testemunhas

e do investigado ou do acusado.

2.4 – A condução coercitiva e o silêncio do investigado

A decisão judicial em que fora decretado pelo juiz Sérgio Moro a

condução coercitiva do ex-presidente Lula, causou um grande alvoroço no universo

jurídico, fazendo realizar uma análise jurídica acerca do instituto processual penal.

Como já dito no capítulo anterior, se o acusado não atender à intimação

para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa

(17)

Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal (2016, p. 02), através do Rel.

Min. Ricardo Lewandowski se manifestou afirmando que:

[...] a própria Constituição asseguraria, em seu art. 144, § 4º, às polícias civis, dirigidas por delegados de carreira, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais. O art. 6º, II a VI, do CPP, por sua vez, estabeleceria as providências a serem tomadas pelas autoridades referidas quando tivessem conhecimento da ocorrência de um delito. Assim, asseverou-se ser possível à polícia, autonomamente, buscar a elucidação de crime, sobretudo nas circunstâncias descritas. Enfatizou-se, ainda, que os agentes policiais, sob o comando de autoridade competente (CPP, art. 4º), possuiriam legitimidade para tomar todas as providências necessárias, incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar esclarecimentos, resguardadas as garantias legais e constitucionais dos conduzidos. Observou-se, por fim, que seria desnecessária a invocação da teoria dos poderes implícitos (STF, HC 107.644, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJ 06/09/2011. No mesmo sentido: STJ, RHC 25.475, Rel. Min. Jorge Mussi, DJ 10/06/2014).

Vale ressaltar que a grande parte da doutrina faz fortes críticas a

possibilidade supracitada, uma vez que afirmam que tal medida está sujeita à

cláusula de reserva de jurisdição, logo a condução coercitiva implicaria na restrição

da liberdade de locomoção do conduzido.

Pode-se entender, com base no julgado acima, que é possível a

condução de pessoas autonomamente, pela polícia judiciária, sempre que

necessário se fizer para apuração de infrações penais, resguardando os direitos

constitucionais do conduzido, concluindo-se por analogia, se o delegado de polícia

pode decretar a prisão em flagrante de uma pessoa, e tem esse dever legal visando

resguardar o processo e o conjunto probatório, mais importante é a decretação da

condução coercitiva de alguém para a realização de uma diligência que possa

auxiliar no esclarecimento dos fatos.

Destaca-se que, a condução coercitiva é considerada ativa quanto ao

conduzido, e quanto aos demais é tida como passiva sua postura.

Sannini Neto2

, acerca do assunto, diz:

1

Informação retirada do informativo nº 639, do processo HC – Nº 107644, do texto: “Mandado de condução coercitiva e a Constituição da República, do site do “Canal Ciências Criminais”,

encontra-se disponível em:

<http://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/313532584/mandado-de-conducao-coercitiva-e-a-constituicao-da-republica#comments>. Acessado em: 10 de julho de 2016.

2

Informação retirada do informativo nº 639, do processo HC – Nº 107644, do texto: “Mandado de condução coercitiva e a Constituição da República, do site do “Canal Ciências Criminais”,

encontra-se disponível em:

(18)

Com relação às vítimas e testemunhas, o fundamento da medida é a busca pela verdade, essencial para a correta tutela jurisdicional, mesmo quando decretada a condução coercitiva na fase de investigação. Destaque-se que de tais sujeitos processuais poderão ser exigidas posturas “ativas” (prestar depoimento ou declaração, realizar reconhecimento pessoal, participar de reconstituição de crime etc.), sendo que no caso de testemunha, a recusa em prestar depoimento pode caracterizar, em tese, o crime de falso testemunho, previsto no artigo 342, do Código Penal (negando ou calando a verdade) (SANNINI NETO, 2016, p. 30).

Como se nota, é possível mencionar que na condução coercitiva do

investigado/acusado, em que é adotada a postura passiva, pelo motivo que ninguém

é obrigado a produzir provas contra si mesmo, incorrendo assim o princípio nemo tenetur se detegere, o referido não pode ser forçado a dar seu depoimento, nem a participar de reconstituição de crime, muito menos a submeter-se ao exame do

etilômetro ou de sangue.

Em respeito à jurisprudência brasileira, o julgamento do Habeas Corpus

nº 99.289 permite claramente notar as prerrogativas básicas decorrentes do direito a

não autoincriminação,

[...] (a) o direito de permanecer em silêncio, (b) o direito de não ser compelido a produzir elementos de incriminação contra si próprio nem de ser constrangido a apresentar provas que lhe comprometam a defesa e (c) o direito de se recusar a participar, ativa ou passivamente, de procedimento probatório que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a reprodução simulada (reconstituição) do evento delituoso e o fornecimento de padrões gráficos ou de padrões vocais para efeito de perícia criminal (HC 96.219-MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO) 3 (2012, p. 11).

O indiciamento do investigado é composto por três peças de polícia

judiciária, que são: o auto de qualificação e o interrogatório; o histórico de vida

pregressa e o boletim de identificação criminal, podendo ou não vir acompanhado

da identificação pelo processo datiloscópico.

Aduz-se que o indiciado poderá fazer uso do seu direito ao silêncio e não

produzir provas contra si mesmo durante a sua oitiva, contudo não poderá ocultar a

sua qualificação, podendo caso haja tal ocultação incorrer na contravenção penal

prevista no artigo 68, da Lei de Contravenções Penais.

O interrogatório é, sobretudo, um meio de defesa do indiciado/acusado,

sendo que o direito ao silêncio constitui apenas uma de suas opções. Nada impede,

3

(19)

portanto, que após a sua condução coercitiva, ele opte, até como uma estratégia de

defesa, por dar a sua versão sobre os fatos mediante petição, por meio de seu

advogado, repelindo nesse primeiro momento as imputações que lhe foram

atribuídas.

Por derradeiro, faz-se esclarecido que o direito ao silêncio é uma garantia

fundamental do indivíduo, não incorrendo em ônus como consequência de seu

(20)

3 PARTICULARIDADES DA CONDUÇÃO COERCITIVA

3.1 –Relato da Condução Coercitiva

Legitimada pelo Código de Processo Penal, a condução coercitiva é um

meio impositivo de conduzir as partes integrantes do processo, sejam eles

ofendidos, testemunhas, acusado, peritos, ou qualquer outra pessoa à presença da

autoridade competente independente de sua vontade. Todavia, deve obedecer

sempre às garantias constitucionais e legais da parte, com o fito de prestar

esclarecimentos de urgência ou para realizar determinado ato instrutório legal.

Destaca-se que o procedimento é adotado em casos que a parte

integrante do processo (ou qualquer outra pessoa), que venha comparecer ao ato

para o qual foi devido e previamente intimada, não atende injustificadamente. Com

base no artigo 218, do Código de Processo Penal, pode-se dizer que, por meio dele

para acontecer a condução coercitiva, tem que ter obrigatoriamente sido feita

intimação prévia.

Dessa forma, diz-se que a condução coercitiva não trata da restrição à

liberdade ou qualquer outra espécie de segregação de direito, mas da

obrigatoriedade do cumprimento do dever legal de comparecimento da parte

integrante do processo (ou de qualquer outra pessoa) perante autoridade

competente após prévia intimação. Não se tratando, portanto, de “reserva de

jurisdição” para uma providência inerente à regularidade da atividade policial, seja

ela por resultado lógico da função de investigação criminal e ou correlata instrução

extrajudicial; ou também, por invocação de poderes implícitos para viabilizar a

identificação, a oitiva ou outro ato que reclame a presença da pessoa, conforme

esclarece Moraes (2014).

Segundo Nucci (2010, p. 849), sobre o assunto: “Trata-se de uma

modalidade de prisão cautelar de curta duração cuja finalidade é garantir a

conveniência da produção da prova”.

Segundo doutrinadores, considera-se a condução coercitiva como uma

modalidade de prisão cautelar, que possui amparo em lei, cuja dita perdura até a

oitiva do ofendido e dos conduzidos coercitivamente, ocorrerá assim o cerceamento

(21)

que preconiza o artigo 5°, inciso LXI, da Constituição Brasileira de 1988, quando

descreve que:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei.

3.2 – As Particularidades da Condução Coercitiva

Alguns juristas consideram constitucional a condução coercitiva

determinada pela autoridade policial, sob alegativa de que tal procedimento

assegura a produção de prova. Dentro desse contexto, durante o tempo em que a

parte integrante do processo é mantida em custódia policial, devido ao estudo da

representação por sua segregação temporária, não é considerado como prisão, e

sim como mero exercício da investigação criminal.

Segundo entendimento de Moraes (2014, p. 02), é possível destacar que:

“A ordem de condução coercitiva deve, segundo seus defensores, ser emanada do

delegado de polícia presidente da investigação, ainda que sem prévio mandado de

intimação”.

Esta ordem deve ser utilizada com prudência, evitando assim a sua

banalização e sendo especificamente utilizada em casos que o intimado se recuse

sem justificativa a atender o chamamento ou em que a urgência exija tal

procedimento.

Nesse cerne, posiciona-se a jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça sobre o recurso ordinário em Habeas Corpus – RHC 25475, SP 2009/0030646-84

diz que:

1. De acordo com os relatos e as informações constantes dos autos, percebe-se claramente que não houve qualquer ilegalidade na condução do recorrente à delegacia de polícia para prestar esclarecimentos, ainda que não estivesse em flagrante delito e inexistisse mandado judicial.

4

(22)

2. Isso porque, como visto, o recorrente em momento algum foi detido ou preso, tendo sido apenas encaminhado ao distrito policial para que, tanto ele, quanto os demais presentes, pudessem depor e elucidar os fatos em apuração.

3. Consoante os artigos 144, § 4º, da Constituição Federal, “às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto os militares”, sendo que o artigo 6º do Código de Processo Penal estabelece as providências que devem ser tomadas pela autoridade policial quando tiver conhecimento da ocorrência de um delito.

4. A teoria dos poderes implícitos explica que a Constituição Federal, ao outorgar atribuições a determinado órgão, lhe confere, implicitamente, os poderes necessários para a sua execução.

5. Desse modo, não faria o menor sentido incumbir à polícia a apuração de infrações penais e, ao mesmo tempo vedar-lhe, por exemplo, a condução de suspeitos ou testemunhas à delegacia para esclarecimentos (2009, p. 02).

Como nota-se, a condução coercitiva que implique segregação

temporária seria um procedimento legítimo que pode preceder uma "prisão para

investigação" (essência da prisão temporária), e não poderia ser confundida com a

irregular "prisão para averiguação" ou mera captura infundada. A condução

coercitiva de pessoa intimada para prestar esclarecimentos necessários à

fundamentação de inquérito (demonstração de autoria e materialidade) seria ato

legítimo, segundo essa visão, podendo também ocorrer à prisão em caso de

desobediência.

Ressalta-se que, em situações específicas, a condução coercitiva poderá

se desdobrar em representação pela prisão temporária do indivíduo suspeito da

prática de delitos graves pretéritos, detendo assim a prisão temporária. Nesses

casos, o caráter é de “prisão para averiguação”, por não ser prisão em flagrante

delito e não consubstanciar plenamente prisão por ordem judicial.

Conquanto exista um posicionamento doutrinário e jurisprudencial que

tem a condução coercitiva, o sistema jurídico e à realidade como objetiva de que a

parte integrante do processo tenha sido surpreendida e conduzida. Portanto,

constando os requisitos exigidos por lei da prisão temporária, desta forma

autoridade competente a representará instantaneamente, e o agente aguardará em

ambiente próprio na repartição policial, objetivando que sejam concretizados os atos

(23)

processo não é considerado “preso”, e o lapso temporal deve ser o indispensável

para o estudo e deliberação da autoridade competente.

Acerca do citado tema é de bom que se veja a transcrição de ementa de

julgado do Egrégio Supremo Tribunal Federal5:

HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. CONDUÇÃO DO INVESTIGADO À AUTORIDADE POLICIAL PARA ESCLARECIMENTOS. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 144, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ART. 6º DO CPP. DESNECESSIDADE DE MANDADO DE PRISÃO OU DE ESTADO DE FLAGRÂNCIA. DESNECESSIDADE DE INVOCAÇÃO DA TEORIA OU DOUTRINA DOS PODERES IMPLÍCITOS. PRISÃO CAUTELAR DECRETADA POR DECISÃO JUDICIAL, APÓS A CONFISSÃO INFORMAL E O INTERROGATÓRIO DO INDICIADO. LEGITIMIDADE. OBSERVÂNCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIÇÃO. USO DE ALGEMAS DEVIDAMENTE JUSTIFICADO. CONDENAÇÃO BASEADA EM PROVAS IDÔNEAS E SUFICIENTES. NULIDADES PROCESSUAIS NÃO VERIFICADAS. LEGITIMIDADE DOS FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. ORDEM DENEGADA (2011, p. 02).

Segundo trecho da supracitada decisão, Supremo Tribunal Federal

consubstancia que o lapso de tempo que a parte integrante do processo é mantida

em repartição policial enquanto é estudada a representação, não é tido como prisão,

e sim mero exercício da função constitucional de investigação criminal, conforme

determina a CF/88, em seu artigo 144, parágrafo 4º.

Assim, faz-se necessária a reprodução do julgado que reclamava a

representação pela segregação cautelar proveniente do extinto Tribunal de Alçada

Criminal Paulista6

diz que:

Abuso de autoridade - Delegado de Polícia que determina medida privativa de liberdade a suspeito de crime sem, contudo, requerer a prisão temporária ou a custódia - crime caracterizado - condenação mantida. Comete crime de abuso de autoridade o Delegado de Polícia que ordena encarceramento de suspeito de crime, sem, contudo, representar ao Poder Judiciário, solicitando a prisão temporária que entender imprescindível à investigação policial (2014, p. 03).

5

Informação retirada do Recurso Ordinário em Habeas Corpus – HC 107644, de SP, de 2009/0030646-8, do site do Jusbrasil, encontra-se disponível em: <http://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20621660/habeas-corpus-hc-107644-sp-stf>. Acessado em: 10 de julho de 2016.

6

MORAES, Rafael Francisco Marcondes, Condução coercitiva e polícia judiciária, 2014. Artigo

disponível em:

(24)

Enfatiza-se que, caso a parte integrante do processo seja suspeito de

cometimento de crime grave, já esteja identificado e se tenha elementos

comprobatórios da veracidade do crime que lhe é atribuído, ocasionando a sua

prisão temporária, e cuja investigação criminal deverá ser solicitada por ordem de

prisão. Logo, pode-se aduzir que a condução coercitiva que resultar em uma prisão

temporária em geral é exceção.

Conforme jurisprudência supracitada, a condução coercitiva que ocasiona

a segregação temporária aufere respaldo legal ao procedimento da “prisão para

(25)

4 DIMENSÕES DA CONDUÇÃO COERCITIVA NO PROCESSO

PENAL POLICIAL

4.1 – Uma abordagem sobre a Condução Coercitiva no Inquérito Policial

Dentre os direitos considerados fundamentais, a liberdade de locomoção

ganha destaque, possuindo ligação direta com o princípio da dignidade da pessoa

humana, só podendo ser cerceado com amparo legal e normas que o guiam. A

Constituição Federal prevê como instrumento eficaz de garantia em casos que haja

ameaça ao direito à liberdade de locomoção o Habeas Corpus.

Entende Machado sobre a persecução penal com base na dignidade da

pessoa humana que:

O processo penal brasileiro é um exemplo talvez típico dessa evolução normativa. É o bastante conferir as inúmeras disposições constitucionais em tema de processo penal, inscritas no título dos direitos e garantias fundamentais, que funcionam como verdadeiros diques de proteção aos acusados (2009, p. 268).

O inquérito policial é peça sigilosa, escrita e inquisitiva, que tem por

finalidade realizar um conjunto de diligências de responsabilidade da polícia

judiciária, com o fito de investigar as infrações penais, reunindo elementos para que

seja impetrada ação penal cabível, consoante preconiza o artigo 4º do Código de

Processo Penal.

Tourinho Filho (2009) define o inquérito policial como sendo um “conjunto

de diligências realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração

penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo”

(2009, p. 200).

Desta forma, se a parte integrante do processo após ser intimado, não

comparecer perante a autoridade competente, deverá haver a condução coercitiva

do mesmo, sem qualquer ofensa ao princípio do nemo tenetur se ipsum acusare ou princípio de não autoincriminação.

Assim, o referido princípio aduz que nenhum indivíduo pode ser obrigado,

a fornecer involuntariamente qualquer informação ou produzir declaração que o

incrimine direta ou indiretamente, tendo validade somente o ato que for feito

voluntário e conscientemente, obtendo respaldo no artigo 14, parágrafo 3º, letra “g”,

(26)

Sob essa égide não possui qualquer obrigação de cooperar a parte

integrante do processo com a realização das provas conforme determina o Código

de Processo Penal. Diante desse cenário, entende-se que as autoridades

competentes sofrem restrição no que tange à aplicação da condução coercitiva,

devido aos direitos aclamados no processo legal, na ampla defesa e na presunção

de inocência.

Destarte, se tivesse a condução coercitiva como uma forma de coação e

intimidação, nesse aspecto, Queijo (2003) manifesta-se dizendo que:

Não se pode desconsiderar que a condução coercitiva exerce certa compulsão sobre o acusado para que participe ativamente no interrogatório, respondendo às indagações formuladas. É ínsita à condução coercitiva a expectativa de que ele responda às perguntas que lhe serão dirigidas no interrogatório (QUEIJO, 2003, p. 238).

Vale lembrar que o Supremo Tribunal Federal entende não haver

nenhuma proibição legal que não permita a condução coercitiva da parte integrante

do processo ou de qualquer pessoa que se faça necessária, não ocasionando, de

forma alguma, agressão ou descumprimento ao que determina o princípio do nemo tenetur se ipsum acusare ou princípio de não autoincriminação.

4.2 – Condução coercitiva do ofendido

O artigo 201, parágrafo 1º, do Código de Processo Penal aduz que:

“Art. 201 – Sempre que possível, o ofendido será qualificado e

perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma ser o seu

autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as suas declarações”,

sendo “se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o

ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade”, conforme o 1º parágrafo

do mesmo artigo.

Vê-se de acordo com o artigo supramencionado que a presença do

ofendido se faz indispensável, na maioria dos casos, pois é por meio da dita

presença que são feitos esclarecimentos sobre a autoria da infração penal e sob

que circunstâncias acontecerá. Desta forma, que se permite a condução coercitiva

do ofendido por autoridade competente, após devidamente cumprida à intimação,

caso ocorra o seu não comparecimento sem justo motivo. Ao dispor a autoridade

(27)

aplicando o mesmo raciocínio previsto no artigo 6º, inciso VI do Código de Processo

Penal.

No entanto, a condução coercitiva do ofendido é restrita aos casos em

que os inquéritos policiais tratam de fatos que configure ação penal pública

condicionada ou incondicionada. No caso de fatos que configurem ação pública

condicionada, deverá ser precedida de representação do ofendido tempestivamente.

Em inquérito policias que versam sobre crimes que configuram ação

penal privada, havendo condução coercitiva do ofendido caracterizará

constrangimento ilegal, com base no que arrazoa o artigo 57 do Código de Processo

Penal.

Preconiza Britto (2011, p. 07) que:

Uma vez recepcionada determinação a condução coercitiva pela autoridade policial quando confrontada com a constituição em vigor, cumpre observar que a palavra “autoridade” se encontra sistematizada no Código de Processo Penal de forma que, quando se pretendeu individualizar a autoridade policial ou judiciária, utilizou-se não do gênero autoridade, mas sim de designações específicas como autoridade policial, autoridade judiciária, ou juiz.

Então, o ofendido pode, se necessário, ser conduzido coercitivamente

para oitiva em audiência. Contudo, no caso de realização de exame pericial, o

ofendido só poderá ser conduzido coercitivamente se o exame a ser realizado não

for de caráter invasivo, não caracterizando nesse caso responsabilização por crime

de desobediência, tampouco lhe implicando multa.

Nesse contexto, Brasileiro (2013, p. 136) assevera:

O art. 219 trata de consequências para a testemunha que não se aplicam ao ofendido. O ofendido não se confunde com testemunha. Não responde por crime de falso testemunho; porém, pode responder pelo crime de denunciação caluniosa. Valor probatório relativo das declarações do ofendido/da vítima.

4.3 – Condução coercitiva da testemunha

O Código de Processo Penal, em seu artigo 458 cuida da condução

coercitiva da testemunha, destacando que: “Se a testemunha, sem justa causa,

deixar de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela

desobediência, aplicar-se-á a multa prevista no § 2° do artigo 436 deste Código”.

(28)

”A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não for possível, por outro modo, obtiver-se ou integrar-se a prova do fato e de suas circunstâncias”.

Percebe-se de pronto que a testemunha arrolada nos autos, que

injustificadamente não atender à intimação ora lhe feita durante inquérito policial,

poderá, com o amparo legal, ser determinada por autoridade competente a sua

condução coercitiva.

Reis e Gonçalves (ano) lembram a necessidade de ser respeitado o

tempo preceituado por lei quanto à conclusão do inquérito policial, sendo somente

admitido adiamento de julgamento nos casos em que a ausência de testemunha

arrolada é imprescindível para o procedimento.

Vale ainda observar, que quando a testemunha não puder ser conduzida

coercitivamente ate a presença de autoridade competente, deverá ser indicado o

endereço e o requerimento de intimação por mandado.

Discorre Fuller, Junqueira e Machado (2012, p. 166) sobre o assunto:

Uma vez regularmente notificada (pessoalmente), surge para a testemunha o dever de comparecer perante a autoridade policial ou judicial para prestar depoimento, consubstanciando um dever cuja inobservância implica a sujeição às sanções legais. Por esse motivo, a autoridade que haja notificado determinada pessoa para prestar depoimento, ante sua ausência injustificada na data, horário e local designados, pode determinar a condução coercitiva da testemunha faltosa (emprega-se, igualmente, a expressão “condução debaixo de vara” para designar a possibilidade de condução coercitiva, podendo, para tanto, requisitar inclusive o concurso de força policial, art. 218, CPP).

Todavia, ocorrendo à ausência de intimação da testemunha, haverá a

chamada renovação processual, e não sendo oportunizadas as partes integrantes

do processo o arrolamento de testemunhas para que haja a produção de prova

testemunhal, ocorrerá à nulidade absoluta. Entendem os doutrinadores Távora e

Alencar (2013, p. 1122), que o fato também “pode ocorrer com o juiz que veda a

intimação das testemunhas arroladas na denúncia, queixa e ou na defesa preliminar

do acusado”.

A testemunha que por ventura não comparecer à audiência e tiver

determinada por autoridade competente sua condução coercitiva, poderá causar a

invalidação processual, se as partes integrantes do processo não aceitarem sua

(29)

Também existe a possibilidade em que o juiz não determina a condução coercitiva

da testemunha por entender que sua oitiva é desnecessária, caso este em que pode

ser alegada pelo interessado nulidade relativa desde que comprovado o prejuízo

processual.

Observa-se que os funcionários públicos são equiparados a qualquer

cidadão, no que tange a serem intimados a prestarem esclarecimentos como

testemunha, sendo inclusive submetidos à condução coercitiva, se preenchido os

requisitos previstos em lei para que haja o seu cumprimento, diferindo apenas que o

seu superior deverá ser comunicado.

4.4 – Condução coercitiva no Tribunal do júri

4.4.1 – Condução coercitiva no Tribunal do júri da testemunha

A condução coercitiva da testemunha no procedimento do júri encontra

previsão no artigo 461 e seus parágrafos 1 e 2, do Código de Processo Penal, como

observamos descritos a baixo:

Art. 461. O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização.

§ 1o Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua condução.

§ 2o O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a testemunha não ser encontrada no local indicado, se assim for certificado por oficial de justiça.

É importante frisar que, de acordo com o artigo 461, parágrafo 1º do

citado diploma legal, a falta injustificada da testemunha, devidamente arrolada e

intimada, incorrerá em crime de desobediência, aplicação de multa de 01 (um) a 10

(dez) salários mínimos que será arbitrada em consonância com a condição

financeira da testemunha, bem como caberá também ordenar o julgamento para o

primeiro dia desimpedido (determinando assim sua condução coercitiva).

O fato é que esta interpretação evoluiu e se estendeu a todo e qualquer

sujeito processual que, devidamente intimado, deixar de comparecer

(30)

Ressaltamos que no Capítulo 2 que trata “Dos Instrumentos de Atuação”,

no inciso I, do artigo 8º, da Lei Orgânica do Ministério Público da União, da Lei

Complementar de Nº 75, de 20 de maio de 1993, em seu inciso I frisa que é possível

“notificar as testemunhas e requisitar a sua condução coercitiva, no caso de

ausência injustificada” e ainda ”realizar inspeções e diligências investigatórias”,

conforme complementa o seu inciso V do mesmo artigo.

4.4.2 – Condução coercitiva no Tribunal do Júri do suspeito ou réu

No tocante ao suspeito ou réu, segue o artigo 260 do Código de Processo

Penal é possível citar que: “Se o acusado não atender à intimação para o

interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser

realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo a sua presença”.

Logo, pode-se entender que para que haja a condução coercitiva do

suspeito ou réu exige-se a prévia intimação.

4.4.3 – Condução coercitiva autônoma no Tribunal do Júri

A condução coercitiva autônoma não esta prevista no rol do artigo 319 do

Código de Processo Penal, por derivar do poder de cautela detido pelos

magistrados, podendo ser considerada como uma cautelar pessoal substitutiva das

prisões processuais.

Possui tal denominação vez que não depende de prévia intimação da

parte integrante do processo ou de qualquer pessoa, podendo ser decretada pelo

juiz criminal competente, quando não for cabível a prisão preventiva e a prisão

temporária, visando à obtenção de informações relevantes para a elucidação do fato

ilícito.

Destarte, ressalta-se que a referida medida deve ser executada no

mesmo dia da deflagração vez seu grau de importância e complexidade. Contudo,

tendo o cuidado em evitar a exposição pública do ora conduzido.

Afirma Aras (2013) que:

(31)

necessidade de acautelar a coleta probatória durante a deflagração de uma determinada operação policial ou permitir a conclusão de certa investigação criminal urgente (ARAS, 2013, p. 02).

Assim, entende-se que a condução coercitiva autônoma é a medida

cautelar mais branda fora do artigo 319 do Código de Processo Penal adotada pelo

Estado, com o fito de restringir a liberdade pessoal somente durante o período que

são tomadas as medidas cabíveis e urgentes para a produção de provas, durante a

fase executiva da persecução penal.

Ressalta-se que o Ministério Público não pode requisitar a condução

coercitiva de suspeitos ou investigados sem a intervenção judicial, todavia a

condução coercitiva autônoma recai em suma sobre o suspeito ou investigado.

Acerca da condução coercitiva do suspeito ou investigado, o egrégio

Supremo Tribunal Federal7

decidiu:

HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL PENAL. CONDUÇÃO DO INVESTIGADO À AUTORIDADE POLICIAL PARA ESCLARECIMENTOS. POSSIBILIDADE. INTELIGÊNCIA DO ART. 144, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E DO ART. 6º DO CPP. DESNECESSIDADE DE MANDADO DE PRISÃO OU DE ESTADO DE FLAGRÂNCIA. DESNECESSIDADE DE INVOCAÇÃO DA TEORIA OU DOUTRINA DOS PODERES IMPLÍCITOS. PRISÃO CAUTELAR DECRETADA POR DECISÃO JUDICIAL, APÓS A CONFISSÃO INFORMAL E O INTERROGATÓRIO DO INDICIADO. LEGITIMIDADE. OBSERVÂNCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE JURISDIÇÃO. USO DE ALGEMAS DEVIDAMENTE JUSTIFICADO. CONDENAÇÃO BASEADA EM PROVAS IDÔNEAS E SUFICIENTES. NULIDADE PROCESSUAIS NÃO VERIFICADAS. LEGITIMIDADE DOS FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA E CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL. ORDEM DENEGADA. I – A própria Constituição Federal assegura, em seu art. 144, § 4º, às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais. II – O art. 6º do Código de Processo Penal, por sua vez, estabelece as providências que devem ser tomadas pela autoridade policial quando tiver conhecimento da ocorrência de um delito, todas dispostas nos incisos II a VI. III – Legitimidade dos agentes policiais, sob o comando da autoridade policial competente (art. 4º do CPP), para tomar todas as providências necessárias à elucidação de um delito, incluindo-se aí a condução de pessoas para prestar esclarecimentos, resguardadas as garantias legais e constitucionais dos conduzidos. IV – Desnecessidade de invocação da chamada teoria ou doutrina dos poderes implícitos, construída pela Suprema Corte norte-americana e e incorporada ao nosso ordenamento jurídico, uma vez que há previsão expressa, na Constituição e no Código de Processo Penal, que dá poderes à polícia civil para investigar a prática de eventuais infrações penais, bem como para exercer as funções de polícia judiciária. V – A custódia do paciente ocorreu por decisão judicial fundamentada, depois de

7

Informação retirada do Recurso de Habeas Corpus do STF – HC 107644, de SP, de 17/10/2011, do

site do Jusbrasil, encontra-se disponível em:

(32)

ele confessar o crime e de ser interrogado pela autoridade policial, não havendo, assim, qualquer ofensa a clausula constitucional da reserva de jurisdição que deve estar presente nas hipóteses dos incisos LXI e LXII do art. 5º da Constituição Federal. VI – O uso de algemas foi devidamente justificado pelas circunstâncias que envolveram o caso, diante da possibilidade de o paciente atentar contra a própria integridade física ou de terceiros. […]. (STF, HC 107644/SP, relator min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, julgado em 06/09/2011, publicado em 18-10-2011).

De acordo com tal decisão, nota-se que o Supremo Tribunal Federal

admitiu a condução coercitiva do suspeito à Delegacia de Polícia sem mandado

judicial, pois dita medida se reveste nos poderes implícitos da autoridade

(33)

5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se entender que na condução coercitiva o acusado ou investigado é

detido, possuindo o seu direito de ir e vir restringido por um determinado período de

tempo, em que deve ser acompanhado até a presença de autoridade competente,

visando prestar esclarecimentos sobre a investigação preliminar ou do ato

processual penal em que a sua presença seja tida como indispensável. Vale

lembrar que na condução coercitiva o investigado não é preso, ou seja, não há que

se falar em prisão preventiva nem temporária.

Nota-se que ao ser conduzido coercitivamente o acusado/investigado não

é obrigado a prestar esclarecimentos, pois não é obrigado a produzir prova contra si

mesmo, detendo o direito de permanecer calado, não sendo ainda a sua condução

coercitiva para ser interrogado, pois este procedimento está protegido pelo direito ao

silêncio. Neste caso, não há nexo para que o acusado seja conduzido

coercitivamente para um ato no qual se possa calar.

Todavia, para fins de reconhecimento é permitida a condução coercitiva,

pois o citado procedimento não está protegido pelo direito de produzir prova contra

si mesmo ou pelo princípio do nemo tenetur se detegere, sendo conhecido como um ato que não demanda nenhum comportamento ativo por parte do

acusado/investigado, ou seja, será apenas tolerado nesta parte o reconhecimento.

Observa-se, ainda, que em se tratando de figura pública ou de notória publicidade

não se faz necessário a medida.

Nucci (2014) entende que, caso o acusado/ investigado for conhecido e já

qualificado, poderá optar por não comparecer, fazendo valer o seu direito ao

silêncio, sem a necessidade de qualquer medida coercitiva para obrigá-lo a se fazer

presente em juízo, pois, como descrito ao longo do desenvolvimento da pesquisa, a

condução coercitiva não é a regra, como aparenta ser pela redação do art. 80, mas

uma exceção, que somente se deve determinar a sua condução coercitiva se o tiver

sido intimado e as suas declarações forem fundamentais para a produção da prova,

caso contrário tem o seu direito de permanecer calado.

Diante de exposto, conclui-se que quanto ao acusado/investigado, o

procedimento da condução coercitiva se dá em casos excepcionais, após de ser

regularmente intimado, que se negando a comparecer injustificadamente, e desde

(34)

indispensável, buscando nesta situação levar sempre em consideração a todos os

casos de suas garantias individuais.

Embora a condução coercitiva não esteja elencada no rol de medidas

cautelares diversas de prisão, pode-se considerar a referida condução como medida

cautelar de coação pessoal, possuindo natureza urgente que recai sobre a liberdade

de locomoção do acusado/investigado ou do acusado, estando resguardados o

presente argumento nas transcrições dos artigos 319 e 320 do Código de Processo

Penal Brasileiro.

Por fim, o Código de Processo Penal Brasileiro não especifica quem é a

autoridade competente para expedir mandado de condução coercitiva, falando

somente em autoridade sem especificar que autoridade seria, com isso passou a

existir dois entendimentos distintos: o primeiro entende que somente o juiz possui o

poder de condução coercitiva, não cabendo à autoridade policial, uma vez que a

medida, mesmo que por curto período de tempo, importa em restrição de liberdade;

e o segundo entendimento é que tanto as autoridades judiciárias no curso do

processo, quanto à autoridade policial no decorrer do inquérito policial possuem

legitimidade para determinar a condução coercitiva do acusado/investigado,

encontrando respaldo na Teoria dos Poderes Implícitos.

Arrazoa a Teoria dos Poderes Implícitos, que se a Constituição Federal

preceitua fins, deve permitir a utilização dos meios necessários para o cumprimento

dos fins determinados por ela, sempre resguardando as garantias individuais

estabelecidas pela própria Carta Magna.

Nesse sentido, segue o julgado do Supremo Tribunal Federal (2011) de nº

107.644-SP, da 1ª Turma, do rel. Min. Ricardo Lewandowski, que trata do Habeas

Corpus no aspecto Constitucional e Processual Penal, quanto à Condução do

Investigado à Autoridade Policial para esclarecimento ficou evidente a aplicabilidade

do § 4º, do art. 144, da CF/88 e do art. 6º do CPP no contexto dessa temática; além

de poder constatar na prática alguns pontos que foram levantados e debatidos nesta

pesquisa.

Conclui-se que o entendimento mais plausível é o que afirma ser cabível

a condução coercitiva pela autoridade policial no curso do inquérito policial, após a

devida autorização judicial para este ato, uma vez demonstrada à importância do

(35)

individuais, encontrando a referida conclusão respalda também, no que preconiza o

(36)

REFERÊNCIAS

ARAS, Vladimir. Debaixo de vara: a condução coercitiva como cautelar pessoal autônoma. 2013. Artigo disponível em: <http://m.acordacidade.com.br/noticias/110312/debaixo-de-vara-a-conducao-coercitiva-como-cautelar-pessoal-autonoma.html>. Acesso em: 20 jun. 2016.

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CAPPELLETTI, Mauro. Juízes Legisladores? Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1993.

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GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Vol. I, 10. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2008, p.496.

(37)

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MACHADO, Antonio Alberto. Teoria Geral do Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2009, p.268.

MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. Vol. I. São Paulo: Atlas, 2007, p.252.

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