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Pesquisa e Ação V4 N2: Novembro de 2018 ISSN

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Pesquisa e Ação V4 N2: Novembro de 2018 ISSN 2447-0627 BENEFÍCIOS DA FISIOTERAPIA AQUÁTICA NA REABILITAÇÃO DE INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN: UMA REVISÃO DA LITERATURA1

Ana Carolina Cunha Ferreira1; Sthephannie Honório de Freitas1; Wendel Alves de Oliveira2; Luciana Alécio Cabanelas3; Laila Moussa4

RESUMO

A Síndrome de Down (SD) é uma alteração genética conhecida pelas características físicas, onde os indivíduos apresentam dificuldades motoras, principalmente as que envolvem o equilíbrio e realizações das atividades de vida diária, por isso é importante a intervenção fisioterapêutica. Objetivo: Avaliar os benefícios da Fisioterapia Aquática na reabilitação de indivíduos com SD como método complementar de tratamento fisioterapeutico.

Metodologia: Estudo teórico, de revisão da literatura, cujo os dados foram coletados através do levantamento das produções científicas de artigo original, experimental, que tivesse como objetivo avaliar os efeitos da fisioterapia aquática no paciente com SD.Resultados: Foram selecionados quatro artigos de acordo com os critérios de inclusão e exclusão. Conclusão: A Fisioterapia Aquática mostra sua importância para a reabilitação em indivíduos com Síndrome de Down, minimizando efeitos negativos da própria disfunção genética, favorecendo os aspectos motores com ganho de força muscular associada a resistência oferecida pela água para melhor qualidade de vida e melhor desempenho voltado ao desenvolvimento motor.

Palavras - Chave: Fisioterapia Aquática; Hidroterapia; Síndrome de Down.

ABSTRACT

The down's syndrome (DS) it's a genetic alteration knowledge as physicals characteristics where individuals shows motor issues, specially involving the balance and the regular daily tasks, because of it is important the aquatic physiotherapist intervention. Objectives: Measure the physioterapist benefits in the DS rehab like a physiotherapistics treathment complementary method. Methodology: Theory study, literature review, the data was collected by scientific productions from original articles experimental whos objectives was measure the physiotherapy effects in the DS patient. Results: Four articles were selected according to the inclusion and exclusion criteria. Conclusion: The aquatic physiotherapy shows your importance for the rehab of the DS individuals, decreasing the negative effects of the own genetic dysfunction being favorable to motor aspects with gain of muscle strength associateds to the water resistence who offer better life quality and better performance to the motor development.

Key words: Physiotherapy; Hidro therapy; Down's syndrome.

1 INTRODUÇÃO

Considerada atualmente a causa genética mais comum de deficiência intelectual, a Síndrome de Down (SD) tem uma incidência de aproximadamente um para cada 700-1000 nascidos vivos. Na maioria dos casos, essa síndrome está associada à “trissomia do 21”, que é à presença de três cromossomos 21, ao invés de dois, em todas as células do organismo. Essa alteração na dosagem genética, por sua vez, é responsável por uma série de comprometimentos no desenvolvimento neurológico dessas crianças, destacados pelo atraso

1Trabalho de Conclusão, apresentado ao Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Braz Cubas, como parte das exigências para a obtenção do título de Fisioterapeuta.

2 Discentes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Brazcubas

3 Orientadora de Conteúdo do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Brazcubas.

4 Orientadora Metodológica do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Brazcubas.

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no desenvolvimento neuropsicomotor e a presença de prejuízos variados em suas funções cognitivas (FREIRE et al, 2012).

Para identificar as alterações celulares se utiliza, como diagnóstico o exame do cariótipo, mas o mesmo não determina qual será a protuberância das características nesse indivíduo, sejam elas físicas ou intelectuais, uma vez que, não existem graus classificatórios para a SD. Em países considerados desenvolvidos a expectativa de longevidade das pessoas que possuem essa patologia está compreendida de cinco a seis décadas, em média 56 anos no Brasil esses dados não se alteram, já que a expectativa de vida está em torno dos 50 anos de idade. Porém, vale lembrar que as pessoas que possuem a SD estão constantemente mais longevas por conta dos avanços em sua qualidade de vida e atendimentos especializados (TRINDADE; NASCIMENTO, 2016).

Como principais características físicas encontradas em pessoas com SD temos as faciais, a braquicefalia (diâmetro fronto-occipital bastante reduzido), fissuras nas pálpebras inclinadas superiormente, pregas epicânticas (pregas de pele que cobrem os cantos interiores das pálpebras) base do nariz achatada, face com diminuição acentuada na atividade de formação de tecidos em sua porção medial e sua língua é hipotônica e levemente deslocada para frente. Outras características ligada à pessoa com SD são notoriamente o pescoço encurtado, clinodactilia (deformação) do 5º dedo das mãos, distância aumentada que compreende o 1º e 2º dedos dos pés e geralmente apresentam baixa estatura. Crianças com esta síndrome apresentam hipotonia muscular, articulações mais fragilizadas e uma hipermobilidade, alterações motoras e no sistema endócrino (principalmente relacionados a tireóide) e extrema sonolência (TRINDADE; NASCIMENTO, 2016).

As inúmeras características presentes na SD como o atraso mental, a hipotonia

generalizada em diferentes graus e a hiperflexibilidade das articulações, limitam as

experiências visuais, vestibulares, táteis e proprioceptivas, refletindo em um baixo repertório

motor. A hipotonia muscular, a hipermobilidade articular e os déficits no controle postural

limitam a velocidade e a coordenação dos movimentos. O atraso no desenvolvimento mental

influência a capacidade de aprender novas habilidades motoras, uma vez que falta a

curiosidade de conhecer o ambiente e com isso falta a motivação para explorá-lo. Os déficits

sensoriais podem interferir no controle da postura, dos movimentos, do equilíbrio e da

coordenação, assim como na aprendizagem motora (TOBLE et al, 2013).

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Em suma, a mais preocupante característica ligada a esta patologia está relacionada às duas primeiras vértebras da cervical (articulação atlanto – axial), pois devido à sua maior instabilidade e hipermobilidade requerem cuidados na mesma proporção, visto que traumas nessa região podem causar lesões raqui medulares e consequente tetraplegia (TRINDADE;

NASCIMENTO, 2016).

Em decorrência da obstrução das vias aéreas superiores, indivíduos com SD tem tendência a apresentarem complicações respiratórias, cardiopatias congênitas, hipertensão pulmonar, hipoplásia pulmonar, apneia obstrutiva do sono, imunodeficiência, obesidade relativa e hipotonia, que podem ser agravadas pela fraqueza generalizada da musculatura do tronco e das extremidades, bem como aos desvios posturais adotados por estes indivíduos (CASTOLDI et al.,2012).

Fatores ambientais influenciam diretamente o desenvolvimento motor nos primeiros anos de vida, visto que os ambientes ricos em estímulos favorecem o desenvolvimento motor, com destaque para habilidades motoras finas, e por outro lado, crianças criadas em ambientes superprotetores podem ser tornar mais dependentes de seus cuidadores, se tornando assim, menos independentes. Além disso, fatores de risco como nascimento pré-termo, síndromes e outras condições podem interferir no desenvolvimento da motricidade fina, possivelmente afetando a participação das crianças em tarefas do dia-a-dia como se vestir, se alimentar e até mesmo brincar (COPPEDE et al.,2012).

Um recurso terapêutico bastante utilizado é a fisioterapia aquática (FA) com seus efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos advindos da imersão do corpo em piscina aquecida como recurso auxiliar da reabilitação ou prevenção das alterações funcionais. A ação terapêutica da água aquecida acarreta no aumento do metabolismo e na diminuição da tensão muscular, proporcionando assim um ambiente agradável, confortável e relaxante. Além disso, um dos efeitos provocados pela imersão na água, seria o aumento dos níveis de dopamina no sistema nervoso central, que se mantêm por algumas horas após a imersão (SILVA et al., 2013).

Em ambiente aquático o empuxo tem como efeito a redução do peso corporal, e a

força de arrasto aumenta a resistência à caminhada. Sendo assim, suportar o peso corporal em

ambiente aquático se torna mais fácil, quando comparado ao ambiente terrestre, pois diminui

o impacto no sistema musculoesquelético causando uma maior facilidade em controlar os

movimentos. A atividade física treinada dentro da água tem proporcionado benefícios físicos

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em diferentes populações. A literatura mostra que a mesma permite a manutenção do condicionamento aeróbico, pois os exercícios hidroterápicos ocasionam o uso correto da mecânica corpórea e a pratica de exercícios conduzidos ao problema (CARVALHO et al., 2015).

Com o passar dos anos, o valor do uso da água como procedimento terapêutico em

um programa de tratamento foi elevado. Tal confirmação se dá pelo fato da água apresentar

características físicas, como densidade, flutuação e pressão hidrostática, que favorecem a

movimentação do corpo de forma mais leve e livre, e estar embasada nos princípios

indispensáveis da hidrodinâmica e da termodinâmica, com as quais estão relacionados quase

todos os efeitos biológicos da imersão. Tais características destacam a importância da água

como meio rico em estímulos táteis e proprioceptivos para a intervenção terapêutica

ocupacional, comprovado que estes estímulos são essenciais para a percepção do esquema

corporal (PÔRTO; IBIAPINA ., 2010).Procurando a melhoria da qualidade de vida destes

sujeitos, a fisioterapia está incluída como parte de um programa de atendimento

multiprofissional do portador de SD. Esta deve salientar o tratamento do baixo tônus

muscular, que dificulta os processos e aquisição do controle dos movimentos voluntários

contra a gravidade, a melhora da capacidade respiratória, da força muscular, da coordenação

motora, da forma física em geral e das atividades funcionais através de diferentes métodos,

incluindo estimulação precoce, atividades aeróbias, equoterapia e hidroterapia, dentre outras

(CASTOLDI et al., 2012).As propriedades físicas da água como turbulência, pressão

hidrostática, empuxo, viscosidade e tensão superficial viabilizam que os movimentos dos

indivíduos se tornem mais lentos, proporcionando desta forma, que sua reação seja mais

eficaz, gerando ao indivíduo um tempo menor para estabelecer respostas e reação ao

desequilíbrio. O lúdico utilizado nos exercícios aplicados estimularam o interesse e a

participação na realização dos exercícios por tempo maior, gerando assim, alterações no

sistema neural, aumentando a capacidade funcional do cérebro na organização e

processamento de informações sensoriais, estimulando o desenvolvimento motor (MATIAS et

al .,2016).

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2 OBJETIVO

OBJETIVO GERAL

Revisar na literatura os benefícios da Fisioterapia Aquática na reabilitação de indivíduos com Síndrome de Down.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar os principais objetivos de tratamento;

Identificar os principais métodos utilizados;

Identificar os principais ganhos obtidos.

3 METODOLOGIA

Estudo teórico, de revisão da literatura, cujo os dados foram coletados através do levantamento das produções científicas sobre Fisioterapia Aquática em indivíduos com Síndrome de Down entre os anos 2001 e 2017. As bases de dados utilizadas foram Scielo (Scientific Electonic Library Online), Lilacs ( Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), Pubmed (Public Medline or Publisher Medline), e os descritores foram Fisioterapia Aquática, Hidroterapia e Síndrome de Down. Como critérios de inclusão foram adotados: artigo original, experimental, que tivesse como objetivo avaliar os efeitos da fisioterapia aquática no paciente com SD; publicado entre os anos de 2001 e 2017, nas línguas inglesa e portuguesa.

Como critérios de exclusão foram adotados: artigos de revisão da literatura ou que não tivessem como objetivo avaliar os efeitos da Fisioterapia Aquática na SD. Para a organização das informações foi utilizada a leitura flutuante dos resumos do trabalho identificando - se o objetivo. Os artigos selecionados foram lidos na íntegra pelos autores para a coleta de dados referente a metodologia e resultados (sendo 16 artigos encontrados, 12 destes excluídos e 4 selecionados). Os dados foram registrados e tabulados para posterior análise.

4 RESULTADOS

Através dos critérios de inclusão e exclusão, quatro artigos foram selecionados para

este estudo e estão relacionados na Tabela 1.

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Tabela 1 – Estudos selecionados

AUTOR OBJETIVO MÉTODO RESULTADOS CONCLUSÃO

Pôrto et al. (2010)

Analisar o efeito do ambiente aquático enquanto cenário terapêutico

ocupacional no desenvolvimento do esquema corporal de uma criança com SD, considerando-se as propriedades terapêuticas da água.

Amostra: Uma criança com SD do sexo feminino, de 10 anos de idade.

Avaliação: Anamnese,

avaliação do

desenvolvimento

neuropsicomotor, e o diário de campo para registro das observações clínicas durante as sessões.

Procedimento: Estas informações foram organizadas e analisadas com base no raciocínio clínico do terapeuta ocupacional e, em seguida, descritas como estudo de caso.

Observou-se evolução no desenvolvimento das habilidades

relacionadas ao esquema corporal, tais como percepção das partes finas do próprio corpo, partes amplas no corpo do outro, imitação de posições,

culminando com

participação mais ativa nas atividades da vida diária.

Verificou-se a eficácia

das atividades

terapêuticas

ocupacionais realizadas no ambiente aquático para o desenvolvimento do esquema corporal da criança em estudo. Isso pode ser útil para a realização de novas pesquisas sobre a temática, cuja literatura é escassa e contribuindo para a crescente atualização das práticas da Terapia Ocupacional.

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AUTOR OBJETIVO MÉTODO RESULTADOS CONCLUSÃO

Castoldi et al.

(2012)

Verificar possíveis alterações na força muscular e na capacidade

respiratória de pacientes com SD

submetidos ao

método

hidroterapêutico de Bad Ragaz.

Amostra: 54 indivíduos com SD, com idades entre 16 a 31 anos.

Avaliação: Avaliações e a intervenção

hidroterapêutica

ocorreram em dez encontros.

Procedimento: No 1º e no 10º encontros, foram realizadas as avaliações da força muscular através do Teste Muscular Manual e da força muscular

respiratória com

Manovacuômetro. Nos demais foram aplicadas técnicas do método hidroterapêutico de Bad Ragaz.

Ocorreram diferenças significativas nos pacientes, antes e após a intervenção, para os seguintes parâmetros testados: extensores de tronco e ombro, abdutores de ombro, flexores de cotovelo, extensores de cotovelo, flexores de quadril, extensores de joelho e pressão expiratória máxima.

O método de Bad Ragaz se mostrou eficiente para aumento da força

muscular e

respiratória para a

maioria dos

parâmetros testados.

Toble et al.(2013)

Investigar a eficácia da hidrocinesioterapia

como método

complementar de tratamento

fisioterapêutico na

aquisição de

habilidades motoras grossas de um lactente com SD e deficiência auditiva

Amostra: 1 lactente com SD, sexo masculino, 1 ano e 4 meses de idade, com perda auditiva bilateral de

grau severo

Avaliação: Avaliado por meio da Alberta Infant Motor Scale (AIMS), na pré-intervenção e nas Etapas I e II da pós- intervenção.

Procedimento:Na Etapa I, foi realizada a intervenção em solo, baseada no conceito neuroevolutivo; na Etapa II, intervenção em solo e na hidrocinesioterapia.

Totalizaram ambas as etapas 24 sessões.

Após as Etapas I e II, foi observado aumento de três pontos no escore bruto da AIMS, passando de 11 para 14 habilidades na Etapa I, e a 17 habilidades na Etapa II. Após a Etapa I, ocorreram ganhos de um ponto nos escores das posturas supino, sentado e em pé, e após a Etapa II, ganho de um ponto no escore da postura prona e dois na postura sentada.

A intervenção

hidroterapêutica

propiciou a

estimulação sensorial e o aprimoramento do controle e do fortalecimento dos músculos do tronco do lactente com SD, refletindo melhor desempenho motor

nas posturas

antigravitacionais , prona e sentada.

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AUTOR OBJETIVO MÉTODO RESULTADOS CONCLUSÃO

Matias et al. (2016)

Avaliar os efeitos dos exercícios psicomotores realizados em ambiente

aquático no

equilíbrio de crianças com SD.

Amostra: 2 crianças com SD, sendo uma do sexo feminino e outra masculino, com média de idade de 9,5 anos.

Avaliação: A avaliação psicomotora por meio da Escala Rosa Neto onde foi possível avaliar as seguintes habilidades motoras:

motricidade fina,

motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade, além de determinar a idade motora geral e o quociente motor das crianças.

Procedimento: Ambas as crianças foram submetidas a um programa de exercícios psicomotores em ambiente aquático, duas vezes na semana, com duração de 45 minutos, por um período de 12 semanas.

Após 12 semanas de aplicação do programa de exercícios psicomotores em ambiente aquático, foi possível verificar que ambos os participantes obtiveram melhora na idade motora geral,

quociente motor,

classificação geral do desenvolvimento e no equilíbrio.

Os exercícios psicomotores em ambiente aquático promoveram

melhora do

equilíbrio em crianças com SD.

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5 DISCUSSÃO

A dificuldade da seleção sensorial, o déficit de equilíbrio apresentado pelos indivíduos com SD também é influenciado por outros fatores, tais como: atraso da maturação cerebelar, tamanho diminuído do cerebelo, e o tronco cerebral, co-contração inadequada causada por fraqueza muscular, disfunção do processo de integração sensorial e pela hipotonia (MATIAS et al, 2016).

As restrições intrínsecas como a hipotonia muscular e a hipermobilidade articular contribuem para o atraso no desenvolvimento motor, para a lentidão na realização dos movimentos e para alterações no controle postural. Essas características diminuem a possibilidade de experiências motoras e de exploração do ambiente, o que prejudica o desempenho das habilidades motoras finas e destreza manual (COPPEDE et al, 2012).

Os efeitos fisiológicos que a imersão e água aquecida favorecem sobre o corpo e a homeostase podem ter resultados imediatos e tardios. Sendo assim, a água pode ser utilizada como fins terapêuticos, trazendo como consequência benefícios para pacientes neurológicos (ORSINI et al, 2010).

Os aspectos motivacionais e as propriedades terapêuticas da água estimulam o desenvolvimento, a aprendizagem cognitiva e o poder de concentração, pois o aprendiz descobre seu próprio corpo dentro da água buscando compreender os movimentos que o mesmo realiza. Na atividade aquática são solicitados canais exteroceptivos, proprioceptivos e interoceptivos (Pôrto et al, 2010).

O padrão de marcha desses indivíduos apresenta-se alterado. Ocorre aumento da base de sustentação, oscilação do tronco e cabeça, aumento da flexão dos quadris, dos joelhos e do tronco, rotação externa de quadril e ligeira diminuição na dorsiflexão de tornozelo. A fraqueza muscular dos músculos principais para a realização da marcha, apresentada por indivíduos com SD, é um fator importante para que realizem compensações, tais como a perda de velocidade, da amplitude de movimento, queda passiva do pé, atraso no balanço inicial e inclinação do tronco durante a deambulação. O déficit de equilíbrio e proprioceptivo também contribui para alterações na marcha, privando o indivíduo de estabelecer conhecimento da posição do joelho, quadril e tornozelo (BORSSATTI et al, 2013).

Os individuos com SD, apresentam dificuldades para escolher a modalidade sensorial

adequada para o controle da postura, principalmente quando existem diferentes informações a

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respeito da posição do corpo sobre o espaço, influenciando diretamente no aumento do tempo de resposta da reação de endireitamento. Os déficits sensoriais podem interferir no controle postural, na coordenação e na aprendizagem motora (MATIAS et al, 2016).

As dificuldades de equilíbrio causam limitações nas habilidades funcionais dos indivíduos com SD, como, por exemplo, vestir-se sozinho, participar de jogos, brincadeira escolares, deambular, subir e descer escadas, sendo, portanto, necessárias intervenções precoces para melhorar a independência desses indivíduos. As crianças com SD possuem afinidade natural com a água, sendo fundamental utilizar o ambiente ao máximo para melhorar o seu desenvolvimento psicomotor (MATIAS et al, 2016).

A Fisioterapia Aquática em indivíduos com SD promove a liberdade dos movimentos, e aumenta a sociabilização, sendo representada por um ambiente agradável e rico em estímulos, auxiliado por atividades lúdicas envolvidas por objetivos terapêuticos (JANAINA et al, 2011).

As anormalidades anatômicas e fisiológicas nos portadores de SD expõem estes individuos a maior sensibilidade ao desenvolvimento de infecções respiratórias. São os problemas respiratórios as principais causas de internações hospitalares e de mortalidade (CASTOLDI et al, 2012).

Moura et al. (2009) relataram que devido ao hipotireoidismo, as crianças com SD tendem a obesidade, o que geralmente influencia principalmente no desempenho de atividades motoras grossas A obesidade como patologia associada está diretamente relacionada ao baixo tônus muscular do sistema digestório com ênfase no duodeno e o pâncreas anular, que ocorre quando o tecido pancreático sobrepõe o duodenal. Assim como a obesidade, cardiopatias também são bastante comuns nesse público (MARTIN; MENDES; HESSEL, 2011).

Dentre os métodos utilizados na Fisioterapia Aquática, o método Bad Ragaz presente neste estudo e citado por Castoldi (2012) fornece a resistência pela viscosidade e pela turbulência da água, e as mudanças frequentes na direção do movimento também exercem resistência.

Os objetivos do tratamento aquático são: alongar e fortalecer a musculatura,

aumentar ou melhorar a amplitude de movimento, reduzir a dor, corrigir posturas, melhorar a

respiração, a propriocepção, a circulação periférica, as condições cardiovasculares e

metabólicas, melhorar a resistência aeróbia, as atividades funcionais com o desenvolvimento

de capacidade funcionais, além de benefícios psicológicos (MATTOS, 2004).

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O objetivo deste trabalho foi encontrar na literatura trabalhos que avaliassem os efeitos da FA no paciente com SD. Apesar de esta síndrome ser uma das mais comuns de alteração genética, os estudos que mostram o acompanhamento do desenvolvimento motor e os efeitos das diversas intervenções nesse paciente são escassos, limitando-se muitas vezes em estudos de caso, com metodologia não reproduzível e resultados vagos, contribuindo para despertar o interesse para novos estudos neste campo de atuação.

Os achados na literatura têm objetivos diferentes em determinada fase do desenvolvimento motor e para as alterações desta síndrome, sendo observado pelas diferentes faixas etárias nas amostras dos estudos.

O desenvolvimento motor pode ser descrito como processo natural que altera o comportamento de um indivíduo, podendo ser influenciado por diversos fatores como o nível de exigência da tarefa a ser executada, fatores intrínsecos ao indivíduo, como a sua predisposição genética ou fatores extrínsecos, geralmente relacionados ao ambiente no qual o sujeito cresceu e se desenvolveu. Assim como as oportunidades e os estímulos aos quais foram submetidos ao longo desse período (ANDRADE et al. 2004; RODRIGUES et al.

2013).

Dentre estes fatores a correlação entre ambiente e características genéticas ganha destaque, pois são de suma importância para a compreensão do desenvolvimento motor (GALLAHUE; OZMUN, 2013).

Ornellas e Souza (2001) relatam a indispensabilidade de um processo de estimulação cognitivo e motor em crianças com SD. Pacanaro, Santos e Suehiro, (2008) além de colaborarem com essa visão, propõem que quanto mais precocemente for à intervenção multidisciplinar, maior será a probabilidade de êxito e mais rapidamente aparecerão os resultados.

O propósito terapêutico realizado por Pôrto (2010) e Matias (2016) são bem similar, pois mostram que estratégias utilizadas na fase de assimilação, e adaptação do corpo em ambiente aquático a medida que imergida gradativamente, com atividade de interação, estimulando sua atenção com diferentes percepções corporais leve ganho em relação a autonomia de atitude com o portador de SD.

Já o desenvolvimento motor analisado por Toble (2013) verificou que a terapia

realizada em ambiente aquático apresentou uma pontuação mais elevada, fortalecendo os

músculos do tronco, aperfeiçoando o controle de tronco do indivíduo e o autor também

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enfatizou a importância de o trabalho fisioterapêutico ser iniciado de forma imediata, ou seja, ainda lactente, contribuindo assim para maior ganho das respostas sobre seu envolvimento.

Para as alterações respiratórias Castoldi (2012) afirma que a água é um recurso para estimulação e redução destas alterações utilizando o método Bad Ragaz, tendo resultados promissores para o aumento da força muscular e capacidade respiratória resultando em um aumento da pressão expiratória máxima (PEmax), onde pode estar relacionado a posição horizontal na realização das técnicas contribuindo na melhora dos grupos musculares respiratórios, da mobilidade diafragmática e expansibilidade torácica.

A FA mostra se eficaz como um método de tratamento para a melhora da qualidade de vida. Além de esta especialidade ter um grande avanço, ainda requer maior aperfeiçoamento dos fisioterapeutas, já que no presente estudo fica nítida a escassez de estudos abordados, sendo necessária a intensificação desta prática terapêutica principalmente para a SD. Desta forma, a abordagem do presente estudo acadêmico mostrou ser satisfatória em conjunto com objetivo presente.

6 CONCLUSÃO

A Fisioterapia Aquática apresenta características importantes para a sua utilização em um programa terapêutico para pacientes com SD, minimizando efeitos negativos da própria disfunção genética, favorecendo em aspectos motores com ganhos de força muscular associadas a resistências oferecidas pela água, sendo disponível por fim, vários métodos que podem ser utilizados, trazendo resultados em diferentes fases da vida do indivíduo, desde o desenvolvimento motor, aquisição de posturas e ganho funcional, favorecendo a qualidade de vida e melhor desempenho físico, psicológico e social.

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