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Hist. cienc. saudeManguinhos vol.17 suppl.1

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v.17, supl.1, jul. 2010, p.265-267 2 6 5

A luta contra o câncer na Bahia

L I V R O S & R E D E S

A luta contra o câncer na Bahia: de doença invisível

a uma questão social

The fight against cancer in Bahia: from an invisible

disease to a social issue

Christiane Maria Cruz de Souza

Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia Rua Oscar Carrascosa, 160/201

40130-010 – Salvador – Bahia – Brasil christianecruz@hotmail.com

C

om o o título deixa eviden te, o livro 70 anos de lutas e conquistas: Liga Bah ian a Con tra o Cân cer, de Con suelo Novais Sam paio, é um a obra com em orativa, voltada para um público h eterogên eo. En tretan to, a obra traz in teressan tes subsídios para a h istoriografia da saúde n a Bah ia, con tribuin do tam bém para am pliar os con h e-cim en tos sobre a h istória da doen ça n o Brasil.

Con form e observa a p róp ria au tora, trata-se d e u m a obra d e referên cia, esp ecialm en t e, acred it am o s n ó s, p ara q u em d eseja trabalh ar com tem as com o filan tropia e assistên cia à saúde n a Bah ia, a partir das prim eiras décadas do século XX.

Para escrever a h istória da Liga Bah ian a Con tra o Cân cer, Sam paio respalda-se em farta docum en tação escrita e im agética, m uitas das q u ais est ão so b a gu ard a d o Mem o rial Arist id es Malt ez. A rica icon ografia e in úm eras fotografias que in tegram o texto ajudam a com por a cen a em que a h istória se desen rola.

SAMPAIO, Consuelo Novais. 70 Anos de lutas e conquistas: Liga Bahiana Contra o Câncer.Salvador: LBCC, 2006. 190p.

A au tora escolh e p ara m arco cron ológico a con stitu ição da Liga Bah ian a Con tra o Cân cer, em 1936. A partir daí, o livro se desdobra em seis capítulos, cujos títulos sugerem a posição tom ada pela autora em relação aos fatos estudados: “Tem pos h eroicos (1936-1945)”; “Arran cada decisiva (1945-1964)”; “An os som brios (1964-1980)”; “Luta e ren ovação (1980-1990)”; “Vitória con solidada (1990-2000)”; “A Liga Bah ian a Con tra o Cân cer n o sécu lo XXI”.

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2 6 6 História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro

Christiane Maria Cruz de Souza

profission ais n a área de on cologia e aparelh ar o n ovo h ospital com as in ovações tecn ológicas, em m eio à crise do pós-guerra.

Com o sugestivo título de “An os som brios (1964-1980)”, o terceiro capítulo discute as dificuldades en fren tadas pela Liga após a im plan tação da ditadura m ilitar. Sam paio destaca o m o vim en t o d e reação lid erad o p elo seu p resid en t e Carlo s Malt ez, q u e co n grego u represen tan tes de in stituições m édicas e filan trópicas de todo o país, com o fim de criar estratégias de sobrevivên cia em m eio à crise.

No capítulo seguin te, que cobre o período de 1980 a 1990, a autora dem on stra que a redem ocratização n ão aten uou a crise, agravada por sérias dificuldades fin an ceiras, que resultaram em greve dos h ospitais, e pela tran sição do In stituto Nacion al de Assistên cia Médica da Previdên cia Social (In am ps) para o Sistem a Ún ico de Saúde (SUS). Nesse con texto, foram lan çadas cam pan h as visan do à recuperação das fin an ças da in stituição, que en vol-veram toda a sociedade.

O processo de superação é an alisado n os dois últim os capítulos. A autora destaca os resultados positivos alcan çados, apesar do lon go período de turbulên cia: a expan são da Liga para m un icípios do in terior do estado e a in trodução de n ovas tecn ologias para um tratam en to m ais eficien te e h um an izado.

Ao lon go da n arrativa, despon tam as person agen s e in stituições en volvidas n o processo de tran sform ação do cân cer de problem a m édico em “questão social relevan te”, con form e afirm ava, n a década de 1940, o professor Estácio de Lim a (p.35). Con suelo Sam paio n ão escon de sua adm iração pelos atores que deram visibilidade a um a doen ça silen ciosa, que, até as três prim eiras décadas do século XX, n ão represen tava um a questão de saúde pública n a Bah ia.

No texto de Sam paio os pion eiros assum em o papel de h eróis, destacan do-se, en tre eles, a figura do m édico baian o Aristides Pereira Maltez. O in teresse de Aristides Maltez pelo cân cer rem on ta ao período que estudava n a Faculdade de Medicin a da Bah ia e se in ten sifica após a con clusão do curso, em 1908. A autora n ão explicita, m as é provável que duran te o curso de especialização em gin ecologia, realizado n o Hospital Presbiterian o de Nova York, Aristides Maltez ten h a en trado em con tato com as teorias sobre a doen ça em voga n os Estados Un idos e n a Europa. O cân cer passara a ser tem a da literatura e dos con gressos m édicos in tern acion ais desde os p rim eiros an os do sécu lo XX. Para além dos deveres caritativos, o in teresse crescen te dos m édicos brasileiros pelo assun to vin culava-se tam bém à possibilidade de perten cer a um n ovo cam po de estudos, de am plitude in tern acion al, em um con texto de crescen te especialização da m edicin a (Teixeira, Fon seca, 2007).

Em su a p rática d iária com o gin ecologista, Aristid es Maltez en tra em con tato com pacien tes afetadas pelo cân cer do colo do útero e se com ove com o sofrim en to e as dificuldades existen tes p ara o tratam en to. Nesse p eríod o, os estu d os sobre a d oen ça ain d a eram in cipien tes, e o Hospital da San ta Casa n ão dispun h a de leitos suficien tes para aten der a um n úm ero crescen te de en ferm as. O m édico resolve, en tão, fun dar um a in stituição voltada especificam en te para o aten dim en to gratuito dos portadores da doen ça, buscan do, para tan to, o apoio dos seus pares.

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A luta contra o câncer na Bahia

que assolavam a Bah ia e prejudicavam sua econ om ia, m édicos e autoridades san itárias n ão apoiaram o projeto de Aristides Maltez.

O in teresse pelo cân cer só aum en tou a partir da década de 1920, quan do a doen ça torn ou-se alvo da aten ção do Departam en to Nacion al de Saúde Pública (DNSP), e só em 1935, n o Prim eiro Con gresso Brasileiro de Cân cer, su rgiram as prim eiras propostas de en fren tam en to da doen ça n o país (Teixeira, Fon seca, 2007, p.9-10).

Favorecido por um a con jun tura n acion al e local positiva, Aristides Maltez con seguiu, en fim , m obilizar as elites e as autoridades públicas em direção ao seu objetivo. Em 1932 fun dou a Sociedade de Gin ecologia da Bah ia, e em 1936 n ascia a Liga Bah ian a Con tra o Cân cer, cujo objetivo prin cipal era criar o In stituto de Cân cer da Bah ia (p.25-31).

Ao relatar a trajetória da Liga, Con suelo Sam paio, h istoriadora de currículo respeitável e vasta experiên cia, n ão se lim ita a apresen tar a h istória in stitucion al e a h istória da doen ça; desvela o processo de con strução de um a rede de assistên cia à saúde n a Bah ia, n o qual a filan tropia assum e papel de destaque.

REFERÊNCIA

TEIXEIRA, Lu iz An ton io; FONSECA, Cristin a Oliveira.

De doença desconhecida a problem a de saúde pública: o INCA e o con trole d o cân cer n o Brasil. Rio d e Jan eiro: Min istério d a Saú d e. 2007.

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