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O PROCESSO CRIATIVO SOB O PONTO DE VISTA DA CONFIGURAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA EXPRESSÃO GRÁFICA.

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Academic year: 2021

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O PROCESSO CRIATIVO SOB O PONTO DE VISTA DA

CONFIGURAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA

EXPRESSÃO GRÁFICA.

Luís Renato do Nascimento

ilustrando.renato@gmail.com

Giselli Tsuchiya Neder

gisellineder@gmail.com

Resumo

Evoluir no processo criativo de forma eficiente, ou seja, sem retrabalho, é um dos maiores desafios para o designer atualmente. Pesquisas recentes apontam para problemas de gestão, de falta de conhecimento codificado e também da interferência do computador nesse processo. No presente trabalho é feita uma análise da produção de alguns gráficos para o jornal Diário Catarinense, baseando-se em dois aspectos principais da evolução da expressão gráfica: configuração e transformação. Como resultado pode-se perceber que a aplicação de muitas transformações (refinamento) geram maior retrabalho se a configuração não estiver bem resolvida. Além disso, a necessidade de um projeto grafico é imprescindível, pois este indica o nível de evolução que as transformações devem obedecer.

Palavras-chave: design gráfico, infografia, configuração, transformação.

Abstract

Today, one of the most important challenges for designers is to improve the creative process efficiently, or in another words, with no rework. New researches indicate management problems, lack of codified knowledge and also the computer interference in the process. On this presentation, there is a analysis about the production of some graphics on the Diario Catarinense newspaper, based on two points: configuration and transformation. As a result we can notice that the applications of many transformations (refinement) generates more rework if the configuration was not well

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defined. Furthermore the need of a graphic project is essential because it shows the level of improvement that the transformations must follow. Keywords: graphic design, infographic, configuration, transformation.

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Introdução

A evolução no processo criativo passa por muitos estágios e fases que evidenciam seu desenvolvimento. Conhecer, entender e definir esses estágios é fundamental para seu adequado gerenciamento. Já é considerável o número de pesquisas que tratam desse assunto com resultados bastante consistentes. Porém esse conhecimento ainda não faz parte da cultura dos profissionais do design, onde é possível perceber dificuldades de comunicação, gerenciamento, avaliação e consequente evolução do processo.

O presente trabalho traz uma análise do processo criativo sob o ponto de vista da evolução da configuração e das transformações ocorridas no processo de desenvolvimento de um gráfico, englobando desde a concepção da ideia até sua representação final. Toma como estudo de caso, o processo de elaboração de alguns gráficos para o jornal Diário Catarinense, buscando salientar a evolução desses dois aspectos, permitindo sua comparação e avaliação.

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Revisão bibliográfica

Um problema bastante recorrente, relatado por professores dos cursos superiores em design gráfico, dos profissionais no mercado de trabalho e dos estudantes universitários está em saber como evoluir no processo criativo de seus trabalhos. Dondis (1997) nomeou como alfabetismo visual a necessidade de conhecimento necessário à evolução da expressão gráfica. Atualmente existe um conteúdo significativo de pesquisas que englobam essa problemática e da necessidade do conhecimento codificado, que garante a melhoria da gestão e consequente evolução do processo criativo. Destacam-se aqui as pesquisas realizadas por Gomes et. al. (2010), Gomes et. al. (2009) e Medeiros (2004), as quais refletem essa busca pela codificação do conhecimento para melhor gerenciamento do processo.

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A inserção dos computadores possibilitou inúmeras intervenções no processo, muitas vezes de forma não linear, aumentando a necessidade de se ter um conhecimento claro do gerenciamento do processo. Ficou evidente essa necessidade, inclusive pelo consistente número de pesquisas que surgiram comparando e discutindo as ferramentas tradicionais de projetação com os meios informatizados, entre elas Nakata (2003), Carvalho et. al. (2005) e Martino (2007).

No presente trabalho são apresentados dois aspectos da evolução da expressão gráfica: configuração e transformação. O primeiro parâmetro refere-se à ordenação espacial dos elementos visuais que compõem a obra. Já as transformações referem-se às variações que ocorrem sobre a configuração e indicam o grau de refinamento desses elementos, através de refinamento no traço, inclusão de cores, luzes e sombras, etc.

Esse tipo de avaliação pode ser feito em qualquer obra visual que tenha o objetivo de evoluir nesses dois aspectos. Essas evoluções são infinitas e o que define até onde a obra deve evoluir muda de acordo com os dois parâmetros. Na transformação a evolução deve ir de encontro à linguagem estabelecida no projeto gráfico. Já na configuração a evolução vai de encontro à melhor ordenação espacial possível para transmitir a mensagem. Esses dois parâmetros neste caso também podem ser associados à funcionalidade, no caso da configuração, e à estética, no caso da transformação.

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Metodologia

A partir dos referenciais teóricos foram realizadas análises dos registros das imagens da tela do computador, do processo de criação de um infográfico produzido para o jornal Diário Catarinense.

Depois de finalizado o gráfico essas imagens foram analisadas sob o ponto de vista da configuração e das transformações ocorridas no processo evolutivo da sua criação, sob pontos de vista da configuração e transformação dos elementos visuais.

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Passo a passo da criação dos gráficos para o Diário Catarinense

Após terminada a apuração e definido o conteúdo que seria apresentado, o repórter enviou as informações que comparam o ensino médio em Santa Catarina e Brasil. O objetivo principal era mostrar o desempenho do Estado em relação ao nacional nos ítens pesquisados. Com base nessas informações textuais utilizou-se o software Adobe Illustrator para começar a organizar o conteúdo e ter uma visão mais geral de

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todo o material. Nesta fase atribuiu-se um certo grau de transformação com a utilização das tipografias definidas no projeto gráfico do jornal (Figura 1).

Figura 1: Primeiro registro – informações apresentadas em forma de texto seguindo o padrão tipográfico do projeto gráfico do Diário Catarinense

Avaliando e interpretando os números percebeu-se que existia a comparação entre SC e Brasil sob vários aspectos mas a grande maioria em valores de porcentagem, de 0 a 100%. Para análise do presente artigo foi feito o recorte somente sobre esses gráfico em que o índice variava de 0 a 100%, as outras informações referentes à nota do IDEB 2011 (notas de 0 a 10) não fazem parte da análise que está descrita no presente artigo.

A partir daí produziu-se alguns gráficos com auxílio do software Adobe Illustrator e desenhou-se os 22 gráficos de barra. A ideia era ter uma visão geral do conteúdo, porém de forma gráfica e não mais textual (Figura 2).

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Na figura 2 é possível perceber claramente uma evolução de configuração, onde as informações textuais deram lugar aos gráficos de barra. É importante lembrar que toda vez que há uma mudança de configuração, automaticamente também acontece a mudança de transformação, já que esta sempre ocorre sobre a outra. Elas não estão desvinculadas, a separação desses dois aspectos tem aqui o fim apenas de comparação para avaliar a evolução.

Introduziu-se algumas mudanças de configuração, colocando-se caixas vazias (contorno preto) correspondentes aos valores em 100% e, deu-se mais um nível de transformação, com inclusão de cores. Uma outra mudança de configuração bastante sutil se deu na disposição dos gráficos de “Taxa de aprovação” (gráficos mais próximos de 100%) para a direita, além da inclusão dos subtítulos.

Figura 3: Mudanças na configuração – caixas indicando a porcentagem total que poderia ser alcançada, deslocamento de alguns gráficos e inclusão de subtítulos – e transformação –

inclusão de cores

As transformações de cores obedeceram ao padrão visual estipulado previamente (figura 4) para a apresentação das informações referentes à campanha “A educação precisa de respostas”, do grupo RBS.

Figura 4: Parâmetros da evolução da transformação: identidade visual da campanha do grupo RBS, adotados para a construção dos gráficos.

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Uma outra proposta foi pensada utilizando-se uma cor para apresentar as informações de SC, e o fio preto para apresentar as informações do Brasil. Este caso é um exemplo claro de mudança sutil de configuração (inclusão do fio) e mudança de transformação, com a inclusão de fundo cinza, ao inves de contorno nas caixas que totalizam 100%. O grande diferencial desse nível de evolução para o anterior se deu na grande redução de elementos visuais, tanto de barras (de 22 para 11) quanto de cores (figura 5).

Figura 5: Mudança na configuração – inclusão do fio preto para indicar o índice nacional comparando com as barras de índice estadual.

Como a proporção dos números era muito parecida fez-se novamente uma mudança de configuração no tamanho dos gráficos, de forma a evidenciar melhor as diferenças entre os número, o resultado foi o aumento proporcional dos gráficos verticalmente. Outra mudança de configuração, que também pode ser entendida como uma transformação da barra em forma de lápis, remetendo ao universo da educação.

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Figura 6: Mudança na configuração – inclusão do fio preto para indicar o índice nacional comparando com as barras de índice estadual.

Um outro problema que surgiu a partir dessa nova configuração foi o paralelismo das barras que tornou a composição monótona, ocupando um grande espaço sem informação. Outro problema a ser resolvido era ainda como colocar os números no gráfico. Em alguns casos como no ítem “alunos fora da escola” o espaço para inclusão Dessa forma partiu-se para uma nova configuração onde fosse possível apresentar todos os itens num mesmo gráfico, separando de um lado do lápis (barra) as informações de SC e do outro Brasil. Porém muitos dos valores eram próximos o que faria que as informações ficassem sobrepostas.

Figura 7: Mudança drástica na configuração dos elementos, tentando apresentá-los num mesmo elemento principal.

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Esta ação (figura 7) modificou a ênfase e a comparação. Como o objetivo principal não era a comparação entre os ítens, mas a comparação de um mesmo ítem entre SC e Brasil, decidiu-se pesquisar um pouco mais em busca de uma solução para este tipo de problema. Depois de algumas pesquisas encontrou-se a solução da figura 8 para apresentação da variação de dois dados em porcentagem referentes a um mesmo item/problema, utilizando-se pouquíssimos elementos e dando a maior ênfase aos dados relevantes, com o uso de cores e uma caixa preta indicando o valor da variação entre os dois dados (figura 8).

Figura 8: Referência adotada para a construção do gráfico. Fonte: Alberto Cairo, XXX.

Decidiu-se redesenhar os gráficos adotando a solução proposta na figura 8 para este tipo de comparação. Com essa nova configuração, executou-se as transformações necessárias para adequação à apresentação final de acorodo com o projeto gráfico do jornal Diário Catarinense (Figura 9).

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Conclusão

Entender as mudanças que se dão num processo criativo é essencial para que haja um adequado gerenciamento e consequente evolução no processo. Essas mudanças evidenciam o grau de evolução em torno de um projeto, por isso se justifica a importância desse conhecimento e dos registros dessa evolução, que contribuem para a comparação, gestão e avaliação do processo, conduzindo o designer a resultados eficientes e satisfatórios.

A inserção dos computadores no processo possibilitou inúmeras formas de manipulação dos projetos e por isso mesmo, a falta de experiência pode levar o designer a condições de refinamento ou acabamento do projeto sem que questões de configuração tenham sido resolvidas. O resultado final pode ser muitas vezes de trabalhos que não atendem às expectativas, tendo que ser refeitos. Wheeler (2008) afirma que a eliminação de etapas ou reorganização do projeto pode apresentar uma atraente forma de cortar custos e tempo, porém pode acarretar riscos substanciais e impedir benefícios a longo prazo e que, quando feito corretamente, pode produzir resultados extraordinários. Portanto a adequação ao processo amadurece a criação. Ignorar a metodologia ou o conhecimento codificado é negligenciar o conhecimento anterior desenvolvido para a melhoria do processo.

Muitas mudanças de transformação logo no início do trabalho mostraram uma certa imaturidade na interpretação das informações (que foi corrigida ao encontrar a referência da figura 8) e na condução do processo. O resultado foi de muitas transformações desenvolvidas e que depois foram descartadas. Por outro lado, as mudanças de configuração são importantes como busca pelo resultado mais adequado. Esses resultados talvez pudessem ser melhor resolvidos utilizando-se um mínimo de recursos de refinamento, como por exemplo o uso de esboços e desenhos à mão livre como recurso de interpretação para a melhor configuração dos gráficos. Em nenhum momento haveria a necessidade de se dar acabamento muito refinado a uma configuração que ainda não estava bem resolvida. Isso só reforça a importância da pesquisa de referências que possam contribuir para a interpretação dos dados. A função de um projeto gráfico normalmente é a de definir as transformações que a criação gráfica deve obedecer. É um instrumento que norteia a criação de forma clara e objetiva, mostrando qual é o resultado esperado, em termos de transformações de

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refinamento gráfico, no final do trabalho. Dar acabamento antes da configuração estar bem resolvida pode refletir tanto a falta de experiência na gestão do projeto ou até a falta de um projeto gráfico consistente. Se existe espaço para experimentação do acabamento é porque esse aspecto não está resolvido dentro de um projeto gráfico. Esse tipo de comparação se tornou muito útil como ferramenta para a evolução em busca de um objetivo, além de tornar mais claro a importância de um projeto gráfico bem definido. Quando o caminho das transformações que deve chegar está claro, o trabalho concentra-se na interpretação dos dados e de qual seria a melhor configuração dos elementos visuais, independente do acabamento.

Referências

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MARTINO, Jarryer Andrade de. A importância do croqui diante das novas

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(doutorado em design) . Universidade Estadual Paulista Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru, 2003.

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