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TRANSCENDÊNCIA E ESPIRITUALIDADE NA POESIA DE ADÉLIA PRADO

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TRANSCENDÊNCIA E ESPIRITUALIDADE

NA POESIA DE ADÉLIA PRADO

Débora Ribeiro Borges Dourado*

RESUMO:

Objetiva-se neste artigo demonstrar a transcendência e a espiritualidade como marcas essenciais na poesia de Adélia Prado, observando temáticas existenciais e transcendentes, as quais propõem reflexões sobre o mundo, justificadas pela necessidade de reflexão do homem moderno. O corpus focaliza parte significativa das obras publicadas na Poesia Reunida (2002). Nesses poemas, a escritora, aproxima-se de nossas fontes mais puras de poesia, produzindo poética brasileira, interiorana e religiosa. Pretende dirigir ao enfoque interdisciplinar da literatura, voltada ao aspecto religioso, por suas implicações na cultura humana em geral a partir da exposição poética individual.

PALAVRAS-CHAVE: Transcendência; Espiritualidade; Poesia lírica; Deus.

INTRODUÇÃO

Perseguindo o itinerário da lírica moderna, não se pode negar que a obra poética de Adélia Prado é “construída” através da transcendência e de sua espiritualidade, oferecendo-nos uma literatura epifânica, sacralizando as palavras e elevando-as ao status de instrumento de revelação, pois a poesia é a transfiguração do sentimento, sendo este universal. Dessa maneira, na poesia adeliana, a expressão sentimental é elevada da particularidade do eu-lírico à universalidade do ser humano. O estudo de um poeta é pretexto adequado para invadir o cerne da própria poesia. É por esse motivo que escolhemos para nossas reflexões a brasileira Adélia Prado, pois a singularidade de sua arte provém sem dúvida da fonte inspiradora: o poeta diante de si mesmo e da poesia, adotando uma postura transcendental e subjetiva através da espiritualidade ao observar o meio que o rodeia. A esse respeito, assinala Leonardo Boff (2001, p.122), “a espiritualidade é umas das fontes primordiais de inspiração, de esperança e de autotranscendência do ser humano”.

*Pesquisadora do Programa de Bolsas de Iniciação Científica (PBIC) da UniEvangélica, Centro Universitário de Anápolis – GO, Letras 4º Período – Orientadora: Profª.Drª. Débora Cristina Santos e Silva

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Adélia Prado surgiu para a literatura brasileira em 1976, com a obra Bagagem. Desse momento em diante, sua produção tem sido ímpar no meio literário por valorizar o ambiente familiar e religioso, através de sucessivas epifanias e impressões espirituais da alma, da vida e de elementos que estão incorporados ao seu cotidiano, relatando a necessidade do ser humano em estar em pela comunhão com o Divino, sendo estes transcritos por meio de belas construções lingüísticas. Com efeito, um poeta pensa através de poemas, uma vez que “o pensamento e a linguagem são indissolúveis”, como enuncia Julia Kristeva (1969, p.18), sendo assim, a palavra é a concretização do pensamento, e o mundo só tem conhecimento por meio da exposição em expressões lingüísticas. Com essa pesquisa, visamos a demonstrar a transcendência (sendo esta a capacidade de ir além do ego e integrar unidades cada vez maiores, obtendo a conexão com a totalidade e harmonia com o ambiente) e a espiritualidade (atitude, crença, prática que anime ou dê vida, é a experiência vivida, influenciada por momentos sociais e culturais) como marcas essenciais que acompanham o ser humano, inclusive Adélia Prado, as quais estão relacionadas à alma e a sua maneira de ser. Pois quem em toda sua vida nunca buscou auxílio Divino em momentos difíceis? Com efeito, em várias situações nos lembramos desse Ser e começamos a buscá-lo nos momentos difíceis e louvá-lo, nos alegres. Pretende-se demonstrar, ainda, que a autora é lírica e que enfatiza temáticas existenciais, metafísicas e transcendentes, aproximando-se de nossas fontes mais puras de poesia, produzindo uma poética brasileira, interiorana, religiosa e mística, e isso já se justifica pela necessidade de reflexão do homem moderno. Conforme afirma Frei Betto (2000, p.122), “tudo é permeado por Deus – é assim a obra de Adélia Prado. Uma poética litúrgica que induz o leitor a se indagar como ser no mundo”.

Muitos são os fatores que tornam a lírica adeliana tão inusitada. Dessa maneira, o

corpus do artigo focaliza parte significativa das obras publicadas em sua Poesia Reunida (2002),

tais como: Bagagem (1976), O coração disparado (1978), Terra de Santa Cruz (1981) e Oráculos de

Maio (1999). Pretende-se com esse artigo, por meio da observação à temática sobre os textos

poéticos de Adélia Prado enriquecer uma literatura mais voltada ao aspecto religioso, através das reflexões aqui apresentadas – e as que virão a seguir. Tudo o mais são tentativas de interpretação do que a palavra poética já diz no silêncio que a leitura invariavelmente provoca.

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1. O cotidiano locus da epifania

Desde a primeira obra, Adélia Prado aproxima seu cotidiano de dona de casa, habituada aos afazeres domésticos, do elemento transcendente que, de modo inapelável, convida a escritora a compor seus poemas. É importante ressaltar que o eu-lírico de cada poema se confunde, se identifica, se mistura com o da própria autora, pois em vários poemas encontramos metáforas de situações vivenciadas por Adélia Luzia Prado de Freitas, as crenças, a cultura, e os desejos que emergem como prece e sussurro, transcendendo os limites reais, ‘tocando’ o intocável através de sua poesia. Epifânica, sua poesia é de quem agradece e roga a Deus, como no poema “Mulher ao cair da tarde”:

Ó Deus,

não me castigue se falo minha vida foi tão bonita! Somos humanos,

nossos verbos têm tempos, não são como o Vosso eterno.

(POESIA REUNIDA, 2002, p.459).

O cotidiano na poética adeliana é locus da epifania presente, epifania que não é apenas religiosa. Em Oráculos de Maio, Adélia separou seus poemas em 6 blocos: o primeiro recebeu o nome de “Romaria”. Escolhemos um poema para ser analisado, chamado “Direitos Humanos”, onde se lê:

Sei que Deus mora em mim Como sua melhor casa. Sou sua paisagem, Sua retorta alquímica

E para sua alegria seus olhos. (05) Mas a letra é minha.

(POESIA REUNIDA, 2002, p.465).

Nesse poema Adélia revela que Deus vive nela, (v: 1). Sendo assim, participa de toda sua vida e por ela ser um vaso, um arauto, um oráculo, como o próprio nome da obra demonstra, possui uma missão, sendo esta para concretizar a existência do Divino entre os homens: escrever (v: 5 e 6). Existe uma visão messiânica da poesia e a necessidade de interpretação, uma vez que, por ser um oráculo, a poesia não pode ser explicada e, sim interpretada por cada leitor.

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Mas a epifania vista na poesia adeliana é também secular, ao fazer uma representação universal dos sentimentos humanos, revelando, no livro Bagagem, a influência literária da Bíblia, pois, na abertura dos quatro primeiros blocos, há uma epígrafe bíblica que foi abstraída do livro de Salmos 126, v.6, ressaltando o louvor dos seres humanos a

Deus. Passaremos a analise do poema intitulado “Um Salmo”, onde se lê:

Tudo que existe louvará. Quem tocar vai louvar, quem cantar vai louvar,

o que pegar a ponta de sua saia

e fizer uma pirueta, vai louvar. (5) Os meninos, os cachorros,

os gatos desesquivados, os ressuscitados,

o que sob o céu mover e andar

vai seguir e louvar. (10) O abano de um rabo, um miado,

u’ a mão levantada, louvarão. Esperai a deflagração da alegria. A nossa alma deseja,

o nosso corpo anseia (15) o movimento pleno:

Cantar e dançar TE-DEUM.

(POESIA REUNIDA, 2002, p.34)

No poema, encontramos um hino a Deus. Essa adoração é transcrita de forma universalizada, pois “tudo” e “todos” louvarão ao Divino, fato este que é narrado ao longo do poema, pois o pensamento de Adélia Prado, sua atitude é narrada de forma singular conduzindo o leitor a refletir e a louvar a Deus. Dessa maneira sua espiritualidade é traduzida em forma de poesia. A esse respeito, afirma Leonardo Boff (2001, p.13) “os portadores permanentes da espiritualidade são pessoas consideradas comuns, que vivem a retidão da vida, o sentido da solidariedade e cultivam o espaço sagrado, seja em suas religiões e igrejas, seja no modo como pensam, agem e interpretam a vida”. O cotidiano e a esperança do eu-lírico envolve todos ao seu redor em movimentos de adoração. Lembrando que o próprio título do poema (Um salmo) pressupõe um louvor, sendo este repleto de agradecimento, pois qualquer ação humana ou de qualquer ser que se move debaixo do céu, depende de uma força divina que deve ser reconhecida e louvada.

A composição poética da autora é essencialmente transcendente e espiritual, sua poesia exemplifica a necessidade de compartilhar das mesmas idéias, valores e sentimentos do homem com Deus tecida nas relações do cotidiano.

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O universo do cotidiano adeliano é a união da graça da simplicidade (cotidiano familiar que é exaltado pelos pequenos gestos e acontecimentos) e a singeleza do amor ao Criador que é mero reflexo do Seu amor pela criatura. A esse respeito, afirma a própria Adélia Prado (2000, p.23) “que a oração verdadeira está ungida de mistérios, portanto de beleza, portanto de poesia”.

No poema “Folhinha” observa-se que o Cristianismo em Adélia não é um mero evento religioso do qual extrai suas epígrafes para suas obras, mas uma vivência cotidiana:

...

Informativo Popular Coração de Jesus

é o nome de um calendário de parede. ABENÇOAI ESTE LAR está escrito nele. O coração sangra na estampa,

mas o rosto é doce, próprio a enternecer as mulheres da cozinha, feito eu.

...

(POESIA REUNIDA, 2002, p.171)

A poesia adeliana identifica também Senhor e amor, o eu-lírico sabe-se acolhido pela compaixão divina, e que nunca estará sozinha, mesmo em sua cozinha ao ler um calendário. Seu cotidiano aparece mais uma vez como lugar da epifania, sendo mágico, espiritual e transcendente.

2. UMA POESIA “SOPRADA” PELO ESPÍRITO SANTO

A obra poética adeliana converge num plano transcendental e espiritual, pois toda a força e pureza da poesia advêm de uma experiência espiritual tão rica e acolhedora, que é como se fosse “soprada” pelo espírito Divino, e intensificasse, desta forma, todos os níveis de relacionamento humano. A esse respeito, assinala Croce (1967, p.14), “os antigos gregos consideravam a poesia um sopro sagrado por ser tão admirável e quase milagroso”. Essa afirmação reflete nos poemas de Adélia Prado, pois por meio da transcendência e da espiritualidade, fatos relacionados à vida interiorana na cidade de Divinópolis, na qual a autora nasceu e onde vive até hoje, são transcritos da mais bela forma de orar através da poesia. É importante ressaltar que o próprio nome da cidade subentende religiosidade. Sobre a religiosidade vista em Adélia, o poeta Ferreira Gullar (1984, nº. 925, p.10), comentou em uma resenha:

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“Mas, em Adélia, existe outro componente: sua religiosidade, nela, está perfeitamente integrada em sua própria vida, como um modo de ser (...) Não há conflito Deus é, para ela, a explicação não explicada que tudo harmoniza e justifica. Um Deus complacente que não se opõe à necessidade de prazer do corpo animal e cuja bondade tampouco é questionada pela miséria humana”.

Adélia em seus poemas relata o milagre de Deus através da poesia, usando-a milagrosamente como instrumento de liberdade, de salvação. O “Modo Poético” é o primeiro bloco de sua obra Bagagem, sendo caracterizado, como o próprio título expressa, é a maneira em que Adélia Prado compõe suas obras, podemos considerá-lo uma identificação artística e literária. Nesse contexto, ela comenta sobre a poesia, a essência de Deus, num dos poemas dessa primeira parte, que se denomina “Guia”, onde se lê:

A poesia me salvará.

Falo constrangida, porque só Jesus Cristo é o Salvador, conforme escreveu um homem - sem coação alguma –

atrás de um crucifixo que trouxe de lembrança (05) de Congonhas do Campo.

No entanto, repito, a poesia me salvará. Por ela entendo a paixão

que Ele teve por nós, morrendo na cruz.

ela me salvará, porque o roxo (10) das flores debruçado na cerca

perdoa a moça do seu feio corpo.

Nela, a Virgem Maria e os santos consentem no meu caminho apócrifo de entender a palavra

pelo seu reverso, captar a mensagem (15) pelo arauto, conforme suas mãos e olhos.

Ela me salvará. Não falo aos quatros ventos, porque temo os doutores, a excomunhão e o escândalo dos fracos. A Deus não temo.

Que outra coisa ela é senão Sus Face atingida (20) da brutalidade das coisas?

(POESIA REUNIDA, 2002, p. 63)

Leonardo Boff (2001, p.18) afirma que “a espiritualidade vem sendo descoberta como dimensão profunda do ser humano, como o momento necessário para desabrochar pleno de nossa individualização e como espaço de paz no meio dos conflitos e desolações sociais e existenciais”. Essas palavras se confirmam na obra poética adeliana, pois como podemos observar no poema acima e em vários outros, há um conflito existencial exposto, onde o eu-lírico sempre está à procura de paz.

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No poema o eu-lírico sente uma necessidade de expressar sua paixão, a maneira pela qual poderá obter a salvação (v: 1 ), o qual é repetido diversas vezes para enfatizar o meio que ele encontrou para ser livre e ter paz interior. A autora utiliza um vocabulário religioso (v: 3, 5, 8, 9 e 13). Nota-se que Adélia comenta sobre o caminho apócrifo do poema (v: 14 e 15): a palavra pelo seu reverso, demonstrando que a poesia revela o avesso das coisas e, para compreendê-la, há necessidade do Arauto para interpretá-la. Desse modo, a poesia adeliana concretiza a existência de Deus entre os homens. É como a própria Adélia (2000, p.27) afirma em uma entrevista: “quando o Espírito Santo quer falar, me usa”. A transcendência e a espiritualidade aparecem como elementos da epifania na poesia, sendo assim, esta induz o leitor a refletir, pois no poema a autora transcreve um momento espiritual que, para além da experiência do eu-lírico, ocorre também com várias pessoas no decorrer da vida, quando encontram a Deus ou algo que acreditam lhe trazer paz e liberdade, tornando seu instrumento de refrigério. Segundo afirma Octávio Paz (1982, p.55), “ as palavras do poeta são também as palavras de sua comunidade”. E é isso que se percebe em Adélia em relação aos costumes, práticas religiosas e vivências de sua cidade Divinópolis.

3. UMA BAGAGEM POÉTICA NA TRAVESSIA

Bagagem, a obra de estréia de Adélia Prado, pode ser considerada como um resumo de vida, pois quem leva ‘bagagem’ está em passagem, e não por acaso. A poética nessa obra adota uma forma e uma identidade reconhecíveis ao longo do livro, como é possível observar nestes versos do poema “Grande desejos”:

Não sou matrona, mãe de Gracos, Cornélia sou é mulher do povo, mãe de filhos, Adélia. ...

(POESIA REUNIDA, 2002, p.12)

Os poemas da autora estruturam-se em descrições minuciosas, rejeitando frases elaboradas, por nascerem de momentos espirituais e transcendentes de sua trajetória, seu mundo é aquele que cabe perfeitamente em suas mãos. A autora, nesta obra, retoma o tema bíblico da travessia, recorrente a toda literatura universal, uma vez que se refere à própria jornada humana sobre a terra, em busca de um valor (o Paraíso, a Terra prometida?), quer lhe dê algum sentido. No poema “Páscoa”, a autora fornece metáforas de sua própria vida, em busca de um novo desenho, de uma nova expressão:

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Velhice

é um modo de sentir frio que me assalta e uma certa acidez.

O modo de um cachorro enrodilhar-se

quando a casa se apaga e as pessoas se deitam. (05) Divido o dia em três partes:

a primeira pra olhar retratos, a Segunda pra olhar espelhos, a última e maior delas, pra chorar.

Eu, que fui loura e lírica, (10) não estou pictural.

Peço a Deus,

em socorro da minha fraqueza,

abrevie esses dias e me conceda um rosto

de velha mãe cansada, de avó boa, (15) não me importo. Aspiro mesmo

com impaciência e dor. Porque sempre há quem diga no meio da minha alegria:

"põe o agasalho" (20) "tens coragem?"

"por que não vais de óculos?"

Mesmo rosa sequíssima e seu perfume de pó, quero o que desse modo é doce,

o que de mim diga: assim é. (25) Pra eu parar de temer e posar pra um retrato,

ganhar uma poesia em pergaminho.

(POESIA REUNIDA, 2002, p.30)

Sua poesia é marcada por intenso prosaísmo em que o cotidiano é exaltado pelos pequenos gestos e acontecimentos, constituindo a família o centro do universo adeliano. A transcendência e a espiritualidade aparecem como elementos de epifania, pois suas emoções, seus pensamentos são transcritos de maneira admirável, influenciando o leitor a valorizar o que possui, e conduzindo-o a olhar o mundo, encontrando Deus ao seu redor.

Podemos observar que nos versos 7a 10, a autora recorda através do eu-lírico com o uso de

metáforas, suas lembranças, revivendo-as, ao olhar retratos (passado), ao olhar espelhos (presente), o eu-lírico chora por ter saudades do tempo que se passou. Sendo assim, a composição de Adélia é essencialmente transcendente e espiritual, visto que sua poesia exemplifica a necessidade da comunhão do homem com Deus (v: 12), tecida nas relações do cotidiano (v: 04, 05 e14).

Adélia Prado faz uso da linguagem informal com versos livres, transmitindo harmonia, singeleza, relatando fatos de sua vida, conforme comenta Croce (1967, p.98), que a “poesia possui dois fatos, um histórico, tendo como ponto de partida a história do poeta; e o outro característico: harmonia, verdade, simplicidade, sinceridade, sublimidade, delicadeza, serenidade (...) que compõe o conceito para expressão do belo”.

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A poesia adeliana é uma composição lírica, pois cantam suas emoções e seus sentimentos mais íntimos em sua forma e melodia em seu ritmo, a qual através da leitura de seus poemas o leitor consegue se identifica com o eu-lírico em algum momento, em algumas situações, pois estas fazem parte de sua vida (travessia), são reais. Segundo Carlos Drumonnd de Andrade (1984, p.2): “Adélia é lírica, bíblica, existencial, faz poesia como faz bom tempo: está é a lei, não dos homens, mas de Deus. Adélia é fogo, é fogo de Deus em Divinópolis”. Sendo assim, a poesia adeliana faz eco aos textos evangélicos acentuando o amor acima das virtudes, podendo ser observado nesses versos.

Em Terra de Santa Cruz, que surgiu em 1981, Adélia nos reporta historicamente ao Brasil e metaforicamente a um espaço marcado pela religiosidade, no qual o eu-lírico amplia sua consciência de estar no mundo, transcrevendo o seu cotidiano, nos fatos ocorridos naquela época. O primeiro bloco é intitulado “Território”, cuja epígrafe é de um regionalista, João Guimarães Rosa:

... os tristes e alegres sofrimentos da gente... . Nesse bloco, há um poema em que a poeta recorda a

sua infância, um texto bem prosaico que recebeu o nome de “Lapinha”, onde se lê:

Quando éramos pobres e eu menina era assim o Natal em nossa casa: quatro semanas antes

a palavra ADVENTO situava-nos,

domingo após domingo. (05) Comeríamos melhor aquele dia,

seríamos pouco usuais: vinhos, doces, paciência.

Porque o MENINO estremecia no feno

e nós compadecíamos de Deus até as lágrimas. (10) Olhando a manjedoura, o que eu sentia

-sem arrimo de palavras- era o que eu sinto ainda:

‘o desejo de esbeltez será concretizado’.

À luz que não tolera excessos, (15) o musgo, a areia, a palha cintilavam,

a pedra. Eu cintilava. (POESIA REUNIDA, 2002, p.258)

Este poema está diretamente ligado à epígrafe, pois há uma mistura de sentimentos, mostrando que de qualquer forma o ser humano é sofredor por ter uma vida dura, e, mesmo nos momentos “felizes”, não tem o direito de ser completamente feliz, o que confirma a existência do pecado nos seres humanos, sendo por esse motivo que Deus mandou seu Filho para morrer por nós.

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Adélia relata o sofrimento “triste” do eu-lírico, no início do poema, por ter uma vida difícil, mas havia o sofrimento “alegre”, pois o Natal era um momento único, além de ter um dia com mais fartura, compartilhando momentos agradáveis, havia a sofrimento ao compartilhar também a tristeza de Deus, ao ver a manjedoura e recordar de tudo que o Filho de Deus sofreu. Mesmo assim, no último verso ela afirma “... Eu cintilava”, indicando que existe esperança para aquele que crê.

A poesia de Adélia traduz uma busca de sentido, por ocorrer em espaços fechados, como no poema, onde são descritas sua casa e sua família (v: 1 e 2), propiciando a introspecção e o subjetivismo.

4. A VOZ FEMININA NA POESIA ADELIANA

Na obra poética de Adélia Prado, constatamos a valorização da condição feminina, através de uma visão da mulher e do mundo mais intuitiva e misteriosa, principalmente na doçura e na condição doméstica feminina, que são narrados pelo eu-lírico como se pode observar em alguns versos, do poema “Casamento”:

Há mulheres que dizem:

meu marido se quiser pescar, pesque, mas limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom a gente sozinhos na cozinha, ...

somos noivo e noiva.

(POESIA REUNIDA, 2002, p254)

A poesia adeliana é mágica, misteriosa e amorosa, conforme Ana Miranda (2000, p.131) relata em resenha que:

“Adélia Prado é uma escritora e uma mulher possante, com sua personalidade literária, sem abdicar de sua verdadeira natureza; fala sobre o mundo feminino, o seu e o de tantas mulheres, valoriza a maneira feminina de pensar, com mais sentimentos, amor, sensualidade. (...) Ler seus poemas nos causa admiração pelas mulheres, e dá prazer ser mulher.”

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A espiritualidade feminina na poesia adeliana é telúrica, apaixonada. A esse respeito, a autora constitui e diferencia, ao mesmo tempo sua própria poética:

“O que eu chamo de O Poético é A Beleza, é aquele lugar na obra que lhe toca. Porque às vezes, eu leio um texto todinho, quando chega ao fim, o ultimo verso dá o pulo (...). É a hora que a platéia vibra. É o atingimento do poético. Pra mim, todo o esforço da arte, seja ela qual for, é atingir esse núcleo aí, é botar o dedo nessa corda aí, essa corda sensível”. (2000, p.74)

Podemos verificar essas características em alguns versos do poema “Meditação à beira de um poema”, onde se lê:

Podei a rosa no momento certo e viajei muitos dias

aprendendo de vez

que se deve esperar biblicamente pela hora das coisas.

Quando abri a janela, vi-a ...

constelada os botões,

alguns já com rosa-pálido

... (POESIA REUNIDA, 2002, p.445)

A rosa é um dos elementos mais femininos que simboliza a beleza, o poético, mas precisa ser botada, para brotar mais rosas. Com a poesia acontece de forma semelhante, ela precisa fluir. É como a própria escritora confessa: O que sinto escrevo (...), Com licença poética (2002, p.11), mas se na voz da poeta ressoa a transcendência, às vezes, a poeta se distância desta como se verifica no poema “Paixão”:

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De vez enquanto Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo.

O mundo, cheio de departamentos,

não é bola bonita caminhando solta no espaço. Eu fico feia, olhando espelhos com provocação, batendo a escova com força nos cabelos, sujeita à crença em presságios.

Viro péssima cristã. ...

(POESIA REUNIDA, 2002, p.201)

A mulher como o próprio eu-lírico é ‘toda’ sentimentos. Por esse motivo ela precisa de inspiração para a maioria das coisas que faz, pois como irá trabalhar com doçura se estiver magoada, ou passando por alguma dificuldade?

Em O Coração Disparado, há um poema que faz parte do bloco que recebeu o nome de “Qualquer coisa é a casa da poesia”. O poema é fundamentado na visão subjetiva da autora ao compor o poema “Flores”:

A boa-noite floriu suas flores grandes, parecendo saia branca.

Se eu tocasse um piano elas dançavam. Fica tão bom o mundo assim com elas,

que nem desprezo por querer um marido. (05) Perfumam à noite.

A gaita de um menino que nunca morreu toca erradinho e doce.

Eu cumpro alegremente minhas obrigações paroquiais

e não canso de esperar; (10) mais noite, mais amanhã, qualquer coisa esplêndida acontece:

as cinco chagas, o disco voador, o poeta com o seu cavalo relinchando na minha porta.

Desejava tanto tomar benção de pai e mãe,

juntar uns pios, umas nesgas de tarde, (15) um balançado de tudo que balança no vento

e tocar na flauta. É tão bom

que nem ligo que Deus não me conceda ser jovem e bonita

- um desejo mais fundo da minha alma. (20) “O espírito de Deus pairava sobre as águas...”

Sobre o meu, pairava estas flores e sou mais forte que o tempo.

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Observa-se também a autotranscendência espiritual que aparece nesses versos como elemento de êxtase. Segundo Rubem Alves (1983, p.24), “tanto a poesia quanto à teologia optam pela linguagem do inefável (...) ao lado da poesia e da oração está a beleza”. Com efeito, essas palavras se evidenciam nas obras analisadas, ocorrendo assim à união da experiência religiosa e da beleza que encontramos na harmonia das palavras, frases, versos que compõem todo o poema.

5. POESIA ADELIANA: ORÁCULOS DIVINOS PARA HOMENS COMUNS

A segunda obra da escritora, O coração disparado, surgiu dois anos depois de sua estréia, nele há quatro blocos precedidos de uma epígrafe bíblica, que foi baseada em I Coríntios 11, v. 23, a qual passou por uma adaptação feita por Adélia Prado por se considerar uma “profetiza” da mensagem poética, onde se lê: “Com efeito, eu mesma recebi do Senhor o que vos transmito”. A esse respeito, a própria autora relata, em entrevistas que “a poesia é a passagem de Deus entre nós (...), que pode inventar uma linguagem, nunca uma emoção” (2000, p.82). A transcendência e a espiritualidade encontradas na obra da escritora revelam a dependência, a adoração a Deus, convidando o leitor ao resgate das experiências já vivenciadas envolvendo a religião, a infância e a felicidade à vezes esquecidas. A esse respeito Belgion, citado por Wellek e Warren (2001, p.40), afirma que “o artista sempre deseja que sua obra possa persuadir o leitor a aceitar sua concepção ou a sua teoria”.

A palavra poética é capaz de falar sobre tudo sem perder a beleza, escolhendo a melhor expressão lingüística para exprimir a realidade que se deseja apresentar. Umas das realidades mais freqüentes na obra de Adélia Prado é a reflexão marcada pelo processo de petição de perdão ao assumir sua condição pecaminosa. Essa aguda consciência é conseqüência de sua educação religiosa, marcada pelo catolicismo, como podemos observar no poema “Instância”, onde se lê:

Eu cometi pecados

por palavras, por atos, omissões. Deles confesso a Deus,

à Virgem Maria, aos santos,

a São Miguel Arcanjo (05) e a vós irmãos.

A tão criticável tristeza e seu divisível ser

pelejam por abotoar em mim

seu colar de desespero. (10) Mas eu peço perdão:

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O meu peito está nu como quando nasci; em panos de alegria me enrolou minha mãe,

beijou minha carne estragável, (15) em minha boca mentirosa espremeu seu leite, por isso sobrevivi.

Agora vós, irmãos, perdoai-me, por minha mãe que se foi.

Por Deus que não vejo, perdoai-me. (20)

(POESIA REUNIDA, 2002, p.230)

Nas obras da poeta encontramos inúmeras vezes esse conflito existencial que se

manifesta no poema acima. É como a própria Adélia afirma em uma entrevista: “quando o Espírito Santo quer falar, me usa” (2000, p.27). Através do poema consegue conduzir o leitor a reflexão.

Adélia Prado, mesmo sendo uma escritora contemporânea, possui tendências do Barroco (conflito entre o corpo e o espírito, religiosidade, sofrimento, angústia). No poema, encontramos o eu-lírico desejando uma reconciliação com o sagrado. Seus conflitos são expressos nos versos 1 a 6, reconhecendo, assim, sua condição pecaminosa. Há uma luta espiritual, pois de um lado está o eu-lírico com todas as suas angústias e, por esse motivo, demonstra-se ansioso em obter o perdão, sendo este citado inúmeras vezes no poema (versos: 11, 18 e 20); do outro lado, uma realidade desejada por todos que crêem na vida eterna.

Existem no poema fatos que nos induzem a relembrar o pecado original, (versos: 14 a 17), visto que, na concepção cristã, ao nascer, a criança já possui uma índole má, pois o pecado a afastou de Deus. Sendo assim, para que haja a reconciliação, o eu-lírico suplica o perdão.

Para Adélia Prado, como relatou em uma entrevista (2000, p.31) “O oráculo é aquela voz que fala pelo invisível, é o invisível falando através daquele instrumento. Mas tem profecia na poesia: você fala muito além do que você está percebendo. “Com efeito, mais uma vez comprova-se a temática, pois a poeta, para ‘criar’ sua obra, fica num estágio de transcendência espiritual, a fim de exercer sua função de oráculo. No poema “O poeta ficou cansado”, o eu - lírico revela:

Pois não quero mais ser Teu arauto. Já que todos têm voz,

por que só eu devo tomar navios de rota que não escolhi?

Por que não gritas, Tu mesmo, 05 a miraculosa trama dos teares,

já que Tua voz reboa

Nos quatro cantos do mundo? Tudo progrediu na terra

e insistes em caixeiros-viajantes 10 de porta em porta, a cavalo!

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repara, minha senhora, neste canivete mágico

corta, saca e fura, 15 é faqueiro completo!

Ó Deus,

me deixa trabalhar na cozinha nem vendedor nem escrivão,

me deixa fazer teu pão. 20 Filha, diz-me o Senhor,

eu só como palavras.

(POESIA REUNIDA, 2002, p. 431)

Neste texto, o eu-lírico expõe seu cansaço de ser oráculo, mediador entre Deus e os homens (v. 1 a 4), contudo, após dialogar com Deus em todo o poema, a rebeldia se torna um momento de desabafo, sendo, portanto, passageira, pois no final confessa que continuará a compor, por ser esta uma missão que não pode abandonar.

Ademais, em meio às temáticas existenciais, metafísicas e transcendentes, Adélia desenvolve aquele que seria certamente seu grande tema, influenciado pela transcendência e espiritualidade: o cotidiano, no qual extrai elementos de inspiradores que a levam a compor. A poesia, assim, não precisa de grandes temas, uma vez que não é aquilo que “se diz”. Assim Adélia comprova que é possível “criar” a partir do meio que a rodeia, utilizando sua espiritualidade. A esse respeito, Solomon (2003, p.44) afirma que “a espiritualidade é uma maneira de experimentar o mundo, de viver, de interagir, com outras pessoas e com o mundo, envolvendo um conjunto de práticas individuais ou coletivas de pensar, olhar, falar, sentir, mover-se e agir”. A poesia, em Adélia, é isso: superação, resgate da transcendência que emerge de um cotidiano simples, banal.

CONCLUSÃO

Para o espaço modesto de um artigo, a poesia adeliana, é matéria por demais extensa. Nosso empenho tem sido, então, por meio de uma atitude investigativa e sem preconceitos, “tocar” o intocável texto adeliano para, pelo menos vislumbrar o encantamento e a magia de sua palavra poética, por possuir marcas essenciais: a transcendência e a espiritualidade revelam a simplicidade e a beleza da vida interiorana. Sua poesia constitui um discurso absolutamente inédito em que o prazer da revelação não se limita ao eu-lírico de cada poema, mas é plenamente dividido com os seus leitores, em busca de sentido. Por isso, ocorre em espaço relativamente restrito, como os da casa, da família, propiciando uma identificação do eu-lírico com os leitores.

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A literatura adeliana termina por revelar também a humanidade. Dessa forma, as ondas poéticas de Adélia Prado têm a seu encargo uma reflexão mais profunda, conseguindo induzir o leitor a refletir sobre o seu modo de ser no mundo moderno. Na poesia adeliana ocorre a união da teologia (experiência religiosa) e da beleza (a harmonia das palavras, frases, versos que formam o poema, representando o cotidiano familiar ), sendo a precária aparição do indizível sob as espécies de situações mais corriqueiras do cotidiano, daqueles momentos epifânicos em que se reparte ao mesmo tempo a arte de compor e o pão nosso de cada dia. A poeta exerce, assim, sua perspectiva de oráculo, visto que possui a missão de ser a re-ligação entre Deus e os homens através da beleza de sua poesia. Suas descobertas são fundamentadas na idéia de que tudo quanto existe procede de Deus: a criação de Deus seria uma forma primordial e, a partir desse fundamento, Adélia constrói sua poesia.

Por outro lado, os aspectos estilísticos da poesia de Adélia Prado são totalmente influenciados por uma experiência quase “tátil” com a cultura popular, exigindo novas técnicas de pontuação, reduzida ou mesmo abolida. Sua poética privilegia o ritmo, sendo este a respiração do poema, entre outros aspectos formais, que envolve os versos livres, a linguagem próxima à oralidade, a simplicidade formal, além de um vocabulário coloquial e religioso, marcado pelo uso de repetições e paralelismo, formas tão próprias das produções mais populares, conforme enuncia Octávio Paz (1982, p. 45): “a linguagem é poesia e cada palavra esconde certa cara metafórica disposta a explodir tão logo se toca na mola secreta”.

Poderíamos, então, concluir nossas inferências sobre a poesia de Adélia Prado, ressaltando apenas que sua obra poética aproxima de nossas nascentes mais límpidas de poesias, a exemplo de Cora Coralina, produzindo uma poesia feminina, telúrica e religiosa, na qual reúne todos os elementos essenciais de nossa gente, de nosso espírito, de nossa cultura.

ABSTRACT:

The aim of this article is to demonstrate the transcendental and the spiritual functioning as essential marks in Adélia Prado’s poetry, observing the existential and transcendental thematic, which proposes reflections about the world. It is justified by the modern man’s necessity of reflection. The corpus focuses on the significant part of the works published in Poesia Reunida (2002). In these poems, the writes approaches our purest sources of poetry and produces the Brazilian lyric, its religious mood and country life. It intends to be directed to the interdisciplinary view of literature, focusing on religious aspects, through its general impacts on human culture, from the individual poetic expression.

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