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Julgamento do efeito de um programa de intervenção fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres

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Academic year: 2021

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Luciana Leite Mesquita Trindade

Julgamento do efeito de um programa de intervenção

fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

SÃO PAULO 2008

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

Luciana Leite Mesquita Trindade

Julgamento do efeito de um programa de intervenção

fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres

MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA

Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob orientação da Profa. Dra. Léslie Piccolotto Ferreira

SÃO PAULO 2008

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TRINDADE, Luciana Leite Mesquita

Julgamento do efeito de um programa de intervenção

fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres / Luciana Leite Mesquita Trindade – São Paulo, 2008.

Viii, 109 f.

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia.

Título em inglês: Assessment of the effect of a phonoaudiological intervention program on reporters oral expressvity

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Banca Examinadora _____________________________ _____________________________ _____________________________

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Dedicatória Dedicatória .

É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma impressa, como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da tese/ dissertação.

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Dedicatória

Aos meus amados avós Oneide Mesquita e Lydimar Duarte Mesquita e pais Antônio Matos Trindade Júnior e Rosa Helena Trindade, exemplo incondicional de amor, carinho e união. Pessoas preciosas na minha vida, meu porto seguro e minha fonte de incentivo para ultrapassar todos os obstáculos. Não existem palavras no mundo que possam expressar meu eterno agradecimento a vocês. Obrigada pelo apoio nos momentos em que precisei, pelas palavras sábias que me davam força para me reerguer e seguir em frente, por entenderem meus momentos de ausência, durante esta trajetória e por não medirem esforços para a realização de minha formação profissional. Sem vocês a meu lado tudo seria muito mais difícil. À vocês meu eterno amor e gratidão.

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Agradecimentos

A Deus, por ter me dado forças para superar os momentos mais difíceis e fazer-me chegar até o fim.

À Profa. Dra Léslie Piccolotto Ferreira, orientadora muito querida, brilhante profissional e ser humano maravilhoso. As palavras são poucas para expressar o meu eterno muito obrigada, pelos momentos prazerosos de orientação, pela convivência harmoniosa durante toda esta trajetória e pelo jeito atencioso, dócil e respeitoso com que trata seus orientandos. Obrigada por ter me carregado no colo desde o primeiro momento, por ter acreditado em mim e por nunca ter deixado de caminhar lado a lado comigo.

À Profa. Dra Marta Assumpção de Andrada e Silva, por sua ajuda e contribuições essenciais para a finalização desta pesquisa.

À Profa. Dra Leny Kyrillos, referência no trabalho com telejornalistas, exemplo de competência profissional a ser seguida. Obrigada pela acolhida, pelos momentos agradáveis e pelo aprendizado constante em suas aulas, por ter me auxiliado durante essa trajetória, sempre com um jeito muito carinhoso. Saiba que sou eternamente grata por tudo e que não existe recompensa maior para um pesquisador que o conhecimento adquirido. À Profa. Dra. Adriana Panico, brilhante profissional e ser humano que emana uma simpatia ímpar. Obrigada por ter se mostrado tão atenciosa desde o primeiro contato, pela aceitação em participar desta pesquisa, pela disponibilidade em ajudar sempre que solicitei, pelas contribuições e sugestões essenciais para a concretização deste sonho. Minha gratidão por você é enorme.

Às Profas Dras Maria Laura Martz e Maria Aparecida Coelho, pelas excelentes contribuições e críticas sempre construtivas para um melhor resultado final.

À direção da emissora de TV e aos repórteres, por terem me recebido com carinho e acreditado em minha pesquisa. Você foram essenciais para a realização deste trabalho.

Aos telespectadores, que realizaram o julgamento das vozes,agradeço pela enorme colaboração.

Às fonoaudiólogas juízas que disponibilizaram pacientemente seu tempo para avaliar as vozes. Obrigada pela atenção a mim dispensada.

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Aos integrantes e amigos do Laborvox, pelas trocas de conhecimento e momentos alegres.

Aos meus amigos e irmãos Paulo Marcelo Trindade e Maurício Trindade, pela amizade e companheirismo em todas as horas.

Aos queridos amigos Sônia e Ênio, por não medirem esforços ao ler a dissertação sempre com um olhar diferenciado e críticas construtivas, e também pelos momentos alegres dentro do Laborvox.

Aos meus tios, primos e amigos que, mesmo distantes fisicamente, se fizeram presentes. Obrigada for terem feito a minha caminhada mais amena.

Às amigas Ana Carolina Almeida, Juliana Danin e Niele Medeiros, minha família de Sampa. Obrigada pela convivência super divertida, pelo apoio diário e por compartilharem comigo não só as alegrias, mas também os momentos de tristeza. Vocês, com certeza, souberam amenizar meus momentos de angústia, e me deram forças para chegar até o fim.

À amiga e fonoaudióloga Juliana Azevedo, por me ajudar desde o começo desse trabalho, mostrando-se sempre muito solícita, mesmo com seus afazeres. A você Jú, meu eterno carinho.

Ao estatístico e amigo João Ítalo, por entender no mais profundo sentido o verdadeiro significado da palavra amizade. Obrigada pela disponibilidade em todos os momentos.

À Virginia, secretária da Pós em Fonoaudiologia, pela sua atenção e presteza sempre, com todos os alunos.

À Capes, pela bolsa concedida.

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste sonho. Meu eterno carinho!

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“Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar” (Anatole France)

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Resumo

Trindade LLM, Ferreira, LP. Julgamento do efeito de um programa de intervenção fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres. [Dissertação de Mestrado], São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008.

Introdução: Os repórteres são profissionais que utilizam a voz como instrumento de trabalho e têm como principal objetivo transmitir a notícia com credibilidade ao telespectador. Objetivo: Analisar o efeito de uma proposta de programa de intervenção fonoaudiológica na expressividade oral de repórteres, a partir do julgamento realizado por telespectadores e fonoaudiólogos. Método: Participaram do estudo 100 telespectadores e três fonoaudiólogos especialistas em voz e atuantes na área do telejornalismo que realizaram o julgamento perceptivo-auditivo das vozes de três repórteres que foram submetidos a um programa de intervenção fonoaudiológica. As amostras de fala para cada análise foram colhidas nos momentos pré e pós- intervenção e editadas de forma aleatória, em quatro combinações para cada repórter, totalizando assim 12 combinações. Os dados foram submetidos à análise estatística, por meio dos testes Wilcoxon Rank Sum e Kruskal-Wallis Rank Sum, adotando nível de significância de 5%. Resultados: Observou-se diferença significante (p<0,0001) a favor dos acertos julgados pelos telespectadores na maioria das combinações dos repórteres; estes apontaram melhora na performance dos três repórteres no momento pós-intervenção (p<0,0001); o termo credibilidade foi o mais referido (66,9%) como sendo o fator responsável por essa melhora; não foi observada diferença estatisticamente significante (p=0,3108) em relação aos acertos segundo os grupos com e sem ocupação; o termo credibilidade foi o mais referido pelo grupos com (72,0%) e sem ocupação (61,0%); as fonoaudiólogas também perceberam diferença estatisticamente significante no relato das notícias de R1 (p=0,0457) e R3 (p=0,0457); estas julgaram melhor o momento pós-intervenção fonoaudiológica, sendo estatisticamente significante em R1(p=0,0098) e R3 (p=0,0184), e clareza foi o termo mais referido (72,7%) para evidenciar essa melhora. Conclusão: A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que o programa de intervenção fonoaudiológica, que contemplou predominantemente, o trabalho com parâmetros de expressividade oral, a partir de estratégias de auto-percepção, gerou efeito positivo no relato das notícias dos três repórteres participantes. Esse foi percebido por telespectadores nos três repórteres e por fonoaudiólogas, em pelo menos dois. Os juízes apontaram para a melhora da credibilidade (telespectadores) e clareza (fonoaudiólogas), na transmissão da notícia.

Descritores: voz, comunicação, jornalismo.

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Abstract

Trindade LLM, Ferreira LP. Assessment of the effect of a phonoaudiological intervention program on reporters’ oral expressivity [Dissertation], São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2008.

Introduction: Reporters are professionals who use their voice as tool to work and their main objective is to deliver the news in a credible way to viewers. Objective: To analyze the effect of a phonoaudiological intervention program in reporters’ oral expressivity based on an assessment made by viewers and speech therapists. Method: 100 viewers and three voice-specialized speech therapists who work in the TV journalism area participated in the study and conducted a perceptive-auditory assessment of three reporters’ voices who were submitted to a phonoaudiological intervention program. Speech samples for each analysis were collected before and after the intervention and randomly edited in four combinations for each reporter totaling 12 combinations of the three reporters. Data were submitted to statistical analysis by means of the Wilcoxon Rank Sum and kruskal-Wallis Rank Sum tests, 5% being the significance level adopted. Results: A significant difference (p<0,0001) was observed favoring correctness assessed by viewers in most of the reporters’ combinations; they pointed out improvements in the three reporters’ performance after the intervention (p<0,0001); the credibility item was the most mentioned (66.9%) as responsible for said improvement; no statistically significant difference was observed (p=0,3108) related to correctness according to the groups with and without occupation. Credibility was the most mentioned item by the groups with (72.0%) and without occupation (61.0%); speech therapists also perceived a statistically significant difference in the delivery of the news in R1 (p=0.0457) and R3 (p=0.0457); they though the moment after the phonoaudiological intervention was better and statistically significant in R1 (p=0.0098) and R3 (p=0.0184), and clarity was the preferred item (72.7%) to evidence said improvement. Conclusion: Based on the results, the phonoaudiological intervention program, which included predominantly working with oral expressivity parameters based news by the three reporters. That was perceived by viewers in the three as improvement in credibility (viewers) and in clarity (speech therapists) in the delivery of the news.

Uniterms: voice, communication, journalism.

(12)

ÍNDICE 1 INTRODUÇÃO 14 2 OBJETIVOS 17 3 REVISÃO DA LITERATURA 18 3.1- FONOAUDIOLOGIA E TELEJORNALISMO 18 3.2-INTERVENÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS 30 4 MÉTODOS 38

4.1- SELEÇÃO DOS SUJEITOS 38

4.2- COLETA DE AMOSTRA DE FALA 39

4.3- EDIÇÃO DO MATERIAL 40

4.4- JULGAMENTO DO MATERIAL 41

4.4.1- Julgamento dos Telespectadores 42

4.4.2- Julgamento das Fonoaudiólogas 42

4.5- ANÁLISE DOS DADOS 43

4.6- INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA 44

4.6.1- Caracterização da Empresa e dos sujeitos que participaram 44

4.6.2- Mapeamento do contexto ocupacional e das demandas 45

4.6.3- Descrição dos Encontros 45

5 RESULTADOS 49 6 DISCUSSÃO 58 7 CONCLUSÕES 69 8 REFERÊNCIAS 70 9 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 80 ANEXOS 81

Anexo 1 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa 81

Anexo 2 - Termo de Consentimento Livre Esclarecido aos Telespectadores 82

Anexo 3 - Termo de Consentimento Livre Esclarecido aos Fonoaudiólogos 83

Anexo 4 - Termo de Consentimento Livre Esclarecido aos Repórteres 84

Anexo 5 - Protocolo de Avaliação dos Telespectadores 85

Anexo 6 - Protocolo de Avaliação dos Fonoaudiólogos 86

Anexo 7 - Protocolo de Avaliação Fonoaudiológica pré intervenção 87

Anexo 8 - Avaliação do contexto ocupacional e das demandas 89

Anexo 9 - Descrição dos Encontros de Intervenção Fonoaudiológica 92

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Lista de Figuras

Figura 1: Apresentação cronológica dos procedimentos

metodológicos desta pesquisa 48

(14)

Lista de Tabelas

Tabela 1

Distribuição numérica e e percentual do julgamento das vozes dos repórteres (R1, R2 e R3), considerando os acertos e erros realizados pelos

telespectadores. 50

Tabela 2

Distribuição numérica e percentual do julgamento das vozes dos repórteres (R1, R2 e R3), considerando os momentos pré e pós intervenção fonoaudiológica,

julgada pelos telespectadores. 51

Tabela 3

Distribuição numérica e percentual dos termos mais referidos por quem acertou as combinações de vozes, em relação aos repórteres (R1, R2 e R3) julgados

pelos telespectadores. 52

Tabela 4

Distribuição numérica e percentual dos acertos julgados pelos telespectadores, segundo as diversas combinações em relação aos repórteres (R1, R2 e

R3), considerando os grupos com e sem ocupação. 53

Tabela 5

Distribuição numérica e percentual dos termos mais referidos por quem acertou as combinações de vozes dos repórteres (R1, R2 e R3), segundo o grupo com

presença e ausência de ocupação. 54

Tabela 6

Distribuição numérica e percentual do julgamento das vozes dos repórteres (R1,R2 e R3), considerando os

acertos e erros realizado pelas fonoaudiólogas. 55

Tabela 7

Distribuição numérica e percentual do julgamento das vozes dos repórteres (R1, R2 e R3), considerando os momentos pré e pós intervenção fonoaudiológica,

julgado pelas fonoaudiólogas. 56

Tabela 8

Distribuição numérica e percentual dos termos mais referidos por quem acertou as combinações de vozes, em relação aos repórteres (R1, R2 e R3) julgados

pelas fonoaudiólogas. 57

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Lista de Quadros

Quadro 1

Descrição do primeiro encontro de intervenção fonoaudiológica

93

Quadro 2

Descrição do segundo encontro de intervenção fonoaudiológica

100

Quadro 3

Descrição do terceiro encontro de intervenção fonoaudiológica

102

Quadro 4

Descrição do quarto encontro de intervenção fonoaudiológica

105

Quadro 5

Descrição do quinto encontro de intervenção fonoaudiológica

107

Quadro 6

Descrição do sexto encontro de intervenção fonoaudiológica

108

(16)

1 INTRODUÇÃO

A cada dia que passa, cresce o número de profissionais da comunicação e o repórter está inserido nessa categoria. Ele necessita utilizar a voz falada em sua rotina de trabalho, como equipamento imprescindível para desenvolver sua carreira, pois para ele, falar bem é essencial, o que implica em se expressar com clareza para ser entendido pelo ouvinte (FRANÇA, 2003).

A fala é um elemento importante na televisão, juntamente com a imagem (MACIEL, 1994), e é construída por elementos que na interação pessoal favorecem o estabelecimento das relações entre o que é dito, ou seja, o som e o que é entendido, o sentido (MADUREIRA, 2005). Dessa forma, toda fala é expressiva e no contexto de uso profissional, certas características são exigidas para um bom desempenho.

Nesse meio, é desejável alcançar uma fala, que apesar de ser construída, transmita naturalidade ao ouvinte e o fonoaudiólogo, por trabalhar com a comunicação humana, está envolvido nesse processo. Ele tem auxiliado os profissionais de TV a desenvolverem recursos, que promovam um melhor desempenho vocal durante sua atuação, fato que facilita o relato da notícia de forma objetiva e precisa, e atende às exigências dos ouvintes.

O repórter de TV geralmente realiza reportagens compostas de passagem, que é o momento em que o repórter aparece no vídeo no local da notícia, no qual pode falar seu texto no improviso, o off, que se refere ao momento em que o texto vai ao ar, previamente gravado ou ao vivo, que ocorre quando utiliza o fone de ouvido, por onde recebe informações quanto ao momento de entrar, além d sugestões de perguntas e comentários (KYRILLOS, 2004a).

(17)

Nos últimos anos, pesquisadores têm direcionado atenção maior às questões de manutenção vocal (STIER 1997; COTES et al. 1999; MESQUITA et al. 2003, entre outros) dos profissionais da TV e a literatura, aos poucos, reflete um aumento gradual de estudos, que comprovam a efetividade de uma intervenção fonoaudiológica na qualidade de comunicação desses profissionais (BRANDALISE e GONÇALVES, 2005; STIER e FEIJÓ, 2005; VIEIRA, 2005; AZEVEDO, 2007, entre outros). A intervenção fonoaudiológica é extremamente importante, pois pode ajudar os profissionais da TV a potencializar os recursos que possui, minimizar suas dificuldades, ajudar na sua performance frente às câmeras e criar estratégias que propiciem uma melhor apresentação na televisão.

No Programa de Estudos Pós Graduados em Fonoaudiologia no ano de 2007, AZEVEDO, analisou uma proposta de intervenção realizada com telejornalistas de uma emissora universitária. A atuação proposta ocorreu em quatro encontros, com a duração total de dez horas (150 minutos cada encontro). Como conclusão do estudo, a autora registrou que os dois principais aspectos positivos da intervenção, relatados pelos participantes, foram a auto-percepção e percepção de outros com relação aos aspectos trabalhados bem como o conhecimento de técnicas abordadas. Como aspecto negativo foi registrado o tempo reduzido da intervenção.

O desafio de uma nova proposta de intervenção fonoaudiológica a ser realizada, no mesmo local, deveria, portanto, considerar esses dados. Os pontos positivos seriam contemplados com a utilização de audiovideo gravações como estratégia dos encontros, para servirem de material, que propiciassem aos participantes retorno dos aspectos trabalhados. O ponto negativo relacionado ao tempo seria mais difícil considerar, uma vez que na emissora selecionada, os participantes também acumulavam a função de estudantes.

A solução, seria buscar um novo arranjo da carga horária, na tentativa de aumentar o número de encontros, com a redução de horas/dia, fato que poderia manter a eficácia da intervenção, sem interferir na rotina dos participantes.

(18)

Quanto aos sujeitos, que seriam submetidos à nova proposta de intervenção fonoaudiológica, optou-se pelos repórteres e para analisar os efeitos da mesma, além do procedimento utilizado por AZEVEDO (2007), um grupo de telespectadores, e também de fonoaudiólogos seriam abordados. A escolha do primeiro se justificaria por ser o principal receptor de qualquer notícia veiculada na TV e o segundo, por sua formação técnica especializada.

Ao final, a análise dos achados auxiliaria o fonoaudiólogo, que atua nessa área, a refletir sobre os aspectos inerentes à apresentação de uma intervenção.

(19)

2 OBJETIVO GERAL

Analisar o efeito de uma proposta de programa de intervenção fonoaudiológica, na expressividade oral de repórteres, a partir do julgamento realizado por telespectadores e fonoaudiólogos.

(20)

3 REVISÃO DE LITERATURA

Neste capítulo será apresentada revisão da literatura especializada dividida em duas partes: na primeira (A Fonoaudiologia e o Telejornalismo) serão abordadas pesquisas realizadas com profissionais da TV e estudantes do Curso de Jornalismo e, na segunda (Intervenções Fonoaudiológicas), as pesquisas com foco em intervenção realizadas com as mesmas categorias de profissionais. Optou-se, neste capítulo, em ambas as partes, seguir a cronologia das pesquisas.

3.1

A FONOAUDIOLOGIA E O TELEJORNALISMO

Ao avaliar em 20 repórteres de televisão, os hábitos e cuidados vocais, tempo máximo de fonação, altura, registro vocal, intensidade, variação de intensidade, ressonância, padrão articulatório e velocidade de fala, STIER (1997) concluiu que as características do repórter de televisão são: apresentar auto-imagem vocal positiva; não praticar o aquecimento vocal; mudar a voz com o desenvolvimento da profissão, estabelecer diferenças entre a voz pessoal e profissional, apresentar a voz mais grave no off, com o registro vocal modal, padrão articulatório indiferenciado; intensidade vocal adequada, com tendência a aumentar na situação de passagem; modulação de intensidade caracterizada pelo padrão repetitivo no off e velocidade com tendência a aumentar na passagem.

Com o objetivo de entender como as vozes dos profissionais que atuam na televisão chegam ao telespectador, BERTOSSI (1999), desenvolveu um estudo com 200 sujeitos, de ambos os sexos, na faixa

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etária entre 16 a 40 anos, os quais teriam que classificar as vozes da televisão, que na opinião deles, chamavam mais atenção. Os dados foram coletados por meio de ficha com perguntas fechadas (idade, profissão, escolaridade, hábito de assistir frequentemente televisão- sim /não, os programas a que geralmente assistiam - documentais, telenovelas, telejornais, seriados, entre outros) e abertas (quais personagens da televisão chamam mais atenção por sua voz) e, baseado na pergunta acima, por que essas vozes chamavam a sua atenção. A autora concluiu que havia a preferência da amostra por vozes masculinas, com características positivas (agradável, charmosa, suave, bonita, entre outras) da categoria informativa do gênero telejornal.

Ao analisar 40 repórteres, COTES et al. (1999) concluíram que eles têm um bom nível de conhecimento a respeito do uso da voz, como instrumento de trabalho e dos cuidados básicos que devem ter para com ela. Demonstraram conhecimento técnico de sua própria voz e do seu uso como instrumento de interpretação da notícia.

GUARINES (1999) mostrou em sua pesquisa que os fonoaudiólogos devem focalizar seu trabalho para a extensão da palavra falada e não apenas ao estudo e desempenho da voz dos profissionais de TV. Para isso, foram analisadas avaliações fonoaudiológicas e perceptivo-auditivas de 148 profissionais da voz (repórteres e apresentadores), sendo 82 do sexo feminino e 66 do sexo masculino, com idade média de 26 a 35 anos, respectivamente. A autora concluiu que houve nos profissionais alto índice de comprometimento postural, com posição de cabeça rígida ou lateralizada, desequilíbrio nas musculaturas linguais e labiais, interposição lingual e flacidez nos músculos da face, articulação imprecisa, desgastes unilaterais dos dentes, foco ressonantal baixo e capacidade respiratória curta.

No estudo realizado por COTES (2000), a autora descreveu os recursos não-verbais e vocais utilizados por oito apresentadores de telejornalismo, durante a narração de um mesmo tema. Os recursos não-verbais analisados foram: o espaço mantido pelas câmeras de televisão em

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relação ao apresentador; as expressões faciais; a postura; os gestos, e os vocais foram: a curva entoacional; a intensidade; a pausa; e a duração. Os resultados apontaram a presença da relação entre gesto e a entoação, os quais favoreceram a expressividade e enfatizaram a necessidade de uma reavaliação no trabalho fonoaudiológico, junto aos profissionais de telejornalismo, por meio de uma análise complementar, ou seja, uma nova forma de avaliar e trabalhar a inter-relação corpo/voz.

FERREIRA et al. (2000) avaliaram acusticamente o recurso de ênfase utilizado em telejornalismo. Após uma audiogravação da leitura da escalada1 de um telejornal, a mesma foi digitalizada no programa Multi Speech. Os resultados evidenciaram que os recursos de ênfase, presentes em todas as notícias, estavam predominantemente relacionados à ocorrência de pausa silente e perceptível e a maior duração referente à extensão de tempo gasto na articulação. Para as autoras, a locução de telejornalismo é uma arte com suas técnicas específicas e a análise acústica tem sido um método valioso de investigação da ênfase.

Em pesquisa realizada para avaliar a voz de 22 repórteres, e comparar a comunicação espontânea e profissional MERCATELLI et al. (2000) concluíram que há diferença nos padrões de emissão nas duas situações, com diferença significante entre o sexo, quanto ao tipo de emissão e tempo de profissão e que o tempo profissional interfere em alguns parâmetros do padrão vocal. Os itens relacionados às características da voz mantiveram-se praticamente constantes, o que demonstrou pouco conhecimento que os profissionais têm a respeito dos mesmos; as características não-verbais como modulação, ênfase, pontuação e expressão facial sofreram maiores alterações, uma vez que são características mais popularmente conhecidas e consideradas como importantes na emissão profissional; os parâmetros com melhora mais significativa foram modulação e ênfase, e houve uma preocupação por parte

(23)

dos repórteres em alterar seu padrão vocal, a fim de tornar sua fala mais precisa.

COTES e FERREIRA (2001) realizaram uma análise descritiva dos recursos vocais e gestuais de um apresentador de telejornal. Os dados apontaram para uma relação existente entre a mudança de entonação, ocorrendo de maneira conjunta ao gesto, seja meneio de cabeça ou movimento das mãos e concluíram que voz e gesto, apesar de passíveis de análise, em áreas independentes, atuam concomitantemente, complementando-se.

Em pesquisa realizada com 12 apresentadores de telejornal (seis homens e seis mulheres) de seis telejornais em três redes de televisão, COSTA (2002) analisou os recursos vocais como: média e variação de freqüência vocal, utilizados nos telejornais como coadjuvantes de efeitos pretendidos com a divulgação da notícia. Os enunciados foram classificados em dois tipos de notícias: positivas e negativas. Assim, tiveram dez notícias de cada situação apresentadas aos sujeitos do sexo masculino e o mesmo número aos sujeitos do sexo feminino. Foi realizada uma análise acústica computadorizada da freqüência média e variação de cada enunciado, por meio do programa Dr. Speech 3.0 e análise descritiva dos enunciados, por meio da teoria semiótica francesa, fonoaudiologia e retórica. Os resultados apontaram: presença de relação de voz e efeitos de sentido nos telejornais; aumento da média das freqüências em notícia positivas e decréscimo em ambos os sexos nas negativas; variação das médias das freqüências mais evidente nas locuções das mulheres. Conclui-se que a voz tem papel importante como estratégia de persuasão na busca de credibilidade da notícia e é amplamente utilizada pelos apresentadores de telejornais.

CUNHA et al. (2002) caracterizaram a voz do repórter, jornalista e radialista em uso profissional. A amostra foi composta por 18 profissionais, sendo dez do sexo masculino e oito do sexo feminino, com idade entre 22 a 36 anos. Desses, 12 atuavam na TV, cinco na rádio e TV e um na rádio. O protocolo do estudo englobava 26 questões objetivas

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referentes a sintomas vocais, abuso e mau uso vocal, distúrbios pulmonares e das vias aéreas superiores. Os autores concluíram que os profissionais de TV e rádio, além de se beneficiarem com prevenção de alterações vocais, necessitam de um treinamento específico com a voz, para melhorar a eficiência vocal e seu desempenho profissional.

Em estudo realizado para avaliar perceptualmente por meio de audiogravação de leitura de texto padrão, os recursos vocais de 13 repórteres e cinco apresentadores de TV, SOUTO e PETER (2002) concluíram que a grande maioria (94,4%) apresentou curvas melódicas repetitivas, sendo 83,3% curvas ascendentes e 16,7% curvas descendentes e 33,3% excesso de pausas na narração; o ritmo repetitivo e excesso de pausas comprometeram a naturalidade, acentuaram o sotaque e tornou a narração cansativa.

Com o propósito de identificar as características vocais inadequadas de 16 apresentadores, sendo 11 do sexo masculino e cinco do sexo feminino, atuantes em diferentes emissoras de televisão AZEVEDO et al. (2003) realizaram gravações, que foram capturadas em um aparelho MD conectado a televisão e apresentadas para o público em geral, para fazer o julgamento em agradáveis e desagradáveis. Em seguida, realizou-se avaliação perceptivo-auditiva das vozes desagradáveis por meio de um protocolo. Os autores concluíram que as justificativas dos ouvintes foram compatíveis com as da avaliação fonoaudiológica e que é fundamental o trabalho fonoaudiológico junto a esses profissionais, a fim de indicar alguns parâmetros que possam promover a credibilidade em sua atuação.

COELHO e VASCONCELOS (2003) verificaram se ocorrem variações fisiológicas (níveis de cortisol) na performance de 13 jornalistas que exercem função de repórter, em três momentos distintos: período antecipatório (1 h antes da entrada ao vivo), atividade comunicativa (situação ao vivo) e recuperação (1 h após entrada ao vivo) , além de verificar de que forma essas variações se manifestam na voz e correlacionar tais achados psicológicos a testes subjetivos de stress. Os autores concluíram que na situação ao vivo, houve mobilização corporal, típica de fase de alarme de

(25)

stress, o que provocou incrementos de pitch e velocidade na voz; sinais de desgaste físico e emocional contínuo e sintomas emocionais e sociais, indicativos de fase de resistência ao stress.

Ao analisar perceptivo-auditivamente, as amostras de fala de repórteres e teleapresentadores de diversas redes de televisão, DIAFÉRIA et al. (2003) mostraram que os parâmetros que mais diferenciaram as notícias narradas foram: pitch e loudness, os quais devem constituir um dos focos da intervenção fonoaudiológica, uma vez que precisam manter a uniformidade dos parâmetros vocais na transmissão da notícia.

FRANÇA (2003) objetivou confirmar a importância da consultoria fonoaudiológica para o repórter de televisão, a partir do trabalho desenvolvido com uma equipe específica de jornalistas. Para tal, foi aplicado nos contatos iniciais, durante reuniões de orientação, um questionário sobre histórico vocal com perguntas fechadas, abertas e semifechadas. A autora concluiu que as reuniões e aplicação do questionário contribuíram para reflexão acerca da necessidade do trabalho fonoaudiológico, bem como apoio à equipe de comunicadores.

GAMA (2003) avaliou aspectos prosódicos e do controle motor da fala de 18 repórteres e apresentadores, por meio de medidas acústicas e espectrográficas de emissões espontâneas e profissionais e utilizou como dados acústicos a f0 média, máxima e mínima, bem como extensão fonatória em semitons. O material selecionado foi a vogal /a/ e leitura de uma frase nas duas situações. Para avaliação espectrográfica, realizaram análise visual do traçado, definindo aspectos temporais da emissão e prosódia e em seguida foram comparados resultados dos participantes por meio do programa GRAM 5.1 e gravação em off lido das duas formas. Os resultados apontaram presença de f0 média mais grave nos dois gêneros, presença de maior modulação, precisão articulatória, ênfases, intensidade, pausas e prolongamento de vogais nas emissões profissionais.

Com o objetivo de analisar a relação entre expressão vocal e corporal presente no trabalho de assessoria vocal, GIMENES (2003) realizou uma pesquisa com dez fonoaudiólogos. Foi aplicada uma entrevista cujo

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motivador foi a queixa de dificuldade na comunicação, em seguida, a mesma foi transcrita de forma literal. A autora concluiu que a expressividade vocal foi abordada por nove entrevistados, o trabalho com expressão corporal foi contemplado por seis sujeitos, o que na prática fonoaudiológica está associado a visão da comunicação não-verbal; a questão corporal vem sendo trabalhada com o uso de manuais e técnicas já estabelecidas e não houve relação intrínseca entre voz e corpo no processo comunicativo.

MESQUITA et al. (2003) avaliaram o conhecimento de telejornalistas sobre a produção vocal, cuidados com a voz e aprimoramento dessa pelo trabalho fonoaudiológico dentro da emissora de televisão. Para tal, foi aplicado um questionário com 29 perguntas sobre essas questões e os resultados possibilitaram destacar os aspectos de saúde vocal e técnica vocal, que necessitam ser trabalhados para o aperfeiçoamento da voz dos telejornalistas.

PANICO e FUKUSIMA (2003) objetivaram atribuir significado ao aspecto confiabilidade, no que diz respeito à percepção do telespectador e apontaram seus correlatos acústicos. A pesquisa foi realizada com 45 profissionais da voz e 17 universitários e constou das seguintes etapas: aplicação do questionário aos profissionais da voz, seleção e definição do estímulo a ser apresentado aos juízes leigos, análise acústica das vozes dos locutores, apresentação das vozes e análise dos dados. Os autores concluíram que as características responsáveis pela inferência da confiabilidade foram: intensidade, freqüência e duração de fala com ritmo dinâmico e pausas breves, aumento de intensidade como recurso de ênfase, e articulação mais precisa obtida pelo aumento de intensidade; vozes masculinas devem buscar tons mais graves. Os autores ressaltam ainda que, outros fatores parecem ser mais importantes do que a freqüência no que diz respeito à confiabilidade e, por isso é necessário ouvir e considerar as impressões dos outros, como os telespectadores e, e não apenas de gerentes e diretores do jornalismo.

Em estudo realizado para verificar a incidência de fatores de interferência na performance de 139 repórteres de link, COELHO et al.

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(2004) aplicaram um protocolo, no qual o indivíduo listava fatores que influenciavam seu bom desempenho em situações de link e em seguida analisaram as respostas por freqüência e dividiram em duas categorias: sob controle do repórter e fora do controle do mesmo. Eles concluíram que a expressividade vocal no link é duplamente influenciada e o peso dos fatores que estão fora do controle do repórter são muito grandes, o que implica em uma abordagem fonoaudiológica que considere os mesmos, para que seja possível um efetivo manejo da comunicação oral pelo repórter, diante de um quadro tão adverso.

LOPES (2004) discutiu questões referentes à tonicidade e suas variações na prática da leitura oral de 13 frases faladas por oito diferentes telejornalistas, em situações de apresentação, passagem e off. A autora concluiu que uso de acentos secundários, grupo acentual e acentos de insistência tem sido muito usados a leitura oral e fala espontânea do telejornalismo, e que o treinamento auditivo deve servir para criar maiores possibilidades de entonação e ritmo, proporcionando mais credibilidade as mensagens telejornalísticas.

MARTINS et al. (2004) analisaram os recursos não verbais (voz e expressões faciais) utilizados por um apresentador de telejornal. Foram avaliadas reportagens com diferentes temas, e os parâmetros julgados foram: articulação, loudness, ressonância, ritmo de fala e expressões faciais. Os autores concluíram que o apresentador de telejornalismo tem na voz e no gesto seu principal instrumento de trabalho e que na atuação fonoaudiológica é fundamental considerar o quanto a comunicação não- verbal completa a verbal e o quanto escuta e olhar fonoaudiológico devem atentar para esses aspectos.

Ao relacionar os sintomas vocais relatados por 16 estudantes de um curso de jornalismo, com os dados encontrados nas avaliações fonoaudiológica e otorrinolaringológica, PINTO et al. (2004) aplicaram um questionário para levantar sintomas vocais após uso da voz e realizada avaliação perceptivo-auditiva e análise acústica. O sintoma vocal mais relatado foi secura na garganta (69%), na avaliação detectaram 31%

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soprosidade, 37% rouquidão e articulação travada e 62% articulação normal; a média do tempo de fonação foi de dez segundos para vogais e relação s/z sugestivo de falta de coaptação glótica, registrado em 25% dos sujeitos e hiperconstrição em 19%; observou-se jitter com média de 3% e shimmer com 13,6%; f0 de 109,39 nos homens e 197,29 nas mulheres; 33,3% dos estudantes encaminhados para videolaringoscopia apresentavam disfonia funcional e 50% organofuncional.

ROSA (2004) verificou os ajustes vocais realizados por dez repórteres, durante a transmissão do carnaval, quanto ao pitch, loudness e articulação e comparou as locuções pré e durante o carnaval. A autora concluiu que o aumento de intensidade foi o ajuste vocal mais utilizado durante o carnaval, seguido do aumento de intensidade da freqüência e modificação do padrão articulatório; e que a utilização da sobrearticulação proporcionou maior vigor à emissão e colaborou para o aumento da intensidade.

SANTOS et al. (2004) investigaram o conhecimento de 45 alunos do curso de Jornalismo sobre suas vozes, por meio de desenhos e depoimentos escritos sobre as vozes. Os autores apontaram a presença de autocrítica quanto aos diversos parâmetros da voz e a importância da atuação fonoaudiológica junto aos alunos de jornalismo, para favorecer um maior conhecimento e cuidados com a voz.

TORRES et al. (2004) verificaram a porcentagem de identificação correta, a intenção de comunicação do repórter de TV na leitura de um texto com nota editorial e um com nota esportiva, então procuraram reconhecer os parâmetros acústicos, que poderiam explicar a identificação nos dois estilos pesquisados na leitura feita por repórteres profissionais. A pesquisa foi realizada com 27 jornalistas experientes em telejornalismo, os quais realizaram a leitura dos dois textos. Em seguida, estas foram gravadas e ouvidas por 26 fonoaudiólogas. Os resultados mostraram que a identificação da intenção de transmissão das duas notícias foi de 84%, independente do conteúdo semântico; houve forte inclinação dos repórteres em elevar a f0 na nota de esporte; e a

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transmissão da notícia de conteúdo esportivo leva o repórter a falar mais rápido, mesmo quando a intenção vocal é de produzir nota editorial.

COELHO (2005) descreveu as características típicas da narração de 32 jornalistas (oito apresentadores e 24 repórteres) e investigou quais parâmetros da comunicação sofreram maior influência pelo stress da comunicação. Concluiu que tanto os repórteres, quanto os apresentadores têm padrão de emissão similar, no que diz respeito aos parâmetros convencionais de qualidade vocal, padrão ressonantal, loudness e padrão articulatório; os repórteres no link apresentaram mais alterações de voz e de fala do que os apresentadores, principalmente nos parâmetros interpretativos como: pausas, ênfases, curva melódica e velocidade; e o stress da comunicação, na situação ao vivo, tende a atingir de forma mais significativa a voz e a fala do repórter que a do apresentador.

Ao abordar os aspectos vocais envolvidos na dinâmica de dois apresentadores de telejornais, com e sem acompanhamento fonoaudiológico, MAIOR (2005) concluiu que o teleapresentador sem acompanhamento fonoaudiológico apresentou articulação precisa, pitch grave, loudness forte, ritmo e velocidade de fala adequada, pronúncia regional, coordenação pneumonfonoarticulatória, ênfase e pronúncia inadequadas, e o telejornalista com acompanhamento fonoaudiológico apresentou características vocais adequadas em todos os aspectos, o que segundo o autor evidencia a importância da inserção do fonoaudiólogo no corpo técnico das emissoras de televisão.

PANICO e FUKUSIMA (2005) investigaram os ajustes vocais por meio de análise acústica feito por dez repórteres para diferentes estilos (descontraído, neutro e sério) e verificaram se as emissões foram identificadas corretamente pelos telespectadores. Para tal, foram selecionadas 80 pessoas, das quais 50 participaram da seleção das reportagens que serviram de modelo para gravação da amostra e normatização dos termos empregados e 30 para identificação dos três estilos. Os autores concluíram que houve diferença significativa entre os estilos; média de f0 média para os estilos descontraído e neutro e

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descontraído e sério, média das variações de f0 entre os estilos descontraído e sério e neutro e sério e média dos tempos de fala entre os estilos descontraído e neutro e descontraído e sério, os parâmetros relativos à intensidade não foram significativos.

PANICO (2005) demonstrou, por meio de estudo de caso, os fatores constituintes de uma avaliação fonoaudiológica dirigida a telejornalistas em diferente situações: link, passagem, off sonoras e apresentação, especialmente no que diz respeito à avaliação vocal. As análises foram feitas por meio de avaliação perceptivo-auditiva e acústica de trechos de fala, as quais contemplavam aspectos como: qualidade vocal, pitch, loudness, velocidade de fala, coordenação pneumofonoarticulatória, ataque vocal e recursos vocais. A autora concluiu que a avaliação deve considerar as particularidades impostas pela mídia e procurar garantir ao profissional, padrão de emissão saudável e confortável.

Ao realizar a comparação dos parâmetros vocais (freqüência e intensidade) e os recursos vocais (entoação, pausa, ênfase, tempo de emissão e velocidade) encontrados nas narrações de telejornalistas esportivos em dois estilos de narração (espontânea e profissional), PETER (2005) concluiu que houve aumento da f0 e intensidade na emissão profissional de todos os telejornalistas, bem como aumento do tempo de emissão e velocidade de fala, articulação mais precisa, presença de curvas melódicas equilibradas nos dois tipos de emissão, com predomínio de curvas ascendentes, maior quantidade de pausas expressivas na emissão profissional e utilização do recurso de ênfase aplicado em maior número por repórteres e apresentadores na emissão profissional, ênfase associada a aumento de intensidade nas duas emissões e maior variabilidade na utilização dos recursos vocais em emissão profissional.

TORRES (2005) verificou a identificação correta da intenção de dez repórteres na transmissão de duas notícias: nota esportiva e editorial e reconheceu quais parâmetros acústicos foram responsáveis por essa

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identificação, nos dois estilos pesquisados, por meio da análise acústica dos trechos de leitura. A autora concluiu que a intenção do repórter de TV na transmissão das duas notas independe do conteúdo falado, os homens transmitem a nota esportiva com f0 elevada, homens e mulheres reduzem a f0 ao transmitir nota editorial; o parâmetro acústico de intensidade não identifica se a voz transmite nota editorial ou esportiva; não houve variação nos resultados de semitons ou medidas de extensão de f0; e na nota esportiva o repórter fala mais rápido, mesmo quando a intenção vocal é de transmitir nota editorial.

CONSTANTINI e MOURÃO (2007) analisaram a pausa de dois repórteres de uma TV universitária, por meio da gravação de um texto repetido dez vezes. As gravações foram registradas em sistema de gravação profissional e analisadas com o software livre PRAAT, com auxílio do espectrograma. A média de cada tipo de pausa encontrada foi calculada, por meio de classificação que contém 11 marcadores sintáticos. Os autores concluíram que os tipos mais encontrados estão relacionados à presença da pausa antes da palavra que é ressaltada, ou seja, a pausa utilizada como importante marcador de ênfase.

COTES (2007) investigou a distribuição e uso das pausas silenciosas no discurso oral em narrações de programas de televisão de natureza diferenciada. Para o estudo, foram selecionadas amostras de fala de dois jornalistas em cinco programas de televisão. As gravações compreenderam quatro tipos de programas: passagem de reportagens, narração por telefone, apresentação em estúdio e programa interativo ao vivo. Os arquivos foram submetidos a análise acústica no programa PRAAT, e concluiu que o uso da pausa silenciosa varia de acordo com o estilo do programa de TV, foi menos freqüente no estilo de apresentação de telejornal, do que na passagem e mais freqüentes no programa interativo, e afirmou ainda que a pausa é fundamental para a construção da expressividade oral, por desempenhar um papel delimitativo e sinalizador dos efeitos de sentido.

GAMA et al. (2007) verificaram a organização prosódica da ênfase na locução de seis repórteres de telejornalismo através dos parâmetros

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prosódicos duração, frequência fundamental e intensidade. O corpus foi constituído de gravações em tempo real de offs de notícias factuais. As ênfases foram identificadas por três fonoaudiólogos experientes na área de voz profissional, por meio de análise perceptivo-auditiva. A análise das sílabas enfáticas foi contraposta à sílaba tônica saliente e à sílaba tônica rítmica. Para essa análise, utilizou-se o programa PRAAT versão 4.3.29, onde foram obtidas a duração, intensidade, o contorno melódico, o intervalo melódico, e o valor de f0 inicial e final de todas as sílabas tônicas, como ênfase, tônica rítmica e saliente. Os autores concluíram que a ênfase prosódica na locução do repórter de telejornalismo possui características específicas, principalmente em relação aos aspectos melódicos – maior amplitude do intervalo melódico em contornos ascendentes e um emprego de valores iniciais e finais de f0 mais altos; e a duração silábica se revelou um parâmetro importante para a marcação das ênfases.

PONTES et al. (2007) analisaram o padrão comunicativo de oito repórteres da TV Assembléia durante o exercício profissional. Estes foram avaliados por meio de dois protocolos, dos quais o primeiro avaliava os parâmetros vocais da voz falada e profissional durante gravação de reportagem ao vivo e o segundo, que constava de 14 perguntas sobre sintomas vocais, hábitos de saúde vocal e padrões vocais. Os autores concluíram que houve uma adequação do padrão comunicativo dos repórteres relacionado com a prática da terapia fonoaudiológica e ressaltaram a importância da assessoria fonoaudiológica dentro do ambiente televisivo, para realizar um trabalho preventivo e de acompanhamento, bem como de orientação aos repórteres, quanto ao melhor uso da voz na emissão da notícia na TV.

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FERREIRA e RICCI (1999) realizaram um estudo de caso, com um profissional de jornalismo que atuava em off. Com o auxílio de uma avaliação, detectou-se que o trabalho englobaria técnicas vocais e dicção. O mesmo foi realizado semanalmente durante 45 minutos, no total de 10 sessões. As técnicas trabalhadas foram: percepção de esquema corporal; relaxamento; adequação da modalidade respiratória para a fonação; coordenação da respiração de pontuação gramatical e expressiva; expressividade adequada; aquecimento e desaquecimento vocal e orientação quanto à higiene vocal. Após a realização de trabalho fonoaudiológico, observou-se adequação da voz e dicção para o trabalho de off na TV, expressão harmoniosa e adequada à notícia em cena, ressonância equilibrada e coordenação fono respiratória.

Na pesquisa de GIROTO e MARTINS (2000) foi apresentada uma proposta de treino formal da voz profissional falada, voltada para estudantes de jornalismo. Para tal, elaboraram e aplicaram um questionário sobre os diferentes aspectos da voz. Com a análise desses dados, somados à literatura, definiram os aspectos vocais que foram trabalhados: avaliação otorrinolaringológica; aplicação de anamnese específica; avaliação perceptivo-auditiva; programa de educação vocal; englobando informações sobre anatomofisiologia da fonoarticulação e conscientização quanto ao uso adequado da voz e treino formal, incluindo o registro áudio visual da emissão e utilização de estúdio de rádio e TV para o desenvolvimento de estratégias.

CASSOL (2002), em seu estudo, submeteu oito repórteres a um treinamento em grupo. Os mesmos responderam a um questionário e foram realizadas avaliações perceptivo-auditivas da voz pré e pós treinamento, uma vez por semana, durante oito meses. Os aspectos abordados foram: orientação vocal; bem como parâmetros observados como inadequados para o telejornalismo, como qualidade vocal, respiração, articulação, ritmo de fala, intensidade, ressonância, pitch e ataque vocal. A autora concluiu que houve melhora na avaliação final dos parâmetros, pós intervenção.

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SERVILHA (2002), desenvolveu uma oficina de dez encontros com duração de uma hora e meia cada, com 21 alunos do curso de jornalismo, que abordou aspectos como: higiene vocal, conhecimento da voz e corpo, postura corporal, relaxamento de ombros, pescoço e região laríngea, colocação e controle respiratório costo diafragmático, equilíbrio ressonantal, projeção vocal, flexibilidade vocal e ênfase, articulação, loudness, e coordenação pneumofonoarticulatória. Ao final, os participantes preencheram um questionário, avaliaram seus desempenhos e foram regravados. A autora concluiu que houve progresso em todos os participantes, com maior conhecimento da própria voz, maior controle das emoções frente à câmera, melhora na postura e segurança, principalmente nas locuções em rádio.

Uma proposta de intervenção fonoaudiológica na preparação de 12 repórteres de televisão, durante quatro meses foi descrita por STIER (2002). Esta apresentava como objetivo: desenvolver uma comunicação adequada para o vídeo e para tal foram realizadas atividades como: terapia fonoaudiológica em grupo, oficina de narração, simulações de passagens, treinamentos em estúdios e simulações de telejornal. Os resultados apontaram que o grupo desenvolveu o uso profissional da voz e comunicação desejada no vídeo e concluiu que a prática fonoaudiológica representa boa oportunidade para atuação in loco e o trabalho em equipe constitui valiosa forma de aprimoramento, e favorece o desenvolvimento do jornalista recém formado.

TEIXEIRA e PINTO (2003) realizaram uma pesquisa com 31 alunos do curso de jornalismo, para verificar o aproveitamento dos mesmos, após realização de um programa de orientação sobre fisiologia do aparelho fonador e cuidados com a voz e treinamento vocal, o qual abordou aspectos como: articulação, aquecimento e desaquecimento vocal. Em seguida, foi aplicado um questionário sobre o aproveitamento, e os autores concluíram que após a orientação vocal, os alunos demonstraram ter noção quanto aos hábitos benéficos ou maléficos à voz, julgando importante o trabalho.

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CAMARGO e PENTEADO (2004) identificaram, por meio da perspectiva de dois repórteres e uma apresentadora de telejornal, o impacto do trabalho fonoaudiológico (oficina de voz) na prática desses comunicadores sociais. Os dados foram coletados por meio de entrevista coletiva que abordou os aspectos enfocados na oficina de voz e em seguida, os depoimentos foram gravados em fita cassete e transcritos para a análise do conteúdo. Os autores concluíram que a oficina proporcionou um impacto positivo, não somente na prática profissional dos sujeitos, como também na qualidade de vida, pois melhorou a auto estima, promoveu a saúde geral e vocal, além de mudanças qualitativas observadas no formato do telejornal, superando as expectativas específicas do trabalho fonoaudiológico.

MARTINEZ e SILVA (2004) observaram as modificações ocorridas após a realização de uma série de exercícios de aquecimento vocal em cinco momentos diferentes com sete apresentadores de televisão. Os aspectos trabalhados foram relaxamento cervical, deslocamento de laringe, vibração de lábios e de língua, sons nasais e fricativos. Após os exercícios de aquecimento, verificou-se um aumento da intensidade vocal, tendência ao aumento da freqüência fundamental e maior projeção vocal nas amostras de fala gravadas. Esse estudo concluiu que o uso de aquecimento vocal possibilitou uma diferença positiva nas vozes, pois aumentou a intensidade do sinal acústico e propiciou uma articulação mais precisa, com aumento da freqüência fundamental.

PETER e SOUTO (2004) realizaram, com 15 telejornalistas, uma análise perceptivo-auditiva sobre os recursos vocais pré e pós intervenção fonoaudiológica. Utilizaram a audiogravação da leitura de um texto padrão e posteriormente realizaram a transcrição literal das narrações. Após os sete meses de intervenção fonoaudiológica, os autores verificaram que os telejornalistas passaram a fazer uso dos recursos vocais de modo mais adequado, tornando mais fáceis a compreensão e a absorção da notícia veiculada, contribuindo para que os diversos telejornais da emissora se tornassem mais agradáveis ao público.

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STIER e FEIJÓ (2004) compararam a voz de 13 repórteres de televisão pré e pós uma série de exercícios vocais, por um período de um mês consecutivo, e identificaram os parâmetros vocais que se modificaram, tanto imediatamente quanto após o período de um mês de realização dos exercícios. Os participantes foram orientados a realizar uma série de exercícios diariamente antes da atuação profissional. Uma vez por semana, as vozes foram analisadas com a utilização do programa GRAM 5.7 e foram observados parâmetros como: freqüência fundamental, regularidade do traçado e número de harmônicos. Os dados acústicos foram obtidos no período da manhã, pré e pós realização dos exercícios. Antes do início do estudo, todos os repórteres foram orientados sobre hábitos de higiene vocal. Os autores concluíram que houve mudanças imediatas pré e pós exercícios e os próprios sujeitos referiram-se tanto à percepção de diferença de qualidade de voz, quanto à diminuição do esforço a fonação.

BRANDALISE e GONÇALVES (2005) verificaram a aplicação da técnica de sobrearticulação na performance vocal de 12 repórteres de televisão, por meio das análises perceptivo-auditiva e acústica computadorizada, a qual constou da medição do tempo máximo de fonação (média das vogais e relação s/z), gravação da vogal /i/ e de dois textos selecionados. As autoras concluíram que os parâmetros da análise perceptivo-auditiva que apresentaram melhora, em ordem decrescente, foram: prosódia, articulação, loudness, velocidade de fala e pitch. Os parâmetros da análise acústica computadorizada que apresentaram melhora foram: jitter, shimmer, NNE e proporção harmônico ruído. Concluíram que a técnica de sobrearticulação apresentou eficiência em todos os parâmetros da análise perceptivo-auditiva e na análise acústica computadorizada foi efetiva para jitter, shimmer e ruído glótico.

PINHATTI et al. (2005) realizaram uma intervenção junto a estudantes de jornalismo pertencentes a uma instituição de ensino superior de São Paulo . O programa teve início com uma palestra sobre o aparelho fonador (estrutura e funcionamento) e noções de saúde vocal.

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Foi composto por entrevista, avaliação vocal e oromiofuncional, avaliação dos aspectos não-verbais, programas de trabalho individual e para o grupo e reavaliação final. Tanto imediatamente quanto em grupo, o atendimento segundo as autoras contemplou aquecimento vocal e relaxamento vocal, postura, uso de gestos e expressões faciais, questões oromiofuncionais e devolutivas das observações de suas atuações em estúdio. Não consta o relato de quantos universitários participaram da intervenção, nem a carga horária do programa, mas o mesmo teve duração de cinco meses, com encontros semanais para atendimento e quinzenais para observação das gravações no estúdio da universidade. Foram coletadas amostras de emissão espontânea e profissional, por meio de filmagens providenciadas pelos participantes, antes e após a intervenção fonoaudiológica e a comparação foi tida pelas autoras como efeito positivo da intervenção.

STIER e FEIJÓ (2005) compararam a voz de 13 telejornalistas, antes e depois do aquecimento vocal imediato e após a repetição diária de um período de quatro semanas e observaram quais as modificações ocorridas nesse período, a fim de avaliar a efetividade da preparação diária desses profissionais. A seqüência de exercícios proposta foi: relaxamento e alongamento de ombros e pescoço, rotação de língua (dez repetições para cada lado), movimentos exagerados da musculatura facial por 30 segundos, técnica do “B” prolongado (30 repetições), técnica de vibração com variações de freqüência e volume (seis repetições), sons nasais associados a movimentos de mastigação (seis repetições), e técnica de firmeza glótica (seis repetições). As autoras concluíram que a série de aquecimento vocal promoveu em todos os participantes uma percepção de melhor qualidade vocal e de maior conforto e facilidade à emissão e que a maior parte dos sujeitos apresentou mudança na freqüência fundamental e aumento do número de harmônicos.

VIEIRA (2005) estudou o efeito da orientação fonoaudiológica na expressividade em sete estagiários, sendo quatro do grupo experimental e três do grupo controle, do curso de jornalismo de emissora de televisão.

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Realizou-se a leitura de dois noticiários, sendo um sem grande conteúdo emocional, e outro com impacto emocional maior. Após a primeira gravação, os indivíduos do grupo experimental receberam orientação sobre sua comunicação e aquecimento vocal e foram trabalhados aspectos como: postura, expressão facial, gestos, articulação, recursos vocais, ênfase, curva melódica, velocidade, pausas, técnica de movimentos exagerados da musculatura facial, massagem circular na musculatura facial, som hiperagudo, som basal, sons vibrantes e fala mastigada. Após a orientação, foi gravado novamente o mesmo texto. O grupo controle gravou nas mesmas condições, porém sem orientação e sem aquecimento. O estudo concluiu que a orientação fonoaudiológica breve sobre os aspectos da comunicação profissional, com aquecimento vocal, apontou efeito positivo nos indivíduos participantes do grupo experimental. Os parâmetros, que apresentaram melhor desempenho após a intervenção foram os relacionados à expressão corporal.

AZEVEDO (2007) realizou um processo de intervenção fonoaudiológica com seis telejornalistas e concluiu que os dois principais pontos positivos da intervenção relatados pelos telejornalistas participantes foram a auto percepção e percepção dos outros e o conhecimento de técnicas, sendo o principal ponto negativo o tempo reduzido da intervenção. Além disso, verificou, na opinião dos telespectadores, que quatro dos seis telejornalistas apresentaram preferência dos telespectadores na situação pós-intervenção, o que demonstrou efeito positivo da intervenção fonoaudiológica no julgamento dos telespectadores; não houve, para a maioria dos telejornalistas analisados, diferença no julgamento dos telespectadores, quanto ao sexo e idade.

LOPES et al. (2007) analisaram os parâmetros prosódicos de duas apresentadoras de telejornal em relação à entoação, duração, velocidade de fala, variabilidade da freqüência fundamental e intensidade, relacionados à intencionalidade do falante e à caracterização dos gêneros jornalísticos de esporte, cultura, denúncia e jornal. A frase foi julgada por

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um grupo de dez jornalistas, que a consideraram desprovida de qualquer conteúdo jornalístico e lida com a intenção de matéria policial, denúncia, esporte e cultura, utilizando-se de diferentes recursos prosódicos. As oito locuções foram gravadas e apresentadas a ouvintes constituídos por estudantes do curso de jornalismo e fonoaudiologia, os quais julgariam quanto ao gênero. Os dados mostraram que quanto maior o número de pistas prosódicas entre locuções, maior possibilidade de captação da intencionalidade e as características prosódicas mais importante para distinção dos gêneros foram: número de proeminências, padrão entoacional, alongamento de vogal e variabilidade da freqüência fundamental e apontaram ainda para a possibilidade de utilizar os diferentes parâmetros prosódicos como recurso para tornar a narração telejornalística mais interativa.

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4

MÉTODOS

Esta pesquisa de caráter descritivo, longitudinal e prospectivo, foi aprovada pela Comissão de Ética do Programa de Estudos Pós Graduados em Fonoaudiologia (PUC/SP) sob o registro 002/2007 (Anexo I).

Para melhor entendimento, este capítulo foi dividido em seis partes: a primeira explicita a seleção dos sujeitos; a segunda a coleta de amostra de fala; a terceira, a edição do material coletado; a quarta, o julgamento do material realizado por telespectadores e fonoaudiólogos; a quinta, os procedimentos da análise dos dados e a sexta e última, a descrição do processo de intervenção fonoaudiológica. Esta englobou: caracterização da empresa e dos sujeitos que participaram da intervenção, mapeamento do contexto ocupacional e das demandas e descrição dos encontros. Para melhor esclarecimento, ao final deste capítulo, segue um fluxograma com descrição cronológica de cada etapa de procedimento da pesquisa.

4.1

SELEÇÃO DOS SUJEITOS

Os sujeitos participantes da pesquisa foram telespectadores e fonoaudiólogos que julgaram o material de fala coletado, antes e depois de uma proposta de intervenção fonoaudiológica, realizada com três repórteres2.

Os telespectadores participantes da pesquisa foram em número de 100, amostra considerada a partir de cálculo estatístico. Estes constituíram

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um grupo heterogêneo, com relação a sexo, idade e escolaridade e foram reunidos em dois grupos, segundo presença e ausência de ocupação.

Dessa forma, o primeiro grupo denominado com ocupação foi composto por 50 sujeitos: 27 homens (média: 35,03 anos) e 23 mulheres (média: 30,82 anos). Esse grupo foi constituído, principalmente, por indivíduos empresários e profissionais da área de ciências humanas.

O segundo grupo, denominado sem ocupação, foi composto exclusivamente por indivíduos que eram apenas estudantes. Foi constituído também por 50 sujeitos, sendo 24 homens (média: 25,87 anos) e 26 mulheres (média: 25,07 anos). Esse grupo foi formado, predominantemente, por alunos do curso de direito.

Os sujeitos dos dois grupos foram abordados dentro da instituição, onde a pesquisa foi realizada e deveriam responder como critério de inclusão, não apresentar nenhum conhecimento teórico sobre a temática expressividade, não possuir problemas auditivos, bem como não pertencer ao grupo de estudantes e professores dos Cursos de Fonoaudiologia e Jornalismo. Essas questões foram feitas a cada um dos prováveis participantes, antes de iniciar a apresentação do material a ser julgado.

No grupo de fonoaudiólogos, foram selecionadas três (F1, F2 e F3), todas do sexo feminino, atuantes na área do telejornalismo.

Quanto ao tempo de atuação das mesmas, a média foi de 11,3 anos e variou entre quatro anos (mínimo) observado em F2 e 19 anos (máximo) em F1. F3 atuava nessa área há 11 anos.

Todos os participantes, telespectadores e fonoaudiólogos assinaram o termo de consentimento livre esclarecido (Anexos II e III), após julgamento das vozes.

4.2 COLETA DE AMOSTRA DE FALA

A pesquisadora responsável pelo estudo convocou os três repórteres de uma TV universitária (ver mais detalhes no item 4.6.1) para realizarem

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uma gravação após assinatura do termo de consentimento livre esclarecido (Anexo IV). A mesma foi realizada individualmente com auxílio de microfone direcional marca Electro Voice abaixo do queixo, segundo proposta de COTES (2003), cedido pela equipe de áudio visual da emissora. Estes receberam a instrução para ficar de pé, pois essa é a postura mais adotada por eles e relatar a notícia, que foi oferecida 20 minutos antes, como se estivessem em situação de reportagem. Os repórteres realizaram a gravação de uma passagem, que foi decorada por eles e relatada de forma improvisada por cada um. A notícia em questão, oferecida pela coordenação da TV, pertencia ao acervo da emissora, e foi a seguinte: “Getúlio Vargas escreveu que nunca cortejou a popularidade. O documento é um exemplo de como a história deve ser levada adiante através de um registro escrito. A técnica iniciada há milhares de séculos atrás foi iniciada em diferentes partes do mundo”.

A gravação ocorreu antes do início de uma proposta de intervenção fonoaudiológica (descrita no item 4.6) e foi denominada de momento “pré intervenção fonoaudiológica”. A mesma situação em condições semelhantes, referente a local, gravação, vestimenta e notícia, foi repetida após o processo dessa intervenção, e denominada de “pós-intervenção fonoaudiológica”.

4.2

EDIÇÃO DO MATERIAL

As amostras de fala gravadas pré e pós intervenção fonoaudiológica foram digitalizadas de forma randomizada em um computador marca Dell, no programa Adobe Premier pró 2.0 e classificadas como A e B. Quatro possibilidades para cada um dos três

Referências

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