• Nenhum resultado encontrado

Medos e fobias

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Medos e fobias"

Copied!
28
0
0

Texto

(1)
(2)
(3)

Medos e fobias

---O medo sempre foi, não só para nós seres humanos, mas também para muitos animais, um grande moderador e limitador de atos inconsequentes. Foi o medo que nos fez chegar até aqui e, de certa forma, sãos e salvos de diversos predadores e de situações de perigo. O medo não deve ser combatido, precisamos dele para nossa autopreservação. O que deve ser motivo de observação e cuidado é quando os medos passam a nos restringir e limitar nossas atividades do dia a dia.

O que apresentaremos aqui é o medo que extrapola o convencional, ou o que costumamos denominar como irracional, tornando-se um transtorno de comportamento, caracterizado pela psiquiatria como fobia.

Como todo transtorno, há maneiras e tratamentos para, se não eliminá-lo, ao menos diminuir os danos causados na vida das pessoas, como afastamentos do trabalho e do convívio social. Percebemos que muitas situações nos são apresentadas rotineiramente e cumpridas automaticamente, no entanto, para as pessoas fóbicas, podem ser verdadeiros tormentos e limitadores produtivos.

Mas como saber distinguir um medo real de uma fobia? É exatamente esse o propósito desta cartilha. Veremos diversas definições e conceitos e poderemos, depois disso, conhecer e identificar as principais características de cada um, para podermos buscar um tratamento adequado, se necessário.

“Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que são.” (trecho do livro Don Quixote de Miguel de Cervantes)

(4)

Nesta cartilha você encontrará:

Entendendo o que é medo e fobia ... 03

Como surgem os medos e fobias? ... 06

Os principais tipos de fobias ...07

Fobia social ... 07

Fobia específica ... 10

Medos e fobias em crianças ...13

Tratamento das fobias ...17

Transtornos de ansiedade ... 18

Rede de atendimento ... 20

(5)

Entendendo o que é medo e fobia

É muito importante sabermos os conceitos corretos para não classificarmos, ou melhor, não julgarmos as pessoas de forma preconceituosa.

Medo é a reação natural diante de uma situação inesperada, que cause insegurança, de uma ameaça ou um perigo iminente, de impotência diante do desconhecido e de risco à integridade física. O medo

desencadeia uma série de reações fisiológicas e comportamentais, veja as mais comuns:

ƒ descarga de adrenalina;

ƒ dilatação das pupilas;

ƒ aumento do tônus muscular;

ƒ irregularidade dos movimentos respiratórios;

ƒ aceleração dos batimentos cardíacos;

ƒ tremores;

ƒ empalidecimento da pele;

ƒ olhos arregalados;

ƒ estado de alerta.

Todas essas reações que ocorrem no organismo são uma preparação para uma eventual necessidade de fuga rápida do perigo, ou para reagir. O estômago costuma doer, pois no momento do medo há o aumento na produção de acetilcolina, que acelera o processo de digestão e transforma rapidamente os alimentos em energia. As pupilas se dilatam para aumentar o

(6)

poder de visão, inclusive com pouca claridade. O coração acelera devido ao aumento de adrenalina, que deixa a pessoa mais ágil e alerta. Da mesma forma, ocorre uma série de reações no cérebro para deixar o organismo pronto para se proteger.

O medo é uma reação de autopreservação que não deve ser tratado, pois é desejável para nossa sobrevivência, no entanto, quando se torna persistente, exagerado, levando ansiedade frequente ao indivíduo e começando a comprometer sua qualidade de vida, é chamado de fobia. Podemos dizer também que é o medo excessivo e incontrolável, com motivações irracionais e desproporcionais.

As pessoas com fobia costumam ter as reações fisiológicas e comportamentais das pessoas em situação de medo, o que irá diferenciar é a intensidade, podendo inclusive a levar ao engasgo, sensação de sufocamento e até desmaio.

! Curiosidade

A palavra fobia vem do grego phobos ou Fobos. Fobos é filho de Ares (Deus da Guerra) e Afrodite (Deusa do Amor). Fobos simboliza a personificação do medo e do terror.

(7)

Medo Fobia

Comportamento natural e importante para nossa autopreservação (saudável).

Comportamento considerado patológico (transtorno), por trazer muito sofrimento ao

indivíduo. Reações comportamentais e fisiológicas alteradas. Reações comportamentais e fisiológicas alteradas e muito intensas.

O medo preserva. A fobia pode isolar.

Reação normal diante de um

perigo real. Medo irracional.

É superado quando a situação

que provocou o medo acaba. Medo persistente.

Não afeta de maneira relevante ou significativa a vida da pessoa.

Limita e chega a comprometer as relações pessoais e

profissionais. Não necessita de tratamento.

Dependendo da intensidade e da circunstância em que se desencadeia, deve ser tratado.

É comum também confundir o conceito de fobia com transtorno de pânico ou com estresse pós-traumático, pois todos estão estreitamente relacionados com a ansiedade intensa. A crise ou ataque de pânico é o nome que se dá para o momento em que a pessoa tem sintomas que se assemelham aos de um ataque cardíaco, no entanto, quando a pessoa vai ao hospital e percebe que não se trata disso, pode-se suspeitar que houvesse uma crise de pânico. E quando esta crise se dá algumas vezes num período prolongado, maior que seis meses, é possível que a pessoa esteja com o transtorno de pânico. Já o estresse pós-traumático é o medo e ansiedade intensos, despertados recorrentemente após uma situação vivida que gerou um trauma como, por exemplo, um acidente sério, um assalto ou um sequestro, ocasionando sensações intensas e ruins, semelhantes às do momento do incidente traumático. O estresse pós-traumático também pode ocorrer com alguém que não vivenciou, mas esteve intimamente ligado a um fato traumático.

(8)

É importante salientar que apenas os profissionais da saúde podem diagnosticar e tratar adequadamente a pessoa que sofre com esses sintomas, mas a responsabilidade por perceber a necessidade de buscar essa ajuda profissional é do indivíduo que está em sofrimento.

! Importante

Os profissionais de transporte, como caminhoneiros e motoristas de ônibus e táxis, por estarem diariamente no trânsito das cidades e nas estradas, estão mais sujeitos a acidentes automobilísticos, e expostos a perigos como assaltos e sequestros. Caso ocorra algum incidente destes ou um acidente grave que cause traumas impeditivos de retorno às atividades, não hesitem em buscar apoio profissional, para que haja diagnóstico e tratamento adequados. Só quem já se envolveu em um acidente de grande porte sabe que nem sempre só a força de vontade é suficiente para superar o trauma.

Como surgem os medos e fobias?

Os motivos que levam aos medos e fobias não são sempre os mesmos para todas as pessoas e nem sempre são identificados facilmente.

Os medos surgem de situações de perigo, risco, ou frente ao desconhecido, e são reações naturais suscitadas nessas circunstâncias.

Já a fobia pode ter raízes na infância, desenvolvendo-se a partir de uma situação desagradável vivida, exemplo: quando criança, uma barata subiu em suas pernas, ou ouviu uma história triste de um acidente aéreo em que muitas pessoas morreram.

Há a possibilidade de associar uma situação negativa vivida a outro fator, como, por exemplo: no dia que recebeu a notícia de falecimento dos pais chovia muito e, desde então, passou a desenvolver uma fobia a tempestades.

(9)

Outra questão também observada é que a fobia pode ser “aprendida”. Uma mãe que sempre teve pavor de um determinado animal pode “passar” esse medo para o filho, que pode, ainda, desenvolvê-lo de forma mais intensa.

Ainda sobre as fobias em crianças, os pais, mesmo não tendo qualquer tipo de medo ou fobia, podem assustar as crianças com frequência, podendo desencadear um estado fóbico. Alguns exemplos comuns são: “não saia daqui de perto, senão o bicho papão te pega”, “não brinque na rua, porque o homem do saco pode te pegar”, “não vá para o escuro, porque é perigoso”, entre outros.

Os principais tipos de fobias

Fobia social

Em uma análise superficial, a fobia social pode ser confundida com timidez, no entanto, trata-se de um quadro mais complexo, que leva muito sofrimento ao indivíduo. As consequências da fobia social interferem no dia a dia da pessoa, nas suas relações interpessoais e também em suas atividades profissionais.

(10)

O principal medo da pessoa com fobia social é se imaginar exposta à avaliação e ao julgamento dos outros. Ser o centro das atenções, mesmo por um breve momento, pode ser considerado uma tragédia para o fóbico. Nos casos mais graves, atividades aparentemente simples, como comer em um restaurante ou utilizar um banheiro público, tornam-se motivos de ansiedade e embaraço para a pessoa, podendo levá-la inclusive ao isolamento.

A fobia social não tem idade para começar, sendo mais comum ter sua origem na infância ou na adolescência. A criança bem pequena já pode apresentar comportamento relacionado ao desconforto ao realizar brincadeiras com outras crianças, em que se sente humilhada ou muito envergonhada. Os sintomas podem se agravar quando ela entra na escola e tende a se isolar, evita se dirigir aos professores e outros funcionários e evita ao extremo ter que falar em público.

(11)

A situação pode até piorar se essa criança passa a sofrer bullying em função de sua timidez. Sendo que a situação inversa também pode ocorrer, ou seja, a criança vítima do bullying pode desenvolver fobia social pelo receio de ter contato com seus agressores. A dificuldade em situações sociais durante a infância e adolescência, como sofrer bullying, pode influenciar negativamente no desenvolvimento de habilidades necessárias para o seu posterior desempenho acadêmico, social e profissional.

! Você sabia?

Bullying vem da palavra inglesa bully, que significa valentão. Refere-se à forma de violência repetitiva sobre uma vítima, com objetivo de agredi-la e intimidá-la sem qualquer razão, levando-a a um processo de angústia e sofrimento.

A ansiedade é permanente na fobia social, pode ser ainda antecipatória, ou seja, o indivíduo, sabendo que terá que participar de uma reunião na semana seguinte, já começa a sentir alguns sintomas, como palpitações, desconforto gastrintestinal e tensão muscular dias antes. No momento da reunião, pode ainda ter outras reações, como rubor facial, tremores, diarreia e sudorese.

Em casos mais graves da fobia, a pessoa pode, por exemplo, abandonar o curso universitário ou especialização, pois sabe que ao final terá que fazer uma apresentação oral para uma banca examinadora. Outro exemplo extremo é o pedido de demissão, diante da imposição da chefia para fazer uma apresentação para uma plateia. Com base nessas situações que podem ocorrer com o fóbico social, pode-se perceber o nível de sofrimento envolvido.

! Atenção

Exceto para pessoas muito habituadas a falar em público, é normal sentir algum tipo de ansiedade e receio. Isso não deve ser confundido com fobia social, que tem os seus sintomas bem acentuados e persistentes, com um grande grau de sofrimento.

(12)

Como identificar a fobia social:

ƒ possuir medo excessivo e irracional em determinadas situações sociais;

ƒ timidez em grau extremo;

ƒ o pavor é desproporcional ao desafio a ser enfrentado;

ƒ o desconforto (crise de ansiedade) durante a situação social não passa até que ela se acabe;

ƒ costuma concordar com tudo para evitar expor seu ponto de vista, passando a impressão de ser submisso;

ƒ há o costume de entrar em estado de pavor em situações em que necessite interagir com outras pessoas;

ƒ a situação interfere no dia a dia, atrapalhando o desenvolvimento das atividades corriqueiras e profissionais;

ƒ evita sair de casa e participar de evento que envolva pessoas que não sejam seus familiares e amigos muito próximos;

ƒ sente grande ansiedade diante de situações em que se sentirá exposto.

Fobia específica

A fobia específica é o pavor diante de uma situação ou algo específico, que diante de sua exposição desencadeia uma série de sintomas físicos e comportamentais. Exemplo: a pessoa com fobia de viajar de avião ao se imaginar entrando em uma aeronave, já começa a sentir mal estar, suar frio e tremer. Ou, ainda, a pessoa com fobia de aranha, diante de uma simples imagem real ou de um desenho já sente arrepios e angústia.

(13)
(14)

Ao conversar com essas pessoas, é comum que elas entendam que o medo não tem justificativa, porém não conseguem superá-lo. Nos mesmos exemplos: a pessoa que tem fobia de avião compreende que é um dos meios de transportes mais seguros que existe. Assim como a pessoa que tem fobia de aranha também sabe que não deveria ter medo da imagem da aranha, por exemplo. Nesses casos não se trata de ignorância e sim de uma manifestação desse sofrimento, que a impede de superar o pavor, gerando uma sensação de total impotência.

A exposição do fóbico diante da circunstância ou objeto pode, em alguns casos, levá-lo a um ataque de pânico, que é um estado de alta ansiedade, provocado pelo pavor sentido, levando a pessoa ao total descontrole por alguns minutos. Apesar de desencadear uma série de reações (taquicardia, falta de ar, forte sudorese, tremores, náuseas), não deixam danos físicos.

Conheça agora alguns exemplos de fobias específicas e os nomes dados:

Nome da Fobia Medo excessivo de:

Acrofobia Altura.

Agorafobia

Locais onde seja muito difícil ou embaraçoso sair. Envolve medo excessivo de ter um mal estar no local de difícil saída.

Aicmofobia Agulhas e objetos pontiagudos. Aracnofobia Aranhas.

Brontofobia Relâmpago e temporais. Catsaridafobia Baratas.

Coulrofobia Palhaços.

Claustrofobia Lugares pequenos e confinados.

Hemofobia Sangue.

Hidrofobia Água.

(15)

Necrofobia Morte ou coisas mortas. Nictofobia Escuro.

Odontofobia Dentista.

Ofidiofobia Cobras e serpentes. Ptesiofobia Viajar de avião.

Zoofobia Animais.

Como identificar a fobia específica:

ƒ possue medo excessivo e irracional de algum objeto, animal ou situação, e costuma entrar em estado de pavor ou descontrole ao ter contato com isso;

ƒ a situação interfere no seu dia a dia, atrapalhando o desenvolvimento das atividades corriqueiras e profissionais;

ƒ a pessoa deixa de aproveitar oportunidades somente para não correr o risco de vivenciar a situação que causa o pavor.

! Atenção

Muitas pessoas consideram que não têm fobias específicas, pois driblam a ansiedade e o medo fazendo uso de substâncias inadequadas para enfrentar a situação causadora de ansiedade e medo, no entanto, estão se prejudicando, é preciso ficar alerta e procurar auxílio profissional.

Medos e fobias em crianças

É importante saber diferenciar o que é ou não natural e esperado quando os medos e fobias são relacionados às crianças. A tolerância sempre deve ser maior, pois as crianças ainda estão em fase de formação de sua racionalidade. O mundo imaginário e o real muitas vezes se misturam e podem causar alguns quadros aparentemente fóbicos, porém não passam de fantasias naturais da idade, que vão sumindo conforme a criança cresce.

(16)

Uma criança de dois anos pode ter forte medo quando escuta fogos de artifício. É natural que se assuste e chore, podendo ter tremores e o coração disparar. Conforme essa criança cresce, é esperado que já não tenha as mesmas reações, porém se o medo excessivo persistir até o início de sua adolescência, por exemplo, provavelmente poderá ser diagnosticado como uma fobia.

Importante dizer que os pais não devem esperar das crianças as mesmas reações de um adulto, e isso vale tanto para meninas quanto para meninos. Nossa cultura pode exigir que um menino de seis anos não expresse seu medo por algum animal ou inseto, por exemplo, esperando que ele “aja como um homem valente”.

(17)

A ridicularização do medo em nada contribuirá para a superação dele. O que ajuda é transmitir segurança para a criança, explicando que é importante estar atento aos riscos – se houver – do animal, objeto ou situação. A superproteção também não é indicada, a criança tem de aprender a lidar com as situações proporcionais a sua idade.

O medo provavelmente irá sumir gradualmente. Caso isso não ocorra, torna-se necessária a ajuda dos profissionais de saúde. O pediatra, ao ser consultado, saberá avaliar a necessidade ou não de encaminhamento a um especialista.

Os pais e educadores têm um papel importantíssimo no apoio às crianças que enfrentam medos, auxiliando-as a ter uma infância com a saúde mental preservada.

Veja agora outras dicas que podem ajudar nas crises de medo das crianças:

ƒ paciência é fundamental, o sentimento de medo não é nada confortável para a criança. Não adianta simplesmente dar uma bronca e falar que monstros não existem, se ela realmente acredita que possa ter algo embaixo da cama ou dentro do guarda-roupa, por exemplo.

ƒ faça a criança entender que você respeita o medo dela e que está ao lado dela para ajudá-la a enfrentá-lo. Ajude-a a compreender a situação.

ƒ se a criança tem pavor de gato, por exemplo, não fique forçando um encontro com o animal, imaginando que a frequência, por si só, irá eliminar o medo. Também não é recomendável evitar sempre o contato, para não reforçar a ideia de que gatos devem ser evitados. Aja naturalmente, podendo mostrá-lo de longe interagindo com outra criança, por exemplo.

(18)

ƒ no momento da crise de medo, envolva a criança para que ela se sinta protegida. E, aos poucos, à medida que a criança cresce, é possível incentivá-la a pensar em resolver o problema, enfrentando seus medos, por exemplo, perguntando o que faria se visse o objeto que lhe causa muito medo. Procurando aos poucos construir sua segurança, evitando assim que ela permaneça se esquivando daquilo que a amedronta.

Não há prevenção para fobias, mas como vimos anteriormente, costumam ter origem na infância ou na adolescência. Dessa forma, a criação dos filhos dentro de uma boa estrutura de desenvolvimento, baseada no amor e cuidado, levará a uma infância menos sujeita a problemas de ordem psicológica, inclusive os relacionados aos medos exagerados e às fobias.

(19)

Tratamento das fobias

A terapia comportamental é um dentre outros tipos de tratamento de fobias específicas. O psicoterapeuta irá detectar junto ao paciente o que desencadeia e o que reforça sua fobia, e o tratamento será o de construir outros caminhos comportamentais para se livrar da fobia. Uma das técnicas utilizadas é a denominada dessensibilização, em que o terapeuta leva o paciente a ter contato com o objeto ou situação causadora de sua fobia. Esse contato se dará de forma gradual, porém crescente, com objetivo de diminuir a reação de pavor até a sua extinção.

Podendo ser utilizada como complemento da terapia comportamental, o tratamento cognitivo irá atuar na modificação do pensamento das pessoas com fobia. O terapeuta conduzirá conversas com o paciente para conhecer seus medos e buscar a razão deles, nesse processo o paciente vai desconstruindo os motivos de sua fobia e podendo superá-la.

A psicanálise e psicoterapia psicodinâmica são outras abordagens terapêuticas utilizadas nos tratamentos das fobias. Ambas utilizam conceitos e métodos da psicanálise, em que

(20)

o paciente é orientado a dizer tudo o que vem a sua mente, relembrando vivências da infância muitas vezes complexamente associadas à fobia atual, buscando a conscientização dos motivos que o levaram a ter determinados sintomas ou comportamentos, e ressignificando suas causas, permitindo a sua superação.

Há também terapias que se utilizam de técnicas de relaxamento ou de hipnose para auxiliar no tratamento das fobias.

Quando os tratamentos psicológicos são insuficientes, é possível um tratamento psiquiátrico associado à terapia (seja qual for), muitas vezes introduzindo um tratamento farmacológico (medicamentoso), o que pode, às vezes, aumentar as chances de melhora ou cura.

! Atenção

Somente um médico especializado em psiquiatria poderá prescrever medicações que auxiliam no tratamento da fobia e, mesmo assim, procure discutir sempre o tratamento que será realizado, seus benefícios, duração e reações que podem ocorrer.

Transtornos de ansiedade

Ao tratarmos dos assuntos relacionados aos sofrimentos dos quais falamos aqui, ou seja, as fobias específicas, fobia social, crises e ataques de pânico, estamos dentro de um assunto que a psiquiatria nomeou de transtornos de ansiedade.

Inicialmente, cabe esclarecer que, assim como o medo, a ansiedade é natural no ser humano, torna-se patológica quando é exagerada, desproporcional, e leva a pessoa a desenvolver outros transtornos de ordem psíquica.

A ansiedade está presente em muitos sofrimentos humanos. Vimos, por exemplo, que na fobia social a pessoa sente ansiedade em grau elevado quando imagina estar em uma

(21)

situação de exposição. Essa ansiedade traz medo, angústia, apreensão e um desagradável sentimento de vazio. Podem ainda acarretar outras consequências, como: dificuldade para dormir; dores musculares em função da tensão; entre outras consequências que podem ser refletidas no organismo.

As pessoas que sofrem com os transtornos de ansiedade podem prevenir ou minimizar seus efeitos. Se há um sentimento de que a ansiedade não incapacita ou não gera um sofrimento muito intenso, é possível lidar com essa ansiedade comum com alguns recursos para melhorar o bem-estar, como caminhadas ao ar livre, yoga, acupuntura, trabalhos manuais e artísticos, ou qualquer outra maneira que leve a pessoa ao relaxamento. Agora, se ocorre o sentimento de impotência diante da situação de ansiedade, o melhor a ser feito é buscar auxílio com um profissional de saúde para avaliar a necessidade de um tratamento mais específico.

(22)

Rede de atendimento

Para um primeiro diagnóstico, visando inclusive eliminar outros problemas de saúde, busque os centros de atendimento na rede básica de saúde do seu município. Se houver necessidade, o médico do posto de saúde irá fazer o encaminhamento para o especialista.

Também é possível procurar os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, que são instituições de saúde mental e oferecem atendimento médico e psicológico. Procure saber se na sua cidade há algum CAPS ou ambulatório psiquiátrico. São locais onde é possível tirar dúvidas e buscar encaminhamentos adequados.

Mitos e verdades

Quando tratamos de algum assunto relacionado com a saúde mental, é comum pessoas associarem a fraquezas, falta de força de vontade ou fé. Todavia, os transtornos psicológicos são uma reação a algo que não está funcionando bem, podendo ocorrer com qualquer pessoa, independente de sua condição social, econômica, etária ou religiosa.

(23)

Veja no quadro a seguir alguns mitos e inverdades que necessitam ser corrigidos definitivamente, para não corrermos o risco de repetir frases prontas e equivocadas, baseadas em atitudes preconceituosas e desrespeitosas.

Mito A realidade

Psiquiatra é médico de loucos.

A psiquiatria é uma especialidade médica que trata dos transtornos de pensamento, comportamento e emoções. Seus pacientes são pessoas que sofrem com depressão, dependência química, transtornos de ansiedade, fobias, alucinações, bipolaridade, entre outros problemas. Não é certo rotularmos as pessoas que buscam um psiquiatra, chamando-as de loucas. Como já foi dito, esses sofrimentos podem ocorrer com qualquer pessoa, em qualquer momento da vida.

O tratamento psicológico substitui a necessidade de um psiquiatra.

São duas áreas distintas, com formas de atuação diferentes, que irão atuar em conjunto para um objetivo único, que é a saúde mental do paciente. O psiquiatra irá diagnosticar, por meio de exames e avaliações, e prescrever o tratamento adequado, seja terapêutico ou farmacológico (só ele poderá prescrever medicações). O psicólogo irá atuar na condução das psicoterapias. A atuação dos dois profissionais é fundamental para o êxito do tratamento.

Medicamentos de uso psiquiátrico causam dependência.

O problema aqui é o risco de generalização. De fato, alguns medicamentos podem causar dependência de acordo com a forma como são utilizados, mas, mesmo assim, são reversíveis. O maior problema dos remédios chamados psicofármacos é o cuidado em sua administração, por isso devem ser acompanhados de perto por um psiquiatra.

Sofrer com fobias é um ato de fraqueza.

Vimos que as fobias são sofrimentos intensos e complexos, com origem muitas vezes na infância e agravadas ao longo do tempo. As pessoas que sofrem com o problema, na maioria das vezes, necessitam de auxílio profissional justamente por ser algo muito difícil de lidar, e isto não as caracteriza como fracas ou sem força de vontade.

Fobia não tem cura.

As fobias podem, sim, ter cura. O que não há como prever é o tempo de tratamento. Pode durar alguns meses, mas também pode durar alguns anos. O importante é conseguir, mesmo que gradualmente, a melhora das reações diante da situação fóbica, permitindo o retorno às suas atividades e ao convívio social.

(24)

Para relembrar

Muitas vezes as cobranças sociais para que funcionemos de forma destemida e quase como máquinas fazem desencadear uma série de sofrimentos nos indivíduos, gerando um sentimento de impotência e de incapacidade, assim como a fobia, entre outros tipos de sofrimento psíquico.

Ao limitarem a capacidade de ação, tanto psicológica como física, as fobias promovem uma verdadeira devassa no dia a dia das pessoas. Atualmente, acompanhamos diversas reportagens com personalidades das mais diversas áreas de atuação expondo em público as suas mais diversas fobias. Percebemos que, ao colocar luz sobre o assunto, a doença deixa de ser um tabu e passamos a buscar solução para o problema.

Conhecer a verdadeira razão dos medos, com a ajuda de profissionais capacitados e métodos reconhecidamente eficazes, certamente proporcionará à pessoa uma melhor qualidade de vida. Acreditar que mudar é possível faz toda a diferença para que o tratamento tenha êxito.

Os medos são aceitáveis, as fobias devem ser respeitadas, e não tentar buscar uma melhora deve ser uma questão a ser superada. Saber que terá contato com os seus “fantasmas” realmente assusta, mas o maior pavor é a sensação de impotência. Esse sentimento pode e deve ser combatido.

Com esta cartilha, o SEST SENAT contribui para que cada vez mais pessoas possam ter acesso às informações necessárias para uma boa saúde e busquem, caso seja necessário, o tratamento adequado, possibilitando uma vida mais saudável e feliz. Nosso objetivo é que esta cartilha ajude a promover uma melhor qualidade de vida a todos.

Não tenha medo de melhorar. Lembre-se: buscar ajuda é um ato de coragem!

(25)

BIBLIOGRAFIA

APA. Highlights of changes from DSM-IV-TR to DSM-5. 2013.

BALLONE, G. J., “Medos, Fobias & Outros Bichos”, site: PsiqWeb, revisto em 2005. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/, acessado em julho de 2013.

BALLONE, G. J - Transtornos Fóbico-Ansiosos, site PsiqWeb, Internet, Disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2007, acessado em julho de 2013.

BARROS NETO, T. P. Sem medo de ter medo. São Paulo: Casa do Psicólogo. CPEM - Centro de Psicologia Especializado em Medos. Medos e Fobias. Disponível em http://www.medos.com.br/medos-e-fobias/, acessado em julho de 2012.

FREUD, S. Obsessões e fobias (1895). Edição Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976, v.3.

GURFINKEL, Aline C. Fobia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.

LOWENKRON, Theodor. A clínica psicanalítica atual: obsessão, compulsão, fobia e pânico. Rev. bras. psicanál, São Paulo, v. 43, n. 3, set. 2009. Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0486-641X2009000300014&lng=pt&nrm=iso, acessado em agosto de 2013.

MESTRE, M e CORASSA, N. Da Ansiedade a Fobia. Revista Psicologia Argumento. ISSN 0103-7013. Ano XVIII, No XXVI, abril 2000. Pp. 105-126. PORTO, Patrícia. Orientação de pais de crianças com fobia social. Revista Brasileira de Terapia Cognitiva, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, jun. 2005. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1808-56872005000100012&lng=pt&nrm=iso>. acessado em agosto de 2013.

UFRS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul “Fobias Orientações para Pacientes e Familiares”, disponível em http://www.ufrgs.br/psiq/ fob001.html, acessado em julho de 2013.

(26)
(27)
(28)

Referências

Documentos relacionados

Ivana Gissele Pontes - Diretor de Secretaria 3205-2269 Secretaria 12ª Vara do Juízo Singular. Marina Vidigal de Souza Jorge – Diretor de

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

O Instituto Nacional de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala, abreviadamente designado IDPPE, é uma instituição tutelada pelo Ministério das Pescas, tendo como

4 − MATERIAIS E MÉTODOS 4.1 MICRORGANISMOS: Para este trabalho foram utilizadas, a linhagem da bactéria Zymomonas mobilis DAUFPE 199, designada por CP-1 pertencente à Coleção

Respaldado na proposta de apresentar a relevância do tema, o referencial teórico do presente estudo traz ao leitor a confirmação de que há a necessidade da implementação de

Com isso chegamos a conclusão de que não há o que se questionar sobre o artigo 791 da CLT e o artigo 133 da constituição federal, já que esse ultimo apenas traz a tona a função de