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IMPLEMENTAÇÃO DA OUTORGA NO ESTADO DE ALAGOAS

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Academic year: 2021

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IMPLEMENTAÇÃO DA OUTORGA NO ESTADO DE ALAGOAS

Diogo Costa Buarque 1, Aloísio Ferreira de Souza Filho2, Carlos Ruberto Fragoso Júnior3, Christopher Freire Souza4 e Cleuda Custódio Freire5

Resumo - O Estado de Alagoas iniciou neste ano de 2001 a implementar o sistema de outorga de

direito de uso da água em todos os mananciais que são de sua competência. Após a instituição da Política Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Alagoas, através da Lei 5.965/97, que criou o instrumento da outorga como uma das ferramentas para gestão do uso das águas, outros recursos legais foram criados com o propósito de implementar a referida gestão dentro do Estado. Com isto, mudanças institucionais e organizacionais alteraram a tramitação da outorga de forma que, atualmente, não condiz totalmente com o que reza a 5.965/97. Este trabalho tem como objetivo descrever quais os procedimentos legais atualmente adotados pelo Órgão Gestor para a expedição de outorga, visto que vários pedidos já foram encaminhados.

Abstract - The Alagoas State implemented this 2001 year the concession system of water in every

source that compete to him. Afterwards the institution of the State’s Political of Water Resources, by the 5.965/97 law, which created the concession instrument as a tool to the management of water uses, some legal resources have been generated with the implementing proposal to the referred management in the State. Therefore, some institutional and organizational changes modified the concession course that, nowadays, it does not agree pretty much to what the 5.965/97 law says. This paper has as a goal to describe what are the legal procedures adopted actually by the management body to concess, once some requests are on the course.

Palavras-chave: outorga, Alagoas, gestão.

1 Bolsista do PET de Engenharia Civil – Universidade Federal de Alagoas, diogocb@hotmail.com 2

Graduando em Engenharia Civil – Universidade Federal de Alagoas, aloisiofilho79@hotmail.com

3

Bolsista de iniciação Científica, PIBIC/CNPq – Universidade Federal de Alagoas, crfjunior@zipmail.com.br

4

Bolsista de iniciação Científica, PIBIC/CNPq – Universidade Federal de Alagoas, christophersouza@hotmail.com

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INTRODUÇÃO

O Estado de Alagoas desde o ano de 1997 instituiu a Política Estadual de Recursos Hídricos, que tem como um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos a outorga de direito de uso. Porém, alguns anos após, no ano de 2001, é que deu início a sua expedição pelo Órgão Gestor do Estado, a Secretaria de Recursos Hídricos e Irrigação.

Alguns recursos legais foram criados neste ínterim com a finalidade de estruturar a gestão de recursos hídricos dentro do Estado. Houve algumas mudanças institucionais e organizacionais desde a lei 5.965, de forma que a tramitação da outorga não condiz totalmente com o que reza a referida lei.

A outorga consiste em atribuir à pessoa física ou jurídica o direito de uso das águas superficiais e/ou subterrâneas por um período de tempo determinado (Silva, 1998).

De acordo com o artigo 11 da Lei Federal 9.433/97, “o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como objetivos assegurar o controle qualitativo e quantitativo do uso das águas e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água”.

ASPECTOS LEGAIS

Constituem a legislação estadual referente aos recursos hídricos a Lei Nº 5.965, de 10 de Novembro de 1997. Esta lei institui o Sistema Estadual de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos (SEGIRH/AL).

Na estrutura organizacional do SEGIRH está definido um órgão deliberativo e normativo central do sistema: um Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERH) a qual compete estabelecer os critérios gerais e as normas para outorga de direitos de uso dos Recursos Hídricos, para cobrança pelo seu uso e pelo rateio das obras de aproveitamento múltiplo ou interesse comum.

A Lei Nº 6.126 de 16 de dezembro de 99 cria a Secretaria Estadual de Recursos (SERH), a qual executa a Política Estadual de Recursos Hídricos, disposta na Lei Nº 5.965 de 10 de Novembro de 1997. A Lei 6.145 de 13 de janeiro de 2000 reformulou a SERH, a qual passou a ser Secretaria Estadual de Recursos Hídricos e Irrigação (SERHI).

Compete a SERHI, definir, implantar, coordenar e gerir o Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos; outorgar o Direito de Uso de Recursos Hídricos, regulamentar e fiscalizar a utilização no âmbito de sua competência; implantar e gerir o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos; aplicar os instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos; promover a integração de gestão de Recursos Hídricos com a gestão ambiental; realizar o controle técnico das

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obras de oferta hídrica; observar e por em prática a legislação ambiental, federal e estadual, de modo compatível e integrado com a política e o gerenciamento de Recursos Hídricos.

As modalidades de outorga previstas são a cessão, autorização e concessão administrativa. A outorga será efetivada através de cessão de uso, a título gratuito ou oneroso, sempre que o usuário seja órgão ou entidade pública. Será efetivada através de autorização de uso, consistida na outorga deferida em caráter unilateral e precário à pessoa física ou jurídica, dando-lhes consentimento para utilizar determinada quantidade de água, sob condições especificadas. E quando consistir na outorga de caráter contratual, permanente e privada, de uma parcela de recursos hídricos para que a particular pessoa jurídica dela faça uso ou explore segundo sua destinação e condições especificadas, será efetivada através de concessão de uso.

Estão sujeitos à outorga pelo Poder Público os direitos dos seguintes usos de recursos hídricos:

• a derivação ou captação de parcela de água existente em um corpo hídrico, para consumo final, inclusive abastecimento púbico ou insumo de processo produtivo;

• extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo produtivo;

• lançamento em corpo hídrico de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou de disposição final;

• aproveitamento de potenciais hidrelétricos;

• outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em um corpo de água.

Independem de outorga pelo Poder Público, conforme definido em regulamento:

• o uso de recursos hídricos para a satisfação das necessidades de pequenos núcleos populacionais, distribuídos no meio rural;

• as derivações, captação e lançamentos considerados insignificantes;

• as acumulações de volume de água consideradas insignificantes.

É importante ressaltar que, no Estado de Alagoas, não está previsto um tipo de outorga, denominada outorga prévia, através da qual é possível assegurar uma reserva de uso ao potencial usuário, como ocorre no Estado de Pernambuco (Silva, 1998)

Não será concedida outorga para lançamento na água de resíduos sólidos, radiativos, metais pesados e outros resíduos tóxicos perigosos e quando se der lançamento de poluentes nas águas subterrâneas.

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A concessão ou autorização é dada por um prazo variável, de acordo com a finalidade de uso, não excedendo a trinta e cinco anos, podendo ser renovada.

ASPECTOS INSTITUCIONAIS

A outorga de direito de uso dos recursos hídricos é concedida pelo poder outorgante estadual, SERHI, após serem atendidas as exigências legais relativas ao licenciamento ambiental, e a integração com a gestão ambiental serão providas em comum acordo com o órgão estadual do meio ambiente, IMA. Em alguns Estados exige-se a licença ambiental como pré-requisito para encaminhamento do pleito de outorga ou vise-versa, implicando em mais trabalho e tempo despendido pelo usuário.

De acordo com o decreto nº 6, de 23 de Janeiro de 2001, a expedição de outorga de direito de uso de recursos hídricos para aproveitamento de potenciais hidrelétricos será feita pela SERHI, em articulação com a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, cabendo a SERHI decidir sobre a viabilidade da outorga solicitada, avaliando o impacto da inserção do aproveitamento hidrelétrico na bacia hidrográfica, tendo em vista a disponibilidade hídrica e a eventual mudança de regime fluvial e seus possíveis efeitos nos demais usuários e usos da bacia hidrográfica.

CRITÉRIOS PARA CONCESSÃO DE OUTORGA

Segundo o Decreto nº 06 de 23 de janeiro de 2001, a outorga deverá observar os planos de recursos hídricos e, em especial:

• as prioridades de uso estabelecidas;

• a classe em que o corpo hídrico estiver enquadrado, em consonância com a legislação ambiental;

• a preservação dos usos múltiplos previstos;

• a manutenção das condições adequadas ao transporte aqüaviário, quando couber.

Enquanto não forem aprovados os planos de recursos hídricos de bacias hidrográficas, a outorga obedecerá aos critérios gerais estabelecidos pela legislação federal e pela legislação estadual.

O volume de água outorgável poderá variar em função da sazonabilidade, da disponibilidade efetiva e da necessidade de uso da água. A soma dos volumes d’água outorgados numa determinada bacia não poderá exceder a nove décimos da vazão regularizada anual, com noventa por cento de

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garantia e, quando se tratar de lagos ou lagoas territoriais, a disponibilidade do corpo hídrico deverá ser considerada de forma conjunta com o aqüífero associado.

A base quantitativa para outorga do direito de uso sobre águas subterrâneas será considerada para aqueles poços cuja vazão de exploração recomendada seja superior a 24 m3/dia, o mesmo ocorrendo no Estado do Rio Grande do Norte (Decreto 13.284/97), sendo este valor igual a 5 m3/dia no Estado de Pernambuco (Decreto 20.423/98).

A disponibilidade hídrica será avaliada em função das características hidrológicas ou hidrogeológicas da bacia superficial ou subterrânea onde incida a outorga, observando-se, ainda, o seguinte:

• quando se tratar de água superficial:

a) a vazão mínima natural será inexistente ou estabelecida em portaria específica do Secretário de Estado de Recursos Hídricos e Irrigação, fundamentada em estudo hidrológico;

b) o valor de referência será a descarga regularizada anual com garantia de noventa por cento da curva de permanência.

Existe uma incoerência quanto a afirmação do valor de referência para água superficial, pois, em se tratando de descarga regularizada, a garantia deveria ser de noventa por cento da própria vazão, já que curva de permanência se refere a uma vazão a fio d’água.

• quando se trata de água subterrânea, o referencial quantitativo deverá levar em conta: a) a capacidade de recarga do aqüífero, prevista em portaria do Secretário de Estado de

Recursos Hídricos e Irrigação, fundamentada em estudo hidrogeológico específico; b) a interferência provocada pelo poço em poços circunvizinhos.

O nível de garantia do volume outorgado para cada usuário será de no mínimo oitenta por cento do prazo de outorga, quando o plano de recursos hídricos da bacia hidrográfica não adotar outro valor para o corpo hídrico considerado. O volume outorgável será estabelecido pela SERHI, sazonalmente, em cada corpo hídrico, em função do nível de garantia.

PROCEDIMENTOS PARA SOLICITAÇÃO DA OUTORGA

De acordo com o Decreto nº 06 de 23 de janeiro de 2001, a outorga de direito de uso de recursos hídricos efetivar-se-á por resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e o requerimento de tal outorga far-se-á ao referido Conselho, mas, o Decreto nº 170 de 30 de maio de 2001, atribui à SERHI as funções acima citadas competentes ao Conselho estadual de Recursos Hídricos.

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De acordo com as leis dispostas anteriormente, deduzimos que adota-se os seguintes procedimentos para obtenção da outorga:

O interessado solicita a outorga e o licenciamento ambiental junto ao Instituto do Meio Ambiente, IMA, através dos respectivos requerimentos. O IMA encaminha cópia da documentação para avaliação junto a SERHI, a qual emite um parecer técnico sobre a disponibilidade hídrica para atender ao pleito. Caso o parecer seja positivo, o processo segue a avaliação usual para licenciamento ambiental.

Uma vez satisfeitas as exigências quanto a parte ambiental, na ocasião da emissão da licença ambiental pelo IMA, a SERHI emite o termo de outorga. Os dois documentos são entregues em conjunto ao requerente.

Em caso de impedimento pelo impacto ambiental da obra não há emissão do termo de outorga. Caso não haja disponibilidade hídrica, o processo é interrompido e não há necessidade de avaliação ambiental.

O trabalho em conjunto das duas instituições, IMA e SERHI, proporciona maior eficiência, já que o IMA possui uma infra-estrutura para fiscalização.

CONCLUSÃO

É importante observar algumas inconsistências referentes ao Decreto nº 06 de 23 de janeiro de 2001 como o fato de relacionar curva de permanência com vazão regularizada e, em um instante, atribuir a efetivação da outorga e o seu requerimento ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos, e em outro afirmar que essas atribuições competem a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos e Irrigação.

A curva de permanência se refere a uma vazão a fio d’água, inexistindo em caso de vazão regularizada. Neste caso o valor de referência para água superficial será a descarga regularizada com garantia de noventa por cento da própria vazão e não da curva de permanência. Do mesmo modo, a afirmação de que a soma dos volumes outorgados numa determinada bacia não poderá exceder nove décimos da vazão regularizada anual, com noventa por cento de garantia também recai neste fato, pois os noventa por cento de garantia é obtido pela curva de permanência.

Com a publicação do decreto nº 170 de 30 de maio de 2001, as atribuições de efetivação e requerimento de outorga far-se-ão através da SERHI. Assim, a confusão entre Conselho Estadual de Recursos Hídricos e SERHI citada acima, ocorrida no Decreto nº 06 de 23 de janeiro de 2001, é corrigida automaticamente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SILVA, S. R..1998. Implementação do sistema de outorga em Pernambuco, mimeo.

SETTI, A. A..2000.Legislação para usos dos recursos hídricos. In: Gestão de Recursos Hídricos – Aspectos legais, econômicos, administrativos e sociais. Editado por SILVA, D. D. da & PRUSKI, F. F.. p. 180-192.

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