Prof. Dr. Marcello Sampaio - UNIRIO
Coragem é a resistência ao medo,
domínio do medo, e não a
ausência do medo
Prof. Dr. Marcello Sampaio - UNIRIO
Reino Animalia
Filo Platyhelminthes
Classe Cestoda
Sub-Classe Eucestoda
Ordem Cyclophyllidea
Família Taeniidae
Gênero Echinococcus
E. granulosus Rudolphi, 1805
E. g. granulosus
E. multilocularis
Adulto
◦ Com 4 mm a 8 mm de
comprimento
◦ Escolex pequeno e
piriforme com 4 ventosas orbiculares, rostelo central e anterior com coroa de acúleos ◦ Pescoço relativamente longo ◦ Estróbilo com 3 a 4 proglotes 1 imaturo: sem características morfológicas definidas 1-2 maturos: com testículos e aparelho genital feminino 1 grávido
Larva
◦ Vesícula branca, globulosa ou elipsóide, elástica, esférica e tensa
◦ Contendo líquido hidático (incolor) ◦ Apresenta as seguintes estruturas Membrana adventícia: esposta do hospedeiro ao parasitismo Membrana anista: Membrana prolígera:
formadora das outras estruturas do parasito, tanto externas como internas (germinativa)
Vesícula prolígera: formada
a partir da membrana prolígera, em numero muito grande.
Excolex: 160 x 120 m,
contidos dentro das vesículas prolígeras
Ovo
◦
Esferóide com 30
m
a 36
m de diâmetro,
com
embrióforo
espesso e radiado
◦
Oncosfera
com
3
pares de acúleos
◦
Semelhante aos ovos
Hospedeiro Definitivo (cão) (HD)
◦
Larva -> Adulto -> Proglote (Ovo)
Ambiente
◦
Proglote (Ovo)
Hospedeiro Intermediário (homem) (HI)
◦
Ovo -> Embrião -> Larva (Cisto Hidático)
O hospedeiro definitivo ao ingerir carne contendo larvas
infectantes (cisto hidático) permite que os escolex no
intestino delgado fixem-se entre as vilosidades, ou na luz
das glândulas de Lieberkühn, evoluindo a adultos (centenas
a
milhares)
e
estes
após
se
auto-fecundarem
(hermafroditismo) passados 60 dias, eliminem proglotes e
ovos nas fezes, infectando o ambiente. A infecção pode se
manter por 3-4 meses. Os proglotes tem movimentação
ativa logo após a eliminação do hospedeiro
Os proglotes ou ovos no ambiente são ingeridos pelos hospedeiros intermediários, e também pelos hospedeiros acidentais (como o homem). O processo digestivo destrói o embrióforo (pancreatina) e ativa as oncosferas (bile) que no jejuno-íleo saem daqueles e penetram ativamente a mucosa intestinal, perdendo os acúleos. A penetração se da pela ação dos acúleos e provavelmente pela secreção de glândulas especiais. Alcançando a circulação venosa de retorno (mesentérica superior) chegam ao fígado em 3 a 5 horas. Neste órgão podem se fixar e evoluir a forma larvar (cisto hidático), através de uma intensa multiplicação, ou então ultrapassando-o atingir o pulmão e outras localizações, onde apresentam a mesma evolução. A evolução do cisto até o seu amadurecimento pode levar até 6 meses, se apresentando os cistos com uma grande quantidade de líquido comparável ao líquor (líquido hidático). Com o passar do tempo podem se formar hidátides filhas endógenas ou exógenas, parecendo estar o aparecimento destas ligado a fatores fisiológicos, físicos e bioquímicos conseqüentes ao processo de crescimento e envelhecimento (bastante rara no homem). Um cisto grande, pode possuir um volume de até 5-6 cm3, representando um total de 2 a 2,5 milhões de escolex (400.000 por cm3). Seu tempo de vida pode chegar a 30 anos
O rompimento de um cisto pode determinar a formação de cistos em outros órgãos a partir da disseminação e evolução direta dos escolex dos mesmos (protoescolex)
Endemia: CP variável
Sazonalidade: de difícil caracterização em virtude da
evolução crônica
Cosmopolita (Europa, Ásia, África, Oceania)
América do Norte: EUA (Alasca); Canadá (indígenas);
México
América do Sul: Uruguai; Chile; Argentina; Brasil (sul):
CP = 1,24% em zonas endêmicas do sul; Peru;
Equador; Colômbia; Venezuela; Outros
Localização: doença do paralelo 35 (35
oN e 35
oS)
Clima
◦ Temperado ou frio, com umidade alta.
◦ Insolação diminui a viabilidade dos ovos e a prevalência. ◦ Dispersão pelo vento ou chuva.
Vegetação: baixa e úmida; campos naturais ou artificiais de
gramíneas (pasto)
Transmissor: sinantrópicos como moscas, baratas e ratos podem
disseminar os ovos permitindo a maior infecção dos hospedeiros
intermediários e dos hospedeiros acidentais
Reservatórios
◦ Hospedeiro definitivo: cão (CP = 3-20% no RS), raposa, lobo, chacal, outros
◦ Hospedeiro intermediário: Ordem Artiodactyla: bovinos (58% do gado do RS) suínos, ovinos (5- 40% das ovelhas e carneiros no RS), caprinos (cabra); Ordem Carnivora: gatos, cães (raros), outros; Ordem Marsupialia: alguns; Ordem Rodentia: roedores silvestres; Ordem Peryssodactila: cervos, lhamas, cavalos; Ordem Primates: macacos, homem
Criação extensiva de
ovinos
Alimentação de canídeos
com as vísceras dos
ovinos
Fatores demográficos
◦ Faixa Etária: adultos (evolução
crônica) ◦ Sexo: feminino ◦ Moradia: rural ◦ Profissão: relacionadas a ovinocultura e a produção de lã, ou abate de animais ◦ Endemia familiar
Faixa Etária: crianças
Transmissão
◦
Mecanismo
Ingestão de ovos (heteroinfecção) nos alimentos e água, no pelo dos
animais (cão, lã), etc
◦
Resistência
Ovos:
Resistem por varias semanas até 2 anos (geralmente até 4 meses) Morrem em 5 minutos a 70o c, e em 1 minuto a 100o c
Morrem em 1 hora nos desinfetantes comuns Morrem em 11 dias ao ar
Morrem em 3 semanas em águas pouco profundas Morrem após 4 meses à -1o C
Larvas sobrevivem por décadas (até 30 anos). Morrem à -18o c p/48 h Adultos tem sobrevida de 4 meses
10 cepas já identificadas
Líquido hidático com grande número de substâncias
antigênicas
Formam-se anticorpos específicos e de grupo para o
líquido hidático
H.S.I. (tipo I) por ruptura do cisto hidático e derrame do
líquido
H.S.R. (tipo IV) observável na I.D.R. e na formação da
reação granulomatosa
Elevação da IgE e de outras Ig (não protetoras)
Atualmente se buscam Ags. imunogênicos da cápsula
Adultos no intestino são pouco imunogênicos, só
ocorrendo
resposta
aos
mesmos
após
repetidas
reinfecções (pelo menos 5)
Ação mecânica compressiva e irritativa
Ação tóxico-alérgica (também por ruptura, fissura
Dependente da localização, número e forma dos cistos (uni
ou multilocular, ou alveolar)
Compressão devido ao crescimento do cisto gera isquemia
Extravasamento do líquido hidático determina choque
anafilático
Passagem lenta de substancias determina eosinofilia e
reações de hipersensibilidade (humoral e celular)
HIDATIDOSE PRIMITIVA
◦ 74,5% hepática, 10% pulmonar, 15,4% outras localizações (rins 2,1%,
músculo e subcutâneo 4,7%, baço 2,3%, SNC 1,4%)
◦ 33% com infecção múltipla (no fígado são comuns vários cistos; rim e
baço com cistos únicos)
◦ Circunscrição conjuntiva (adventícia definitiva) leva a fibrose e a
isquemia, e esta a necrose periférica (tecido amarelento)
◦ Envelhecimento do cisto permite a calcificação da interna da adventícia (mesmo com o parasito vivo)
◦ O sofrimento do cisto gera multivesiculação
◦ O crescimento do cisto gera diferentes reações nos vários órgãos (compressão de canais e vasos)
No fígado (80% no lobo direito) há infecção por bactérias da bile, permite a formação
de um abcesso
No pulmão ocorre crescimento regular, parênquima pulmonar atelectásico, e
possibilidade de ruptura gerando eliminação natural de líquido, escolex e membrana (hidatidoptise)
No cérebro pode alcançar a superfície ou comprometer os ventrículos
No tecido ósseo, principalmente vertebral, ocorre hidatidose multilocular com
evolução prolongada (30-40 anos) quase sem reação
HIDATIDOSE SECUNDÁRIA
◦ Devido a ruptura do cisto primário, evoluem os escolex nos tecidos próximos, ou disseminam-se por via sangüínea a outros tecidos formando novos cistos
◦ Peritônio vesicular é a localização mais freqüente
◦ Hidatidose multivesicular pode determinar embolização de vesículas filhas ao pulmão óbito
Maioria dos casos evolui cronicamente de forma
silenciosa, iniciando-se com um pseudotumor
Inicia-se com uma tumoração, perceptível ou
não
Hepática
◦ Tensão no hemitorax direito; Dores; Sensação de peso; Anorexia
para alimentos gordurosos; Hepatomegalia leve a moderada; Sinais de abcesso quando ocorre infecção do cisto; Reações alérgicas por ruptura; Anemia; Edema; Fraqueza
Pulmonar
◦ Tosse seca as vezes produtiva; Dispnéia, opressão, asfixia;
Hemoptises e escarros sangüíneos possíveis; Febre intermitente; Choque; Dor (nas localizações próximas a pleura); Vômica hidática (hidatidoptise) nas localizações brônquicas
Esplênica
◦ Esplenomegalia com bordo rombo; Deformação abdominal nos grandes cistos
Renal
◦ Evolução lenta e inicio insidioso; Síndrome dolorosa (de sensação de peso ate cólicas); Tumoração palpável; Insuficiência renal, hematúria, albuminúria
Cerebral
◦ Hipertensão intracraniana (cefaléia, vômitos, edema de papila); Alterações da consciência; Convulsões; Fenômenos paralíticos
Óssea
◦ 33% na coluna vertebral; 20% na pelve; Fêmur é o osso longo mais freqüentemente atingido; Tumefação ou fratura dos osso longos, dor ◦ Nas vértebras
Outras
◦ Anemia; Desnutrição; Caquexia; Crises alérgicas (asma, urticária) naturais ou iatrogênicas; Choque anafilático (síncope, cefaléia, convulsões, febre e morte em 30 m até 24 h); Hidatidose secundaria
Clínico
◦
Difícil. Em zonas endêmicas pode ser sugestivo, de
acordo com a sintomatologia
Laboratorial
◦
Métodos imunológicos
I.D.R. de Casoni (HSR): reação cruzada com
T. saginata
T.A.L
E.L.I.S.A
R.I.F.I.
◦
Métodos Imagiológicos
Cintilografia
Tomografia
Ecotomografia
Cirúrgico
◦
Diversas técnicas
Hepáticas
Pulmonares
Etiológico
◦
1 – Praziquantel
◦
2 – Mebendazol
◦
3 – Albendazol
Educação sanitária
Higiene pessoal
Saneamento básico
Medidas de controle dos sinantrópicos
Manejo adequado de ovinos
Tratamento e isolamento dos cães
Quebra da cadeia silvestre
Prof. Dr. Marcello Sampaio - UNIRIO