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IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA COLETOR DE ESGOTOS DE SÃO SEBASTIÃO - DF: O CRESCIMENTO POPULACIONAL DESCONTROLADO E SUAS IMPLICAÇÕES

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Academic year: 2021

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IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA COLETOR DE ESGOTOS DE SÃO

SEBASTIÃO - DF: O CRESCIMENTO POPULACIONAL

DESCONTROLADO E SUAS IMPLICAÇÕES

Neemias Jardim Almeida(1)

Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Pará (UFPa). Mestre em Geotecnia pela Universidade de Brasília (UnB).

Antônio Luís Harada

Engenheiro Civil. Mestrando em Recursos Hídricos pela Universidade de Brasília (UnB). Coordenador de Expansão dos Sistemas de Esgotos - Área Leste na CAESB - Companhia de Água e Esgotos de Brasília.

Haroldo Chadud Moreira

Engenheiro Civil. Gerente de obras do Sistema de Coleta e Tratamento de Esgotos de São Sebastião-DF na CAESB - Companhia de Água e Esgotos de Brasília.

Endereço(1): SQN 215 - bloco F - apto. 112 - Brasília - DF - CEP: 70874-060 - Brasil.

RESUMO

Este trabalho apresenta um relatório técnico sobre as dificuldades na implantação de um sistema coletor de esgoto sanitário na cidade de São Sebastião-DF, que é uma cidade sem planejamento urbano definido. Os problemas de implantação vão desde a adequação dos projetos à realidade de campo encontrada na fase de execução, até alterações de projeto tais como mudanças no caminhamento das redes devido a interferências, mudanças no embasamento, relocação de moradias, uso de áreas ocupadas por terceiros, entre outros. A cidade de São Sebastião está localizada no Distrito Federal, na área de proteção ambiental do rio São Bartolomeu, ao longo dos córregos Mato Grande e Ribeirão da Papuda, num vale de relevo suave e sujeito a enchentes. Esta cidade teve um processo de crescimento não em séculos, mas ao longo dos últimos sete anos, fazendo desta cidade algo único no distrito Federal em termos de problemática urbana e ambiental. Grande parte da cidade teve um crescimento realizado de forma expontânea, sem a definição de ruas e passeios, uma divisão homogênea de lotes ou mesmo princípios básicos de circulação e tráfego.

A explosão demográfica afeta o processo de implantação de infra estrutura, surgindo como principal causa de problemas na implantação das redes coletoras de esgoto. As habitações são construídas de maneira inadequada e em áreas impróprias. O rítimo frenético das invasões de novas áreas faz com que novos núcleos surjam a cada dia, muitas vezes em pontos coincidentes com a locação de projeto das redes coletoras e interceptores.

PALAVRAS-CHAVE: Sistema Coletor de Esgoto, Interferências em Redes Coletoras,

Crescimento Populacional Desordenado, Problemas de Implantação de Redes Coletoras.

FOTOGRAFIA NÃO DISPONÍVEL

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por finalidade relatar as situações, dificuldades e alternativas adotadas ante os problemas surgidos quando da implantação dos interceptores I, II, III e Sifão Invertido, na cidade São Sebastião–DF, que tem como características peculiares a expansão desordenada de suas edificações e o fato de parte de sua área urbana não apresentar nenhum critério de planejamento.

Esta expansão desordenada e a falta de planejamento urbanístico, resultaram em vias públicas estreitas, tortuosas, em alguns casos chegando a ser a única alternativa de acesso a uma determinada região da cidade, o que resultou em sérios obstáculos para execução das obras. Soma-se à estas situações, o fato de haverem várias residências/conjuntos implantados nas chamadas “ÁREAS DE RISCO” o que, como veremos adiante, também foram motivos de transtornos durante as obras.

ASPECTOS GERAIS DA LOCALIDADE

Descrição Geral

A cidade de São Sebastião, situada na Região Administrativa XIV do Distrito Federal, está localizada entre os córregos Borá Manso e Mata Grande, sendo entrecortada pelo ribeirão Santo Antônio da Papuda. Os referidos cursos d’água pertencem à bacia do ribeirão da Papuda, que é contribuinte do rio São Bartolomeu. Localiza-se às margens da Rodovia DF- 135.

Os diversos planos de ordenamento territorial do Distrito Federal, classificaram a região da cidade de São Sebastião como área de preservação, estando situada na parte sul da Área de Preservação Ambiental - APA São Bartolomeu.

Topografia

A declividade geral é bastante suave, tornando o plano de escoamento relativamente econômico. A topografia local, inclina–se predominantemente, em direção ao talvegue principal, constituído pelo córrego Mata Grande e ribeirão da Papuda.

Hidrologia

A região recebe periodicamente, junto aos talvegues, grandes quantidades de águas precipitadas em suas bacias, forçando inclusive a definição de uma linha de risco junto à urbanização, abaixo da qual não poderia haver ocupação pela população.

Ocupação Urbana

A cidade de São Sebastião teve a sua origem nas olarias que existiam no processo de construção de Brasília, posteriormente transformada em agrovila. Estas áreas deram

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O crescimento foi em geral rápido e desordenado, inclusive com a incorporação de alguns loteamentos irregulares na área da poligonal estabelecida pelo Instituto de Planejamento e Desenvolvimento do Distrito Federal - IPDF.

A grande maioria das ruas, encontram–se, ainda hoje, sem nenhum tipo de pavimentação e somente neste ano foi implantado o sistema de água potável. O sistema de esgotamento sanitário até a implantação de todo o complexo, Estação de Tratamento, Interceptores, Redes Públicas e Ramais Condominiais, era composto por fossas negras, em sua maioria, e algumas fossas sépticas cujos efluentes eram lançados diretamente nos córregos.

CONCEPÇÃO GERAL DO PROJETO

Levantamento Topográfico

Esta etapa consiste basicamente de uma locação e nivelamento das redes coletoras de esgoto. De posse do projeto executivo, as dificuldades foram sentidas desde o início, tanto pela empresa executora das obras como pelas equipes de projeto e fiscalização de obras da CAESB, pois vários locais onde deveriam ser locados os interceptores acusaram a existência de conjuntos / quadras residenciais instalados ali de maneira irregular, ocupando uma área denominada de risco ( sujeita às inundações ), que interferiam no caminhamento dos interceptores.

Toda essa situação nos levou a revisar boa parte do projeto, onde foram estudas as melhores opções que adequassem à realidade existente, sempre mantendo o objetivo principal de coletar o maior número de redes e consequentemente de regiões.

Todo esse processo causou atrasos ao cronograma de obras, além de alterar alguns métodos construtivos como veremos a seguir.

Foram concebidos três interceptores como componentes distintos, denominados Interceptor I, Interceptor II e Interceptor III que em função da topografia estão relacionados à três grandes sub-bacias também denominadas I, II e III. A Tabela 1 apresenta as contribuições de cada interceptor de acordo com os projetos.

Tabela 1: Vazão total das área de escoamento e Interceptores.

Interceptor Contribuição (l / s) Infiltração (l / s) Vazão total (l / s) I 143,88 26,15 170,03 II 39,15 6,07 45,22 III 286,5 53,91 340,41 Sub – bacia I

Constituída pela parte ocupada espontaneamente, sua rede coletora foi implantada, em boa parte, na rua devido à presença de passeios estreitos e ocupação desorganizada. Ela é esgotada pelo Interceptor I, que em seu trecho final reúne à rede pública da sub-bacia II.

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Sub - bacia II

Esta sub–bacia possui um tipo de ocupação mista. Nela estão localizadas as quadras projetadas organizadamente, com alinhamentos de calçadas bem definidos, o que possibilitou a implantação tanto da rede pública como dos ramais condominiais de esgotos, nos passeios. Também existe a ocupação semelhante à da sub–bacia I, onde parte da rede implantada ocorreu na pista de rolamento. Esta sub–bacia é esgotada pelo Interceptor II.

A sub–bacia II reúne–se à sub–bacia I junto à margem esquerda do ribeirão Santo Antônio da Papuda e se juntam ao Interceptor III através de um Sifão Invertido. Este Sifão foi adotado devido à impossibilidade de se fazer uma travessia convencional por “gravidade”, sob o córrego ou até mesmo aérea, devido a limitações de cotas altimétricas e da presença de grandes inundações na área, pois na última hipótese (aérea), a travessia se converteria numa barragem para as águas.

Sub–bacia III

Possui o tipo de ocupação correspondente à da sub – bacia II ou seja, mista, havendo sido implantadas redes públicas e ramais condominiais. É esgotada pelo Interceptor III, que reúne as contribuições das demais bacias.

ASPECTOS AVALIADOS

A seguir serão enfocados vários aspectos que de uma forma ou outra mereceram desataque na execução das obras. Em função das alterações necessárias, adotou–se alguns métodos construtivos não previstos originalmente.

Revisão de Projeto a nível executivo

Buscando acompanhar as paticularidades de cada área, levando ainda em consideração a irregularidade do traçado das ruas e dos lotes, adotou-se uma metodologia de revisão de projeto da rede coletora durante a obra.

Alterações de Caminhamento

O contínuo surgimento de moradias, desde a elaboração do projeto básico do sistema, levou a uma constante mudança no caminhamento dos coletores. Estas mudanças deram-se devido a vários tipos de obstáculos como: novas residências, cisternas e reservatórios de água, fossas sépticas em áreas públicas, entre outros. Deparou-se ainda com problemas de travessias de ruas, que por motivos peculiares a cidade não podiam ser interditadas.

Travessia sob a Ponte do Ribeirão Santo Antônio da Papuda

As diversas interferências originadas pelas edificações irregulares, construídas nas chamadas Áreas de Risco, não permitiram que o Interceptor II tivesse parte de suas obras executadas conforme previsto originalmente, pois no trecho em que deveria interceptar a

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contrários à passagem do interceptor em suas “propriedades” alegando prejuízos que teriam durante o período de execução das obras. A estes fatores soma - se a profundidade de aproximadamente 4,00 metros que a travessia da única pista acesso do S. Tradicional para o S. Vila Nova teria, gerando assim grandes transtornos à comunidade . Portanto, a única opção viável foi alterar a locação do Interceptor II, passando sob a ponte do ribeirão Santo Antônio da Papuda, utilizando tubulação em ferro fundido, em substituição ao tubo cerâmico, uma vez que a rede foi assentada numa cota acima do terreno natural.

Demolição de moradia

Ao ser efetuada a locação do Interceptor III, constatou – se que em um de seus últimos trechos, já próximo da Estação de Tratamento de Esgotos, em decorrência da desordenada expansão urbana, havia uma residência (barraco) construído justamente na linha de locação do interceptor. A única opção era a demolição deste barraco, que se concretizou após negociações estabelecidas com a proprietária. Implantado o interceptor, nova residência foi construída com a preocupação de melhor adaptação ao urbanismo local.

Aspectos Construtivos Especiais

Mudanças no caminhamento dos coletores acabaram por empurrá-los, em muitos trechos, a zonas de solo desfavorável. Terrenos em áreas de brejos, áreas de solo orgânico e turfas ou área de erosão e voçorocas tiveram que ser utilizadas para assentamentos de redes coletoras de pequeno e grandes diâmetros, levando-se a buscar novas soluções construtivas de escoramento e escavação para a solução do problema.

Escoramento tipo Metálico Misto

Confeccionado em perfis metálicos e pranchões de madeira, foram empregados nos locais onde o lençol freático praticamente aflorava o terreno natural e o solo escavado não apresentava, evidentemente, nenhuma estabilidade.

Foi também utilizado nas ruas estreitas e tortuosas, surgidas em função da expansão desordenada, pelos motivos acima mencionados e para preservar as edificações, mesmo que irregulares, de qualquer dano.

Embasamento para Assentamento de Tubulação

Em alguns trechos do Interceptor I, os embasamentos previstos foram substituídos por blocos de concreto apoiados em estacas moldadas “in loco”. Esses blocos foram espaçados de 6,00 em 6,00 metros em função dos tubulação de ferro fundido que substituiu os tubos cerâmicos.

CONCLUSÃO

Concluídas as obras, vencidos ou contornados os obstáculos, conclui – se que se não houver sincronismo das partes envolvidas, concessionária prestadora de serviços, Administração local, órgãos governamentais responsáveis pela preservação do meio ambiente e a empresa executora das obras, dificilmente ter – se – á uma obra de qualidade aceitável e que atenda aos objetivos desejados. O que se viu, desde o princípio dos trabalhos, foi a tentativa da concessionária prestadora de serviços, no caso a CAESB, de

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implantar os Interceptores em áreas que a princípio pareciam desimpedidas, mas que na realidade eram ocupadas irregularmente por um urbanismo atípico e despropositado. Fica a intenção de que, no presente, não cabe aqui esperar pelo futuro, haja um maior empenho dos órgãos de preservação do meio ambiente em determinar e fiscalizar, a contento, as áreas consideradas de preservação ambiental. As Administrações (prefeituras), não podem deixar – se levar por um paternalismo cuja finalidade é obter lucros políticos, permitindo com isto que haja uma ocupação e expansão das cidades sem o menor critério pré-estabelecido, deixando criar, às vezes, situações danosas e irreversíveis.

Quanto às concessionárias prestadoras de serviços e as empresas contratadas por estas, para executarem suas obras, cabem a elas estarem sempre informadas e atualizadas em relação aos locais onde serão executadas as obras além de participar com antecedência todas entidades envolvidas da necessidade e importância do empreendimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Projeto do Sistema de Esgotamento Sanitário da Cidade de São Sebastião-DF. SERVISAN Engenharia e Comércio Ltda., Novembro/1996.

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