• Nenhum resultado encontrado

Ap.a:. Acordam no Tribunal da Relação de Évora

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Ap.a:. Acordam no Tribunal da Relação de Évora"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

________________________________________________________________________ PN. 303/001; AP: TC Portalegre; Ap.a: . ________________________________________________________________________

Acordam no Tribunal da Relação de Évora

1. A Ap.a [A.] propôs contra os Ap.es [RR.] acção declarativa de demarcação, alegando em síntese:

(a) É proprietária de um prédio rústico que confina a Nasc. com um prédio dos RR;

(b) A extrema dos dois prédios segue uma linha recta ao longo da qual estão implantados 6 marcos;

(c) Procedeu à vedação do prédio, que os RR. arrancaram, por não estarem de acordo quanto ao limite comum;

(d) Opõem-lhe uma trajectória oval da referida extrema;

(e) Deve no entanto proceder-se a demarcação, segundo os títulos, e o que a A. entende ser de direito, condenados os RR. também a pagarem-lhe a vedação aramada destruída e os demais prejuízos que lhe determinaram, estes, a liquidar em execução de sentença.

1 ML (546/00)

(2)

1.1 Juntou carta cadastral, onde, segundo a orientação N/S, os 6 marcos da linha confinante vêem indicados com a letra M, escrita a tinta vermelha, e numerados de 1

a 6, a tinta azul, correspondendo aos marcos números 4 e 5, a tinta vermelha, novos

números: 1 e 22.

2. Os RR. contestaram:

(a) A extrema em litígio é na realidade definida por marcos, mas a linha entre dois deles não é recta, mas oval, bem visível no terreno;

(b) A área para além da recta ideal tem aliás sido ocupada e explorada pelos RR., há mais de 25 anos, tidos e havidos como se dela donos fossem;

(c) Tentaram compor o litígio extra-judicialmente, sem êxito;

(d) Razão pela qual arrancaram a vedação, que lhes causava prejuízos.

3. Ficou provado:

(a) Encontra-se inscrito em favor da A., na C. Reg. P. Crato, o prédio rústico denominado Cascalheira, com área de 8, 1250 ha, sito no lugar do Cascalinho, Freguesia da Aldeia da Mata, confrontando actualmente do Nasc. com os RR. e outro, do Po. com herdeiros de , do

, do S. com herdeiros de ;

(b) Este prédio confina a Nasc. com o prédio pertencente aos RR., inscrito na matriz cadastral da Freguesia da Aldeia da Mata, sob o art. 14 B;

(c) Os RR. adquiriram o referido prédio a e mulher

, tendo sido outorgada a escritura de compra e venda no C. Not. Pombal, 72.03.23;

2 Esta nova numeração dos dois marcos, a vermelho, parece ter sido utilizada no art. 5º da PI. transcrevem -se os arts. 3º

e 5º, para melhor compreensão do problema:

PI, art. 3º - a estrema entre o prédio da A. e o dos RR. é delimitada por uma linha ao longo da qual existem

implantados no terreno 6 marcos, como se pode ver pela carta cadastral que se junta, onde se assinalam os marcos

com M; por outro lado, a estrema entre os dois prédios, no espaço compreendido entre cada dois dos marc os, é formada pela linha recta que os une;

PI, art. 5º - …entretanto os RR. destruíram [a vedação mandada construir pela A. na estrema confinante], ao longo de

cerca de 80 m., mais concretamente a parte compreendida entre os dois marcos que [na carta cadastral] se assinalam

com 1 e 2, como o R. Ilídio refere nas cartas que se juntam como documentos 5 e 6 [nas cartas não se indi cam

(3)

(d) A estrema entre o prédio da A. e o prédio dos RR. é delimitada por uma linha entre 6 marcos implantados no terreno;

(e) A estrema entre os 2 prédios e cada 2 marcos, forma uma linha recta, de união;

(f) Com base nesta, a A. mandou colocar uma vedação aramada ao longo de toda a extrema com o prédio dos RR., de forma a ficar totalmente implantada no

prédio que lhe pertence;

(g) O R. arrancou essa vedação entre os marcos 4 e 5;

(h) A vedação foi arrancada em extensão que não pôde determinar-se.

3.1 Foi requerida pelos RR., em audiência, inspecção ao local, nos termos do art. 612º/1 CPC.

No final da diligência, a A. pediu, e foi-lhe deferido, com trânsito, a correcção da alínea da especificação que se referia aos marcos 1 e 2 da estrema confinante que se verificou, na inspecção ao local, corresponderem aos marcos 4 e 5, assinalados no mapa cadastral, seguindo a orientação N/S.

3.2 Consta da motivação:

(a) O tribunal fundou a convicção na análise crítica e conjunta de toda a prova produzida em audiência;

(b) Nomeadamente no confronto da planta do IPCD, secção B, prédio 4- 5- 6- 13- 14 e 15, Aldeia da Mata, Crato, com a inspecção efectuada ao local, e com o depoimento da testemunha (Eng, Tec. Agrário, que trabalhou para a empresa Celbi, anterior proprietária do prédio da A., a qual, no exercício das suas funções fez um levantamento dos marcos colocados entre os 2

prédios em questão);

(c) Aliás, as linhas imaginárias traçadas entre os marcos divisórios dos

prédios rústicos são habitualmente rectas, como se verifica no caso em apreço, mas os RR. na contestação não descreveram em termos factuais como é que o espaço compreendido entre os 2 marcos em questão era formado por uma linha oval: não invocaram a existência de qualquer outro mar co para além daqueles;

(4)

(d) E a referência quer a um sétimo marco, quer à localização deste, só foi adiantada em julgamento pelas testemunhas apresentadas pelos RR., que não conseguiram porém demonstrar existir esse marco ao tempo em que foi elaborado o mapa cadastral, donde não consta: não foi na verdade adiantada qualquer justificação para a existência de um marco fora do alinhamento dos demais, nomeadamente não existe no local qualquer linha de água;

(e) Foram estas as razões porque se deu pref erência ao meio de prova constituído pelo mapa cadastral e pelo depoimento, conhecedor, isento e desinteressado;

(f) Por fim, nenhuma prova foi produzida ao quesito 4º3, e não se apurou a extensão correcta da vedação arrancada; os depoimentos aos quesitos 8º e 9º 4 foram contraditórios, e a resposta dada ao quesito 3º 5 teve em consideração o

depoimento das testemunhas arroladas pela A., sendo de assinalar que uma, dos RR., , revelou manifesta falta de isenção, ao afirmar que a

vedação estaria sempre dentro do prédio dos RR., ainda que se admitisse uma divisória em linha recta, situação manifestamente contrária à verdade, conforme

resultou da inspecção ao local; sobre a matéria do quesito 10º 6 as testemunhas

revelaram não ter conhecimentos directos e precisos, tendo até adiantado que a A. construiu uma cerca provisória na parte litigiosa do prédio, com vista a afastar qualquer problema.

4. Perante a matéria assente, a sentença recorrida, vistos os art.s 483º/1, 562º, 1353º, 1354º/1 e 1356º CC, julgou parcialmente procedente os pedidos, ordenando a demarcação das estremas dos prédios confinantes através da linha recta definida pelos 6 marcos, enquanto condenou o , e só este, a reconstruir a parte da

3 Q. 4 – O também arrancou a vedação entre os marcos nº 4 e nº5? Não provado.

4 Q. 8 – A empresa Celbi, anterior proprietária do prédio da A., sempre lavrou a terra , plantou e cortou árvores,

desmatou, no espaço compreendido entre os marcos 4 e 5? Não provado.

Q. 9 – Este espaço sempre foi amanhado e explorado pelos RR., que lá plantaram eucaliptos? Não provado.

5 Q. 3 – Com base na divisão em linha recta, a A. mandou colocar uma vedação aramada ao longo de toda a extrema

com o prédio dos RR., de forma a ficar totalmente implantada no seu prédio? Provado.

6 Q. 10 – Destruída a vedação, a A. viu-se impossibilitada de pastorear o gado no prédio que lhe pertence, por falta da

(5)

vedação por ele arrancada, usando para o efeito materiais idênticos aos que haviam sido utilizados pela A., e absolveu os RR., no demais:

(a) Indiscutivelmente se conclui que a estrema entre os marcos… nºs 4 e 5, considerando o sentido N./S., e que suscitava dúvidas entre as partes, é dividida

por uma linha recta, que os une, tal como mostra o Mapa Cadastral;

(b) Ao vedar a sua propriedade [seguindo essa linha ideal] a A. exerceu o direito em harmonia com o fim social que a lei visa ao atribuir-lho, e que é precisamente o de lhe assegurar exclusivismo na fruição ou gozo da coisa7;

(c) Ao arrancar a vedação no espaço entre os marcos 4 e 5, o violou por essa forma o direito da A. (art. 1356º CC), acto pelo qual causou necessariamente estragos na referida [que pode e deve reparar em espécie];

(d) Relativamente ao pedido de condenação dos RR. no pagamento de mais prejuízos, alegadamente sofridos pela A, … nada se provou.

5. Concluíram os recorrentes:

(a) A recorrida, na PI, indica o local do litígio entre os marcos 1 e 2 da carta cadastral que juntou;

(b) Tal facto foi levado aos factos assentes do despacho saneador;

(c) Após deslocação do tribunal ao local, verificou-se que o litígio entre as partes se não situava no local especificado;

(d) Mas a sentença recorrida situou o local do litígio neste e não no outro;

(e) Afirmando-se que se situa no espaço compreendido entre os marcos 4 e 5 da carta cadastral;

(f) Porém, na sentença recorrida, ora se faz uma leitura da carta cadastral no sentido N./S., ora se faz a mesma leitura no sentido S./N., que levam a soluções diversas;

(g) Finalmente, o primeiro dos marcos assinalados na carta cadastral (sentido N./S.) não é divisório do prédio da recorrida com o dos recorrentes;

(h) Ficando sem se saber se a julgadora levou em consideração esse primeiro marco do lado N., no cômputo que deles fez ou não;

(6)

(i) Tudo dúvidas sobre a matéria de facto, que torna a decisão nula, por se encontrar em clara oposição com os fundamentos (art. 668º/1c. CPC);

(j) Deve a mesma ser revogada, ordenando-se a repetição do julgamento, nos termos e para os efeitos do disposto no art. 712º/4 do mesmo diploma legal.

6. Não houve contra-alegações.

7. O recurso está pronto para julgamento.

8. O objecto do recurso é, como resulta do consensual entendimento dos juristas, delimitado pelas conclusões oferecidas na motivação.

No caso vertente, apenas se concluiu sobre dúvida insanável acerca das respostas de facto, pretendendo-se demonstrar que a matéria foi assente em leitura aleatória da orientação da carta cadastral.

Mas por mais que se leia a sentença recorrida, a matéria de facto comprovada, a motivação e os articulados, tal confusão não ocorreu nunca: o único sentido de orientação da carta referido no processo e no texto sentencial é o sentido N/S. Por outro lado, os dados que importam rigorosamente à solução do litígio dizem respeito

apenas aos marcos nºs 4 e 5, sendo irrelevante que o marco nº 1 esteja ou não na extrema dos dois prédios. Na verdade são referenciados pelo nº que têm na carta, na

sequência N/S, e não por contagem directa, e restrita, dos que os dividem.

Mesmo assim não é relevante sequer que a A. tenha localizado, na PI8, o litígio em

redor dos marcos nºs 1 e 2, para, só depois, na inspecção do local, requerida pelos RR. e deferida ao abrigo do disposto no art. 612º/1 CPC, se verificar ocorrência diversa, na linha entre os nºs 4 e 5. É que de seguida, e tal como ficou relatado, a A. pediu, obteve deferimento, e com trânsito, da rectificação da alínea da especificação onde se referiam os marcos nº 1 e 2, passando a estar redigida com indicação dos marcos 4 e 5.

7 Vd. Pires de Lima & Antunes Varela, Código Civil Anotado, II Ed., p.204.

8 Vd. 1.1 e nota 2: não parece ser exacta a dúvida manifestada nas alegações; não se levou em conta a existência de dois

diferentes sistemas de numeração, a azul e a vermelho, sobretudo relacionando os números a vermelho, e a correspondência que demonstram aos números a azul, com o texto do articulado.

(7)

Na verdade, segundo o princípio da adequação, consagrado no art. 265ºA. CPC, pode o juiz determinar a prática dos actos que melhor se ajustem ao fim do processo, bem como as necessárias adaptações.

As partes foram ouvidas, pronunciaram-se e nada opuseram.

Parece então cumprido o programa da lei que autoriza esta flexibilização da estrutura dispositiva do processo, perante a concreta especificidade da causa. De qualquer modo teria ocorrido caso julgado.

Todavia não havendo, em bom rigor, confusão, não procedem as razões do eventual demérito da sentença recorrida.

9. Atento o exposto, vistos os art.s 265ºA., 712º/4 CPC, decidem julgar improcedente o recurso, mantendo a decisão de 1ª instância.

Referências

Documentos relacionados

Foi apresentada, pelo Ademar, a documentação encaminhada pelo APL ao INMETRO, o qual argumentar sobre a PORTARIA Nº 398, DE 31 DE JULHO DE 2012 E SEU REGULAMENTO TÉCNICO

Neste trabalho avaliamos as respostas de duas espécies de aranhas errantes do gênero Ctenus às pistas químicas de presas e predadores e ao tipo de solo (arenoso ou

O processo de nutrição neonatal e seu seguimento nos primeiros meses de vida são descritos em diversas literaturas, com entendimentos variados e normatizado por

A transformação propriamente dita acontece quando Harry conta não só a Rony, mas também a Hermione sobre suas suspeitas em relação ao que está sendo guardado pelo cão de

b) mais de 70% do total dos votos. Dois faraós do antigo Egito mandaram construir seus túmulos, ambos na forma de pirâmides quadrangulares regulares, num mesmo terreno plano, com

Para saber como o amostrador Headspace 7697A da Agilent pode ajudar a alcançar os resultados esperados, visite www.agilent.com/chem/7697A Abund.. Nenhum outro software

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

Entrando para a segunda me- tade do encontro com outra di- nâmica, a equipa de Eugénio Bartolomeu mostrou-se mais consistente nas saídas para o contra-ataque, fazendo alguns golos