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GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO*

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GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL DOS

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO

E DEMOLIÇÃO*

AUGUSTO HILÁRIO DE MORAES**, CAROLINA SOARES BALDANI***, FERNANDO FERREIRA VARGAS AMANCIO****, GUILHERME LOBATO FERREIRA FERRAZ*****, NICALI BLEYER DOS SANTOS******

A

Indústria da Construção Civil é uma das mais importantes atividades geradora de desenvolvimento econômico e social. Nos últimos anos, o aumento populacional tem contribuído para o crescente desenvolvimento desta. Entretanto, este segui-mento comporta-se, ainda, como gerador de impactos ambientais, devido a consequente modificação da paisagem natural, ao consumo de recursos naturais, à geração de resíduos e à deposição indevida dos resíduos produzidos.

Resumo: a construção civil está em constante crescimento e juntamente com ela a produção

dos resíduos gerados por este setor. Um dos grandes problemas encontrados é a falta de um gerenciamento sustentável para os resíduos da construção civil. Portanto, se faz necessário uma gestão que direcione a disposição correta destes resíduos e coloque em prática maneiras de reciclagem e reutilização. Para isto, foi realizado um estudo descritivo do tipo analítico através de dados secundários de referencia bibliográfica. No qual, o presente artigo expõe a problemática gerada por estes resíduos e as possibilidades de redução, reciclagem e reuso destes resíduos e sua correta destinação final. Além de apresentar as principais leis e normativas existentes que abordam este assunto.

Palavras-chave: Construção Civil. Resíduos. Impactos. Gerenciamento Sustentável. Reciclagem.

* Recebido em: 02.06.2016. Aprovado em: 21.06.2016.

** Discente de Engenharia Civil da PUC Goiás. E-mail: augustoahm@gmail.com *** Discente de Engenharia Civil da PUC Goiás. E-mail: carolina.baldani@hotmail.com **** Discente de Engenharia Civil da PUC Goiás. f E-mail: ernandoffva@hotmail.com; ***** Discente de Engenharia Civil da PUC Goiás. l E-mail: obato_2000@hotmail.com.

****** Geógrafa. Doutora em Ciências Ambientais. Professora na PUC Goiás, do curso de Geografia. E-mail: nicalibleyer@hotmail.com.

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Atualmente, a área da construção civil está em crescente expansão, o que tem estimulado investimentos neste setor. Isto decorre do aquecimento imobiliário nacio-nal promovido pela parcela emergente da classe C, e pelo desenvolvimento de políticas públicas, como o projeto Minha Casa Minha Vida. Além disso, a presença de eventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, fazem surgir grandes oportunidades de investimento na construção civil no Brasil. No entanto, o crescimento deste setor ainda não tem sido acompanhado por um gerenciamento sustentável dos resíduos de constru-ção civil (RCDs).

Nesse sentido, a problemática relacionada a essa questão é a falta de destinação final para o mesmo e a falta da conscientização ambiental das empresas e do próprio governo. Os problemas que essa questão ocasiona é a degradação das áreas de manancial e de proteção per-manente; proliferação de agentes transmissores de doenças; assoreamento de rios e córregos; obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias, sarjetas, entre outros; ocupa-ção de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo a circulaocupa-ção de pessoas e veículos; degradação da paisagem urbana; existência e acúmulo de resíduos que podem gerar riscos por sua periculosidade (SINDUSCON-SP, 2005).

Portanto, faz-se imprescindível à implementação de gestões sustentáveis nos can-teiros de obra, efetivação de políticas de incentivo, construção de aterros específicos para o tratamento devido dos RCD’s e criação de legislações que regulamentem a destinação destes resíduos. Ou seja, faz-se necessário estabelecer diretrizes, critérios e procedimentos para o gerenciamento sustentável dos resíduos da construção civil.

Nesse sentido, em função do grande crescimento ligado a construção civil no país, onde vários materiais são dispensados (desperdício de materiais e matéria prima) ou desti-nados de forma inadequada, prejudicando assim o meio ambiente, torna-se indispensável, a revisão de literatura que contribua com o gerenciamento sustentável dos RCDs.

Assim, presente artigo tem por objetivo levantar e discutir as possibilidades de ge-renciamento sustentável, ligados à redução, reciclagem e ao reaproveitamento dos resíduos da construção civil, de modo a fornecer bases teóricas para a discussão sobre o tema, incentivan-do novas práticas de destinação.

Para tanto, a presente pesquisa pautou-se em um estudo descritivo, do tipo analí-tico, com pesquisas bibliográficas relacionadas ao tema, bem como levantamento de dados secundários, em sites que trabalham o assunto relacionado ao gerenciamento de resíduos só-lidos e construção civil. Normativas técnicas e legislações específicas sobre o assunto também foram consultadas.

A GERAÇÃO DOS RCDs

Uma grande quantidade de resíduos de construção civil foi gerada nos últimos anos nas áreas urbanizadas. Isto deve-se a ocorrência de demolições em processos de renovação urbana e ao desperdício de materiais em novas edificações, em consequência da característica arquitetônica da construção (PINTO, 1992). Além disso, os RCD’s podem ter outras ori-gens, como por deficiências inerentes aos processos e sistemas construtivos empregados e a catástrofes naturais ou artificiais (LEVY,1997).

No Brasil, a produção de grandes volumes de resíduos oriundos da construção civil, é responsável, pela geração 0,52 toneladas de entulho por habitante. Isto representa de 54%

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a 70% da massa de resíduos sólidos urbanos por ano. Há também, no Brasil, uma produção de entulho de 0,9 toneladas por metro quadrado construído (PINTO, 1999).

Segundo John (1998), a geração de resíduos sólidos provenientes da construção ci-vil, pode ser até duas vezes maior que o volume de lixo urbano gerado. De acordo com Lima e Tamai (1998), a maior parte do entulho gerado vem do setor informal, pequenas reformas e construções, e apenas um terço é gerado pelo setor formal, ou seja, nas obras realizadas pela indústria da construção civil.

Em relação ao impacto que o desperdício provoca no custo da construção civil no Bra-sil, estudos indicam que esse poderia provocar acréscimos no custo final de um empreendimento, entre, aproximadamente, 5 e 10% (SILVA, 2004). Pinto (1999), estima que a perda média de materiais nos processos construtivos em canteiros de obras é igual a 25%, e que o percentual de perda de materiais, removidos como entulho durante a obra corresponde, em média, a 50%.

Nesse contexto, observa-se a necessidade de reforçar práticas de redução da geração de resíduos, e promover políticas que venham facilitar a prática de reaproveitamento desses materiais. Secundariamente a redução de RCD’s, devem ser adotadas medidas de reutilização, reciclagem e destinação final.

Leis e Normativas Legais Vigentes que Direcionam o Gerenciamento dos RCDS

Infelizmente no Brasil, ainda não existe uma abordagem sistemática e estruturada sobre a questão dos RCD’s. Há somente um conjunto de leis e políticas públicas, além de normas técnicas fundamentais que pontuam o gerenciamento dos resíduos da construção civil (RCC), na tentativa de minimizar os impactos ambientais por estes gerados.

Nesse sentido, destaca-se no âmbito federal a Política Nacional do Meio Am-biente, nº 6938/81, elaborada em 1988; a Lei Federal nº 9605, dos Crimes Ambientais, de 12 de fevereiro de 1998 e a Resolução CONAMA nº 307, publicada em 2002, que trata sobre a gestão dos resíduos da Construção Civil, estabelecendo diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil. Além disso, ela define, classifica e estabelece os possíveis destinos finais dos resíduos da construção e demolição, e atribui responsabilidades para o poder público municipal e para os geradores e trans-portadores de resíduos.

Dentre as normas técnicas podemos citar: NBR 15112:2004: resíduos da cons-trução civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. Trata sobre o recebimento dos resíduos para posterior triagem e valorização; NBR 15113:2004: resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Ater-ros - Diretrizes para projeto, implantação e operação. Estabelece as soluções adequadas para disposição dos resíduos de classe A, considerando critérios para reutilização de materiais; NBR 15115:2004: Resíduos sólidos da construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação. Trata sobre a transformação dos resíduos da construção de classe A em agregados reciclados Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos – NBR 15115:2004 e; NBR 15116:2004: que trata da questão sobre gregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural (SindusCon--SP, 2005).

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O Gerenciamento Sustentável dos RCDS

A sustentabilidade na construção civil é, no contexto atual, um tema de extrema importância. Este setor gera grandes impactos ambientais ao longo de toda sua cadeia produ-tiva, sendo, portanto, fundamental melhorar e otimizar os processos construtivos e estimular a prática do gerenciamento sustentável dos RCD’s.

No entanto, a gestão corretiva tem sido a principal estratégia de enfrentamento dos problemas derivados do acúmulo de RCD’s em áreas de domínio público. Esta gestão caracteriza-se por ações de caráter não preventivo, repetitivo, custoso e, sobretudo, ineficiente (SCHNEIDER, 2003).

Segundo Pinto (2000), a gestão dos RCD’s deve ser iniciada no canteiro de obras, com o confinamento da maior parte dos resíduos no seu local de origem. Evitando, dessa forma, que a remoção dos resíduos venha gerar problemas e gastos públicos.

De acordo com a Resolução do CONAMA nº 307/2002, artigo 2º, o gerenciamen-to de resíduos é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e im-plementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos. A Resolução define ainda, no artigo 4º, que os geradores deverão ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a des-tinação final.

A seguir serão discutidos os assuntos aqui citados. REDUÇÃO DA PRODUÇÃO DE RESÍDUOS

Durante o ciclo de vida das construções os resíduos podem ser gerados em vários momentos, destaca-se a fase de construção, de manutenção e reformas e a demolição de edi-fícios.

Fase de Construção

A geração de RCD’s durante a fase de construção é decorrência das perdas nos processos construtivos. Pesquisas apontam que entre diferentes empresas que utilizam a mesma tecnologia há uma grande variação nas perdas na construção. Esta variabilidade demonstra ser possível combater as perdas e a geração de resíduos, sem que haja mudança das tecnologias.

Esta redução aconteceria através do aperfeiçoamento de projetos, seleção quada de materiais, treinamento de recursos humanos, utilização de ferramentas ade-quadas, melhoria das condições de estoque e transporte, além da melhoria na gestão de processos. Entretanto, é válido ressaltar que mudanças tecnológicas também podem contribuir para a redução das perdas e da produção de entulho na construção (JOHN; AGOPYAN, 2003).

Além disso, com a redução das perdas geradas na fase da construção, há tam-bém uma diminuição da quantidade de material incorporado às obras e do volume de resíduos a ser transportado e depositado em aterros, o que gera a consequente redução de custos.

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Fase de Manutenção e Reformas

A geração de resíduos na fase de manutenção está associada principalmente a corre-ção de defeitos e a reformas ou modernizações em edifícios.

A redução da produção destes resíduos nesta fase exige a melhoria da qualidade da construção, a fim de reduzir possíveis manutenções; fazendo-se necessário também o au-mento da vida útil física dos diferentes componentes da estrutura dos edifícios. Além disso, é necessária a adoção de projetos flexíveis, que permitam modificações significativas nos edi-fícios através da desmontagem, permitindo assim a reutilização dos componentes não mais necessários (JOHN; AGOPYAN, 2003).

Demolição

A redução dos resíduos advindos da demolição de edifícios depende do prolonga-mento da vida útil destes, que está associado tanto a tecnologia de projeto empregada quanto aos materiais utilizados na obra. Além disso, é fundamental para a minimização da produção de resíduos a existência de incentivos para que os proprietários realizem modernização e não demolições; e a adoção de tecnologia de projeto e demolição ou desmontagem que permi-ta a reutilização dos componentes. Entrepermi-tanto, espermi-tas medidas são observadas a longo prazo

(JOHN; AGOPYAN, 2003).

FORMAS DE RECICLAGEM E REUSOS DOS RESÍDUOS

Os resíduos da construção civil compõem a maioria dos resíduos urbanos gerados, representando cerca de dois terços deste. Torna-se, portanto, imprescindível a adoção de medidas sustentáveis para a minimização dos impactos gerados, das quais pode-se ressaltar, a reciclagem e o reuso de RCD’s.

Denomina-se reciclagem como sendo o processo de reaproveitamento de um resíduo, após este ter sido transformado em matéria-prima. No Brasil, a reciclagem de resíduos da construção civil é ainda realizada em pequenas proporções em comparação a outros países. Alguns dos motivos deste atraso são a falta de conscientização das empresas e das construtoras e a falta de leis e políticas que direcionem e incentivem a prática da reciclagem. Os resíduos submetidos à reciclagem precisam passar por todo um processo de beneficia-mento. Entretanto, até se chegar a este estágio, algumas outras etapas devem ser analisadas para se tomar uma decisão quanto à viabilidade do projeto. Essas etapas incluem a forma de coleta desses resíduos, o transporte e a estocagem dos mesmos (SILVA, 2004). Além disso, é necessário, o estudo e análise dos resíduos a serem reciclados para verificar se não há contaminação destes.

Atualmente os principais resíduos reciclados são entulhos, argamassas, concreto e pavi-mento asfáltico. De acordo com Silva (2006), os RCD’s podem ser reciclados e utilizados em várias etapas da obra como em:

• Pavimentações empregadas nas utilizações de resíduos reciclados como revestimento primário, base, sub-base, sob a forma de brita corrida ou como uma mistura de resíduo e solo;

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• Agregado para concreto não estrutural - resíduos que as usinas de reciclagem processam e podem ser usados para substituir areia e brita que são os agregados convencionais;

• Agregado para confecção de argamassa - que se originam de argamasseiras, as quais servem para moer o entulho ainda na própria obra, em granulometrias que se assemelham as da areia, podendo ser usado como agregado para argamassas de assentamento e revestimento.

Existem ainda outros usos, como o preenchimento de espaços vazios nas constru-ções, cascalhamento de estradas, preenchimento de valas de instalações e reforços de aterros ou gabiões.

Segundo a Resolução do CONAMA nº 307/2002, artigo 1º, parágrafo 6º , a reutilização de resíduos é o processo de reaplicação destes, sem transformação dos mesmos. É preciso ter uma atenção especial sobre a possibilidade de reuso de materiais dentro da obra, uma vez que, a reutilização de materiais gera economia por dispensar a compra de novos produtos e evitar sua identificação como resíduo e o custo de sua remoção (SindusCon-SP, 2005).

Dentre os materiais e resíduos com possibilidade de reuso estão: painéis de madeira provenientes da desforma de lajes, pontaletes, sarrafos, blocos de concreto e cerâmicos par-cialmente danificados. Destaca-se também, o aproveitamento de solo dentro da própria obra. Benefícios da Reciclagem de RCDs

A reciclagem de resíduos oriundos da construção civil traz como consequência benefícios relevantes, principalmente para o meio-ambiente, pois há a redução da utilização de recursos naturais não renováveis e a diminuição da formação de entulho. É válido res-saltar, que produtos com a incorporação de resíduos possuem, em muitos casos, melhores características técnicas do que produtos comuns (JOHN, 2000).

Dentre os benefícios gerados pela reciclagem pode-se ressaltar:

• Diminuição de áreas destinadas para aterros, pela minimização de volume de RCD’s. Estes representam mais de 50% da massa dos resíduos sólidos urbanos (PINTO, 1999).

• Geração de materiais de menor custo, reduzindo assim, os gastos da obra.

• Redução do consumo de recursos naturais não-renováveis, devido a substituição destes por produtos reciclados (JOHN, 2000).

• Diminuição do consumo de energia, durante a fase de produção de novos materiais (JOHN, 2000).

• Menor poluição, como por exemplo na indústria de cimento, que substitui o cimento portland pela escória de alto forno, reduzindo, assim, a emissão de gás carbônico (JOHN, 1999). • Criação de empregos na área de reciclagem (catadores e formação de cooperativas de

reci-clagem) (PINTO, 1999).

Variabilidade da Composição dos RCDs

A dificuldade para qualquer aplicação de um gerenciamento diferenciado está no controle da variabilidade das características físico-químicas dos RCD’s. Sendo então de

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ex-trema relevância um estudo destas propriedades, por meio de ensaios e métodos apropriados. Através deste levantamento das características, podem-se encontrar possíveis aplicações para o mesmo, com viabilidade econômica para o mercado.

De acordo com Pinto (1999), essas propriedades variam de acordo com a técnica empregada na execução, com a qualidade da mão de obra e com as características socioeco-nômicas regionais. A grande maioria dos pesquisadores concorda em relação à falta de uni-formidade na composição do entulho, deixando clara a necessidade da caracterização do resíduo para uso como agregado em outros materiais (SILVA, 2010).

Segundo John e Agopyan (2003) os resíduos de construção são compostos prin-cipalmente por materiais minerais inertes como areia, pedra, cerâmica e aglomerantes, com presença de outros matérias que são considerados como impuros (Plástico, papel, madeira e etc). Estas impurezas podem ser provenientes da fase de uso da construção a partir dos quais foram gerados, como também do seu manuseio posterior. Podendo afetar na qualidade técnica do produto reciclado e significar riscos ambientais. Além disso, a análise dos resíduos sólidos a serem reciclados é importante para minimizar a reutilização de um material contaminado.

O método mais utilizado para reduzir a variabilidade e retirar os contaminantes é a Triagem do Resíduo a ser reciclado. É necessário um trabalho na desagregação dos materiais desde o canteiro de obras, separando de acordo com a classificação, características do material e sua destinação final.

A prática da triagem possibilita a redução do volume dos resíduos, evitando o em-polamento do produto e promovendo redução nos custos de transporte e destinação. Além disso, ressaltam-se outros benefícios decorrentes da gestão em canteiros, como por exemplo: o cumprimento das determinações legais e minimização de riscos de autuação; a diferencia-ção na imagem institucional; uma melhor organizadiferencia-ção no canteiro; a redudiferencia-ção dos riscos de acidentes (segurança ocupacional); e a contribuição para a qualificação dos operários (MI-RANDA, 2009).

Tabela 1: Exemplos de redução do custo considerando diferentes reduções do empolamento

Redução do Volume 10% 15% 20% 25% Custo estimado na remoção do RCD (R$/m2 de

obra)

Sem triagem 5,46 5,78 6,14 6,55 Com triagem 4,46

Redução estimada de custos (%) 18,3 22,8 27,4 31,9 Fonte: Miranda (2009).

Tabela 2: Redução total de custo associada à redução da massa de resíduos gerada por m2 de

construção

Redução do Empolamento 10% 15% 20% 25% Custo total estimado a 150 kg/m2 (R$) 84.743,16 89.728,05 95.336,05 101.691,79 Redução total estimada de custos (R$) 31.263,16 36.248,05 41.856,05 48.211,79 Redução total estimada de custos (%) 36,89 40,40 43,90 47,41 Fonte: Miranda (2009).

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Outro método que proporciona boa qualidade no produto final é o desmantelamento seletivo. Este mecanismo propõe uma nova forma de demolição, que ao contrario da normal, tem em todo tempo, preocupação em separar os agregados recicláveis dos descartáveis. Também é possível fazer a separação em tanques de depuração por flotação e separadores magnéticos (QUEBAUD; BUYLE-BODIN, 1999). Mais uma solução para a variabilidade da composição desses agregados pode ser o manejo em pilhas de homogeneização, minimizando o problema.

Pode-se que concluir que é viável economicamente a maior parte das técnicas em-pregadas para ter uma boa qualidade no Resíduo de Construção e Demolição reciclado. O emprego dos agregados pode ter diversas finalidades, entretanto com um controle ideal, per-mite a valorização do resíduo e não simplesmente destiná-lo para as necessidades de pavimen-tação, que são as de menores exigências de qualidade (ANGULO, 2000).

Destinação Final, a Questão Dos Aterros

Os municípios, as construtoras e as empresas transportadoras de resíduos de cons-trução civil tem identificado um obstáculo com a crescente produção de RCD’s, a falta de lugares adequados para o despejo destes resíduos. E esta deposição irregular dos resíduos é responsável pelos principais impactos sanitários e ambientais gerado por estes.

A resolução do CONAMA 307/2002, artigo 5º, afirma que é de responsabilidade dos municípios elaborar um Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil e Projetos de Gerenciamento de RCC. Esta mesma resolução, assegura no artigo 4º, que os geradores deverão ter estas mesmas responsabilidades na destinação final do resíduo.

Esta resolução, declara ainda no artigo 4º, parágrafo 1º, que “Os resíduos da construção civil não poderão ser dispostos em aterros de resíduos domiciliares, em áreas de “bota fora”, em encostas, corpos d`água, lotes vagos e em áreas protegidas por Lei...” Sendo assim, torna-se funda-mental a construção de aterros específicos para os RCDs, a fim de dar a destinação ideal para estes. Entretanto, a maioria das cidades brasileiras ainda não possui local apropriado, ou aterro especifico para a deposição de entulhos advindos da construção civil. E assim, as empresas de transporte acabam sem alternativa e depositam o lixo em lotes baldios, mananciais, municí-pios vizinhos ou até mesmo em aterros provisórios construídos pelas próprias transportadoras. Se construído o Aterro de Resíduo de Construção Civil, o entulho teria uma destina-ção final correta e mais acessível, e geraria empregos e renda para varias famílias, contribuindo, assim, para a economia e para o desenvolvimento social do município (SILVA, 2010).

Políticas de Incentivo

A percepção da importância da reciclagem para a sustentabilidade tem levado di-ferentes países a adotarem políticas específicas visando criar condições para que ela se desen-volva. Porém, no Brasil, ainda não há quase nenhum tipo de incentivo por parte do governo para que haja reciclagem ou despejo adequado dos RCDs.

Praticamente todas as políticas adotadas com intuito de reduzir o impacto ambien-tal causado pelos resíduos de construção civil, estão ligadas a redução da geração de matérias primas. Isto gera, consequentemente, a redução da utilização de aterros e do despejo em de-pósitos irregulares, além disso, há a diminuição do excesso de consumo dos recursos naturais não renováveis. No entanto, é necessário o incentivo público para melhoria da gestão

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susten-tável dos resíduos que são inevitavelmente produzidos (PINTO, 1999). E, nesse sentido, a reciclagem de RCDs torna-se fundamental.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A questão do desenvolvimento sustentável vem se consolidando como referência fun-damental para orientar todas as atividades humanas. Deste modo, a prática de uma gestão dife-renciada que prioriza o meio ambiente é essencial para manter o equilíbrio ambiental e social.

Assim, verificou-se a necessidade da adoção de medidas que contribuam para o desen-volvimento da conscientização ambiental no manejo dos resíduos de construção civil. Para isto, foi feita uma revisão de literatura, a fim de contribuir com a implementação do gerenciamento sustentável dos RCDs durante todo o ciclo de vida destes. Fazendo-se necessário, portanto, maximizar as possibilidades de redução, reuso e reciclagem dos RCDs, a fim de minimizar os impactos gerados por estes, produzindo renda e a melhora da qualidade de vida da população.

É válido ressaltar a necessidade da adoção de medidas de sustentabilidade tanto pelo poder público, quanto pela iniciativa privada e pela sociedade como um todo. Tornando-se imprescindível para isto, a implementação de lei e normas, como também a criação e o fortale-cimento de políticas de incentivo nacional para promover a execução de uma gestão sustentável.

Apesar disso, é importante analisar que ações isoladas não irão solucionar os problemas advindos por estes resíduos e que a indústria da construção civil deve tentar fechar seu ciclo pro-dutivo de tal forma que minimize a saída de resíduos e a entrada de matéria prima não renovável. SUSTAINABLE MANAGEMENT OF WASTE FROM CONSTRUCTION

AND DEMOLITION

Abstract: the construction is constantly growing and with it the production of waste generated by this sector. One of the major problems encountered is the lack of sustainable management for construction waste. So if a management that direct the proper disposal of this waste and put into practice ways of recycling and reuse is necessary. For this, we performed a descriptive study of the analytical type through secondary data bibliographical references. In which the present article exposes the problems generated by these waste and the potential for reducing, recycling and reuse of this waste and its proper disposal. In addition to presenting the main laws and regulations exist that address this issue.

Keywords: Construction. Waste. Impact. Sustainable Management. Recycling. Referências

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Referências

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