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O alcance dos Pré-vestibulares comunitários/populares e Instituições Sociais nos programas afirmativos O caso da PUC-Rio

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Departamento de Serviço Social - PUC Rio

O alcance dos Pré-vestibulares comunitários/populares e Instituições Sociais

nos programas afirmativos– O caso da PUC-Rio

Aluno: Esteban Cipriano Costa López Orientadora: Andréia Clapp Salvador Introdução

A temática proposta para o estudo foi escolhida diante do interesse em identificar os Pré-vestibulares comunitários/populares e instituições sociais que atuaram na formação dos estudantes beneficiários das ações afirmativas, bem como elaborar o perfil desses estudantes beneficiários dos programas de ações afirmativas do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio.

O presente relatório está vinculado a linha de pesquisa “Trabalho, Políticas Sociais e Sujeitos Coletivos”, que tem como um dos eixos o grupo de pesquisa1 “Políticas de Reconhecimento e Ações Afirmativas”, em que participei no período de Março de 2017 à Julho de 2017. O grupo de pesquisa desenvolve suas atividades desde 2010, é fruto de uma proposta interdisciplinar, congregando como representantes, a Comunidade Científica, representada pelo Departamento de Serviço Social da PUC-Rio, sob a coordenação da professora doutora Andréia Clapp Salvador, conta com um grupo de pesquisadores de áreas diversas e tem a participação de professores/coordenadores de pré-vestibulares comunitários/populares na equipe multidisciplinar e de estudantes de graduação beneficiários do Programa Institucional de Iniciação Científica do CNPq (PIBIC).

As Políticas de Ações Afirmativas enquanto políticas compensatórias já foram implantadas em diversos países como Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Índia, Alemanha, Austrália, Nova Zelândia entre outros. No Brasil esta temática é de fundamental importância, pois é um grande passo do Estado brasileiro em direção ao reconhecimento e responsabilização no enfrentamento de um dos maiores problemas históricos da nossa sociedade, que é a exclusão de negros e negras (BARBOSA,2001). Outros grupos sociais como os índios, as mulheres, os

1 O grupo de pesquisa: Políticas de Reconhecimento e Ações Afirmativas, busca estudar e pesquisar, numa

perspectiva interdisciplinar, questões referentes às políticas de reconhecimento e ações afirmativas, suas formas de constituição, a implementação, os impactos na vida dos beneficiários, das instituições e a atuação dos movimentos sociais inseridos nesse cenário.

Nesse sentido, o grupo de estudos busca efetuar o levantamento e mapeamento dos cursos de pré-vestibulares comunitários que contribuem na constituição de ações afirmativas ao promoverem o acesso aos cursos de Ensino Superior. O grupo de pesquisa também visa estabelecer uma rede a fim de diminuir as distâncias geográficas dos pré-vestibulares comunitários; bem como, refletir sobre o protagonismo de seus atores sociais, seus desafios e o impacto social na vida dos jovens e adultos atendidos. (Nota do próprio autor)

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LGBTS, os idosos, as pessoas com deficiência, entre outros, que lutam por direitos coletivos, territoriais, políticos e culturais, também se beneficiam das ações afirmativas. Faz-se necessária a discriminação positiva de determinados grupos sociais para mudar o perfil da sociedade brasileira no sentido da correção das desigualdades históricas que possam garantir direitos e cidadania a esses grupos sociais discriminados.

O contexto brasileiro no final da década de oitenta é marcado pela redemocratização, e pela transição do regime militar para uma nova república. A abertura política neste período, permitiu a reorganização dos movimentos sociais que emergiram no cenário nacional. Alguns desses movimentos sociais compostos por indivíduos socialmente discriminados, como as mulheres, os negros e os LGBTs, se organizaram enquanto grupo em torno de uma identidade coletiva para obtenção de direitos legais e legítimos (GOMES,2012). Segundo Munanga (2003) ”o conceito de identidade evoca sempre os conceitos de diversidade, isto é, de cidadania, raça, etnia, gênero, sexo, etc..conceitos esses também envolvidos no processo de construção de uma educação democrática”. A construção de uma identidade coletiva que une características da condição humana semelhantes entre os indivíduos, é o que permite uma representação sócio-política e a demanda por reconhecimento da necessidade de inclusão de um grupo social.

A noção de inclusão social e étnico-racial no ensino superior está associada ao ingresso de grupos ou camadas sociais, até então alijados desse nível de ensino. Esses grupos sociais lutam por direitos historicamente negados como: o direito a participar de forma mais efetiva da vida política; a inclusão de seu grupo em espaços públicos, como a escola e o trabalho; o reconhecimento da sua identidade, dentre outros. O foco central desses movimentos sociais abrange aspectos, como as desigualdades culturais, sexuais ou raciais que fundamentam as ações afirmativas.

Um dos exemplos importantes das ações afirmativas no Brasil se deu no campo da educação no nível superior. Para melhor compreensão deste trabalho é necessário compreendermos a atuação dos movimentos sociais que originaram os Pré-vestibulares comunitários/populares, assim como dos conceitos que justificaram a implementação das ações afirmativas e seus rebatimentos nos programas afirmativos da PUC Rio.

No que se refere à gênese das políticas afirmativas no Brasil deve-se enfatizar a ação política realizada pelos movimentos sociais, no processo de elaboração e implementação destas ações. Segundo Nilma Lino Gomes e Aracy Martins (2004), não se pode falar de políticas afirmativas no Brasil, especialmente as voltadas para o acesso à educação universitária, sem situar alguns fatos decisivos para sua implementação. O primeiro é referente à luta dos

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Movimentos Negros2 pelo estabelecimento das políticas de reconhecimento; o segundo é relativo ao preparo para a Conferência Mundial de Durbam contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância associada, em 2001; e, por último, a atuação dos Pré-Vestibulares para Negros e Carentes.

Somente em 1996 no Seminário Internacional Multiculturalismo e Racismo, realizado na UnB, o Estado brasileiro pressionado pelos Movimentos Negros reconheceu o racismo enquanto problema. Iniciou publicamente o processo de discussão das relações raciais brasileiras, admitindo oficialmente, pela primeira vez na história brasileira, que os negros eram discriminados (SANTOS, 2007, p.17). Entendemos por racismo o que a professora Nilma Lino Gomes, ex-ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), destaca:

“O racismo é, por um lado, um comportamento, uma ação resultante da aversão, por vezes, do ódio, em relação a pessoas que possuem um pertencimento racial observável por meio de sinais, tais como: cor da pele, tipo de cabelo, etc. Ele é por outro lado um conjunto de ideias e imagens referente aos grupos humanos que acreditam na existência de raças superiores e inferiores. O racismo também resulta da vontade de se impor uma verdade ou uma crença particular como única e verdadeira. ” (GOMES, 2005, p.52)

O Estado brasileiro ao reconhecer a existência do racismo, possibilitou através de termos e conceitos decorrentes da produção acadêmica em parceria com os movimentos sociais, elencá-lo como um dos principais fatores estruturantes das injustiças sociais que acometem a sociedade brasileira. Além disso, através da reflexão teórica, esse reconhecimento pode deslocar o racismo da dimensão pessoal e individual para posicioná-lo em uma dimensão institucional, em que o Estado de maneira sistêmica fomenta práticas racistas. Isto é, o racismo pode ser considerado uma das importantes chaves para entender a conjuntura das desigualdades sociais e educacionais do Brasil, e contribuir na construção de políticas públicas afirmativas que possibilitem diminuir a desigualdade social.

A visibilidade política da população negra e de grupos socialmente marginalizados, possibilitou como consequência a visibilidade das Políticas de Ações Afirmativas no Brasil, como um meio concreto de superar a desvantagem social e étnico-racial. Os três principais argumentos utilizados de maneira favorável no debate das ações afirmativas que justificaram sua efetivação são os conceitos de justiça social, reparação e diversidade (Feres Junior, 2009, p.49). Alguns argumentos em determinados países são mais utilizados que outros, nos aponta

2 Os Movimentos Negros são resultado de uma série de manifestações decorrentes de um processo histórico de

luta contra o racismo, o preconceito, e a discriminação. Não se pode dizer onde ele nasce ou especificar algum lugar determinado, os Movimento Negros surgem de inquietações individuais e coletivas. (Nota do próprio autor)

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João Feres Junior (2009) que “o argumento da diversidade caracteristicamente norte-americano – ainda que tenha contaminado o debate sobre o tema também em outros países –, ao passo que reparação e justiça social são argumentos usados tanto nos EUA como em outros países”.

No Brasil já existiam iniciativas em prol das ações afirmativas no ensino superior, contudo logo após a Conferência Mundial em Durban, na África do Sul, que se iniciou o processo de visibilidade das políticas afirmativas no território nacional. Um exemplo de iniciativa anterior a Conferência de Durban é a experiência da Pontifícia Universidade Católica - PUC-Rio, em parceria com movimento social de educação popular - PVNC, na década de 1990 implementou um programa de ações afirmativas, que trouxe uma série de elementos positivos para construção de políticas públicas mais efetivas nessa direção.

No que se refere a educação no ensino superior, de jovens entre 18 e 24 anos, os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2014) nos afirma que em 2004 somente 16,7% dos alunos pretos ou pardos estavam em uma faculdade, e já em 2014, esse percentual aumentou para 45,5%. Quando avaliamos o acesso ao ensino superior dos estudantes brancos, em 2004, observamos que 47,2% dos jovens entre 18 e 24 anos frequentavam o ensino superior, tendo passado dez anos depois, em 2014, essa parcela passou para 71,4%. É importante ressaltar que a população negra é maioria no território brasileiro, é composta por pretos e pardos que representam 53,6% da população.

Pelo exposto acima, observamos que a educação para brancos e negros é desigual, segundo os dados educacionais organizados pelo IBGE de 2014, os negros concentram os piores indicadores na taxa de analfabetismo, anos de estudos e frequência escolar. A condição racial constitui um fator de privilégio para brancos e desvantagem para os negros e não brancos, mesmo a educação sendo uma política pública e universal. Ao analisarmos as políticas universalistas, que tem como fundamento a igualdade entre todos os seres humanos, constatamos que estas políticas atingem de maneira desigual os diferentes grupos sociais e fica mais claro compreender a necessidade de Políticas Afirmativas. Enquanto política pública as ações afirmativas na educação têm apontado para uma possível tendência à democratização do acesso ao ensino superior.

Destaco aqui, a luta histórica dos Movimentos Negros, pois o surgimento das políticas de ações afirmativas e sua implementação no ensino superior estão intimamente ligadas às pautas, reivindicações e prioridades desses movimentos, pois a população negra historicamente não teve acesso a educação formal, e ainda hoje enfrenta dificuldades.

A luta pelo direito à educação formal esteve presente ao longo da história do Brasil, ainda na década de 1930, a Frente Negra Brasileira promovia cursos de alfabetização, criava

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bibliotecas e escolas, para ascensão social dos negros, sendo algumas aulas em horário noturno para atender a alfabetização de adultos que trabalhavam durante o dia. Já entre as décadas de 1940 e 1960, o Teatro Experimental do Negro (TEN) importante instituição de luta anti-racista fundada por Abdias do Nascimento3, teve como prioridade de ação a promoção da educação, e da alfabetização de operários e empregadas domésticas .(SANTOS, 2007, p.77).

Na década de 1990, os Movimentos Negros começam a se organizar de forma mais contundente em torno do acesso às instituições educacionais de ensino superior, estimulando a formação de cursos pré-vestibulares. Os chamados “cursinhos pré-vestibulares” mobilizavam alunos e professores, preparando os estudantes oriundos de camadas populares e pertencentes a grupos sociais discriminados e marginalizados para o vestibular. (NASCIMENTOS, 2012, p.20). A estruturação dos cursos pré-vestibulares comunitários/populares para além do ensino preparatório, ganhou força a nível nacional com a organização de ações políticas que segundo Nascimento (2012), “constituíram-se como lutas por afirmação de direitos, como questionamento da qualidade de ensino básico, como denúncia das discriminações presentes nas políticas educacionais e nas dinâmicas das instituições de nível superior”. Os pré-vestibulares comunitários/populares são constituídos por pessoas que se associam em torno de uma proposta de educação que visa a formação/inserção dos grupos sociais que vivem em condições de desigualdade social, atuam de forma gratuita, e os profissionais como voluntários.

Neste sentido, para compreendermos melhor o alcance dos pré-vestibulares comunitários/populares e instituições sociais na formação do perfil dos estudantes do Departamento de Serviço Social da PUC Rio, é importante nos debruçarmos sobre ação política desses pré-vestibulares que agiram em defesa da consolidação das Políticas de Ações Afirmativas e do direito a inserção de estudantes negros e pobres nas universidades.

Os pré-vestibulares comunitários/populares são frutos da articulação dos movimentos negros com outros setores da sociedade. Embora não seja objeto deste estudo analisar a gênese dos Pré-vestibulares comunitários/populares, é importante fazer referência a alguns protagonistas e instituições que contribuíram para a promoção do acesso de grupos sociais marginalizados no ensino superior, e influenciaram na história do programa de bolsas de estudo da PUC-Rio. A principal organização da sociedade civil responsável pela elaboração da

3 Abdias do Nascimento foi poeta, ator, escritor de diversos livros, dramaturgo, artista plástico, professor

universitário, político e ativista engajado nas lutas libertárias do povo negro em âmbito nacional e internacional. Atuou na Frente Negra Brasileira (FNB). Foi idealizador do Teatro Experimental do Negro (TEN) em 1944, fundador do Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO), e do Museu de Arte Negra (MAN). Promoveu o 1º Congresso do Negro Brasileiro em 1950. Ajudou a fundar o Movimento Negro Unificado (MNU) em 1978, e atuou em movimentos internacionais como Negritude e o Pan-Africanismo. ( Jornal Nuvem Negra, 2016, anexo, 1º edição)

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proposta de parceria com a PUC-Rio foi o Pré-Vestibular para Negros e Carentes (PVNC), um movimento social de educação popular voltado para a inserção de estudantes negros e de grupos populares nas universidades, até então dirigido por Frei David4.

A força da identidade do “Pré-Vestibular para Negros e Carentes”, presente desde seu nome, mostrou à sociedade a necessidade de formar cursos preparatórios dirigidos aos sujeitos pertencentes a classes populares, de raça negra e/ou afrodescendentes, e outros grupos excluídos dos bancos universitários. Como define Renato Emerson (2003), “os pré-vestibulares são, portanto, ‘instrumento privilegiado de capilarização social da luta antirracismo, fundamentais para a legitimação e construção de ações afirmativas voltadas para a promoção dos negros neste país”.

O PVNC articulou diversas iniciativas para construção de convênios com universidades privadas, com o propósito de facilitar o acesso de negros e carentes ao ensino superior. E é na PUC-Rio que a ideia se materializa, como resposta aos anseios dos movimentos sociais populares, movimentos sociais vinculados à Igreja Católica, professores universitários e militantes preocupados com a exclusão dos afrodescendentes e pobres das universidades. (CLAPP SALVADOR, 2009). A nova parceria que se estabeleceu entre a PUC-Rio e PVNC demarcou, então, o início do processo de materialização dessa proposta afirmativa na PUC-Rio. O aluno oriundo do PVNC, quando aprovado no vestibular da PUC-Rio, recebia uma bolsa de estudo chamada bolsa de ação social, o que o possibilitava cursar a Universidade com uma bolsa de estudos integral. A bolsa de ação social surgiu com a finalidade de atender, especificamente, aos alunos do PVNC, embora abrangesse, mesmo que em menor escala, outras organizações sociais. (CLAPP SALVADOR, 2009). A PUC-Rio passou, assim, a receber alunos moradores das periferias do município do Rio de Janeiro ou de outros municípios, moradores de favela, lideranças políticas, representantes de associações de moradores, e ativistas de movimentos populares, a maioria alunos do PVNC – uma nova conjuntura que alterou o perfil dos estudantes universitários e a dinâmica institucional. Nos dias atuais a PUC-Rio diversificou os tipos de bolsas de estudos, e também houve a multiplicação de diversos pré-vestibulares comunitários/populares

No caso do Rio de Janeiro, o PVNC foi pioneiro, teve papel central no campo das ações afirmativas e influenciou a criação de diversos outros pré-vestibulares populares/comunitários

4 Frei David Raimundo dos Santos é uma das principais figuras nacionais no debate sobre políticas de ações

afirmativas para afrodescendentes, teve atuação destacada na implantação do sistema de cotas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), ainda em 1999. É diretor executivo da ONG Educafro, organização não governamental que atua na inclusão de negros e pobres nas escolas e universidades do Brasil. (Nota do próprio autor)

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distribuídos por bairros e municípios do Rio de Janeiro, tais como: EDUCAFRO, Ser Cidadão, Pré-vestibular Comunitário Pompéia, entre outros. Ainda hoje esses pré-vestibulares continuam formando estudantes da classe popular para a inserção no ensino superior que ainda é presente na PUC-Rio.

A nova demanda dos pobres, negros e marginalizados, fez com que na década de 1990, se multiplicassem os cursos pré-vestibulares comunitários/populares em todo o país. Num trabalho de cooperação e solidariedade, as práticas e dinâmicas políticas de resistência desenvolveram-se no sentido da abertura do acesso ao ensino superior, pela universalização dos direitos e democratização das instituições de ensino. O trabalho solidário dos pré-vestibulares imbuídos de uma perspectiva política de classe e raça, mobilizou e produziu importantes e potentes questionamentos sobre a educação superior, educação básica e as formas de seleção como o vestibular (NASCIMENTO, 2012, p.55)

A tentativa até então é de refazer um percurso histórico e político, que torne explícito alguns traços da trajetória da implementação das ações afirmativas na PUC-Rio, sua interligação com os Movimentos Negros, todavia, sem perder o foco de análise.

Metodologia

Quanto à metodologia, este estudo ampara-se numa abordagem cuja proposta busca investigar o alcance dos pré-vestibulares comunitários/populares na formação dos estudantes beneficiários das ações afirmativas, apresentaremos a seguir, como proponho a partir de algumas questões, viabilizar esse estudo. O problema que se apresenta é: Quais são os pré-vestibulares comunitários/populares e Instituições sociais que atuaram na formação dos estudantes beneficiários das ações afirmativas do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio e quais são os mais atuantes? Partindo do problema e das questões apresentadas, selecionamos, para realização do estudo empírico, os alunos do Departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, ingressantes nos anos de 2013 a 2017.

A pesquisa que proponho realizar é do tipo qualitativa, que segundo Minayo, é a metodologia que “trabalha com o universo de significados, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (p. 22). O mapeamento do perfil do aluno e o levantamento acerca da participação em cursos pré-vestibulares comunitários/populares e/ou instituições sociais é de grande relevância, uma vez que, através deste instrumento, será possível identificar o perfil do estudante bolsista, sua vinculação a possíveis cursos pré-vestibulares e a sua atuação no campo social.

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Relatório das atividades de pesquisa

Para a construção dos resultados, adotamos um conjunto de passos metodológicos que foram fundamentais. Inicialmente realizamos reuniões em conjunto com minha orientadora para equalização dos conceitos, isto é, buscamos afinar os entendimentos em torno dos conceitos a serem trabalhados pela pesquisa, categorias como: justiça social, diversidade, reparação histórica, raça, ações afirmativas, discriminação positiva, movimentos sociais, movimentos negros, pré-vestibular comunitário/popular, foram alguns conceitos que fizeram parte deste processo de equalização de saberes.

Cabe registrar, que minha formação também se construiu de maneira complementar através da participação em eventos com temáticas sobre as ações afirmativas e as relações étnico-raciais no Brasil e, além disso, meu ativismo pessoal no movimento negro e como integrante do Coletivo Nuvem Negra, coletivo de estudantes negros e negras da PUC-Rio, foi bastante relevante para analisar e compreender a temática dos programas de ações afirmativas no caso da PUC-Rio.

De igual modo, buscamos uma aproximação com a literatura em torno dos conceitos abordados pela pesquisa, igualmente levantando algumas questões a partir dos nossos olhares e reflexões, o que permitiu a partir dos questionamentos gerados, a elaboração de um questionário com perguntas fechadas e semi-abertas como instrumento de coleta de dados.

Antes da aplicação propriamente dita, realizamos um piloto da coleta de dados com estudantes de graduação e doutorandos do Departamento de Serviço Social da PUC-Rio, que serviu para que realizássemos alguns ajustes no instrumento de pesquisa.

O questionário foi aplicado pelo acadêmico bolsista, e respondido pelas quatro turmas que compõem a graduação de Serviço Social da PUC-Rio do ano de 2013 a 2017. A coleta de dados foi realizada no período noturno, durante o período de aulas dos estudantes, o questionário contém os seguintes dados:

a) Dados gerais: b) cor/raça; c) idade;

d) bairro/comunidade; e) Religião ou culto;

f) Classificação de vínculos de trabalho existentes;

g) Proveniência e natureza do Pré-vestibular comunitário/popular; h) Adesão a tipos de bolsas de estudos.

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No que tange ao procedimento, a análises de dados está em fase de sistematização em planilha (excel), e será analisada com cruzamentos realizados por gráficos dinâmicos e tabulados.

A elaboração deste relatório preliminar é a partir da análise dos conceitos teóricos desenvolvidos e devidamente examinados para posteriormente apresentarmos os dados gerados pelo mapeamento do perfil dos estudantes bolsistas e sua vinculação com pré-vestibulares comunitários/populares e Instituições Sociais.

Desta forma a presente pesquisa se propõem a identificar quais são os atuais pré-vestibulares comunitários/populares que atuam na PUC-Rio, e qual é o perfil deles.

Referências bibliográfica

1 - CLAPP SALVADOR, Andréia Clapp. A gênese da política de ação afirmativa da PUC-Rio. Uma parceria entre Universidade e Movimento Social, 2009.

2 - CLAPP SALVADOR, Andréia Clapp. Ação afirmativa na PUC-Rio: a inserção de alunos pobres e negros. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2011.

3 - GOMES, Joaquim Benedito Barbosa. A recepção do instituto da ação afirmativa pelo direito constitucional brasileiro, 2001.

4 - GOMES, Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil: uma breve discussão, 2012.

5 - GOMES, Nilma; MARTINS, Aracy. Afirmando Direitos - Acesso e Permanência de Jovens Negros na Universidade. Brasil, Ed. Autêntica, 2006.

6 - JÚNIOR, João Feres. Ação Afirmativa: política pública e opinião. Sinais Sociais. 3, n.8, p.38-77, 2009.

7 - MINAYO, Maria Cecília. Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

8 - MUNANGA, Kabengele. Diversidade, etnicidade, identidade e cidadania. Palestra proferida, n. 1º, 2003.

9 - NASCIMENTO, Alexandre do. Do direito à universidade à universalização de direitos: o movimento dos cursos pré-vestibulares populares e as políticas de ação afirmativa. Litteris Editora, 2012.

10 - SALES, Augusto dos. Movimentos negros, educação e ações afirmativas,2009. 11 - SANTOS, Renato dos. A Difusão do Ideário Anti-Racista nos Pré-Vestibulares para Negros e Carentes. In SANTOS,S. (Org). Ações Afirmativas e Combate ao Racismo nas Américas. Brasília, Ministério da Educação, 2007.

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12 - SANTOS, Renato Emerson dos. Agendas e Agências: A construção do movimento PVNC. Revista Negro e Educação: Identidade Negra, pesquisas sobre o negro e a educação no Brasil, 2003.

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Referências

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