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A INFLUENCIA DA AGROECOLOGIA NA QUALIDADE DE VIDA DOS PRODUTORES RURAIS

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A INFLUENCIA DA AGROECOLOGIA NA QUALIDADE DE VIDA

DOS PRODUTORES RURAIS

Desenvolvimento Regional e Políticas Públicas

Resumo: As políticas de desenvolvimento local constituem uma resposta necessária aos principais desafios e imperativos colocados pelo ajuste estrutural real das economias. Este artigo apresenta uma pesquisa sobre o desenvolvimento comunitário, social e sustentável que a realização de uma feira agroecológica, apresentou para algumas comunidades do município de Inácio Martins/PR. Do ponto de vista metodológico essa pesquisa utilizou de método qualitativo, de caráter descritivo, a investigação foi conduzida por pesquisa bibliográfica, seguida por pesquisa de campo cuja coleta de dados foi efetivada mediante entrevista a agentes e organizadores da feira no Município. Apresenta como resultado, a influência positiva da feira agroecológica, abrindo novos espaços para comercialização, incentivando a produção agroecológica e moldando os costumes dos consumidores, apresentando uma produção mais saudável ao mercado, contribuindo para melhoria da saúde humana. Contudo ainda garante uma renda extra para os produtores familiares, garantindo uma melhora na qualidade de vida desses trabalhadores. Portanto a economia solidária, a agroecologia e a agricultura familiar, resultam em uma contribuição para a sustentabilidade socioambiental local, executada pela feira da cidadania.

Palavras – Chave: Agricultura Familiar, Desenvolvimento Local, Trabalho associativo, Feira Agroecológica.

Abstract: Local development policies are a necessary response to the main challenges and constraints posed by the real structural adjustment of economies. This article presents a survey of the community, social and sustainable development that achieving a fair agroecological presented to some communities in the municipality of Inácio Martins / PR. From a methodological point of view this research used qualitative method, descriptive character, the investigation was conducted by literature, followed by field research in which data collection was carried out through interviews with agents and organizers of the fair in the city. Presents as a result, the positive influence of agroecological fair, opening new opportunities for marketing, promoting agro-ecological production and shaping the habits of consumers, with a healthier production to the market, contributing to improving human health. Yet still provides extra income for family farmers, ensuring an improvement in the quality of life of workers. So the solidarity economy, agroecology and family agriculture, resulting in a contribution to the local social and environmental sustainability, carried out by the Fair citizenship

Key - Words: Family Agriculture, Local Development, associative work, agro ecological marketing.

MARICLEIA APARECIDA LEITE NOVAK CARLOS ALBERTO MALÇAL GONZAGA EDSON LUIS KUZMA PATRICIA GUEREZ

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1 INTRODUÇÃO

A agricultura familiar tornou-se uma das bases sociais sobre a qual se construiu a prosperidade de diversas comunidades pelo interior do Brasil. Com isso, o setor agropecuário familiar, vem sendo apontado como de suma importância na produção de alimentos e na geração de renda para famílias de pequenas comunidades.

Existem hoje no Brasil várias experiências de construção de feiras agroecológicas como instrumento de reflexão e fortalecimento do processo em curso de consolidação da agricultura familiar de base ecológica desenvolvida por agricultores/as, amparados por instituições que buscam contribuir para que essas ações ganhem maior espaço na sociedade.

Essas feiras são o primeiro passo na forma construtiva, em que todo o complexo processo de produção e comercialização é colocado em questão, gerando um movimento de produção e consumo desconectado das redes globais dos impérios alimentares (PLOEG, 2008). Assim, busca-se romper com a concepção da agricultura baseada nos pacotes tecnológicos, inspirados na revolução verde, para uma alternativa centrada nos potenciais endógenos que formem uma conexão entre produção, consumo familiar e comercialização, potencializando a relação e reconhecimento de produtores e consumidores como parceiros.

Para Canuto (1998), as diferentes formas de compra direta de produtos agrícolas é um processo recente e promissor, que tem mostrado algumas vantagens para o produtor e o consumidor. Para o primeiro, a supressão dos intermediários, potencializando maior retorno econômico e a possibilidade de ouvir dos consumidores avaliações do que está produzindo; para o segundo, adquirir produtos mais frescos a preços mais baixos, além de obtenção de maior conhecimento sobre a origem e forma de produção dos alimentos que vai consumir.

Logo esse novo processo precisa ser analisado além da escala quantitativa do que estão produzindo e comercializando. As suas características vão muito além dos modelos convencionais prevalecente, uma vez que os agricultores são sujeitos do processo. Dessa forma, desponta se diversas possibilidades de avanço e desenvolvimento, em comparação ao estilo atual, já que os grupos envolvidos estão em movimento, abertos a novos conhecimentos.

Nesse contexto, as feiras agroecológicas surgiram como estratégia de divulgação e unificação dos produtos agroecológicos. Sendo essas, em sua maioria baseadas em princípios de economia solidária, quais tem por objetivo a geração de uma nova fonte de renda aos agricultores e o acesso por parte dos consumidores ao alimento baseado nos princípios da segurança alimentar e nutricional. Dessa forma novos horizontes são traçados dentro das comunidades, trazendo para essas um sopro de ações conjuntas e articuladas que exige cooperação da comunidade e de agentes sociais, políticos, culturais e econômicos, tendo como base o desenvolvimento local, construção social e histórica.

Com o objetivo de agregar o crescimento econômico e as necessidades do meio ambiente são imprescindíveis estratégias que englobem os dois interesses e possibilite um convívio harmônico entre meio ambiente e sociedade, no qual consiga prover as necessidades humanas atuais sem comprometer a perpetuação da espécie em longo prazo. Portanto a temática se fortalece com conceitos que propõe esse equilíbrio, levantando os três sustentáculos da sustentabilidade, que são o eixo social, o eixo ambiental e o eixo econômico, sem permitir que algum eixo se desprenda dos demais (PERONDI, 2004).

A relevância de se estudar a temática sobre as feiras está relacionada com o estimulo de práticas que mostram que é possível produzir de forma sustentável, com um retorno econômico viável, uma vez que na economia solidária, segundo Singer (2000), os participantes da atividade econômica cooperam entre si e praticam a solidariedade em vez de competir, ou seja, é uma forma de incentivar a prática da agricultura familiar, que abrange vertentes sustentáveis e estimula a criação de alternativas de trabalho para moradores de áreas

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rurais e a agregação de valor a renda dos agricultores familiares, possibilitando o fortalecimento da economia, desenvolvimento local e uma melhor qualidade de vida a essas famílias que dependem dessa prática para sustento

Assim Abramovay (1997), expõem que uma forma de viabilizar fortalecimento econômico e o desenvolvimento local sustentado para a agricultura familiar deve abranger a diversificação da produção, potencializando culturas de maior adaptação as diferentes regiões, bem como a agregação de valor ao produto gerado por intermédio do associativismo.

Considerando essas perspectivas, o presente artigo analisa os resultados parciais de uma pesquisa de campo realizada com organizações comunitárias que atuam na Feira da Cidadania do município de Inácio Martins, PR. Essa pesquisa foi efetivada mediante o emprego de entrevistas estruturadas, possibilitando que os participantes da pesquisa expusessem livremente suas opiniões, considerando a realidade que vivenciam no referido município. O objetivo principal deste trabalho é demonstrar como as comunidades rurais de Inácio Martins se uniram de maneira coletiva, em uma feira agroecológica, usando do cooperativismo e economia solidaria para promover desenvolvimento social, humano e sustentável.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Desenvolvimento Local

O desenvolvimento, na perspectiva local, oferece maiores possibilidades de participação dos sujeitos, pois “é através do poder local que a sociedade decide o seu destino, constrói a sua transformação e se democratiza” (DOWBOR, 2006, p. 8).

Os efeitos da globalização provocados regionalmente demonstraram à necessidade de se refletir sobre o processo e o significado de desenvolvimento em uma escala local, de forma que o crescimento aconteça de maneira equitativa, que contemple a cidadania e inclusão social. “E preciso promover o desenvolvimento inclusivo, solidário e sustentável” (CHRISTOFFOLI, 2010, p. 239).

Outro fator existe na concepção de Padilha (2013) é que há uma grande interconexão nas relações econômicas, sociais e ambientais no percurso de um desenvolvimento alicerçado na sustentabilidade, cujo pressuposto considera tais esferas como igualmente relevantes, porém falta um sistema no qual essas esferas se relacionem de forma homogênea. Apesar deste quadro de dificuldades inerentes, boas práticas de sustentabilidade em escala local são concretizadas, demonstrando a capacidade de mobilização de atores locais.

No Brasil a responsabilidade pelo desenvolvimento local foi exclusiva do poder público, acomodando os entes privados, principalmente aos cidadãos, tendo esses um papel mais passivo no processo de transformação de suas comunidades. Nos últimos anos, se obteve uma visão diferenciada do processo e um crescente número de programas de desenvolvimento comunitário impulsionados pelos braços sociais de grandes empresas, ampliando a motivação dos movimentos sociais surgidos no seio das comunidades.

2.1.2 Organização e Desenvolvimento Comunitário

O desenvolvimento comunitário segundo Zarete (2007) é “um processo para criar condições de progresso econômico e social de uma comunidade, com a participação ativa dos homens”, fornecendo ferramentas ativas que busquem atender as necessidades, quais não podem ser possíveis sem a responsabilidade dos atores envolvidos e de uma demanda social.

Diante dessa abordagem outra definição de desenvolvimento comunitário é proposta por Rezsohazy (1988) “uma ação coordenada e sistemática que, em resposta às necessidades

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ou demanda social, está organizando o processo global de uma comunidade territorial bem definida ou população- alvo, com a participação de partes interessadas”.

Por outro lado Bonfiglio (1982) cita desenvolvimento como imperativo, onde as iniciativas da comunidade devem ser estimuladas se não vir por si só, para ele a comunidade pode criar condições para o progresso econômico e social através de algum tipo de estimulo externo.

As comunidades percebem que só através da cooperação de seus indivíduos é possível alcançar uma maior eficiência em seus projetos, conseguindo com isso aumentar o controle político/social, tornando uma base mais forte para o desenvolvimento e eficácia desse, assim Ostron (1999) expõe que muitas comunidades sem grandes conhecimentos técnicos e avançados desenvolveram intuitivamente, ao longo dos tempos processos de governança participativa, cooperativa e democrática, criando acordos, regras e associações que permitem o uso eficiente e sustentável de bem comum.

Assim a da mão-de-obra do grupo familiar na execução das atividades é a base fundamental que serve como característica para uma unidade produtiva familiar. Somando-se a isso alguns elementos como: ajuda mutua descentralização na gestão da unidade, e em grandes partes dos casos sentimentos de pertencimento ao lugar onde vive.

2.1.3 Agricultura Familiar

Hauer (2010) define como agricultura familiar camponesa aquela que pratica à criação animal diversificada, de modo a atender a suas necessidades de auto-consumo e de trabalho, bem como de propiciar renda. Segundo a autora, há uma crescente necessidade de mudanças na gestão que visem à melhoria das condições de vida e de trabalho (de gestão da produção), fundamentadas no caráter participativo e engajador, capaz de promover o resgate do saber popular, reconhecer iniciativas locais de manejo e conservação e o papel de cada ator envolvido, reconhecendo-se que todos os órgãos, funções e atividades estatais encontram-se vinculados ao princípio da dignidade da pessoa humana, impondo lhes um dever de respeito e proteção à dignidade pessoal.

Foi a partir desse contexto que se viu a necessidade de estimular a agricultura, pois estava ocorrendo intenso fluxo migratório, conhecido por êxodo rural, da população rural para as cidades. Enquanto as cidades e as indústrias estavam crescendo, a migração chegou até ser incentivada, mas com o passar do tempo vieram às crises e a explosão demográfica que obrigaram o governo a tomar providências no sentido de tentar conter tal migração.

A agricultura familiar é uma forma de produção presente no mundo todo. Considera-se a exploração familiar como uma unidade de produção agrícola onde propriedade e trabalho estão intimamente ligados à família. Nesta lógica, a classificação de uma unidade de produção agrícola como familiar tem como principais critérios a predominância da mão-de-obra familiar e o gerenciamento por parte de um ou mais membros da mesma família.

Dessa forma surge uma das principais características da agricultura familiar, seria a fusão entre a unidade de produção e a família. Nesse sentido é fundamental pensar a viabilidade e o desenvolvimento da agricultura familiar não só do ponto de vista econômico-produtivo, mas de forma global, isto é, o conjunto das necessidades que a família e o sistema de produção apresentam para garantir a qualidade de vida à população local.

Por todos, esses aspectos a agroecológia promove as transformações sob um prisma produtivo. A finalidade é alterar as formas de comercialização da produção, não destinando para apenas uma parte do mercado, ela busca a geração de renda. “Importância maior de um movimento por uma agricultura sustentável não está na sua “produção da produção”, mas na

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“produção de uma nova concepção” de desenvolvimento econômico” (GRAZIANO DA SILVA, 2003, p.65).

Dessa forma, Nunes (2007) expõem que a agricultura que engloba a vertente mais ecológica, tem sido inserida como alternativa aos problemas da exploração abusiva na atualidade. “No entanto, há alguns limites à ampliação desse tipo de agricultura e, em consequência, à democratização do consumo: uma maior penosidade do trabalho e uma baixa produtividade do trabalho na maior parte dos produtos agrícolas, não em todos” (NUNES, 2007, p.2).

De acordo com França et al. (2010), a agricultura familiar está localizada em um ambiente hostil, sendo posto características de competitividade, seleção e consequentemente exclusão do sistema capitalista. Entretanto a cooperação se faz importante no momento de superar as dificuldades, e para que de forma autônoma possa conduzir a ação coletiva dos agricultores familiares na construção de identidades locais, fortalecendo assim a cultura além de preservar a diversidade regional.

Dado o exposto a agroecologia busca a valorização do modo de vida do agricultor, da cultura e o conhecimento acumulado ao longo das gerações. Ela “valoriza o conhecimento local e empírico dos agricultores, a socialização desse conhecimento e sua aplicação ao objetivo comum da sustentabilidade” (GLIESSMAN, 2005, p. 54).

O Brasil vem desenvolvendo políticas para integrar a produção dos agricultores familiares e assim fortalecer esse tipo de produção. Algumas políticas que representam esse auxílio à produção familiar são o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o PNAE (Programa Nacional de Abastecimento Escolar).

Conforme o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), o PRONAF tem o papel de financiar projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. Esse programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País (MDA, 2015).

Já o PAA é uma ação do Governo Federal para auxiliar no enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil, fortalecendo consequentemente a agricultura familiar, sendo criado no ano de 2003. Funciona na comercialização, favorecendo a aquisição direta de produtos de agricultores familiares ou de suas organizações, estimulando os processos de agregação de valor à produção. (MDA, 2015)

O PNAE de acordo com MDA (2015) surge através da lei 11.947/2009, no qual a Agricultura Familiar passa também a fornecer gêneros alimentícios a serem servidos nas escolas da Rede Pública de Ensino. Esse tipo de atitude federal tem garantido mais qualidade na alimentação dos alunos, e a manutenção e apropriação de hábitos alimentares saudáveis, assim como um maior desenvolvimento local de forma sustentável.

A agricultura familiar na atual conjetura traz novos conceitos quais possibilitam vislumbrar a produção agrícola de uma forma diferente das técnicas adotadas pela agricultura convencional. Junto à prática da agricultura familiar podem-se identificar técnicas que são capazes de absorver em partes o conceito de desenvolvimento sustentável e consequentemente um desenvolvimento justo entre o meio ambiente e a sociedade.

O termo Desenvolvimento Sustentável, está amplamente em debate em conferências, eventos sobre meio ambiente, entre outros desde o começo dos anos 90. Esse termo surgiu segundo Barbosa (2008) diante da conhecida Comissão de Brundtland, onde foi desenvolvido um relatório denominado “Nosso Futuro Comum”, portanto:

Esse relatório contém informações colhidas pela comissão ao longo de três anos de pesquisa e análise, destacando-se as questões sociais, principalmente

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no que se refere ao uso da terra, sua ocupação, suprimento de água, abrigo e serviços sociais, educativos e sanitários, além de administração do crescimento urbano. Neste relatório está exposta uma das definições mais difundidas do conceito: “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. (BARBOSA, 2008, p.2).

Conseguinte a agricultura familiar traz cravada em seu processo características para um desenvolvimento sustentável. Mas, a comercialização de produtos da agricultura familiar, para muitos dos agricultores familiares, se classifica como um dos maiores empecilhos à melhoria da renda, pois são inúmeras as limitações para se comercializar em pequena escala produtos corriqueiros de suas propriedades, sem atravessadores, como hortifrutigranjeiros, queijos, grãos, farinhas e doces, além de artesanatos confeccionados com matéria-prima local. A vista disso, as feiras municipais apresentam-se como uma surpreendente alternativa para os agricultores familiares venderem seus produtos sem intermediários ao consumidor final, com ganhos consideráveis para todos, estimulando assim a oferta regular de alimentos e produtos saudáveis a baixo custo e fomento da economia local pela geração de empregos e maior circulação de mercadorias. Promovendo o trabalho familiar e a organização de associações e cooperativas de agricultores familiares.

Assim França et. al (2010), salienta que a organização de um grupo resulta em melhores relações com o consumidor, principalmente se tratando de uma produção e comercialização solidária.

Uma Rede torna-se mais estruturada diante do modo de produção solidário quando organizada a partir de formas cooperativista, associativa, etc., sendo esta o sinônimo de interação, cooperação e união entre produtores e consumidores, afirmando assim sua importância para o processo de produção e de distribuição da riqueza. (FRANÇA et. al, 2010, p. 8).

Logo é de suma importância também, que além de estar conectada ao capital social receba o apoio do poder público em todos os âmbitos, sejam eles municipal, estadual e federal, pois são diversas as ações necessárias para a implantação e o estimulo dessas feiras, sendo que comercialização dos agricultores familiares se dá através de um circuito curto, segundo Darolt (2013), que evita atravessadores e fortalece a relação direta entre agricultor e consumidor. E mostrando todo esse processo desencadeado na agricultura familiar, pensa-se em cadeias de produção ou Filières, nome proveniente da França, já que essa é uma das ferramentas privilegiadas da escola francesa de economia industrial (BATALHA, 1997).

2.1.4 Economia Solidária

De acordo com Singer (2000) “a economia solidária é uma criação em processo contínuo de trabalhadores em luta contra o capitalismo”, isto é a corroboração, que esse segmento ainda vem sendo discutido e implantado aos poucos. O autor ainda expõem que essa prática surge como modo de produção e distribuição alternativo ao capitalismo, sendo discutido periodicamente pelos que se encontram ou temem ficar marginalizados do mercado de trabalho.

O comércio solidário, de acordo com Gumiero (2009) surgiu na Europa no século XX como uma possível tentativa de inserir o pequeno produtor no mercado, trazendo como principais propostas o desenvolvimento social, a preservação ambiental, a criação de relações

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iguais entre produtores, comerciantes e consumidores, aproximação entre o produtor e o consumidor, a garantia dos direitos de trabalhadores e garantia do preço justo pago ao produtor. Singer (2000) fala que no Brasil essa prática ressurgiu de forma esparsa na década de 1980 e a partir da segunda metade dos anos 90 ganhou impulso, resultante de movimentos sociais que reagem à crise de desemprego em massa.

[...] é possível considerar a organização de empreendimentos solidários o início de revoluções locais, que muda o relacionamento entre os cooperados e destes com a família, vizinhos, autoridades públicas, religiosas, intelectuais etc. Trata-se de revoluções tanto no nível individual como no social. A cooperativa passa a ser um modelo de organização democrática e igualitária que contrasta com modelos hierárquicos e igualitários [...] (SINGER, 2000, p.28).

Através dessa prática, os trabalhadores rurais e trabalhadores urbanos são beneficiados, com a redução no número de atravessadores, tendo a economia solidária raízes históricas de valorização do trabalho e não do capital, com a contribuição para o desenvolvimento da capacidade humana, integrando a gestão coletiva e a partilha do resultado do trabalho no processo produtivo. As pessoas são consideradas como sujeito e finalidade desse tipo de dinâmica. Para Cepsrn (2007), os princípios que norteiam a Economia Popular e Solidária destacam-se,

A valorização social do trabalho humano; a satisfação plena das necessidades de todos como eixo da criatividade tecnológica e da atividade econômica; o reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade; a busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza e os valores da cooperação e da solidariedade; o trabalho, o saber e a criatividade humanos são os valores centrais; relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica; unidade entre produção e reprodução; qualidade de vida e de consumo (CEPSRN, 2007, p. 238).

Alguma vitorias vem sendo alcançadas nos últimos tempos, como o caso do Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário, qual define, reconhece e cria mecanismos de gestão e promoção do comércio justo e solidário no país, através do decreto de número 7.358 de 17 de novembro de 2010 e o decreto (7.357 de 17 de Novembro de 2010) que é relativo à criação do Programa Nacional de Incubadoras de Cooperativas Populares. Além disso, há um projeto de lei para a Política Nacional de Economia Solidária, que estabelece definições, princípios, diretrizes, objetivos e composição da Política Nacional de Economia Solidária (FBES).

Através do incentivo e ações que buscam diálogo e o compromisso com o movimento de Economia Solidária, percebe se um processo de construção de um modelo de desenvolvimento socialmente justo qual demanda uma mudança de hábitos para se atingir um equilíbrio e desenvolvimento justo.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Para a realização desta pesquisa foi fundamental, além da revisão do material bibliográfico dos temas relativos, análises empíricas relacionadas à Feira Agroecológica da

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cidadania do Município de Inácio Martins, Paraná, verificando-se atitudes que contribuíam ou não para o desenvolvimento da feira no Município.

Nessa Perspectiva foi necessário um contato direto com os produtores, visitas à Feira e ao local de produção, reuniões e encontros. Posteriormente uma entrevista estruturada foi realizada com os produtores que participam da Feira, e os resultados apresentados foram obtidos através das informações oriundas da aplicação de 10 questionários respondidos pelos agricultores que comercializam na Feira Agroecológica.

As entrevistas ocorreram no mesmo local e durante a feira, em momentos de pouca ou nenhuma visitação, sempre realizadas pelos autores deste artigo. A abrangência da aplicação dos questionários foi ampla tendo em vista a quantidade de empreendimentos que fazem parte da Feira, pois todas as barracas foram contempladas, sendo entrevistado cada agricultor.

A pesquisa empírica foi realizada com agricultores representantes de famílias participantes do programa e agentes de desenvolvimento rural, a escolha dos entrevistados foi realizada mediante sorteio entre as 25 famílias de agricultores ecológicos, e os 4 técnicos de desenvolvimento rural cujo critério de seleção foi a participação na execução do Projeto da feira desde o seu início o ano de 2012. Dessa forma, o total de sujeitos da pesquisa contou com a participação de 15 agentes e organizadores da feira da cidadania, sendo estes pertencentes a sete comunidades participantes: Alemainha, Gões Artigas, Faxinal do posto, José Dias, Santa Rita e Vila Rural. Os dados foram coletados nos meses de Dezembro de 2014 a março de 2015.

Dessa forma a pesquisa apresentada neste artigo é de característica qualitativa e caráter descritivo. Os dados foram coletados, pelos pesquisadores, através de pesquisa de campo, com entrevistas estruturadas responsáveis pela implementação e direção da feira da cidadania, a qual é feita uma vez por semana em frente a prefeitura municipal Município de Inácio Martins, PR.

Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa aquela onde a análise é mais profunda em relação ao fenômeno que está sendo estudado. Nesse sentido, a abordagem qualitativa visa destacar características que não podem ser observadas por meio de um estudo quantitativo (BEUREN E RAUPP 2008). Logo pesquisa qualitativa é aquela na qual a informação coletada pelo pesquisador não é expressa em números, ou então os números e as conclusões neles baseadas representam um papel menor na análise.

Hymann (1967) indica pesquisa como descritiva, na qual descreve um fenômeno e registra a maneira que ocorre e, também como experimental, quando há interpretações e avaliações na aplicação de determinados fatores ou simplesmente dos resultados já existentes dos fenômenos.

A pesquisa de campo permite que sejam buscadas, informações que resultam no aprofundamento da percepção acerca dos sentidos e significados do assunto estudado. Tamaki (2005, p. 19) assevera que a pesquisa de campo:

[...] é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. A pesquisa de campo consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem, espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes para analisá-los. (TAMAKI, 2005, p.19)

Gil (2002), afirma que entrevista é uma técnica em que o pesquisador se apresenta ao pesquisado e formula-lhe perguntas, com o objetivo de obter os dados que interessam à pesquisa. Afinal, sendo uma técnica de interação social, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação.

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Caracterização do município de Inácio Martins

O município de Inácio Martins faz parte do Estado do Paraná, localizando-se no Terceiro Planalto, na Serra da Esperança, a área territorial do município é de 89.843,10 hectares, dos quais 51% (45.819,93 ha) constituem-se em parcela de uma Unidade de Conservação criada em 1992, a Área de Proteção Ambiental Estadual da Serra da Esperança, onde legalmente há restrições para ocupação e uso do solo (IAP, 1998; GONZAGA, 2011).

O município mais alto do Paraná, além de possuir o pior IDH-M do Centro-Sul, também tem números inferiores a de outros da região no que se diz respeito à renda, educação e longevidade. Esta última, que representa a expectativa de vida, é a pior do Paraná. O índice atingido por Inácio Martins no levantamento de longevidade foi de 0,765. No índice geral do IDHM, Inácio Martins ficou na 394º colocação no Estado - com média de 0,600. Em relação ao indicador de renda, o município fica na 387ª colocação, com 0.623, e educação em 392ª, com 0.454.

Sendo o município com nível de desenvolvimento abaixo da margem do estimado, com uma infraestrutura inadequada, tanto quadro urbano e rural encontram-se em condições que precisa de uma atenção maior, para que ocorram mudanças nessas áreas, há necessidade de trazer para a cidade projetos que envolvam a comunidade sendo as instituições de ensino, a secretaria de saúde, secretaria de agricultura, secretaria de educação, bem como parceiros de outras instituições.

4.1.2 Feira da Cidadania

Com intuito de ajudar os agricultores que forneciam alimentos ao PAA (Programa Aquisição de Alimentos) a secretarias de Agricultura e Cultura de Inácio Martins desenvolveram um projeto no qual envolveu os agricultores e suas famílias, sindicato, cooperativas e escolas em geral. Procurando não desperdiçar o excesso de alimentos produzidos nas hortas comunitárias, os agricultores iniciaram uma dinâmica de levar suas cestas de hortaliças para a cidade, e passar a comercializar e fixar o seu público consumidor, a demanda aumentou consideravelmente, logo a oferta para acompanhar essa necessidade, precisava de um local fixo e com melhores estruturas para suprir a demanda, portanto cada vez se fazia mais presente à ideia de um local específico para esse agrupamento.

Em 2013 através da conciliação entre as secretarias Municipais, foi criado um espaço de comercialização em frente à prefeitura Municipal de Inácio Martins, fundando assim a feira agroecológica do município, intitulada Feira da Cidadania.

Mediante essa organização a feira começou a se estruturar e a agregar parceiros. Sendo composta por formas diversificadas de agrupamento, no qual os agricultores se articulavam em 04 tipos distintos de organização, que são unidades familiares, grupos, associações e cooperativas. Essas formas são as que estruturam e operacionalizam a feira, inter-relacionadas, contribuindo com melhores resultados proveniente da união das pessoas .

A feira acontece uma vez por semana em frente à prefeitura Municipal, sendo composta por 23 famílias de 07 povoados de Inácio Martins, sendo eles: Alemainha, Goes Artigas, Faxinal do posto, José dias, Rio pequeno, Santa Rita e Vila rural. Destaque para a participação feminina que representaram mais de 60% dos agricultores/as presentes. A Feira Agroecológica, apresenta grande variedade de produtos oriundos dos quintais, roçados, comida caseira, produtos não alimentares (PNAs) e artesanato.

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4.1.3 Relato da Percepção dos Atores Envolvidos

Em uma primeira abordagem foi sugerido aos entrevistados que relatassem quais os aspectos determinantes para o desenvolvimento da feira agroecológica, representado na figura 1. Envolvimento mutúo; 40 Fortificação Comercial ; 35 Troca de experiências ; 15 Fortalecimento da cultural ; 10

A figura 1: Aspetos determinantes para formação da feira agroecológica Fonte: Autores, 2015

Em relação aos aspectos observados mais de 40% dos entrevistados relatou que o envolvimento de todos os membros do projeto é indispensável para o sucesso desse, tendo como base o compartilhamento de objetos comuns dentre eles: semelhança, identidade, reunião e interesse comum. Já 35% relataram a fortificação comercial como fator determinante, seguido de troca de experiências 15% e fortalecimento cultural 10%.

Na segunda questão foram requisitados aos entrevistados quais são os pontos essenciais para a manutenção da agricultura familiar no seu dia a dia. Das razões que motivaram a decisão de iniciar a venda de produtos orgânicos na Feira, 35% afirmaram que o fizeram porque desejavam uma melhor qualidade de vida, mais saudável para os consumidores e para a própria família, cuja exposição e vulnerabilidade ao manusear produtos químicos são muito altas. Outra parte afirmou ter razões econômicas como um lucro maior, fato justificado pelo transporte ser rateado e pelas vendas serem diretas ao consumidor, excluindo do processo os atravessadores, cuja fatia do lucro minguava a renda dos produtores. A figura 2 representa a porcentagem dessas respostas:

Renda Extra 35% Trabalho Conjunto 20% Qualidade de Vida 35% Iniciativa de desenvolvimento local 10%

Figura 2: pontos essenciais para a manutenção da agricultura familiar no dia a dia Fonte: Autores, 2015

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Mais de 35% dos entrevistados consideram a renda extra e qualidade de vida como fatores primordiais para a manutenção da agricultura familiar no seu dia a dia, seguido de trabalho em conjunto 20%, e iniciativa de desenvolvimento local 10%. Assim é possível perceber que as feiras de agricultura familiar, vêm desenvolvendo um papel importante para os agricultores familiares, pois impulsionam e fortalecem a produção, gerando renda para essas famílias e garantindo um mercado fixo para o agricultor familiar vender sua produção. As formas de comercialização em feiras de agricultura familiar têm o poder de agregar valor ao produto, já que impede a inserção de atravessadores para realizar a comercialização. Veiga (2001) ressalta a importância da presença da agricultura familiar no meio rural brasileiro, visto que uma região rural terá um futuro tanto mais dinâmico quanto maior for à capacidade de diversificação da economia local impulsionada pelas características de sua agricultura.

Na figura 3 são apresentados, segundos os entrevistados, os agentes responsáveis pela propagação da agricultura familiar e conseqüentemente o desenvolvimento local.

Emater

Secretária de Agricultura

Figura 3: Agentes responsáveis pela propagação da agricultura familiar e desenvolvimento local.

Fonte: Autores, 2015

Em torno de 85% dos entrevistados apontaram que os técnicos da EMATER como propagadores de incentivos para crescimento das comunidades. Já para 5% dos entrevistados o poder publico como responsável pelo desenvolvimento. Essa diferença de resultado entre as entidades acontece pelo fato da EMATER tem uma estrutura técnica preparada, que atua em todo o estado, na divulgação e articulação para acesso dos agricultores às políticas públicas de habitação rural, abastecimento de água, saneamento rural e energia elétrica. De acordo com os dados da pesquisa, a maioria dos produtores são mulheres, representando 60% do total de entrevistados. 40% não concluíram o ensino fundamental; 20% têm o ensino fundamental completo e 20% concluíram o ensino médio. Os 20% restantes além de completarem o ensino médio, ainda fizeram um curso técnico de: assistente administrativo, técnico em enfermagem e agricultura familiar.

Com relação à idade dos entrevistados, a maior parte se situa na faixa etária que vai dos 21 aos 30 anos, conforme gráfico 4:

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Menos de 21 anos 10% 21 a 30 anos 30% 31 a 40 anos 10% 41 a 50 anos 20% 51 a 60 anos 20% Acima de 60 anos 10%

Figura 4: Idade dos entrevistados Fonte: Autores, 2015

Em virtude ao que foi mencionado, 90% dos entrevistados enfatizaram que todos trabalham de forma igualitária, e participativa, jovens, adultos e idosos, estando em uma faixa etária entre 12 a 75 anos.

Conforme os dados obtidos com o Secretário de Agricultura algumas comunidades estão inserindo as crianças e adolescentes no projeto da feira da Cidadania com intuito de envolverem os adolescentes com o projeto e a comunidade, fazendo com que aprendam vivenciando as noções de desenvolvimento através da ajuda mutua. Segundo ele “as crianças voltam da escola e depois do almoço trabalham nos viveiros locais, aprendendo não só como mexer com a terra e mudas, mais também a ter noção de companheirismo e ajuda mutua que faz total diferença pra essas comunidades”.

Na questão seguinte foi indagado aos entrevistados quais são os programas de incentivo para o fortalecimento da agricultura familiar que eles fazem parte, e de que forma. Através das representações dos entrevistados foi possível verificar que 40% dos entrevistados relataram fazer parte do PRONAF. Os outros 60% participam de programa de fortalecimento da agricultura familiar através da Secretaria de Agricultura, Sindicato dos Trabalhadores rurais e cooperativa COOPTRASC, quais através de cursos, oficinas, reunião sociais, visitas técnicas e unidades demonstrativas disseminam ações pautadas na construção de um modelo alternativo de desenvolvimento rural sustentável e solidário, buscando parcerias e promovendo atividades no sentido de reduzir as desigualdades sociais.

Quando perguntados se achavam que sua atividade contribui para a preservação ambiental, todos responderam que sim, e os motivos foram que no processo de produção agrícola orgânica, não se usa agrotóxicos nem adubos químicos, e para o início do plantio não são realizados desmatamentos nem queimadas.

Em relação às questões relações sociais e trabalhistas a maioria dos produtores afirmaram que acham justas, que as resoluções são coletivas e que há um sentimento de solidariedade entre os associados. Entretanto, alguns disseram não são justas, pois um afirma que tem produtores que vendem abaixo do preço da tabela acordado por todos e outro afirma que as unidades comerciais custam caro. A figura 5 mostra o percentual de resposta relacionado com os aspectos sociais.

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Justas Injustas

Figura 5: Relação às questões relações sociais e trabalhistas. Fonte: Autores, 2015

Com relação à viabilidade econômica das atividades exercidas pelos agricultores, 100% afirmou que as receitas superam com uma boa margem de lucro os custos e o tempo dispensados na produção, transporte e comercialização de seus produtos. Por fim, todos afirmaram que os aspectos culturais são mantidos e não há discriminação sob nenhuma forma de crença, raça, situação econômica, opção sexual, territorialidade etc.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho possibilita enxergar que mesmo diante de um quadro de crise social e ambiental há lugar para iniciativas transformadoras, por meio dessa pesquisa percebeu-se a importância da agricultura familiar como forma e enfrentamento da pobreza no município de Inácio Martins/PR, sendo perceptível o perfil dos pequenos produtores e a relevância do desenvolvimento de políticas públicas para o enfrentamento da pobreza no campo.

Destaca-se a atuação da feira da Cidadania, como uma figura fomentadora ao desenvolvimento sustentável, que representa além de um modelo de economia solidária, uma experiência de diversificação, apresentando um potencial significativo de criação, expansão e fortalecimento de mercados locais por meio da produção agrícola, com a ampliação de oportunidades para agricultores familiares.

A feira da Cidadania representa um ambiente atrativo para ações que venham ajudar a melhor estruturar e dinamizar suas potencialidades, contribuindo para chegar aos consumidores produtos variados e de excelente qualidade, já que em seus princípios preza por uma produção limpa, sem agrotóxicos, que garantem uma alimentação saudável e segura para o consumidor

Fica evidente também que agentes externos foram fundamentais para desenvolvimento desse trabalho, servindo como base na construção e implementação do projeto, como recrutamento das famílias pertencentes às associações locais, participação e inserção dos jovens e idosos das comunidades, secretaria e escolas locais.

Com relação às políticas públicas para a agricultura familiar, foi perceptível que menos de 50% dos entrevistados fazem parte do programa de incentivo a Agricultura Familiar (PRONAF) sendo notável a importância dessa política para os pequenos produtores, destacando o aumento da produção agrícola e, com isso, gerando uma renda maior para o agricultor. No entanto, em sua maioria, os pequenos produtores não têm acesso a esse

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programa. Evidenciando com isso a má disseminação das informações sobre as políticas públicas no enforque da agricultura familiar.

Apresenta como resultado então a influência positiva da feira da Cidadania, abrindo novos espaços para comercialização, incentivando a produção agroecológica e moldando os costumes dos consumidores, apresentando uma produção mais saudável ao mercado, contribuindo para melhoria da saúde humana. Contudo ainda garante uma renda extra para os produtores familiares, garantindo uma melhora na qualidade de vida desses trabalhadores. Portanto a economia solidária e a somatória dessas outras práticas resultam em uma contribuição para a sustentabilidade socioambiental local.

Portanto, é de suma importância incentivar as iniciativas que fortaleçam circuitos de comercialização local, uma vez que elas oferecem alternativas à população dessas comunidades, além do acarretamento de benefícios financeiros para o próprio município e desenvolvimento positivo para a economia local.

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