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Esse lugar é um teatro ou é uma oficina? Onde é que a gente tá?

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Academic year: 2021

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Esse lugar é um teatro ou é uma oficina? Onde é que a gente tá? Eu sou o teatro brasileiro!

Da vida o espelho verdadeiro Vem cá Marcelo!

Sambando nesse carnaval com a minha arte

que é imortal!

Bem vindos ao Teatro Oficina [2007 – BRASÍLIA]

Eu tenho essa oficina desde o dia 2 janeiro de 1965.

Em 1967 eu cheguei a ter 75 funcionários. Mas quando tinha serviço eu pegava às 5, 6 da manhã e ia até meia-noite.

Agora eu não tenho serviço pra isso. E nem entusiasmo.

Eu comecei a trabalhar com 8 anos. Toda a minha família. Meu pai era uma pessoa muito pobre, embora um grande profissional de carpintaria.

Nove filhos. Então nós todos começamos a trabalhar muito crianças. [ZÉ PERDIZ]

Profissão, eu tive que aprender tudo sozinho.

Fui garapeiro, fui sorveteiro, fui candeeiro de carro de boi. Fui ajudante de caminhão. Até uns tempos eu fui comunista.

O politizado sofre porque ele tá vendo as coisas acontecer, e muitas vezes não pode fazer nada.

E o que não é politizado ele não tem esse problema. O politizado e o não politizado

é igual o marido que é traído e não sabe.

Quando eu entrei na juventude comunista, com quase vinte anos, eu tinha a esperança de fazer alguma coisa pelo Brasil, pela classe menos favorecida. Quando o orientador deu a palavra franca eu falei pra ele:

Quando que vocês vão me entregar o fuzil? E ele: Que fuzil?

(2)

Gente, vocês tão falando que tão fazendo a revolução e eu vou lutar sem arma? Eu ia ter que ter coragem de matar irmãos meus brasileiros, e de morrer na mão deles.

A gente veio aqui no tempo da construção de Brasília, quando Brasília não tava pronta. Depois, sim. Depois nós voltamos, várias vezes, e uma das vezes foi a mais importante, logo depois do A.I-5.

No Brasil, naquele momento,

havia duas opções, porque era insuportável a ditadura: a luta armada ou a loucura. Acabou a luta armada e eu fui pra loucura, fui pro desbunde. E não me arrependo, nem um minuto. Foi maravilhoso, foi o desbunde que permitiu que se completasse uma revolução no meu corpo, na minha mente. A nossa luta ela foi feita através do teatro.

[2007]

[MONTAGEM DE OS SERTÕES] [TEATRO OFICINA, SÃO PAULO]

[ZÉ CELSO REALIZA UM SONHO DE TRINTA ANOS] [2002]

“Pelo amor de Deus!”

[MONTAGEM DE JOSÉ, E AGORA]

[O ESPETÁCULO RECRIA A BIOGRAFIA DE ZÉ PERDIZ] [GÊ MARTÚ INTERPRETA ZÉ PERDIZ]

Zé Perdiz, esse é o Zé Celso. Ah, Zé.

Boa noite.

Dá um abração aqui na gente, os dois Zé se abraçando. Que loucura.

É uma loucura mas é uma realidade.

Deixa eu ver bem, deixa eu chegar bem, te sentir bem… É isso aí.

Tem de ter as vibrações positivas, né?

E a idéia, quando a gente fez o Oficina, era essa idéia de teatro como oficina mecânica, exige trabalho braçal, que depois virou trabalho de Usina, aí você consegue a Uzona, aí tem a alegria.

(3)

Bravo! Zé Perdiz. Meus parabéns.

Muito obrigado, você também tá de parabéns.

Não é só parabéns! Minhas saudações ao teu terrreiro maravilhoso, eu bato a cabeça pra ele, eu vou bater aqui.

É um lugar sagrado! Aqui ninguém mais mexe, não pode deixar ninguém mexer. É uma idéia quase perdida essa que pra gente fazer teatro é preciso ter o lugar. Teatro é um lugar que nem oficina mecânica. Você tinha que meter a mão na massa e trabalhar, ensaiar… Pegar o corpo, e botar numa bigorna, e “pá!”, bater, malhar. Tanto que o nosso símbolo é a bigorna.

O trepe é trepe.

É encontar sexo no sexo. O trepe do trepe, trepe, trepe. Entra agora! O T do Tesão do Teatro! O trepe do trepe, trepe, trepe.

Se eu tô aqui trabalhando, ele tá lá… No subtexto tem alguém falando com ele... Então aí obviamente a postura do ator é outra...

Todo operário que tá trabalhando, dentro da área dele é um artista. Aqui é três metros...

Três. E a diagonal é cinco...

Um fica mais pra frente, um mais pra trás… Então elas ficam desencontradas assim... Exatamente.

O finado Ivan Marques, que era filho da irmã da minha ex-esposa, ele veio pra Brasília menino.

Começou a ensaiar peças aqui, porque eles estudavam no Dulcina, e eles não tinham aonde ensaiar.

Eu tinha uma amizade com ele muito forte, era uma pessoa fantástica, foi um grande ator. E lamentavelmente foi embora cedo.

Em 1988, quem pediu o espaço foi o Mangueira Diniz, pra trazer Esperando Godot.

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GODOT NA OFICINA

INFLAÇÃO DE PRÊMIOS PARA GRUPO BRASILIENSE MÁSCARAS E GRAXA

Esse lugar é um teatro ou é uma oficina? Onde é que a gente tá? Senhor Perdiz! Esse espaço aqui é um teatro ou é uma oficina? Posso responder?

De dia é oficina mecânica. Solda, torno, e outras coisas.

E à noite quem faz teatro usa e abusa do espaço. Antônio Conselheiro!

É natural, é natural, é natural…

Que dessas camadas étnicas surgisse uma anti-clinal… extraordinária! Antônio Conselheiro!

A vida resumida de um homem.

Um capítulo instantâneo da história da humanidade. A minha frágil consciência

oscila em torno de uma posição média entre o bom-senso e a insânia. Eu não sou um incompreendido!

A multidão me aclama como representante das suas aspirações mais altas! Antônio Conselheiro foi…

Antônio Conselheiro é… um gnóstico, bronco.

Sujeito à dor, à morte... e ao amor.

Eu não consigo ser um personagem a não ser a minha personagem. Eu só sei ser eu mesmo como personagem.

Eu vou fazer uma pergunta pra você, viu? Faz.

Você realmente é dono da palavra porque você fala muito bem, é um ator que tem o domínio da arte, e domínio dos problemas socias do Brasil.

Não. Aí não, é exagero. Tem sim!

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Não. Você quer fugir da reta o problema é seu. Porque todos nós temos obrigações sim, e você também tem.

Tenho, claro.

Se você não tivesse, não tava fazendo o que você faz. Claro.

A turma que faz teatro aqui,

vai mexer na questão da legalização desse espaço,

eles alegam que o tombamento de patrimônio da humanidade não permite fazer isso.

Porquê? Brasília é tombado pela humanidade? E na humanidade não pode ter essa coisa aqui, no meio da humanidade?

Você tem que tombar uma coisa que caminha, que vive. Tombar a vida. Quer tombar, tomba, mas tomba com esse conceito.

Tomba mas não me derruba! Não, pelo contrário, me levanta!

O que eu fiquei chateado e muito amargurado é do espaço ter ido pro espaço. É luta de interesses econômicos.

É uma briga de interesses econômicos. Sempre o maior pisando no menor. Sílvio Santos!

Você, porra! Você não vai destruir o nosso teatro, né?

Foi lá, adorou. E depois sumiu. Tem que aparecer de novo. Ficou encantado com o teatro.

E agora começou a demolir tudo em volta! Tomara que demola tudo logo pra de lá a gente fazer o Anhangabaú da Felicidade.

O nosso sonho é que o governo legalize isso, pra fazer realmente uma obra, pra promover aulas de teatro, ou aulas de musical.

O político brasileiro não tem a dimensão daquilo que pode fazer dele um grande político, que é a riqueza da cultura brasileira.

A cultura brasileira é um poder, a cultura é um poder, a arte é o poder. O que é o teatro pra você?

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Engraçado. Você me fez uma pergunta filha da mãe. Mas é capaz de eu conseguir responder ela.

Parece que a idéia é colocar aí umas arquibancadas e apresentar uma peça de teatro. Por mim tudo bem.

O senhor está louco, seu Artaud! Então a missa! O teatro é uma vida paralela com o real.

Coisas reais vão pro teatro, coisas que o teatro apresenta voltam pro real. Rocha viva

Brasileira

Neste ser resistente Retornando sempre Muita gentes Ocidentes Orientes Sul e Nortes Devorando mortes Desmassacrados Tão amados Caboclos persistentes Valseios permanentes Despedaçando Cada pedaço Juntando o novo Num novo abraço

Referências

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