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Treinamento: OLERICULTURA BÁSICA - Cód. 379

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Academic year: 2021

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1 - Introdução

A formação profissional rural tem como objetivo contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores e produtores rurais, através do aperfeiçoamento do seu trabalho. Este aperfeiçoamento, adoção de novas técnicas, sistematização das operações de produção, gera economia de tempo e recursos e melhoria da qualidade final do produto para um mercado consumidor cada vez mais exigente.

Do cultivo doméstico, de fundo de quintal, a exploração de hortaliças evoluiu para as culturas maiores, sendo considerada uma atividade de destaque da agricultura brasileira.

A produção de hortaliças atualmente é um ramo lucrativo, mas altamente competitivo e exigente em qualidade, portanto buscar o aperfeiçoamento nesta área de produção agrícola é essencial para o sucesso da atividade.

O presente curso objetiva dar as orientações e informações necessárias para todas as etapas de produção até a comercialização das diversas espécies de hortaliças.

A olericultura significa o cultivo de hortaliças e tem características próprias, diferenciadas de outras culturas, tais como: utiliza intensivamente o solo, tratos culturais, mão de obra e insumos. Utiliza áreas menores, o ciclo das culturas é mais curto, possibilita a obtenção de renda mais alta por hectare e são explorações diversificadas que utilizam mão-de-obra especializada.

2 - Características do local apropriado para o cultivo de Hortaliças * Local de fácil acesso.

* Local com bastante sol.

* Local próximo de fonte de água de boa qualidade. * Local de preferência com terreno plano e bem drenado. * Local cercado e protegido por quebra ventos.

3 – Coleta de Amostra de Solo

Para conhecer melhor o solo é importante fazer a análise química, para isto, a coleta da amostra de terra deve seguir algumas recomendações.

• A amostra representa uma quantia de terra com aproximadamente meio quilo (1/2kg) retirada de uma mistura de diversas amostras de um mesmo tipo de solo.

• Se a propriedade for muito diversificada, é necessário dividir a área conforme o tipo de solo, vegetação, topografia e depois retirar as amostras.

• Em solos homogêneos, caminha-se em zigue-zague, distribuindo os pontos de retirada de amostra, de maneira a cobrir toda a área, seguindo a seqüência:

• 1- Limpe cada ponto de restos de cultura, tocos, folhas, etc.

• 2- Com a pá ou enxadão abra uma pequena cova, de aproximadamente 20cm de profundidade, elimine a terra retirada da cova..

• 3 – Com a pá reta acerte uma das paredes da cova e retire uma fatia de terra, cortando de cima para baixo até o fundo da cova.

• 4 – Coloque esta fatia em um balde.

• 5 – Repita esta operação nos diversos pontos.

• 6 – Misturar bem toda a terra do balde e retirar cerca de meio quilo.

• 7 – Colocar a terra seca em um saco plástico (limpo e novo). Coloque uma etiqueta identificando o nome do proprietário, município, número da amostra que identifica o local onde foi retirada. • 8 – Encaminhe as amostras ao órgão de competência em seu município.

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4 - Conhecendo melhor as características do solo

O solo é o resultado da decomposição da rocha original, ocasionada pelos diversos fatores climáticos, como a ação da água e da temperatura. Os solos, de maneira simplificada, podem ser classificados de acordo com a quantidade de argila e areia que possuem , além da matéria orgânica. Um solo é chamado “arenoso” quando é fácil de trabalhar com a enxada, é bem arejado, absorve bem a água mas é muito propenso a erosão.

Um solo é chamado “argiloso” quando é mais pesado, pode formar crostas na superfície, mais difícil de ser trabalhado com implementos e absorve água mais lentamente.

Um solo é chamado “areno-argiloso” quando não é muito leve nem muito pesado, tem boa capacidade de retenção de água e são os mais indicados para o cultivo.

A matéria orgânica melhora os solos muito pesados e os muito leves, na forma de “húmus” ou como matéria orgânica em decomposição, ela produz uma espécie de cola que agrega as partículas do solo, dando espaço ao ar e a água e facilita a penetração das raízes das plantas.

Para sabermos se um solo tem muita ou pouca “acidez”, devemos conhecer o ‘pH” do solo que é uma medida que indica se o solo é ácido, neutro ou alcalino. O valor 7 indica solo neutro. Abaixo de 7 são os graus de acidez e acima de 7 são alcalinos. Para a maioria das hortaliças o número ideal é entre 6 e 6,5. O grau de acidez da terra é determinado pela análise do solo. Ter um solo além dos valores indicados, significa que os nutrientes das plantas não podem ser absorvidos pelas raízes como deveriam. A calagem e a matéria orgânica podem diminuir a acidez do solo.

5 – Características das principais espécies de hortaliças

As principais hortaliças plantadas no Centro-Sul podem chegar a 60 espécies que são agrupadas em “famílias” botânicas, por terem características semelhantes. Cada família reúne diversos “gêneros” e cada gênero é um agrupamento de “espécies” que são plantas muito semelhantes entre si.

Famílias Botânicas Nome Popular

Aizoaceae Espinafre-da- Nova Zelândia

Alliaceae Cebola, Alho,Cebolinha, Alho porro Apiaceae Cenoura, Aipo, Funcho, Salsa, Coentro Araceae Mandioquinha,Inhame, Taioba

Asteraceae Alcaxofra

Brassicaceae Repolho, Couve Flor, Couve Manteiga, Couve brócolos,Couve- Bruxelas, Couve-rábano, Couve chinesa, Mostarda- brócolos,Couve- de-folha, Nabo, Rabanete, Rábano, Rúcula

Chenopodiaceae Beterraba, Acelga, Espinafre europeu Chichoriaceae Alface, Almeirão, Chicória

Convulvulaceae Batata-doce

Cucurbitaceae Pepino, Maxixe, Melão, Abóbora rasteira, Moranga,Abobrinha italiana, Melancia, Chuchu

Discoreaceae Cará

Fabaceae Feijão-de-vagem, Feijão- de-Lima, Ervilha, Fava italiana Liliaceae Aspargo

Malvaceae Quiabo Poaceae Milho doce Rosaceae Moranguinho

Solanaceae Pimentão, Pimenta, Berinjela, Batatinha, Tomate, Jiló

As hortaliças são ainda classificadas pelas partes utilizadas na alimentação e comercialização: Hortaliças tuberosas, Hortaliças herbáceas, Hortaliças frutas. As hortaliças tuberosas, cujas partes comestíveis se desenvolvem dentro do solo são a batatinha, cará, inhame, cebola, alho, cenoura, beterraba, batata-doce, mandioquinha- salsa, rabanete. As hortaliças herbáceas, das quais utilizamos folhas, talos e hastes e flores e inflorescências são: alface, repolho, espinafre, aipo, couve flor, couve-brócoli, etc. As hortaliças frutas são: pimentão, quiabo, tomate, berinjela, pepino, melão e outras.

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Cada espécie de hortaliça tem sua exigência climática. De modo geral os climas mais amenos (18 a 22°C), com chuvas leves e pouco freqüentes são os mais indicados. Algumas hortaliças como o repolho e a couve suportam temperaturas mais baixas e outra se dão bem em temperaturas mais altas, como o tomate, pepino, quiabo e abóbora.

Os fatores climáticos de maior importância são a temperatura, a luz e a umidade. A temperatura abaixo ou acima do nível ótimo pode provocar o florescimento prematuro de certas hortaliças, pode prejudicar a frutificação de outras, ou até impedir a germinação e o desenvolvimento. A luz , ou duração do período luminoso (fotoperíodo), tem muita influência no crescimento vegetativo, na floração e na produção de algumas hortaliças de grande importância econômica como o alho e a cebola que só formam bulbos comerciáveis quando os dias tem duração acima de um certo número mínimo de horas de luz, conforme a cultivar. A umidade do ar influencia na transpiração (perda de água pelas folhas), e sendo alto o grau de umidade, pode ocorrer maior ataque de fungos e bactérias nas plantas. Sendo muito baixa a umidade pode ocorrer ataque de ácaros e alguns fungos. O teor de umidade do solo determina a absorção de água e de nutrientes, afetando de forma decisiva o desenvolvimento e a produção de hortaliças. A umidade do solo, como fator climático, é aquele que mais facilmente pode ser controlado pelo olericultor.

5.1 – Necessidade de nutrientes para as hortaliças

Além de um solo sadio, com boa estrutura e textura e matéria orgânica, as hortaliças necessitam de elementos minerais (13) em forma facilmente aproveitáveis pelas raízes das plantas. A ausência de qualquer um deles na solução do solo, torna-se um fator limitante à produção comercial. Estes nutrientes , conforme a espécie, são mais ou menos exigidos.. São classificados em macronutrientes e micronutrientes, conforme a maior ou menor necessidade das plantas. Os macronutrientes são: Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio(K), Cálcio(Ca), Magnésio(Mg) e Enxofre(S). Os micronutrientes são: Boro(B), Zinco(Z), Molibdênio(Mo), Cobre(Cu), Manganês(Mn), Ferro(Fe), e Cloro(Cl).

Nitrogênio – favorece o crescimento vegetativo, aumentando o número e o tamanho das folhas. As hortaliças de folhas são as que aproveitam melhor o seu efeito, nas demais hortaliças, pelo melhor desenvolvimento vegetativo pode aumentar a produtividade. Em excesso, é altamente prejudicial as plantas.

Fósforo – é essencial à formação das raízes. Também influencia muito na formação de flores, frutos e sementes. Portanto as hortaliças são mais exigentes em fósforo durante o desenvolvimento das raízes, na frutificação e na formação de tubérculos.

Potássio – tem efeito importante na qualidade do produto colhido, especialmente nas hortaliças-frutos e nas tuberosas. O potássio também aumenta a resistência natural da parte aérea das hortaliças às doenças causadas por fungos. Um excesso de potássio desequilibra a nutrição das hortaliças dificultando especialmente a absorção dos nutrientes cálcio e magnésio pelas plantas.

Cálcio - A maioria das hortaliças são exigentes, extraindo mais cálcio do que fósforo. Sua proporção no solo deve estar em equilíbrio com o nitrogênio para evitar distúrbios em algumas hortaliças.

Magnésio – o magnésio é importante para as plantas da família da batata, tomate e pimentão, influenciando na precocidade da colheita e na qualidade do produto obtido.

Enxofre – é especialmente importante para família do repolho e couves que o retiram do solo mais do que o fósforo.

Micronutrientes – são absorvidos em quantidades muito pequenas, mas se não estiverem disponíveis às plantas podem também causar sérios problemas. O boro e o molibdênio são os mais exigidos especialmente pelas culturas como couve flor, tomate, alho, cenoura, beterraba e repolho. Podem fazer parte da adubação de plantio ou ser fornecidos via foliar (adubação foliar).

6 – Produção de Mudas

A maioria das hortaliças são propagadas por sementes e uma parcela menor por partes vegetativas. Representa uma parte importante do processo de produção de hortaliças. As sementes devem ter um índice de germinação elevado e ser variedades adaptadas a região. Devem ser bem embaladas e livres de umidade.

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Algumas hortaliças reproduzem-se por brotos, como a couve e o morango. A cebolinha é multiplicada pela divisão de touceiras. Outras se reproduzem por pedaços de ramas ou hastes da planta adulta como o agrião e a batata doce. O plantio de batata inglesa é feito utilizando-se tubérculos brotados. O alho é propagado usando-se os bulbilhos (dentes) com 1 a 2g de peso. Para o plantio do chuchu, utiliza-se o fruto com broto entre 10 e 15 centímetros.

6.1 – Produção de Mudas em Sementeira

As sementeiras são canteiros especialmente preparados para a germinação das sementes e o desenvolvimento inicial das plantas. A localização das sementeiras deve ser: em local ensolarado, próximo de água, solo arejado, tipo areno-argiloso, fértil, rico em matéria orgânica e com boa drenagem.

O tamanho da sementeira depende da quantidade de mudas necessárias. A largura média é de 1 metro e o comprimento é variável. As sementeiras devem ser separadas por caminhos de 40cm de largura e a altura deve ser de 15 a 20cm. A terra do local é revolvida, retirando-se torrões e outros obstáculos. O esterco curtido ou composto é incorporado na proporção de 2 a 5kg por metro de canteiro. O adubo químico (super-fosfato simples) na dosagem de 100 a 200g por metro da sementeira. Esta preparação deve ser feita alguns dias antes da semeadura.

A semeadura deve ser feita, de preferência no final da tarde, em sulcos distanciados de 10 a 15cm na profundidade de 1 a 2cm, de acordo com o tamanho das sementes.

6.2 – Produção de Mudas em Copinhos de Papel

Outra opção para produção de mudas são os copinhos de papel jornal, método indicado para hortaliças como tomate, berinjela, pimentão, abóbora, melancia ou melão. Possibilita economia de sementes, diminui o manuseio das mudas, evita danos as raízes e redução no tempo necessário a formação das mudas.

Para a confecção dos copinhos, utiliza-se tiras de papel jornal com 15cm de largura e 50 cm de comprimento. Enrolar a tira na extremidade de uma garrafa vazia, deixando livre 5cm do papel que será dobrado para formar o fundo do copinho, sem necessidade de cola. Encher o copinho e fazer a semeadura (2 a 3 sementes por copo), cobrir as sementes e regar. Os copinhos devem ser arrumados em um canteiro ou local apropriado para a germinação e desenvolvimento das mudas.

A mistura para encher os copinhos compõe-se de 2 partes de terra boa, 1 parte de esterco bem curtido ou húmus de minhoca e 30g de superfosfato simples por litro da mistura. Quando as mudinhas apresentarem as duas folha cotiledonares e a primeira folha definitiva, fazer um desbaste cortando as mudas mais fracas.

6.3 – Produção de Mudas em Bandejas

Chamadas de canteiro móvel, berço ou bandejas de isopor ou plástico, tendo 128, 200 a 288 cavidades ou células, são a opção mais utilizada para semeadura. As cavidades são preenchidas com substrato especial, adequado ao tipo ou grupo de hortaliças, isento de microrganismos causadores de doenças e sementes de ervas invasoras. Como vantagens, são relacionadas: redução da mão de obra, melhor aproveitamento de espaço, mudas mais vigorosas, sadias e precoces, as mudas saem com torrão, não sofrendo no transplante e facilita o preparo e transporte das mudas. Semeia-se 1 a 2 sementes por célula, cobre-se com substrato e faz-se a rega. As bandejas devem ficar suspensas em estrados e abrigadas em túnel baixo ou alto.

6.4 – Semeadura em Canteiros Definitivos

Hortaliças que podem ser danificadas pelo transplante ou que são obrigatoriamente semeadas no canteiro definitivo, são semeadas em sulcos superficiais em canteiros especialmente preparados para este fim, nos espaçamentos recomendados conforme a espécie: cenoura, rabanete, nabo, cebolinha, acelga, agrião, beterraba, espinafre e outras.

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Algumas hortaliças de grande importância econômica são propagadas pelo plantio de partes vegetativas diversas como: rebentos, ramos, bulbilhos, tubérculos, perfilhos, estolhos e outros. Para estes materiais de plantio, deve-se escolher plantas-mães ou matrizes que tenham bom desenvolvimento, boa produção e sem doenças e pragas. O tamanho e o peso geralmente influi na produtividade obtida, sendo aquelas com maior reserva, as preferidas. Estes materiais devem ser limpos, separados por tamanho e tratados com produtos específicos para controlar ou evitar doenças e pragas. Alguns necessitam de um período de repouso para a brotação, ou a espera para a época adequada de plantio.

7- Transplante de Mudas e Plantio Direto

Retiram-se as mudas completamente desenvolvidas da sementeira. A muda deve apresentar 4 a 6 folhas definitivas e 10 a 15 cm de altura, para a maioria das hortaliças. Para as mudas de copinho de jornal, o plantio é feito em covas ou sulcos nos canteiros, ou leiras ou camalhões, previamente preparados e adubados e nos espaçamentos recomendados para cada espécie (tabela em anexo). A adubação também é variável de acordo com as espécies de hortaliças

A profundidade de plantio das mudas no local definitivo depende do seu tipo. Mudas com caule distinto (tomate, berinjela, pimentão, repolho, couve-flor e outras) devem ser plantadas a uma profundidade um pouco maior do que aquela em que se encontravam na sementeira, copo ou bandeja. Mudas de caule pouco perceptível (beterraba, alface, chicória, espinafre e outras) devem ser transplantadas de modo a ficarem a mesma profundidade em que se encontravam na sementeira ou bandeja.

Faz-se uma seleção das mudas pelo vigor, sanidade, estado nutricional e que estão no ponto ideal de transplante. Mudas “passadas” ou velhas ou grandes demais originarão plantas adultas mais fracas, com diminuição na produtividade.

O preparo das covas ou leiras e a adubação devem ser feitos com antecedência (8 a 15 dias). Os adubos devem ser misturados e incorporados ao sulco ou cova de plantio. Raiz em contato direto com adubo, queima ou é danificada.

A melhor hora do dia para transplante é no final da tarde, em dias nublados, pode ser feito o dia todo e também quando temos mudas de copos ou bandeja.

As hortaliças de semeadura direta em sulcos podem ser semeadas com máquinas (semeadeiras) ou manual em áreas pequenas e deve ser feita de forma a evitar ou reduzir o desbaste.

8 – Tratos Culturais

Os tratos culturais representam os cuidados ou práticas que devem ser realizados durante o período de desenvolvimento das plantas até a colheita, tais como: irrigação, controle de plantas invasoras, cobertura morta do solo, raleio ou desbaste, desbrota ou desponte, amontoa, estaquamento ou tutoramento, estiolamento, rotação de culturas e controle de pragas e doenças.

8.1 – Irrigação

As hortaliças são as culturas mais exigentes em água, sendo que a irrigação é a prática que mais favorece o aumento da produtividade e a qualidade do produto. As hortaliças herbáceas (folhosas) são as mais exigentes, seguida das hortaliças-fruto.

O teor ideal de água no solo varia com as espécies e com o estágio de desenvolvimento das plantas. As folhosas (alface, espinafre, couve acelga e outras) necessitam de água abundante em todo o ciclo das culturas. As hortaliças-fruto (tomate, berinjela, abóbora, melancia e outras) tem dois períodos críticos de desenvolvimento: o crescimento da planta e o período de floração-frutificação. Em tais períodos, a deficiência de água pode comprometer seriamente a produção. Algumas hortaliças-frutos como melão, abóbora, melancia, precisam de teores mais baixos de água no solo por ocasião do amadurecimento. No caso das hortaliças tuberosas (raízes, tubérculos e bulbos), as menos exigentes em água, precisam mais durante o crescimento das plantas e durante a formação das raízes, tubérculos ou bulbos. No período final de formação dessas partes, o solo deve conter baixo teor de água, pois a colheita deve ser realizada em solo mais seco.

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O excesso de água e terrenos mal drenados ocasionam a morte das raízes por falta de arejamento, podendo também provocar distúrbios fisiológicos, maior incidência de doenças de solo.

Para a maioria das hortaliças as irrigações devem ser efetuadas com um volume de água suficiente para umedecer o solo até a área de concentração da maioria das raízes.

As principais formas de irrigação são: infiltração, aspersão e gotejamento.

Irrigação por infiltração – é viável quando há disponibilidade de água nas partes altas do terreno a ser irrigado, podendo ser conduzida por gravidade. Um canal mestre abastece canais distribuidores de onde a água é encaminhada aos sulcos de irrigação localizados entre as fileiras da cultura irrigada. O terreno deve apresentar uma superfície de declividade suave e uniforme (queda de 0,5%, 5cm em 10 metros), para haver uma conveniente distribuição de água nos sulcos. Este sistema é mais apropriado para terrenos com solos argilosos ou ricos em matéria orgânica.

Irrigação por aspersão – aspersores giratórios são uma maneira simples de fornecer água as culturas, que imita a chuva. A água é conduzida por tubulações, sob pressão a qualquer parte do terreno. Requer menos água e a distribuição é mais uniforme, mas o investimento é maior. È composta por uma linha principal (tubos de 4 a 6 polegadas) e linhas laterais (tubos de 2 a 3 polegadas). Os aspersores de tamanho médio, que trabalham sob alta pressão são os mais indicados porque fazem uma chuva fina. Para culturas de baixo porte o aspersor situa-se a 30- 50cm do solo, as de porte alto exigem tripés que elevam os aspersores até 2 metros de altura. Irriga-se de preferência de manhã ou parte final da tarde. Irrigação por gotejamento – neste método a água é conduzida sob pressão em tubulações (tubos gotejadores) finais pingando gota a gota, diretamente na zona de maior concentração das raízes das plantas. Representa um método efisciente com grande economia de água e energia para bombeá-la. Permite a irrigação de qualquer tipo de terreno, utiliza pouca mão de obra, mas o investimento inicial é caro. A água para irrigação deve ser limpa e não ser salina. As linhas de tubos gotejadores são colocadas entre as filas de plantas. Os tubos gotejadores vem perfurados nas distâncias conforme o espaçamento da cultura. O tempo de irrigação varia conforme a época do ano, o tamanho das plantas, o tipo de solo e vasão do tubo gotejador.

8.2 – Controle de plantas invasoras

As plantas invasoras devem ser eliminadas nos estágios iniciais da cultura, quando podem competir pela água, luz e nutrientes com as plantas cultivadas. Depois que as hortaliças atingem um certo desenvolvimento, as ervas invasoras não atrapalham, pelo contrário, protegem o solo, deixam a temperatura mais amena para as hortaliças, abrigam inimigos naturais de pragas e são um bom indicador das condições da terra.

8.3 – Cobertura morta do solo

Consiste em cobrir o solo, para protegê-lo do sol forte e das chuvas, reter a umidade natural e manter a temperatura do solo mais amena. Vários materiais podem ser utilizados como: capim cortado, serragem, palha picada, cascas, bagaços ou plástico. Estas coberturas mantém o solo superficial mais úmido, facilita a infiltração da água no solo, evitando a erosão e conservando a bioestrutura do solo, o que se traduz em maior produção.

8.4 – Raleação ou desbaste

Operação feita em sementeiras ou canteiros de plantio direto. Eliminam-se as plantas menos desenvolvidas ou em excesso, deixando um espaçamento adequado entre plantas restantes, permitindo que estas se desenvolvam adequadamente. A raleação é feita quando as plantas atingirem 5cm de altura.. Faz-se desbaste em cenouras, rabanetes, nabo, salsa, beterraba ou outras culturas feitas por plantio direto.

8.5 – Desbrota e desbaste

Prática realizada em algumas espécies de plantas para retirar o excesso de brotos e galhos, para arejar a planta e permitir mais entrada de luz para o melhor desenvolvimento dos frutos. Elimina-se

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também excesso de frutos ou frutos mal formados, Esta prática é realizada em culturas como tomate, abobrinha, berinjela, pimentão, melancia, melão e pepino.

8.6 – Amontoa

Prática de chegar terra ao pé da planta, normalmente feita depois da capina. Algumas culturas como a batata, beterraba, salsão e alho poro, exigem a amontoa para que as mesmas se desenvolvam com mais qualidade, especialmente os tubérculos e raízes que não podem ficar fora do solo, ou expostos ao sol. 8.7 – Estaqueamento ou tutoramento

Suporte para as plantas trepadeiras ou outras que precisam de apoio. Evita o crescimento das plantas em contato com a terra, facilita a aeração, insolação, quebra de ramos e melhora a qualidade e produção dessas hortaliças. Tomate, pepino, pimentão, vagem, ervilha, berinjela e chuchu precisam de apoio, As estacas podem ser varas de vegetais disponíveis na região, arame, fitilhos e barbantes também ajudam na sustentação.

8.8 – Estiolamento

Em algumas espécies de hortaliças recomenda-se fazer uma amarração leve das hastes ou folhas para que a flor (couve-flor) ou folhas ou cabeças (salsão, acelga, chicória), tenha um aspecto mais branco ou consistência mais macia para o consumo, ou não sejam afetadas pelo sol.

8.9 – Rotação de culturas

Na produção de hortaliças é interessante copiar o trabalho da natureza, onde as espécies vão se revezando no tempo. O plantio contínuo de uma mesma hortaliça ou de outras da mesma família, acaba trazendo sérios prejuízos: elas competem pelos mesmos nutrientes, atraem doenças e insetos específicos dessas plantas. Recomenda-se fazer a rotação a cada ano, ou a cada plantio e “rodar” culturas de famílias diferentes.

8.10 – Controle de pragas e doenças

Um ataque de pragas ou doenças é sinal de que em algum lugar está havendo um desequilíbrio. Combate-se primeiro os sintomas, mas é importante lembrar que só a remoção das causas do desequilíbrio eliminará a incidência de pragas ou doenças. O primeiro “remédio” é um permanente cuidado com o solo. Plantas sadias, vivendo em solo e ambiente sadio, são muito mais resistentes a pragas e doenças.

As principais pragas que ocorrem nas hortaliças são os besouros, lagartas ou brocas, caramujos ou lesmas, pulgões, trips, cochonilhas, formigas, percevejos, ácaros e nematóides.

Besouros ou vaquinhas ou joaninhas, tem o corpo revestido por uma carapaça dura, são insetos mastigadores. Alguns não são pragas, são inimigos naturais de pragas, como a joaninhas que comem pulgões. Alguns besouros controlam lagartas ou são predadores de gafanhotos.

Lagartas ou brocas são também insetos mastigadores cortadores, ou perfuradores de folhas frutos e caules. Também tem lagartas e brocas de hábitos subterrâneos que constituem as pragas do solo.

Caramujos ou lesmas se alimentam de folhas. Normalmente não causam maiores problemas, mas se houver um desequilíbrio no ambiente, podem causar sérios prejuizos.

Pulgões, trips e cochonilhas são insetos pequenos que formam colônias e que sugam a seiva das plantas, podendo transmitir algumas viroses. As cochonilhas, também chamadas de escamas, piolho branco ou farinha, podem ter o corpo coberto por uma carapaça, ou substância semelhante a cera, que torna mais difícil o seu controle.

Formigas, especialmente as cortadeiras podem causar sérios prejuízos. Contudo em solos ricos em matéria orgânica, cheios de vida, elas tendem a desaparecer.

Ácaros são pequeníssimos animais sugadores, muito semelhantes aos carrapatos. Alimentam-se da seiva das plantas, causando prejuízos. Formam colônias na face inferior das folhas, alguns formam teias e outros não são percebidos a olho nu, os microácaros.

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Nematóides são minúsculos vermes subterrâneos que parasitam as raízes. Em hortaliças, os mais importantes são aqueles que causam pequenas nodosidades nas raízes ou galhas. Além de prejudicarem a absorção de água e nutrientes, as lesões provocadas constituem uma porta de entrada para fungos e bactérias causadores de doenças. Por habitarem o solo, podem causar estas doenças nas plantas.

Doenças causadas por fungos, bactérias ou vírus. Seu reconhecimento muitas vezes é difícil de ser feito e podem ser confundidas com deficiências minerais. As plantas são consideradas doentes quando apresentam desenvolvimento anormal, o que implica em danos econômicos na maioria das vezes. Fungos e bactérias são microscópicos vegetais que podem atacar a parte aérea das plantas como a parte subterrânea. Na parte aérea os sintomas mais comuns são pintas e manchas. Penetram por aberturas naturais ou por ferimentos. A disseminação se dá por sementes contaminadas, por instrumentos agrícolas, tutores, chuva, vento, insetos, tubérculos ou mudas contaminadas. Os vírus tem uma

capacidade infecciosa muito grande e não tem “defensivos” que os controle. A alternativa é a erradicação da planta doente.

9 – Colheita e Conservação

Cada hortaliça tem um ponto certo de colheita, que também depende das preferências dos consumidores ou do destino do produto. Algumas hortaliças permitem colheitas sucessivas como agrião, cebolinha, vagem, tomate, pimentão, quiabo e outras. Algumas hortaliças precisam de um tempo de cura como o alho e a cebola. Hortaliças folhosas tem curta durabilidade e outras como abóbora, batata ou alho tem maior durabilidade, desde que bem armazenadas. A durabilidade após a colheita também depende da hora do dia apropriada para a colheita e os manuseios ou procedimentos pós-colheita. Logo após a colheita faz-se a lavagem da maioria das hortaliças pela retirada de terra de raízes e tubérculos ou a retirada das próprias raízes em algumas espécies. Esta limpeza e o preparo das hortaliças deve ser feito à sombra, com água limpa e armazenadas em local fresco ou sob refrigeração. O armazenamento em temperaturas abaixo ou acima das recomendadas causam injúria pelo frio, ou perdas no seu valor nutritivo, especialmente o conteúdo de vitamina C.

10 – Padronização, Classificação e Embalagem de Hortaliças

Para que haja um entendimento entre os diferentes agentes de comercialização, as hortaliças devem ser padronizadas, classificadas e embaladas de acordo com normas estabelecidas na prática diária da comercialização. Estas normas são oficiais e existem para a maioria das hortaliças produzidas comercialmente.

Padronização é o estabelecimento de um padrão que caracteriza ou define um determinado produto e a Classificação é a comparação do produto obtido com os padrões estabelecidos. Distingue-se o “grupo” que define as qualidades de um cultivar ou formato, a “classe” que define as características de peso e tamanho e o “tipo” que define os atributos que se relacionam a qualidade. O grupo é representado pelos algarismos ( I, II, III, IV,V, etc.) Entre classes, palavras que definem tamanho(grande, médio, pequeno,longo, curto, etc.). Entre tipos é feito por palavras (extra, especial, etc.).

Quanto as Embalagens são o envoltório, recipiente, caixa, pacote, engradado, sacaria ou rede no qual o alimento foi acondicionado, destinado a proteger e assegurar a sua conservação, assim como facilitar o transporte e manuseio dos alimentos. Para várias hortaliças a caixa de madeira vem sendo substituída por caixas de papelão ondulado e caixas plásticas reutilizáveis. Os sacos de malha plástica, que tem melhor arejamento são utilizados para produtos como batata, cebola, alho, repolho e outros. Algumas hortaliças são comercializadas em maços grandes como as beterrabas, cenouras e nabos. Hortaliças-frutos de grande porte são comercializadas a granel, como as abóboras, morangas, melancias e outras.

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Planejamento da Horta

Para que tenhamos uma boa variedade de hortaliças e possamos aproveitar o terreno da melhor forma, é importante planejar o plantio. Para isto é necessário conhecer o solo, o ciclo de calda cultura e suas necessidades nutricionais, as melhores épocas de plantio, as necessidades alimentares da família ou grupo de pessoas a que se destina a produção e fazer um escalonamento e rotação adequada destas culturas.

Em uma área livre de 10m² já é possível reunir tudo o que é necessário para ter uma horta completa. Em uma seqüência de ações para o planejamento:

- Verifica-se a área disponível e a qualidade do solo. - Efetua-se as correções necessárias.

- Verifica-se a capacidade de produção dentro da área disponível.

- planeja-se as espécies, semeaduras e plantios conforme a disponibilidade da área, as estações do ano e a rotação necessária.

- Lista-se as ferramentas, equipamentos, insumos e materiais necessários.

- Conforme as medidas do terreno, fazer um croqui, com a disposição dos canteiros, sementeiras, caminhos, etc.

- Como medidas práticas recomenda-se, das hortaliças folhosas, fazer semeadura semanal, das hortaliças de raízes e bulbos, semeadura quinzenal e das hortaliças frutos e flores, semeadura mensal.

- Instalação da horta conforme recomendações técnicas já mencionadas.

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