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Análise do videoclip Can You Feel It? dos Jackson 5

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Análise do videoclip “Can You Feel It?” dos Jackson 5

Semiótica da Comunicação, 2012/2013

Alunos- Ana Luísa Magalhães

Carminda Soares

Diana Silva

Eva Lacerda

Jorge Eusébio

Maria Soares

Mafalda Oliveira

Ricardo Couto

Tiago Dias

Turma 5

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Índice

INTRODUÇÃO ... 3 INTRODUÇÃO METODOLÓGICA ... 3 CONTEXTUALIZAÇÃO ... 4 CONTEXTOS ... 6 A MENSAGEM MUSICAL ... 8 ANÁLISE DO VIDEOCLIP ... 10 CONCLUSÃO ... 19 BIBLIOGRAFIA... 20 ANEXOS... 22

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INTRODUÇÃO

Para a disciplina de Semiótica da Comunicação, no curso de Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria, Multimédia, propõe-se a análise de um videoclip do ponto de vista semiótico. O videoclip, e objeto de estudo para este trabalho, é da banda “Jackson Five”, com a música “Can You Fell it?”.

Tanto a semiótica da comunicação como a música são duas áreas de abordagem bastante amplas e complexas, que incluem uma enorme variedade de conceitos, teorias e vias de interpretação, principalmente a segunda. Esta complexidade torna-se ainda mais patente quando, à música (entendido como instrumental e letra) se junta a coreografia, o videoclip, entre outros. Semiótica e música, estão, então, de mãos dadas, uma vez que a ciência de Charles Pierce é a mais bem posicionada para interpretar da forma mais profunda e completa a música em todas as suas vertentes, variantes e formas de expressão, principalmente no que à análise da coreografia e de todo o videoclip diz respeito.

Como não podia deixar de ser, recorremos a autores como Charles Sanders Pierce ou Ferdinand Saussure, bem como a outro tipo de fontes tanto bibliográficas como webgráficas, estas particularmente úteis no contexto deste trabalho.

INTRODUÇÃO METODOLÓGICA

A análise semiótica deste vídeo, de acordo com a ciência estudada nesta disciplina, implica, impreterivelmente, uma abordagem multifacetada, plural, multidisciplinar, para que se tenha informação de diferentes áreas do saber com diferentes perspetivas sobre o mesmo objeto.

Seria possível fazer a análise em vários formatos: vídeo, áudio, flash ou papel. O grupo optou pelo formato mais tradicional, o papel, pois acreditamos que se adequa mais aos nossos objetivos.

O segundo passo seria investigar e conhecer os contextos do emissor e do recetor da mensagem, para melhor compreender essa mesma mensagem. De facto, “contexto” é a palavra-chave nesta análise. Não é viável, e muito menos correto, avaliar a transmissão da mensagem e a mensagem per si, sem compreender e interpretar o contexto em que é feita. O contexto influencia o significado dos signos, pelo que elementos como a história da banda, o contexto em que surgiu a música e o contexto em que a

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4 música é recebida fazem a diferença em toda dinâmica da mensagem transmitida. Sem isso seria impossível passar à fase seguinte: a de análise dos elementos semióticos presentes no videoclip.

Esta tem que ser feita em conjunto, isto é, o videoclip tem que ser analisado como um todo. A análise será feita tendo todos os elementos em consideração. Não será feita uma separação dos elementos, pois todos os signos reunidos têm um significado diferente do que quando separados. Todos os signos se “contaminam” uns aos outros. Assim, acreditamos que a interpretação dos vários signos e de todos os elementos em conjunto traduzirá de melhor forma a mensagem veiculada pelo emissor.

Já que se trata de um videoclip recheado de elementos passíveis de análise, procurou-se também elementos que fizessem referência a algo extrínseco à música. Uma música, por si só, já pressupõe uma série de significados acumulados, ou seja, com diferentes níveis sobrepostos de comunicação. Isto é algo que se torna ainda mais evidente e complexo quando à música se junta um vídeo. Portanto, e para melhor compreender a mensagem transmitida pela banda, procedeu-se a análise da música: da mensagem musical, da letra e da melodia.

Ao longo do trabalho, há que ter em conta que o signo diz respeito a um significante (veículo do signo) um significado (aquilo que é passível de ser substituído pelo significante) e ainda, segundo Charles Peirce, um terceiro elemento, o referente – tudo aquilo a que se refere um signo como, por exemplo, o referente de amor ser uma pessoa ou um sentimento. Para além disso, a “desfragmentação” da música dá-nos os dois ramos de um signo – verbais (linguísticos) e não verbais.

Além disso, e tendo em conta o caminho da análise, pretende-se a realização de duas entrevistas: uma com alguém ligado à religião católica e outra com alguém ligado à música.

CONTEXTUALIZAÇÃO

- O EMISSOR

THE JACKSON 5

The Jackson 5 foi um grupo musical surgido em 1966 e composto, na altura, pelos irmãos Jackie, Tito,

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“I Want You Back”, “ABC”, “Stop The Love you Save” e “I'll Be There” - a alcançarem o topo das

tabelas americanas e internacionais, em 1970. Foi nessa altura que Michael Jackson começou a ter mais destaque como dançarino e cantor. Apesar do grande sucesso da banda, a falta de interesse e liberdade por parte da Motown para o grupo criar as próprias músicas fez com que todos, à exceção de Jermaine, saíssem da editora e assinassem contrato com a Epic. Após esta mudança, o grupo mudou o nome para

The Jacksons.

O grupo nunca foi oficialmente terminado, contudo, após o lançamento do último álbum, The

Jacksons atuaram apenas em dois espetáculos tributo a Michael Jackson, em 2001.

JACKSON FIVE – A ASCENSÃO DO REI DA POP

“Como vocalista e estrela dos Jacksons, Michael era evidentemente o membro do grupo a quem se ofereciam mais oportunidades de conseguir uma carreira a solo”(LATHAM, Caroline, 1985: 81).

A sua carreira a solo começou quando ainda estava na Motown. Lançou os álbuns “Got to Be There”,

“Ben, Music & Me” e “Forever, Michael”. A partir de 1973 a popularidade do grupo começou a

diminuir. Em 1975, quando já tinham assinado pela editora Epic, Michael foi o principal compositor do grupo, escrevendo sucessos como "Shake Your Body (Down to the Ground)", "This Place Hotel" e "Can

You Feel It?".

Em 1980, Michael Jackson já não fazia parte da banda, tal como um dos seus irmãos, Randy Jackson. Já na idade adulta, Michael grava “Thriller”, “Off the wall”, “Bad”, que chegaram ao topo das vendas.

- O RECETOR

O PÚBLICO DOS JACKSON 5

O seu estilo de música dançável era direcionado para um público jovem e divertido. E por isso junto do público mais adolescente ganharam um leal grupo de fãs, os teenyboppers, termo que se refere a adolescentes que ouviam sobretudo música pop ou rock. Porém não só de jovens se caracterizava o público dos Jackson 5. A influência da música negra no reportório da banda conduziu também a um público grande parte negro. O estilo de música R&B, Soul e Funk, as raízes africanas dos elementos da banda, e a sua origem num país com uma grande percentagem de população negra foram fatores determinantes.

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6 Aquando da assinatura com a Motown, adotou-se uma nova estratégia de comercialização: o estilo de música da banda manteve-se com grandes influências negras mas levemente modificadas, com o objetivo de conseguir atingir um público branco. Desta forma, os Jackson 5 conseguem estender a sua música a uma audiência diferente e mais diversificada. Por volta de 1970 apercebe-se que os Jackson 5 são também capazes de agradar a uma audiência mais velha e para isso “iniciou-se então uma manobra estratégica para integrar os Jacksons no centro da corrente cultural”, entre as quais programa de animação e um documentário televisivo (LATHAM, Carolina, 1985:44).

A banda reúne também um grande público feminino, por serem uma Boys Band, o que incluía: rapazes bonitos, videoclips coreografados, e canções que apelavam ao amor, à diversão e ao fim da guerra. Tudo isto movimentou uma série de raparigas que para além da música, se apaixonaram pelos próprios elementos da banda.

No início dos Jacksons, nos anos 80, época em que a música Can You Feel It foi gravada, todos os elementos eram adultos, e Michel Jackson tinha já um papel relevante na banda. O facto de já não haver crianças, mas só homens, fez com que o desejo e paixão pelos jovens cantores aumentassem, bem como a estratégia da banda.

Apesar de terem surgido nos Estados Unidos da América, a banda não se limitou a terras americanas, rapidamente conseguiu chegar ao público internacional. Em 1972, as digressões eram já a nível mundial.

Mesmo com fim dos Jackson 5 eles são ainda considerados uma das melhores Boy Bands de sempre, tanto pelo público, como pela crítica. A revista norte-americana “Entertainment Weekly” considerou os Jackson, numa lista de vinte lugares, a melhor boys band da história da música. Para além disso, ficaram também em quinto lugar nas boys bands favoritas dos leitores da revista Rolling Stones EUA.

CONTEXTOS

CONTEXTO MUSICAL

Os anos 70 foram uma das décadas em que a música mais se transformou. Eclodiram novos géneros, renovaram-se outros. Surgiram alguns dos músicos mais populares de sempre, mas começou também a desenhar-se a efemeridade da fama. Era a prosperidade do fenómeno pop. É também a década onde os

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7 Rolling Stones atingem o seu auge criativo, tornando-se um dos maiores fenómenos musicais. Não esquecendo que é nesta década que morre Elvis Presley e que se separam os The Beatles. O Mundo começava a procurar por novos fenómenos.

Contudo, a verdadeira revolução musical na década de 70 foi o surgimento da dance music. Conhecida como a “década da discoteca”, a música tornou-se muito popular e todos acorriam às pistas de dança. A dance music acabaria por influenciar a música pop.

A música pop é um fenómeno transcendente às notas musicais. Não existe, por definição, uma sonoridade típica que caracterize a música pop. É sobretudo, um sistema de valores que alia à música uma vertente muito comercial promovendo a imagem, o espetáculo para além da música e, em certos casos, a personalidade. É um tipo de música que, tal como o seu nome indica, tenta chegar a grandes massas de público. Não existe um público-alvo definido, logo pretende a apreciação por um grande conjunto de pessoas. É, por isso, um tipo musical que obtém um grande êxito comercial. Este fenómeno teve nos Jackson 5 uns dos principais impulsionadores e em Michael Jackson o máximo expoente (ficou conhecido como o Rei da Pop).

Na década de 70, na música pop, as palavras aliavam-se ao ritmo. As pessoas procuravam ritmo, balanço e atitude. Esta conjuntura propiciou o aparecimento de músicos que tinham um sucesso muito efémero, alguns deles apenas com uma canção. Começava a época dos “15 minutos de fama”.

Os anos 70 viriam a fomentar a cultura ligada ao fenómeno pop. As influências de imagem que vinham do glam rock, a preocupação instrumental do rock progressivo, além do ritmo acelerado do hard rock ajudaram a construir este estilo musical. Por não ser um estilo muito bem definido, é comum o pop expandir-se a outros estilos, e é nesta flutuação de conteúdos que consegue retirar um pouco de todos os caminhos que percorre.

Na década que se seguiria ao videoclip estudado, a de 80, também o pop viria a crescer em grande proporção, muito por culpa da televisão. É nesta década que surge a MTV e começa a ser desenvolvida a conceção de videoclip moderno. A televisão foi muito importante para a difusão do idealismo pop. Com a televisão, a música popular conseguiu chegar a mais público, além de ter conseguido explorar a sua vertente mais comercial. “(…)É muito duvidoso que a música popular pudesse mudar radicalmente

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como se viu se não fosse pelas mudanças estruturais moldadas pelos desenvolvimentos aparentemente

não relacionados na tecnologia dos mass media” (HIRSCH, Paul M, 1971:12).

CONTEXTO POLÍTICO

Em 1980 o mundo estava mergulhado em plena Guerra Fria, havendo uma clara divisão mundial em dois blocos: o capitalista (apoiado pelos Estados Unidos da América) e o comunista (apoiado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

Em 1980 os Estados Unidos eram presididos por Jimmy Carter, e a União Soviética por Leonid Brezhnev. No ano anterior, a União Soviética tinha invadido o Afeganistão e a guerra não era, de todo, um cenário descartado.

Como tal, tendo existido várias situações de tensão a nível mundial semelhantes às acima descritas desde o final da Segunda Guerra Mundial (1945) até à queda do Muro de Berlim (1989), muitas mensagens de teor político foram sendo passadas ao longo do tempo através de diversos meios como a música, arte, cinema, entre outros.

A MENSAGEM MUSICAL

A semiótica da música estuda o significado musical, através de um procedimento metodológico que analisa os elementos constituintes do discurso: letra e música. Um dos objetivos que se atribui ao discurso musical é a transmissão de uma mensagem a partir da letra.

No entanto existe outro sentido que se atribui ao discurso musical, ainda que não verbalizável ou alheio a uma definição de uma significação. Estamos, portanto, a falar da música, mais precisamente ritmo, melodia, harmonia e arranjo.

ANÁLISE DA LETRA

A canção “Can You Feel It” tem um anunciador que ao longo da canção vai falando ao ouvinte, anunciando que uma mudança no mundo se aproxima. Desta forma, o enunciador apela a sentimentos e valores considerados nobres, por exemplo: o amor, a união, o perdão, a paz.

A música começa com uma pergunta (“Can You feel it?”). Esta pergunta, direcionada ao ouvinte, é repetida vezes sem conta, como se a insistência intensificasse a certeza de que o ouvinte deveria sentir

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9 algo. Inicialmente o enunciador não refere o que é que o ouvinte deveria conseguir sentir, isso só se percebe ao longo da música.

Na segunda estrofe da música, o enunciador fala que se o ouvinte olhar em volta poderá ver o mundo a unir-se. A pergunta “Can you feel it?” repete-se novamente, e aqui, pela primeira vez, percebe-se a que é que o enunciador percebe-se refere: à união do mundo.

Na terceira estrofe, anuncia-se que as cores do mundo deveriam estar-se amando. As cores aqui, que divergem em termos de tons, representam todas as pessoas, que são também diferentes, mas que se deviam de amar, e de aceitar as suas diferenças.

E depois, surgem duas ordens, já que a frase é claramente imperativa. Na primeira ordem o enunciador diz para que o ouvinte leve a mensagem ao seu irmão. (“Take my message to your brother and tell him”). Aqui a palavra “irmão”, refere-se não a um irmão de sangue, mas uma qualquer outra pessoa. Esta terminologia é usada na religião católica já que segundo a mesma todo o Homem é filho de Deus.

Já na quinta estrofe, existem novamente ordens. (“Sing out loud/ Because we want to make a crowd/Touch a hand and sing a sound so pure, salvation/rings”). O verbo cantar desde sempre esteve associado a algo puro e poderoso. Tal como diz o provérbio “Quem canta seus males espanta” e nesta letra onde se refere que o ódio tem de desaparecer, tenta-se passar a mensagem que a força da música conseguirá afastar o mal e unir as pessoas.

Na nona estrofe, tem-se pela primeira vez, uma visão triste do mundo, mas também uma visão atual. (“Every breath you take/Is someone's death in another place/Every healthy smile/Is hunger and strife to another child”). Há quase que uma acusação ao ouvinte: enquanto ele suspira, morre alguém; enquanto ele sorri, uma criança passa fome. Mostra uma visão cruel do mundo, onde apesar de sermos iguais, não o somos nos direitos. Mas, rapidamente, o enunciador, faz surgir a esperança (“But the stars do shine”) com a palavra estrelas, símbolo da verdade, do espírito e de esperança. As estrelas, devido ao seu brilho, representam a luta contra as forças da escuridão. Assim o emissor anuncia que a hora da salvação aproxima-se.

O refrão é composto pela pergunta “Can you feel it?”, repetida seis vezes. Mais do que uma forma de questionar o ouvinte, é uma forma de o preparar para a mudança, para a hora da salvação, para o fim

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10 da fome, da guerra, do ódio, como se isso se sentisse no ar. É quase uma pergunta retórica, que garante que a mudança chegou.

Ao longo das estrofes, o enunciador dá um papel fundamental ao ouvinte. Apesar de, segundo a letra, a mudança estar já a decorrer, e o mundo estar já a unir-se, a verdade é que é o ouvinte que deve espalhar a mensagem. Os Jeovás têm como uma das suas principais missões a evangelização casa em casa. Para isso, baseiam-se nos seguintes versículos: “Jesus ordenou que seus discípulos ‘fizessem discípulos de pessoas de todas as nações’”. (Mateus 28:19, 20). “Quando enviou seus primeiros discípulos, Jesus os orientou a ir às casas das pessoas. (Mateus 10:7,11-13)”. “Após a morte de Jesus, os cristãos do primeiro século continuaram a divulgar sua mensagem “publicamente e de casa em casa””. (Atos 5:42; 20:20). A evangelização é a transmissão da palavra de Deus. O videoclip pode ser também encarado como uma forma de transmitir a mesma mensagem.

ANÁLISE DA MÚSICA

A música Can you feel it inicia-se com a voz do narrador, ao mesmo tempo que ouvimos uma música de fundo, que quase complementa a voz off. O narrador fala cerca de 50 segundos. Depois disso, temos a introdução instrumental da música propriamente dita, onde são apresentados os diversos elementos musicais: bateria, teclado, guitarra e baixo. Posteriormente temos a introdução dos versos cantados. A música é ritmada e dançável, com uma batida repetitiva e sincopada e chega mesmo a ter algum som eletrónico. Tudo isto é complementado pelas vozes agudas e ainda jovens dos Jackson 5. Isto complementa a mensagem da letra da música, porque o dinamismo e o ritmo da música são como a celebração de algo de bom que se aproxima.

A estrutura de Can you feel it compreende seis estrofes, sem contar com os refrões. Para além disso, os sons mais acentuadas e que se repetem mais ao longo da música são os “f” e os “c”, muito presentes no refrão da música. A letra não apresenta também rimas regulares e a pausa entre a estrofe e o refrão é mínima. A voz de Michael Jackson é a que mais se destaca.

ANÁLISE DO VIDEOCLIP

Baseados em duas biografias: "Michael Jackson: The Magic and the Madness"e "La Toya: Growing

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11 dos Testemunhas de Jeová. A sua mãe Katherine Jackson foi batizada em 1963, quando Michael tinha apenas 5 anos. Desde então a família Jackson começou a integrar-se nas reuniões do Reino de Deus, local de adoração dos devotos a Jeová.

Michael foi criado como Testemunha de Jeová e foi sempre um meio ativo até que foi desassociado em 1987, já depois de ter alcançado o sucesso. Na evangelização porta a porta, Michael teve mesmo de usar disfarces para que não fosse reconhecido.

“O Michael e eu fomos muito ativos na fé de Testemunhas de Jeová… Cinco dias por semana nós e a nossa mãe estudávamos a Bíblia em casa e íamos ao Reino de Deus… Todas as manhãs o Michael e eu batíamos às portas por Los Angeles, divulgando a palavra de Jeová… À medida que a fama do meu irmão foi aumentando, ele teve que usar disfarces convincentes, como um fato de borracha que o tornava gordo que ele comprou anos mais tarde…” (JACKSON, La Toya, La Toya: Growing Up in the Jackson Family, 1991:53)

A fama não impediu Michael de continuar com os seus deveres religiosos: ” Em 1984, apesar da sua

grande fortuna e fama, Michael Jackson continuou a evangelização para a fé dos Testemunhas de Jeová “duas vezes por semana, durante uma hora ou duas” segundo Katherine. Ele também assistia a reuniões do Reino de Cristo com a sua mãe quatro vezes por semana quando estava na sua cidade-natal” (TARABORELLI, J.Randy, 2009:269).

Muitos olhavam para Michael como um dos 144 000 mil salvadores do Armagedão. Segundo os devotos a Jeová são estes os que sobreviverão para proclamar o verdadeiro Reino de Deus. Contudo, Michael acabou por ser expulso em 1987 numa altura em que a sua fama e o seu estilo desagradavam aos responsáveis da sua igreja que viam nele plasmados alguns dos principais pecados: a perseguição pela fama e provocação sexual.

Tendo em conta o contexto da produção do videoclip e sendo Michael Jackson o criador da letra e do conceito é importante estudar a sua história. Além disso a visualização e recolha dos vários elementos semióticos levou-nos a símbolos com notação bíblica. Os Testemunhas de Jeová desconsideram os símbolos católicos como a cruz, mas prestam adoração à Bíblia, o verdadeiro livro sagrado.

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12 O videoclip inicia-se com um amanhecer. Aos poucos, a luz do sol sobrepõe-se à escuridão. Concomitantemente, o narrador diz: ”No início, a terra era pura. Até na luz do amanhecer, vocês

podiam ver a beleza nas formas da natureza”.

As primeiras palavras do narrador coincidem com as primeiras palavras da Bíblia Sagrada (Génesis, 1, 1): “No princípio”. Na Bíblia, o Génesis refere-se ao momento da Criação, a altura em que Deus criou o Mundo. É também no Génesis que se fala da criação do Homem e o narrador refere que “Brevemente homens e mulheres de todas as cores e formas estariam aqui também”.

O amanhecer é procedido de um anoitecer. Ou seja, passou um dia. É no Génesis que Deus define o dia e a noite. “Deus disse: “Que exista a luz!» E a luz começou a existir”. (Génesis, 1, 3), ou seja, o amanhecer (o nascer do dia). “ Deus viu que a luz era boa. Deus separou a luz das trevas: à luz Deus

chamou «dia», e às trevas chamou «noite». Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro dia”.(Génesis, 1, 4-5).

A cor preta inunda o ecrã. “No universo existe um preto ainda mais profundo: o que resulta da

ausência absoluta de luz” (HELLER, Eva, 2009:129). É símbolo da total ausência de vida e do vazio.

Depois sobrepõe-se o amarelo do Sol que “tem um efeito leve porque parece vir de cima” (HELLER, Eva, 2009:86).Tal como Deus. E por isso é símbolo da existência de vida. Sem Sol não há vida. As cores do amanhecer são o amarelo, entendido como símbolo de tristeza pois aparece associado, no catolicismo, ao momento em que Jesus é colocado no túmulo; e o azul, cor do infinito, do eterno e do mundo espiritual e angelical. O espírito sobrepõe-se à tristeza. A luz às trevas. O Bem ao Mal.

Também as palavras do narrador remetem para a convivência do Bem e do Mal: “E descobririam que

é fácil não ver as cores, por vezes. E ignorar a beleza entre eles. Mas nunca perderiam de vista o sonho

de um mundo melhor, que pudessem unir, e construir juntos num Triunfo”. O Triunfo é a vitória do Bem

sobre o Mal. Os Testemunhas de Jeová são intitulados “Proclamadores do Reino de Deus”. O Reino que se erguerá após o Armagedão. Os devotos a Jeová acreditam que o Armagedão é o meio através do qual Deus conseguirá alcançar o seu propósito para a Terra. Esta será povoada por seres humanos saudáveis e felizes, livres de pecados e da morte. Serão eles os únicos sobreviventes.

Vemos, do minuto 0:42 a 0:43, uma estrela cadente que atravessa o céu no sentido descendente. Na tradição cristã, a estrela cadente refere-se à estrela de Belém, a estrela que anunciou o nascimento do

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13 Messias e que guiou os três magos até si. A estrela de Belém atravessou os céus de forma ascendente. Contudo, as testemunhas de Jeová vêm a Estrela de Belém como uma obra de Satanás uma vez que ela provocou o plano de Herodes para matar Jesus. Talvez por isso a estrela é apresentada de forma descendente.

Durante o primeiro dia a música é pautada por ritmos calmos que acentuam a ideia do vazio e da ausência de vida. A sonoridade transmite também um mistério que se conjuga com a predominância da cor negra, a cor do desconhecido. Quando ao minuto 0:50 o ritmo se torna rápido e acelerado é marcada a passagem para um plano onde se observa a superfície agitada da água.

Depois existe outra mudança de plano para uma imagem “do interior” da água. Existe uma separação entre “as duas águas”. Essa separação é uma referência aos versículos 6 e 7 do capítulo Génesis da Bíblia a propósito da criação do elemento água: “Deus disse: «Que exista um firmamento no meio das

águas para separar águas de águas!»; Deus fez o firmamento para separar as águas que estão acima do firmamento das águas que estão abaixo do firmamento. E assim se fez”.

A água representa a vida. Sem água não existiria biodiversidade na Terra e até o nosso corpo é composto maioritariamente por água. Por ser fulcral para a vida, a água representa a eternidade. A água assume também uma importância no Catolicismo. É símbolo da pureza e, por isso, é usada no momento do batismo, o momento a partir do qual se consagra a comunhão com Deus. A água é símbolo da presença de Deus.

No minuto 1:00 vemos uma onda inundar a terra seca. A onda começa no horizonte. O horizonte que marca a separação das águas. Podeser estabelecida a analogia com a criação dos elementos terra e mar.

“Deus disse: «Que as águas que estão debaixo do céu se juntem num só lugar e apareça o chão seco». E assim se fez; Deus chamou ao chão seco «terra», e ao conjunto das águas «mar». E Deus viu que era bom”.(Génesis, 1, 9-10). A onda nasce no céu e inunda o visor, dando até a sensação que vai para além

dele. A onda é largada no sentido descendente, assumindo uma trajetória ascendente como se rebatesse no chão. A onda nasce no céu, lugar divino e vai para a terra, lugar do Homem. A água é uma oferta de Deus ao Homem para que ele possa viver e sustentar a vida na Terra.

Do minuto 1:11 ao minuto 1:16 vemos um conjunto de partículas douradas irem numa direção conjunta, como se se unissem no seu destino: o firmamento. É o momento da criação da luz do dia:

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“Deus disse: "Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite; sirvam eles de sinais e marquem o tempo, os dias e os anos, e resplandeçam no firmamento dos céus para iluminar a

terra". E assim se fez. Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para

presidir à noite; e fez também as estrelas”.(Génesis, 1, 14-16). O dourado simboliza a Glória de Deus e

a natureza divina. O divino é também ligado ao azul. É para o azul que se encaminham as partículas. Ao minuto 1:17 vemos o fogo. O fogo é normalmente associado ao Sol, o elemento central da vida. É desse mesmo elemento que, ao minuto 1:20, vão surgir os Jackson 5. O plano em que é filmado dá a sensação que eles descem de um plano superior para a Terra, onde aterram na água. É a chegada dos Proclamadores do Reino de Deus (nome pelo que são conhecidos os devotos a Jeová). Estes seres são iluminados a dourado o que lhes afigura uma áurea divina.

Ao minuto 1:24 vemos os Jackson correr sobre a água. ”Deus disse: "Pululem as águas de uma

multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento dos céus."”( Génesis, 1, 20).

Ao momento 1:28 assiste-se a uma retração da água em direção aos Jackson que continuam iluminados e que proferem um movimento circular que está normalmente associado a um movimento de perfeição, união e plenitude. O ponto simboliza o centro e a divindade. Neste caso, Michael Jackson é o ponto, ou seja, a divindade. Depois do movimento circular baixa-se e recolhe a água para depois a elevar. No topo, nasce, da água, o fogo. Logo existe uma convivência de elementos antagónicos que juntos acabam por se complementar. É também feita uma referência à música que retrata esses conflitos interiores entre o ódio e o amor. Há união. Segundo a letra, o vento está a levar os sentimentos de união para todo o lado.

A partir do minuto 1:42 até ao minuto 1:56 assiste-se a Michael Jackson no centro com os braços abertos e os outros elementos a contemplarem o que está a ser feito. Entre os braços de Michael Jackson são emitidas luzes para o céu, que se vão intensificando até que se constitui uma luz forte. Eram as estrelas: “Deus colocou-os no firmamento dos céus para que iluminassem a terra,” (Génesis,1, 17). As estrelas são a luz que ilumina a noite.

Ao momento 1:56, o videoclip começa a fazer analogia ao quarto dia da Criação. Nos segundos seguintes, o elemento água invade o ecrã e, aos poucos, separa-se para ladear o que aparenta ser um caminho que vai até ao horizonte, de onde é emitida uma luz forte. Este momento de junção dos três

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15 elementos, água, terra e ar relaciona-se com o versículo 20 do Génesis «E disse Deus: Produzam as

águas cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no firmamento do céu». Pelo que já foi

analisado e também à luz do que o videoclip mostra nos segundos e minutos seguintes, podemos ainda interpretar a agitação das águas seguida da explosão da luz dourada como sendo o momento de criação, surgimento, de algo.

Aos 2:10 minutos, nasce um ser dourado no horizonte, como consequência dessa emissão de luz. A criatura surge inicialmente pequena e vai crescendo sempre quase em posição fetal, como se representasse o nascimento. Por isso, podemos entender este ser como sendo a representação do modelo da criação humana. A sua cor dourada está relacionada com a cor do sol, que é um símbolo central do Universo e que representa a vida.

A partir do minuto 2:12, surgem vários pontos de luz (ou pó de ouro) que cercam o ser e que são depois polvilhados sobre uma cidade. Fazendo novamente referência à Bíblia, este pó poderá representar as sementes da criação, como refere a génesis, no versículo 28 “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a

terra e sujeitai-a”.

Ao momento 2:16 o plano de imagem muda completamente e vê-se uma mão esquerda a espalhar sobre a cidade o pó de ouro (semente da criação). A mão esquerda remete, em termos religiosos, para pureza, para a purificação do homem e o afastamento do mal, já que esta é a simbologia associada à mão esquerda de Deus. No segundo seguinte surge uma mão direita que, sendo agora relacionada com a mão direita de Deus, é simbolicamente compreendida como a bênção e a criação do bem. Após estes dois planos, percebe-se que as mãos que espalham o pó dourado pertencem aos elementos dos Jackson 5. Os cinco rapazes são representados como sendo mais altos que os arranha-céus, sendo isso, juntamente com o facto de serem eles a espalhar a semente, uma clara evidência de superioridade. Para além disso, os cinco músicos apresentam-se também de dourado, uma cor associada à vida, e que se relaciona com a função que estão a desempenhar: espalhar a vida.

Aos 3:01 minutos, aparece novamente o ser dourado com formas humanas mais delineadas, com o corpo reto e de braços abertos a dirigir-se para o ponto de origem num cenário que faz lembrar o Espaço. Ao momento 2.38, esse ser explode no horizonte, formando uma massa de água de onde emergem quinze novos seres; dá-se multiplicação do homem. A água representa a fertilidade e é, simbolicamente,

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16 necessária ao processo da multiplicação, daí ser o elemento central da imagem. Fazendo referência à Bíblia, podemos encontrar esta ordem de multiplicação no versículo 26 do Génesis, «E disse Deus:

Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança».

Aos 2:45 minutos, vê-se a cor da água a mudar de azul para verde e os seres que entretanto haviam saído, aparecem em redor de uma espécie de arco-íris circular e acima da água. No Cristianismo o verde é símbolo da regeneração da consciência e da criação. Esta cor também é muitas vezes associada à natureza, exprimindo a vida dada à vegetação e simbolizando o crescimento e a fertilidade, tal como referem os autores do livro “ La imagen, Análisis y representación de la realidad: “El verde se asocia

con el color de la natureza y de la esperanza, de la juventud y de la fertilidad. Se dice que tiene incluso propiedades sedantes y tranquilizadoras” (ACEDO, Sara Osuna, et alli, 2009). Para Aeropagita o verde

é também sinónimo juventude e vitalidade. Estes significados são todos válidos para a análise que está a ser feita, uma vez que o videoclip retrata o momento da criação e a letra da música apela à união e renovamento da consciência da sociedade.

Ao momento 2:54 volta a aparecer um ser dourado, desta vez com formas femininas, que se dirige novamente para o horizonte, ponto de partida e lugar onde se dá uma nova explosão. Como consequência, aparece um rosto feminino no centro rodeado de fogo, que é associado de forma simbólica à masculinidade. Por isso, podemos inferir que esta imagem representa o encontro entre o sexo masculino e feminino, encontro esse necessário para que haja multiplicação. Segundo a Bíblia, Deus “homem e mulher os criou” (Génesis, 1, 27) para que estes se multipliquem. Esta associação entre mulher e homem é representada através de um círculo, sinónimo de “perfección y equilíbrio”(ACEDO,

Sara Osuna, et alli, 2009).

A partir dos 3:06 aparecem três crianças a serem cobertas com o pó dourado e a reagirem todas de modo diferente ao acontecimento: uma fica espantada, outra fica confortada e a outra aparece em posição de reza. As três crianças são de raças diferentes, o que reforça a mensagem que os Jackson 5 pretendem transmitir, que é a de união e igualdade entre povos.

Aos 3.21 minutos, os elementos dos Jackson 5 continuam a espalhar o pó dourado e mantêm-se numa posição superior em relação aos outros. O plano seguinte mostra o pó a cair sobre uma ponte que se ilumina à passagem deste e se transforma num arco-íris. Sendo a ponte um símbolo de união, já que

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17 representa a ligação de dois locais distintos, e sendo também o arco-íris visto como uma ponte que liga dois mundos e como um caminho que conduz o Homem da Terra ao Céu, esta transformação é um indício de que a união está a chegar. Para além disso, o arco-íris forma-se apenas nas ocasiões em que chove e de seguida o Sol aparece. Este facto simboliza novamente a ligação entre a água e a sol, dois elementos antagónicos, mas que, neste caso se complementam, constituindo muita relevância no contexto do videoclip.

A partir dos 3.24 minutos, vê-se um elemento dos Jackson 5 a erguer o arco-íris com as mãos, aproximando-o do céu. O arco-íris, como já foi dito, simboliza um caminho que conduz o Homem da Terra ao Céu. Fazendo o paralelismo com o vídeo, é como se finalmente o caminho de ligação ao céu tivesse sido criado e as pessoas o pudessem percorrer. Várias crianças, símbolo da inocência e pureza, apontam para os céus, como se algo de incrível estivesse a acontecer. No momento 3:44, as mãos do músico incendeiam-se e cria-se de imediato uma chama entre as mãos, como se esse acontecimento fosse capacidade do músico. Logo de seguida, uma enorme massa de água invade o ecrã. Estamos novamente perante a ligação de dois elementos que se contrariam, água e fogo, mas que se complementam, como referido anteriormente. O fogo sobre o arco-íris é apagado pela água, o que continua a ideia já expressa, para além de que este propósito, a convivência de sentimentos opostos, também se verifica as pessoas. De facto, a título de exemplo, tanto podemos sentir-nos tristes como contentes e mudar de estado de espírito com alguma facilidade. Aos 3:49 minutos, aparece um dos elementos da banda com semblante carregado a tocar uns acordes de guitarra. Nesse momento também soam na música umas notas mais fortes e que se destacam. Estendendo a análise do momento anterior a este, podemos entender a situação à luz dos sentimentos e emoções. A expressão de aborrecimento e movimentação do guitarrista aliados aos sentimentos associados ao estilo de música Rock levam-nos a pensar nas sensações de raiva e ódio. A par disso, o facto da figura do guitarrista ser dourada, pode ser importante dado os desenvolvimentos do videoclip e a simbologia que já foi feita relativamente ao dourado.

No momento 3.52, quando o Jackson faz o último acorde, surge um raio de luz igualmente dourado vindo da guitarra e que depois preenche todo o ecrã. No momento seguinte, pequenas bolas de sabão com pessoas dentro começam a surgir vindas do referido foco de luz em direção à cidade. Na história

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Bolhinhas de Amor, de Regina Amélia de Oliveira, uma das personagens fazia todas as noites bolas de

sabão para que as suas palavras chegassem até Deus, já que achava que Ele estava muito longe e que essa era a única forma de ser ouvido. Assim sendo, as bolinhas de sabão representam, de uma forma geral, as preces a ir ao encontro de Deus. Contudo, no videoclip acontece exatamente o contrário. É Deus, representado pela luz, que envia para a Terra as pequenas bolas de sabão que contêm pessoas no interior. As pessoas podem ser interpretadas como sendo mensageiros enviados por Deus, pessoas elevadas. Esta interpretação é coerente com as aceções que vão ser tidas em conta à frente no vídeo sobre o Armagedão, constituindo um indício desse acontecimento.

Ao momento 4:09, é dado a conhecer o plano da cidade, já com as novas pessoas em terra. Dá-se o amanhecer que, segundo as Testemunhas de Jeová, significa o início do Armagedão - "A vereda do justo

é como a luz clara, que clareia mais e mais, até o dia estar firmemente estabelecido" (Provérbios 4:18).

Aos 4.11 minutos, começa a subir o Sol no espaço ao mesmo que tempo que anoitece em Terra. Alguns segundos depois, o Sol incendeia-se e fica tapado. Ocorre um eclipse, sendo apenas visível um arco de fogo resultado desse incêndio do Sol. “O seu eclipse é sinal de desgraça e do fim” como diz o padre José António Antunes. Mais uma vez, a presença de dois elementos antagónicos, Lua e Sol, que se complementam. O sol eclipsado sai do ecrã por uns segundo e volta a aparecer ao minuto 4:29, ainda eclipsado.

Aos 4.33 minutos o plano muda e aparece um aglomerado de pessoas com expressão de medo e preocupação e iluminado pela luz das brasas que saem do sol. Volta a aparecer a imagem do eclipse, que vai alternando com imagens das pessoas cada vez mais assustadas e menos iluminadas. A imagem final mostra as pessoas a baixarem-se apavoradas e a receberem cada vez menos luz, até que o fundo fica preto. A nosso ver, e à luz do que foi dito anteriormente sobre o Armagedão, esse momento representa a chegada do dia em que a Terra sofre uma grande alteração populacional e que apenas sobrevivem os bons, entendidos no videoclip como as pessoas que aterraram nas bolhas de sabão. Por outro lado, os maus serão estes que apareceram apavorados no final e que vão desaparecer. Como diz, em entrevista o padre José António Antunes, “O Armagedão é o Juízo de Deus”.

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CONCLUSÃO

“A união das pessoas é um objetivo constante e um projeto a construir”. Esta frase de José António

Antunes acaba por marcar todo o nosso trabalho. A mensagem que a música e o seu videoclip nos transmitem é a da união. Independentemente das nossas cores, raças, o povo deve unir-se pois só assim será possível a convivência pacífica.

Esta mensagem é fortemente influenciada pela vivência religiosa de Michael Jackson. Apesar da música apelar a sentimentos supra-religiosos de fraternidade e união, a verdade é que toda a conceção do videoclip anda em redor de símbolos bíblicos. José António Tavares diz que “A Bíblia quando entendida

como deve ser é ocasião de unidade entre as pessoas”. A Bíblia é o grande instrumento da adoração dos

Testemunhas de Jeová, religião que Michael pertencia na altura da realização do vídeo. Este fator é determinante para a perceção da mensagem transmitida. Esta é a chave dos contextos que rodeiam o videoclip.

Segundo António Pinheiro, “Michael Jackson é o tipo de artista que marca a história da música, por

três factores fundamentais: está sempre um passo à frente; introduz algo de novo e é factor de mudança e abre portas para outros artistas”. Foi ele quem sugeriu o conceito e foi ele que escreveu a música.

“Can you feel it?” é uma obra que pretende transmitir a ideia de que apesar das diferenças, todos podemos conviver em paz. Ao longo do vídeo, elementos aparentemente antagónicos convivem entre si para se complementarem. Devia ser assim com o Homem. Também ele tem de lidar com sentimentos opostos mas o esforço da paz e da união pode ajudá-lo a gerir melhor os seus dilemas interiores e em sociedade.

A simbiose entre som, imagem e dança constitui o nosso objeto de estudo e a sua análise foi a peça fulcral de todo o trabalho. A proposta de interpretação que propomos é uma proposta com uma conotação religiosa, nomeadamente, à religião dos Testemunhas de Jeová. O grupo de trabalho concordou nesta abordagem desde as primeiras reuniões de trabalho.

Em suma, esta realidade de análise semiótica constitui um grande desafio para todos nós pois exigiu um grande domínio da matéria lecionada para que pudéssemos apresentar justificações fundamentadas teoricamente. Julgamos que o produto final vai de encontro ao pretendido pois conseguimos aplicar tudo o que fomos aprendendo.

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BIBLIOGRAFIA

Bíblia Católica;

MORRIS, Charles, 1959, Foundations of the Theory of Signs;

PEIRCE, Charles Sanders, 1977, Semiótica, São Paulo: Editora Perspectiva; LATHAM, Carolina (1985). “Conhecer melhor Michael Jackson”. Dom Quixote;

JACKSON, Davis J. (2009). “The Influence of Pop Culture on Young Adult Political Socialization”. Peter Lang;

RADOS, Milan (1985). “Mundo e Comunicação, Uma História Política Contemporânea”. Edições Afrontamento;

CARDENAL, Jozieli Camila; GIARETA, Gustavo (2009). “A simbologia das cores na interpretação de uma mensagem” in http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sul2009/resumos/R16-0842-1.pdf;

JACKSON, La Toya; ROMANOWSKI, Patricia (1991), “La Toya: Growing Up in the Jackson

Family”;

TARABORELLI, J.Randy (2009), Michael Jackson: The Magic and the Madness; HELLER, Eva (2009), A psicologia das cores, Editorial Gustavo Gili;

HIRSCH, Paul M.; “Sociological approaches to the Music Pop Phenomenon”.

WEBGRAFIA

PRODUÇÃO INTERSEMIÓTICA DE SENTIDO E DE PRAZER:Uma análise do videoclipe “The zephyr song”-

http://seer.fclar.unesp.br/casa/article/view/546/467

Análise semiótica do clip de This is the new shit de Marilyn Manson –

http://www.fflch.usp.br/dl/semiotica/es/eSSe2/2006-eSSe2-D.L.CANDEIAS.pdf

Por uma metodologia de análise mediática dos videoclipes: Contribuições da Semiótica da Canção e dos Estudos Culturais –

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21 http://www.unirevista.unisinos.br/_pdf/UNIrev_Soares.PDF

Narración y Descripción en el Videoclip Musical –

http://www.www.razonypalabra.org.mx/anteriores/n56/asedeno.html

PARA LEER EL VIDEOCLIP, Ignacio Pérez Barragán – http://bidi.unam.mx/libroe_2007/1022941/06_c02.pdf

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ANEXOS

Anexo 1 - Ficha Técnica do Videoclip

Música:

Data gravação: março, 1980

Data lançamento: 22 setembro 1980 Álbum: Triumph

Letra: Jackie e Michael Jackson

Cantores principais: Michael e Randy Jackson Arranjos: Michael & Jackie Jackson

Teclado: Greg Phillinganes, Ronnie Foster Guitarra: Tito Jackson, David Williams Baixo: Nathan Watts

Bateria: Ollie E. Brown

Coordenador e diretor do coro: Stephanie Spruill

Vídeo:

Realizadores: Bruce Gowers and Robert Abel Data lançamento: 1981

Efeitos especiais: Robert Abel and Associates Conceito: Michael Jackson

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Anexo 2 - Entrevista a José António Antunes, padre das paróquias de São Paio e de São Sebastião e

arciprestado de Guimarães e Vizela, presidente da direção da Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) e professor na Escola Secundária Francisco de Holanda

O que é que o sol e a água significam de acordo com a Bíblia?

A lua era fonte de luz, medida do tempo. Entre os povos orientais, a revolução dos astros constituía, desde tempos antigos, o fundamento da cronologia. Em Israel, os cálculos faziam-se sobretudo pelo ano lunar( 254 dias= 12 semanas cada uma de 29 ou 30 alternadamente). Se, no entanto, se tivesse seguido o ano lunar sem atender ao ano solar, as festas, no decurso de 30 anos, teriam passeado pelo não inteiro. Para evitar esta situação, também se introduzia em Israel, em tempo oportuno, um mês intercalar, como se fazia na Mesopotâmia; o Antigo Testamento nada diz a este respeito. Alguns grupos de judeus tinham uma divisão diferente do ano:1 ano= 364 dias= 52 semanas de 7 dias cada uma. A lua era a causa da fertilidade, do crescimento, da chuva, da saúde, da morte. A lua nova era festivamente saudada. No Antigo Testamento, a Lua é apresentada expressamente como criatura de Deus (Génesis: 1,16). No Antigo Oriente, o culto da Lua estava muito estendido: nele a Lua era venerada como uma divindade; para a sua difusão em Israel podemos ver em Jeremias 8,2 -Haran era um centro de culto da Lua. Em muitas descrições do fim dos tempos, a Lua desempenha um papel: obscurecer-se-á (Marcos 13,24), tornar-se-á vermelha como sangue (Apocalipse 6,12), brilhará como o sol (Isaias 30,26) ou desaparecerá completamente (Apocalipse 21,23).

O sol é, segundo o Livro do Génesis (Gn 1,16)” o grande luzeiro”. É considerado uma criatura de Deus, mas ele próprio não é divino, como se supunha por exemplo no Egipto e na Babilónia. O Sol é relacionado com a sua função (dador de luz). O seu calor é temido. O seu eclipse é sinal de desgraça e do fim (Apocalipse 6,12). A Sagrada Escritura descreve o Sol segundo as aparências: a terra está no meio, o Sol nasce e põe-se (levanta-se e afunda-se).

E a união dos povos? Em que altura da Bíblia surge?

A união das pessoas é um objetivo constante e um projeto a construir. Veja-se o caminho que tem sido feito ultimamente pelos Papas Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI. Todos procuram com iniciativas

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24 levadas a efeito a unidade de todos os homens. Em Assis com dezenas de profissões religiosas, os encontros feitos com pessoas de diferentes culturas e religiões na procuram da unidade respeitando as diferenças. Jesus Cristo deixou o mandamento do amor e que é ele senão o desejo de que todos caminhemos para a unidade?

No videoclip encontramos representados os dias da criação, do livro de Génesis do Antigo Testamento. De que forma é que estes contribuíram para a união dos povos?

Indo ao princípio da bíblia, os três primeiros capítulos do Génesis são dos mais importantes, mais estudados e discutidos de toda a Bíblia. Desde que a exegese descobriu o valor positivo do género literário “mito”, os autores esforçam-se por descodificar a sua estrutura e encontrar o denominador comum dos mesmos. O autor Northrop Frye, um dos mais conceituados críticos da Literatura estuda a Bíblia a partir das suas grandes narrativas míticas e metafóricas, que vieram influenciar, em grande parte, a literatura ocidental. Segundo ele, “há uma identidade entre mitologia e literatura, e no modo como as estruturas do mito, os contos populares, as lendas e géneros afins, seguem dando forma às estruturas literárias. A função fundamental do mito é de tipo social e, como tal,”cada sociedade humana possui uma mitologia herdada, transmitida e diversificada pela literatura”. A literatura deriva do mito, principio que dá à literatura o seu poder de comunicação ao longo dos séculos e através de todos os câmbios ideológicos. Adotar o principío de identidade entre mitologia e literatura implica prestar muita atenção às ligações entre literatura e religião. Sem esquecer que a literatura é uma faceta da cultura que provêm de uma época em que a palavra “religião” cobria uma franja do espectro cultural muito mais vasta do que agora. A.Couto como praticamente todos os exegetas modernos sobre a narrativa de Génesis 1,1-2,4concorda com a leitura mítico religiosa mas realça o próprio da Bíblia. Sobre Génesis 1,2 onde aparece o caos primitivo que os autores comparam com os mitos mesopotâmicos António Couto é do parecer que as comparações são apenas de nível literário mas não temático. Ao contrário dos mitos mesopotâmicos e gregos, nas descrições bíblicas é Deus que preexiste e não a matéria; não é Deus que nasce mas exatamente o contrario. Na Bíblia, a criatura é mais antiga do que a natureza.

A cosmologia primitiva dos tempos do autor é utilizada para ensinar a criação de todas as coisas por Deus. Insiste-se no poder absoluto da transcendência divina. Enquanto nos poemas pagãos descrevem a

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25 criação como o resultado de uma luta entre os deuses e as forças do caos, o relato bíblico sublinha a tranquila atividade do Deus único. Nos mitos pagãos muitos destes termos descrevem o caos primitivo, donde surgiram os deuses o “vazio informe”, a Baau fenícia, a deusa mãe noturna.

É uma linguagem muito técnica esta que usei atrás (propositada!) mas para se perceber os textos bíblicos temos de facto de fazer uma exegese que tenha em conta os géneros literários para não cairmos em erros graves como há muitos anos acontecia, v.g. Adão e Eva serem criaturas realmente existentes quando são figuras míticas para explicar realidades para além das próprias palavras. A Bíblia não é um jornal diário com notícias acontecidas ontem. Não é um compêndio de ciências ou física.

A Bíblia quando entendida como deve ser ela é ocasião de unidade entre as pessoas. Quando queremos ver na Bíblia informações físicas, científicas ou outras é evidente que em vez de elemento de união ela torna-se de desunião mas isso por nossa culpa porque não sabemos ler. Não usamos a crítica literária. Não entendemos os géneros literários que o autor sagrado usou. Não nos inculturamos com o autor tendo em conta para quem se dirigia, a linguagem que usava, o objetivo que pretendia.

Qual é o papel do Messias?

O Messias designa o Ungido de Deus no sentido cultual e metafórico, por exemplo: o rei, o sumo-sacerdote, o Messias futuro. A esperança num Messias rei aparece não antes do tempo dos Reis, sobretudo pela fé na promessa de Javé e pela critica à realeza existente. No decurso do tempo, acentua-se a crítica e cresce a esperança. Um dos pontos culminantes é a profecia de Isaías. Miqueias evita o titulo de rei. O Messias deve nascer da raiz de Isaí (=pai de David) portanto não da dinastia reinante. A destruição de Jerusalém(586 a.C.), o colapso da realeza e o exílio criam novos pressupostos: a esperança já não pode dirigir-se à cidade e ao rei. Com isto começam três direcções da teologia do Messias:

Alguns esperam, apesar de tudo uma restauração politica. Estes vêem uma confirmação (por exemplo, no começo do domínio dos Macabeus), cultivam o ódio contra a potencia ocupante romana e os seus colaboradores(zelotes), aclamam Messias o chefe da última revolta impotente(até 135 a.C.).

Outros têm esperança paciente e pacifica com uma grande fidelidade à Lei: Ele enviará depois o Messias.

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26 A imagem do Messias de outros está marcada pela imagem do servo de Deus ou espera—se um novo Moisés.

O Novo Testamento anuncia: Jesus é o Messias (= o Cristo). Quem se declarasse partidário desta mensagem tinha de introduzir correções na sua conceção do Messias: são rejeitadas pretensões politicas de poder.

Descobrimos ainda que a parte final do videoclip retrata o Armagedão. Como interpreta este momento Bíblico?

O Armagedão é o Juízo de Deus. Segundo o Apocalipse 16,16 três espíritos demoníacos reúnem os reis da terra na localidade Armagedão para lutarem contra Deus. Alguns interpretam o nome Armagedão como monte(=har) de Megido. Mas na Sagrada Escritura só se fala da planície de Megidoç. Outros pensam em “har mo ‘ed” (nome da assembleia, alusão a Isaias 14,13). Outros pensam na ligação de várias ideias (por exemplo: Megido como campo de batalha: os montes de Israel, como lugar da derrota de Gog).

O livro do Apocalipse- o último de toda a Bíblia- é, talvez o texto bíblico que mais discussão tem levantado ao longo dos tempos tanto nas igrejas cristãs como fora delas. Não estamos perante uma narrativa histórica, à semelhança dos evangelhos ou dos profetas. Não são cartas como as de Paulo nem poesia como os Salmos ou o Cântico dos Cânticos. Estamos diante de uma narrativa apocalíptica que só tem paralelo, a nível literário com o Livro de Daniel e outras obras apocalípticas judaicas intertestamentárias que nos podem ajudar na compreensão do respetivo género literário.

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Anexo 3 – Entrevista com António Pinheiro. António Pinheiro tem 33 anos, obteve a sua formação

musical na Escola de Música da Sociedade Filarmónica de Crestuma, na qual foi também docente e na Fundação Conservatório Regional de Gaia, onde, entre outros, teve como mestre o Professor Saúl Silva.

É clarinetista (solista B) na Banda Musical de Souto (Santa Maria da Feira), saxofonista e clarinetista na Orquestra Ligeira Vale do Sousa Big Band (Paredes). Em 2011 foi um dos fundadores da orquestra “Invicta Big Band”, da qual é Director Musical.

Possui uma larga experiência a nível do ensino da música sendo, alguns dos seus antigos alunos, músicos de mérito reconhecido.

Que importância atribui a Michael Jackson na "História" da música?

O Michael Jackson é o tipo de artista que marca a história da música, por três factores fundamentais: está sempre um passo à frente; introduz algo de novo e é factor de mudança e abre portas para outros artistas.

Isto são características comuns a todos os nomes imortais na História da Música e que conferem a estas figuras uma importância ainda maior, numa era em que tudo parece formatado. E isto deriva desse estilo próprio que o MJ cultivou.

Olhando à era musical dos anos 80, pode-se dizer que o MJ foi uma das principais referências ou figuras?

Não só nos anos 80, mas ainda hoje. Todo o seu trabalho é uma referência para áreas tão diversas da música como o Pop, a Soul, o R’n’B e até mesmo o Jazz (Miles Davis fez versões de músicas do MJ). Ou seja, as suas músicas atravessam épocas e estilos. Conseguimos ouvir as músicas do “Thriller”, por exemplo, e senti-las como actuais e não datadas.

Para si, qual foi o melhor álbum de MJ ? E single ?

Há dois álbuns que gosto muito: o Thriller e o Bad. Talvez o melhor seja o Thriller, pois de uma ponta a outra são todas grandes canções. E tem a produção genial de Quincy Jones. Relativamente a singles, aprecio muito o Bad e o Black or White, este último principalmente pelo videoclip que o acompanha.

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