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CONDICIONANTES DO CONHECIMENTO DO DIAGNÓSTICO MÉDICO EM TRÊS SERVIÇOS PSIQUIÁTRICOS

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RESUMO: RESUMO: RESUMO: RESUMO:

RESUMO: O diagnóstico psiquiátrico é essencial para planejamento, acompanhamento e evolução terapêutica. Objetivou-se conhecer possíveis condicionantes do conhecimento do diagnóstico médico em três Objetivou-serviços psiquiátricos (Unidade de Emergência-UE, Ambulatório e Núcleo de Atenção Psicossocial-NAPS) de Ribeirão Preto. Foram entrevistados 125 pacientes e seus familiares (n= 750) em 2007. Analisaram-se indicadores psicossociais e clínicos segundo a variável dependente concordância entre os diagnósticos informados pelo paciente, pelo acompanhante e registrado no prontuário. Na regressão logística, foram mantidas as variáveis com coeficientes diferentes de zero (((((α = = = = = 0,05). Como elemento de comparação utilizou-se a Odds Ratio. As concordâncias nos três serviços foram: 22,4% na UE; 26,4% no NAPS e 24,8% no Ambulatório. As variáveis com predição significativa foram idade, sexo, escolaridade, internações prévias, doenças severas e tratamento tal como referidos em outros estudos. Concluiu-se que o conhecimento do diagnóstico médico pelos usuários estava condici-onado diferentemente nos três serviços, merecendo atenção dos profissionais.

Palavras-Chave Palavras-Chave Palavras-Chave Palavras-Chave

Palavras-Chave: Diagnóstico; serviços de saúde mental; enfermagem; família.

ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT

ABSTRACT: : : : : Psychiatric diagnosis is essential to planning, follow-up, and therapy evolution. This study aims at identifying possible factors conditioning patients’ knowledge of their diagnosis in three psychiatric services (Emergency Unit - EU, Outpatient Clinic, and Psychosocial Care Center - NAPS) in Ribeirão Preto, SP, Brazil. We interviewed 125 mental patients and their relatives (n= 750), in 2007. We analyzed psychosocial and clinical data on the basis of the dependent variable agreement among diagnoses informed by patient, relatives, and records. In logistic regression, variables were maintained with coefficients different from (((((α = = = = 0.05). The Odds Ratio was used for comparison. Agreement levels at the= three services were as follows: 22.4% (EU); 26.4% (NAPS) and 24.8% (Outpatient Clinic). Logistic regressions presented significant effects according to the Chi-Square test. The following variables displayed significant prediction power: age, gender, education, earlier hospitalizations, severe illnesses, and treatment, as referred in other studies. We concluded that users’ knowledge of medical diagnosis was conditioned differently at the three services, fact which deserves, therefore, professional acknowledgement and attention.

Keywords Keywords Keywords Keywords

Keywords: Diagnosis; mental health services; nursing; family.

RESUMEN: RESUMEN: RESUMEN: RESUMEN:

RESUMEN: El diagnóstico psiquiatrico es esencial para un planteamiento, acompañamiento y evolución terapéutica. El objetivo fue conocer posibles condicionantes del conocimiento del diagnóstico en tres servicios psiquiátricos (Unidad de Emergencia-UE, Ambulatorio y Núcleo de Atención Psicosocial – NAPS) de Ribeirão Preto-SP-Brasil. Fueran entre-vistados 125 pacientes y sus familiares (n= 750) en 2007. Fueran analizados los indicadores psicosociales y clínicos según la variable dependiente concordancia entre los diagnósticos informados por el paciente, por el acompañante y registrado en el prontuario. En regresión logística, se mantuvieron las variables con coeficientes diferentes de cero (((((α ===== 0,05). Como elemento de comparación se empleó la Odds Ratio. Las concordancias en los tres servicios fueron: 22,4% en la UE; 26,4% en el NAPS y 24,8% en el Ambulatorio. Las variables con predicción significativa fueron edad, sexo, escolaridad, internaciones previas, enfermedades severas y tratamiento tal como referidos en otros estudios. Se concluye que el conocimiento del diagnóstico médico por los usuarios estaba condicionado diferentemente en los tres servicios, debiendo haber mayor atención por parte de los profesionales.

Palabras Clave Palabras Clave Palabras Clave Palabras Clave

Palabras Clave: Diagnóstico; servicios de salud mental; enfermería; familia.

C

ONDICIONANTES DO

C

ONHECIMENTO DO

D

IAGNÓSTICO

M

ÉDICO EM

T

RÊS

S

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SIQUIÁTRICOS

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ACTORS

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C

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D

IAGNÓSTICO

M

EDICO

EN

T

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S

ERVICIOS

P

ÚBLICOS

P

SIQUIÁTRICOS

Jair Licio Ferreira SantosI

Antonia Regina Ferreira FuregatoII

Vera Lúcia Mendiondo OsinagaIII

IProfessor Titular do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São

Paulo, Brasil. E-mail: jalifesa@usp.br.

IIProfessora Titular do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. E-mail:

furegato@eerp.usp.br.

IIIDoutora em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil.

E-mail: wosinaga@terra.com.br.

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tação dos quadros descritos, a lista dos sintomas que não contemplam todas as queixas, sendo alguns superpostos, o que provoca uma estabilidade relativa dos cos, havendo inclusive discordância entre os diagnósti-cos psiquiátridiagnósti-cos feitos pelo médico clínico e o psiquia-tra e mesmo entre psiquiapsiquia-tras10-13.

Características dos psiquiatras envolvendo con-cepções teóricas, experiência profissional, influênci-as interpessoais, clinfluênci-asse social, além dos recursos utili-zados neste processo como técnica de entrevista, per-cepção de patologia, peso atribuído aos sintomas e sistema de classificação utilizado são algumas das pos-síveis interferências na divergência entre diagnósti-cos médidiagnósti-cos, inclusive do mesmo psiquiatra em dife-rentes fases de sua vida profissional9-13.

Apesar de terem ocorrido mudanças nos siste-mas classificatórios e avanços nos métodos diagnósti-cos, as entrevistas formais para anamnese com exame físico e mental continuam sendo os melhores recursos de que os profissionais dispõem para a obtenção de dados, acompanhamento e avaliação dos pacientes em psiquiatria. Através da entrevista psiquiátrica, esta-belecem-se as hipóteses diagnósticas, embora, em al-guns casos, o diagnóstico só é definido no transcurso do acompanhamento de cada paciente. Esses procedi-mentos são essenciais para o planejamento, acompa-nhamento e evolução terapêutica14-16.

Numa pesquisa de programas profissionais para ajudar pessoas com doenças psiquiátricas severas a conhecer mais sobre seu diagnóstico e sua doença e a lidar com os medicamentos e seus efeitos, foram ava-liadas diversas técnicas de abordagens. Os resultados mostram redução da severidade de sintomas psiquiá-tricos, diminuição das internações e aumento da au-tonomia e adesão aos tratamentos entre aqueles me-lhor informados17.

M

ETODOLOGIA

T

rata-se de estudo

exploratório-descritivo,

re-alizado na rede de serviços psiquiátricos da cidade de Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo. Esta investi-gação focalizou a Unidade de Emergência do Hospi-tal de Clínicas da FMRP-USP (UE), o Núcleo de Atenção Psicossocial (NAPS) e o Ambulatório Re-gional de Saúde Mental (ARSM), após aprovação do projeto em Comitê de Ética e Pesquisa (HCRP-7261) e concordância dos serviços para realização do estu-do e divulgação estu-dos resultaestu-dos.

A coleta dos dados ocorreu através de aborda-gem pessoal aos 125 portadores de doença mental e seus respectivos acompanhantes, atendidos durante dois meses em cada um dos três serviços de atenção à saúde mental, na referida cidade, perfazendo 375 pa-res de informantes (n=750). Os familiapa-res, entre 21 e 90 anos, em sua maioria — 288(77%) —, residem com o paciente entrevistado, sendo 90% mães e es-posas. Não foram incluídos na amostra os pacientes em atendimento por uso de álcool e outras drogas.

I

NTRODUÇÃO

O

cuidado de

enfermagem concentra grande

res-ponsabilidade nas ações técnicas ligadas ao arsenal farmacológico, ao conforto e higiene e às técnicas de

observação do comportamento do paciente1.

Além disso, a enfermagem tem papel de grande re-levância no estímulo à autonomia do portador de trans-torno mental na orientação feita para o autocuidado, in-formando e orientando sobre o diagnóstico, a doença, os transtornos e os serviços disponíveis para acompanha-mento e demais recursos na comunidade2,3.

No adequado acompanhamento do portador de doença mental, a enfermagem valoriza tanto o conhe-cimento do diagnóstico médico como da terapêutica medicamentosa usada por parte do paciente e por seus familiares. Considera que a correta informação ofere-cida aos usuários destes serviços pode ser um dos fato-res fato-responsáveis pela adesão ao tratamento4.

Em pesquisa realizada em três serviços de aten-ção psiquiátrica, constatou-se que era alto o índice de desconhecimento do diagnóstico, tanto pelo pa-ciente como por seu familiar, havendo discordância com relação ao diagnóstico médico registrado no

prontuário do paciente5,6, o que motivou a

investiga-ção de possíveis condicionantes do conhecimento do diagnóstico pelos próprios portadores de trans-torno mental e seu familiar.

O objetivo deste estudoIV foi identificar

variá-veis que pudessem explicar a discordância entre co-nhecimento do diagnóstico de transtornos mentais por parte do paciente e de seu familiar, em relação ao diagnóstico registrado no prontuário médico, em três serviços psiquiátricos.

R

EFERENCIAL

T

EÓRICO

A

classificação das

doenças muda na medida em

que o conhecimento avança. O diagnóstico psiquiá-trico compreende procedimentos de observação e coleta de informações de outras fontes para identifi-car uma condição clínica e formular hipóteses etiológicas e patogênicas.

O diagnóstico psiquiátrico baseia-se na utilização de critérios operacionais e diretrizes diagnósticas como as fornecidas na última edição da Classificação Interna-cional das Doenças (CID10) pela Organização Mundial

de Saúde7 (OMS) e pelo Manual de Diagnóstico e

Esta-tística em Saúde Mental (DSM-IV), organizado pela Associação Norteamericana de Psiquiatria8, para se

ob-ter mais uniformidade e objetividade no processo. Estes sistemas diagnósticos são categoriais e consideram os transtornos mentais como alterações qualitativas para os diferentes quadros nosológicos, o que difere de uma análise dimensional, mais qualitativa, que se expressa pelo grau de intensidade da manifestação dos sintomas9.

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fragmen-VVVVV A R I Á V E I SA R I Á V E I SA R I Á V E I SA R I Á V E I SA R I Á V E I S R E F E R Ê N C I AR E F E R Ê N C I AR E F E R Ê N C I AR E F E R Ê N C I AR E F E R Ê N C I A C O N T R A S T EC O N T R A S T EC O N T R A S T EC O N T R A S T EC O N T R A S T E

INDEPENDENTES INDEPENDENTES INDEPENDENTES INDEPENDENTES INDEPENDENTES

Sexo Masculino Feminino

Estado civil Não solteiro Solteiro

Escolaridade Até primário incompleto Primário completo e mais

Grau de parentesco Pai/mãe/filho/irmão Outros

Queixa Consulta/pegar medicação Outros

Doenças severas Depressão/transtorno bipolar/

esquizofrenia/ansiedade Outros

Tratamento Apenas medicamentoso Outros

Internações prévias Nenhuma Uma ou mais

Idade Menos de 40 anos 40 anos e mais

FIGURA 1 FIGURA 1 FIGURA 1 FIGURA 1

FIGURA 1: Relação das variáveis utilizadas para estudo das regressões logísticas referentes à informação dos sujeitos sobre diagnóstico psiquiátrico

V V V V

VARIÁVEISARIÁVEISARIÁVEISARIÁVEISARIÁVEIS DEPENDENTE DEPENDENTEDEPENDENTE DEPENDENTEDEPENDENTE (RESPOSTA) CONCORDÂNCIA (entre informação do paciente, do acompanhante e do médico sobre o diagnóstico) CONTRASTE CONTRASTECONTRASTE CONTRASTECONTRASTE Concordam. (As três informações coincidem) REFERÊNCIA REFERÊNCIAREFERÊNCIA REFERÊNCIAREFERÊNCIA

Não concordam. (Há no máximo duas informações coincidentes) Os internados com dificuldades de comunicação, em

função do surto, eram abordados após a crise ter sido controlada. Vale registrar que 10 sujeitos recusaram-se a participar. Os voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a

Resolução no 196/96.

Todos os encontros, que duraram em torno de 50 minutos, foram conduzidos individualmente no próprio serviço e os formulários foram preenchidos por uma enfermeira/doutoranda na presença dos su-jeitos, evitando-se perda de informações. Utilizou-se a escala de medida de opinião (EMO), testada e validada, bem como o questionário de caracterização dos portadores de transtorno mental (QCP) e o ques-tionário de caracterização dos familiares (QCF)5,6. Os prontuários foram consultados para coletar ape-nas o diagnóstico médico registrado.

Os 750 questionários foram objeto de diversas análises tal como o perfil sociodemográfico e clínico da população estudada, a opinião dos sujeitos sobre saúde/doença mental e assistência psiquiátrica nos três serviços de atenção psiquiátrica5,6,18.

Devido às possíveis causalidades e inter-rela-ções observadas entre as variáveis sobre diagnóstico optou-se por realizar uma análise multivariada para os três locais, separadamente, uma vez que cada um dos serviços apresenta clientelas e situações peculia-res. A relação das variáveis do estudo referentes à informação dos sujeitos sobre o diagnóstico psiquiá-trico é mostrada na Figura 1.

A variável dependente foi definida como uma variável binária, assumindo os valores zero (não há concordância entre o registro do diagnóstico médi-co e o diagnóstimédi-co informado pelo paciente e seu

familiar) e um (há concordância entre as três infor-mações). As variáveis independentes foram selecionadas a partir de indicações de estudos ante-riores5,6,18 transformadas em binárias.

O modelo empregado foi o de regressão logística

por passos19. O processo foi iniciado com todas as

variáveis presentes, sendo mantidas apenas aquelas cujos coeficientes eram diferentes de zero, ao nível de significância de 5%. Como elemento de comparação utilizou-se o Odds Ratio.

R

ESULTADOSE

D

ISCUSSÃO

C

omparando-se os

dados sobre o diagnóstico

psiquiátrico informado pelos pacientes, informa-do pelos familiares e o diagnóstico registrainforma-do no prontuário confirmaram-se divergências.

A maior frequência corresponde à dis-cordância entre as fontes de informação, espe-c i a l m e n t e n a U n i d a d e d e E m e r g ê n espe-c i a — 134(35,7%). Observa-se, também, concordân-cia entre as três fontes de informação, no todo — 92(24,5%) e, especialmente, no NAPS — 33(26,4%). A concordância mais baixa obser-vada situa-se na comparação das informações registradas no prontuário médico e os portado-res, sendo especialmente baixo no Ambulató-rio — 7(5,6%). Vale ressaltar que no Ambula-tório se encontra a maior concordância entre portador de transtorno mental e seu

acompa-nhante — 35(28%)5,6. Ver Tabela 1.

O resultado da análise por passos permitiu man-ter as variáveis tratamento e doenças severas para a Unidade de Emergência (Odds Ratio em 3,86 e 0,05),

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servou-se neste estudo, a frequência da busca de tra-tamento para doenças mentais diminui com a idade, havendo relatos de que o comportamento de busca de ajuda se concentra entre os 25 e os 44 anos de idade e depois declina16,20.

O grau de instrução exerce influência sobre a capacidade de uma pessoa interagir eficazmente com outras e com problemas do seu cotidiano em situa-ções mais complexas. Neste estudo, observou-se que os indivíduos com maior nível de escolaridade usam os serviços de saúde mental com maior frequência, diminuindo as possibilidades de agravos à saúde. Da mesma forma, o grau de instrução tem se mostrado mais importante do que a renda na determinação do

uso de serviços de saúde mental6.

A escolaridade dos participantes deste estudo, aci-ma do primário, indicou acordo com o conhecimento sobre o diagnóstico da sua doença. A escolaridade do paciente obteve índice 4,9 vezes maior no NAPS e 3,4 no Ambulatório, o que resulta na probabilidade de ade-quado conhecimento sobre seu diagnóstico.

Talvez pelo fato de o diagnóstico ser mais espe-cificado, tal como esquizofrenia, depressão e trans-torno bipolar, a probabilidade de conhecimento do mesmo por parte do portador e pelo familiar resultou 20 vezes maior do que quando não especificado pelos sujeitos da UE e 4,5 vezes pelos frequentadores do NAPS (Odds Ratio 0,05 e 0,22).

Também evidenciou-se que ter o diagnóstico de doenças mentais consideradas severas e ter sido in-ternado anteriormente são condições que aumentam as variáveis escolaridade, internações prévias e doenças

severas (4,90, 3,43 e 0,22) sendo o p significante quan-do se referiam ao NAPS. No Ambulatório Regional de Saúde Mental foram mantidas as variáveis idade, sexo e escolaridade com Odds Ratio em 0,37, 3,68 e 3,37. Isso confirma que variáveis com predição signi-ficativa foram encontradas nos três serviços. Aque-las que se repetem são escolaridade (no NAPS e no Ambulatório) e doenças severas (na UE e no NAPS). Observou-se também que no NAPS houve duas va-riáveis com predição significativa, escolaridade e pre-sença de doenças severas.

A escolaridade do paciente foi uma variável que se destacou em dois serviços. Quando era superior ao pri-mário incompleto, resultava na probabilidade do ade-quado conhecimento do diagnóstico ser 4,9 vezes maior para os sujeitos do NAPS e 3,37 vezes no Ambulatório.

Ter menos de 40 anos mostrou-se importante apenas entre os pacientes do serviço ambulatorial vis-to que aumenta a probabilidade de conhecimenvis-to do diagnóstico (Odds Ratio = 0,37), assim como o núme-ro de internações prévias no NAPS e o tratamento apenas medicamentoso na Unidade de Emergência.

Nos resultados deste estudo, verificou-se que transtorno mental tende a aumentar no início da fase adulta, pois a maioria da população estudada estava nesse período da vida, tal como relatado na literatu-ra13,16,20-22. A idade na qual uma pessoa desenvol-ve um distúrbio mental representa o índice de sua tolerância à frustração ou ao conflito. Tal como

ob-Local da pesquisa Local da pesquisa Local da pesquisa Local da pesquisa Local da pesquisa Unidade Unidade Unidade Unidade

Unidade Núcleo deNúcleo deNúcleo deNúcleo deNúcleo de d e

d e d e d e

d e AtençãoAtençãoAtençãoAtençãoAtenção AmbulatórioAmbulatórioAmbulatórioAmbulatórioAmbulatório TTTTTotalotalotalotalotal Emergência

Emergência Emergência Emergência

Emergência PsicossocialPsicossocialPsicossocialPsicossocialPsicossocial

TABELAABELAABELAABELA 1ABELA 1 1 1 1: Distribuição das concordâncias entre os diagnósticos médicos informados pelo portador e pelo acompanhante e registrado no prontuário do agente, em três serviços psiquiátricos. Ribeirão Preto-SP, 2007.

f 28 33 31 92 % 22,4 26,4 24,8 24,53 f 10 12 7 29 % 8 9,6 5,6 7,73 f 9 20 19 48 % 7,2 16 15,2 12,8 f 19 18 35 72 % 15,2 14,4 28 19,2 f 59 42 33 134 % 47,2 33,6 26,4 35,73 f 125 125 125 375 % 100 100 100 100 P(*) = A(**) = M(***) M = P M = A P = A P - A - M

(*)P = diagnóstico informado pelo portador (**)A = diagnóstico informado pelo acompanhante (***)M = diagnóstico

médico registrado no prontuário C O N C O R D Â N C I A S Divergências T o t a l C o n c o r d â n c i a C o n c o r d â n c i a C o n c o r d â n c i a C o n c o r d â n c i a C o n c o r d â n c i a d o s d o sd o s d o s d o s d i a g n ó s t i c o s d i a g n ó s t i c o s d i a g n ó s t i c o s d i a g n ó s t i c o s d i a g n ó s t i c o s

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a probabilidade de conhecimento do diagnóstico tan-to por parte do portador como do seu familiar, quan-do se refere aos sujeitos com quan-doenças severas interna-dos na Unidade de Emergência e no NAPS.

Em relação aos agrupamentos diagnósticos citados no CID-10, um estudo feito com 633 pacientes verificou que predominam esquizofrenias, transtornos ansiosos e delirantes (272-43%), transtornos de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas (221-35,1%) e transtornos afetivos (93-10%)23.

A presença de depressão maior, de transtorno bipolar e de esquizofrenia triplica os custos médicos, com mais consultas e internações, tanto é que os Cen-tros de Atenção Psicossocial (CAPS) procuram dar con-ta descon-tas pessoas, porcon-tadoras destes quadros. Comorbidades clínicas com transtornos depressivo-ansiosos aumentam mais dias de incapacitação do que a soma dos efeitos individuais das doenças clínicas22-26.

A depressão é uma síndrome psiquiátrica alta-mente prevalente na população em geral, mas princi-palmente entre pacientes com problemas clínicos. Entretanto, ainda é subdiagnosticada e, muitas ve-zes, tratada de forma inadequada, ou seja, a pessoa é tratada com muitos e diferentes medicamentos ou subdosagens, mantendo sintomas residuais, o que

pode comprometer sua evolução clínica24. Além

dis-so, doenças severas implicam maiores dificuldades no

cuidado em saúde mental27.

Transtornos ansiosos e do humor foram subesti-mados durante muito tempo. Atualmente, são mais frequentemente registrados nos sistemas primários de saúde. É importante que os casos sejam reconhecidos, diagnosticados e tratados de forma apropriada26-28.

A esquizofrenia é o diagnóstico psiquiátrico mais frequente em quase todos os estudos, ocupando, em média, a metade dos leitos psiquiátricos. É uma do-ença que compromete quase todos os aspectos da vida psíquica do doente, alterando profundamente sua rede relacional. Tem início na adolescência e entre os adultos jovens, afetando a vida do indivíduo e de seus familiares21,29,30.

As patologias mentais apresentam sinais positi-vos durante o exame médico, os quais devem ser os

ele-mentos norteadores do diagnóstico12. Apesar de os

transtornos mentais causarem considerável sofrimen-to e implicações clínicas, nem sempre são reconhecidos na atenção primária bem como em hospitais gerais24-26.

Pelo conjunto dos resultados deste estudo, fica claro que o conhecimento do diagnóstico médico é condicionado diferentemente nos três serviços ava-liados, com apenas duas variáveis (escolaridade e do-enças severas) aparecendo em dois serviços, nenhu-ma se repetindo nos três.

Analisando apenas pelas proporções, as porcen-tagens de concordância em cada serviço são seme-lhantes (22,4%, 26,4% e 24,8% respectivamente),

podendo sugerir homogeneidade nas razões do (des)conhecimento do diagnóstico médico.

Na análise multivariada, os resultados confirmam que há correlação entre as variáveis, nos três locais de atendimento psiquiátrico: Unidade de Emergência, NAPS e Ambulatório Regional de Saúde Mental.

Em suma, os resultados das regressões logísticas usadas neste estudo evidenciaram possíveis deter-minantes dos conhecimentos dos diagnósticos. Ob-servou-se que as doenças severas, os tratamentos e as internações prévias têm real importância. Sem dúvi-da, o fato de a pessoa ter uma doença severa ou o familiar conviver com um portador de doença severa aumenta a probabilidade dessas pessoas terem conhe-cimento sobre o verdadeiro diagnóstico tanto pela convivência com a doença como pelos respectivos tratamentos aos quais a pessoa é submetida para alí-vio do sofrimento.

As condições ser portador de doença severa, ter pas-sado por internações psiquiátricas e ter feito tratamentos associadas com idade e escolaridade acima do 1o grau e sendo do sexo feminino compõem um conjunto de in-formações importantes tanto para os profissionais que atuam na área bem como para a organização dos ser-viços curativos e preventivos em saúde mental.

C

ONCLUSÕES

A

o investigar as

variáveis independentes que

fa-voreceram a probabilidade de concordância do diag-nóstico psiquiátrico nos três serviços estudados ob-servou-se que:

•..Os sujeitos do Ambulatório, com menos de

40 anos, do sexo feminino e com instrução acima do primário incompleto tinham informações mais con-cordantes sobre seu diagnóstico psiquiátrico, em re-lação ao registrado no prontuário;

•..No NAPS, as pessoas com instrução acima

do primário incompleto, tendo tido uma ou mais internações prévias e sendo portadoras de doença mental severa tinham maiores índices de concordân-cia a respeito do diagnóstico psiquiátrico;

•..Os dados da Unidade de Emergência,

analisa-dos por este procedimento logístico, indicam que há mai-or concmai-ordância no conhecimento diagnóstico entre aqueles que fazem tratamento apenas medicamentoso e que são portadores de doenças severas.

Apesar de ser viável a concordância entre o co-nhecimento do diagnóstico pelo paciente, por seu familiar e o diagnóstico registrado no prontuário, o conhecimento do diagnóstico psiquiátrico pelo por-tador de transtorno mental e pelo seu familiar, neste estudo, evidenciou divergências entre os mesmos e condicionantes que diferem de acordo com o tipo de serviço de saúde que frequentam, especialmente no

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que se refere à idade do portador de transtorno men-tal, ao grau de instrução, ao tipo de doença e aos tra-tamentos utilizados.

Os resultados deste estudo oferecem aos profis-sionais e às organizações de serviços psiquiátricos indicadores para melhorar a qualidade da atenção em saúde mental.

Como limitações indica-se que o estudo não abrange as internações em hospital geral ou psiquiá-trico. Além disso, retém as limitações comuns aos estudos transversais: não foi feito acompanhamento tipo longitudinal.

R

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Referências

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