Determinação da Taxa de Câmbio de
Longo Prazo
Introdução
• Os modelos do comportamento da taxa de câmbio no
longo prazo permitem uma série de previsões para as taxas de câmbio.
• As previsões sobre os movimentos de longo prazo das
taxas de câmbio são também importantes no curto prazo.
• No longo prazo, existem duas teorias de determinação da
taxa de câmbio:
• A teoria da paridade do poder de compra (PPC) explica os movimentos da taxa de câmbio através das mudanças nos níveis absolutos de preços entre os países.
• A teoria da taxa de câmbio real explica os movimentos da taxa de câmbio através da mudança de preços relativos entre os países.
A Lei do Preço Único
• Lei do preço único
• Bens idênticos vendidos em países
diferentes devem ser vendidos pelo mesmo preço, quando seus preços são medidos na mesma moeda.
• Esta lei é válida para: • mercados competitivos
• ausência de custos de transporte e • Ausência de barreiras comerciais.
• Isto implica que o preço em reais do bem (i ) é
o mesmo em todos os países onde ele é vendido:
P i
BR = (ER/US) x (P iUS) Onde:
P i
US é o preço em dólares do bem i
P i
BR é o preço em reais do bem i.
ER/US é a taxa de câmbio real/dólar.
Paridade do Poder de Compra
• Teoria da Paridade do Poder de Compra (PPC)
• É uma aplicação da lei do preço único para todos os bens e serviços entre países.
• A taxa de câmbio entre as moedas de dois países é igual à relação entre os níveis de preços destes países.
• Compara preços médios entre países.
• Prevê a taxa de câmbio nominal real/dólar:
ER/US = PBR /PUS
onde:
PUS é o preço em dólares de uma cesta de bens e serviços de
referência, vendida nos Estados Unidos.
Paridade do Poder de Compra
• Rearranjando a equação anterior, obtém-se: PBR = (ER/US) x (PUS)
• PPC indica que os níveis de preços dos
países são iguais quando medidos em termos da mesma moeda.
A Lógica Básica da Paridade do Poder de Compra
• Se a lei do preço único não fosse
válida, existiriam oportunidades de lucros não exploradas.
• O processo de lucrar com
diferentes preços em diferentes mercados é chamado de
A Lógica Básica da Paridade do Poder de Compra
• Se existir a arbitragem, eventualmente os
preços que diferem entre países
necessariamente convergirão para a igualdade.
• De acordo com a teoria da paridade do
poder de compra, uma moeda tem que ter o mesmo poder de compra em todos os países e as mudanças da taxa de câmbio garantem este resultado.
Implicações da Paridade do Poder de Compra
• Se o poder de compra de uma moeda é
imutável no país e no resto do mundo, então a taxa de câmbio real não pode mudar.
• A taxa de câmbio nominal entre as moedas
de dois países deve refletir os diferentes níveis de preços destes países.
Implicações da Paridade do Poder de Compra
• Quando o banco central emite uma
grande quantidade de moeda, a moeda perde valor tanto em termos dos bens e serviços que ela pode comprar
domesticamente como também em termos de outras moedas que esta moeda pode comprar.
10.000.000.000 1.000.000.000.000.000 100.000 1 ,00001 Taxa de câmbio Oferta de moeda Nível de preços Índices (Jan. 1921 = 100)
Moeda, Preços e a Taxa de Câmbio Nominal Durante a Hiperinflação Alemã
• Relação entre a PPC e a Lei do Preço Único • A lei do preço único se aplica a produtos
individuais, enquanto a PPC se aplica ao nível geral de preços (todos os bens e serviços).
• Os defensores da teoria da PPC argumentam que
sua validade não exige que a lei do preço único se mantenha rigorosamente.
• Nos próximos slides uma aplicação da PPC: o
índice Big calculado pela revista “The Economist ” desde 1986.
Em 1 julho Preço Big Mac Taxa de câmbio Preço Big Mac Taxa de Câmbio Depreciação (-)
2018 na moeda local Nominal em US$ PPP Apreciação (+)
Russia 130 62,14 2,09 23,59 -62,0 Malaysia 8,45 4,02 2,10 1,53 -61,9 Turkey 10,75 4,71 2,28 1,95 -58,5 South Africa 31 13,36 2,32 5,63 -57,9 India 173 68,83 2,51 31,40 -54,4 Hong Kong 20 7,85 2,55 3,63 -53,8 Mexico 49 19,05 2,57 8,89 -53,3 Philippines 140 53,49 2,62 25,41 -52,5 Argentina 75 27,73 2,71 13,61 -50,9 Vietnam 65000 23.039,50 2,82 11.796,73 -48,8 Hungary 850 276,43 3,07 154,26 -44,2 China 20,5 6,62 3,10 3,72 -43,8 Saudi Arabia 12 3,75 3,20 2,18 -41,9 Peru 10,5 3,27 3,21 1,91 -41,8 Japan 390 111,25 3,51 70,78 -36,4 Thailand 119 33,17 3,59 21,60 -34,9 South Korea 4500 1.116,00 4,03 816,70 -26,8 Chile 2640 651,73 4,05 479,13 -26,5 Colombia 11900 2.874,07 4,14 2.159,71 -24,9 Britain 3,19 0,75 4,23 0,58 -23,2 New Zealand 6,2 1,46 4,23 1,13 -23,2 Singapore 5,8 1,36 4,28 1,05 -22,4 Brazil 16,9 3,84 4,40 3,07 -20,1 Uruguay 140 31,31 4,47 25,41 -18,8 Australia 6,05 1,34 4,52 1,10 -18,1 Israel 17 3,63 4,68 3,09 -15,1 Denmark 30 6,36 4,72 5,44 -14,4 Canada 6,65 1,31 5,07 1,21 -8,0 Norway 42 8,04 5,22 7,62 -5,2
Implicações da Paridade do Poder de Compra
Índice Big Mac (julho de 2018)PBR = Preço do Big Mac no Brasil (R$) PUSA = Preço do Big Mac nos USA (US$)
e = R$ 16,90 / US$ 5,51 = 3,07
Como a taxa de câmbio era de R$ 3,84 em julho, o real estava depreciado em 20,1% pela PPC. O preço do Big Mac no Brasil em US$ é 4,40 < US$ 5,51 (preço nos USA).
•
PPC Absoluta e PPC Relativa
• PPC Absoluta• Estabelece que as taxas de câmbio são determinadas
pelos níveis de preços absolutos.
ER/US = PBR /PUS
• PPC Relativa
• Estabelece que a mudança percentual na taxa de câmbio
entre duas moedas é igual à diferença entre as mudanças percentuais dos níveis de preços nacionais.
• A PPC relativa entre Brasil e Estados Unidos pode ser
definida como:
(ER/US,t - ER/US, t –1)/ER/US, t –1 = BR, t - US, t
onde:
= taxa de inflação
• Abordagem monetária da taxa de câmbio
• Teoria sobre a relação - no longo prazo - entre as taxas de
câmbio e fatores monetários, onde pleno emprego, preços
flexíveis e PPC determinam a taxa de câmbio.
• A Equação fundamental da abordagem monetária
• Os níveis de preço podem ser explicados em termos da
demanda e oferta interna de moeda:
• No Brasil:
PBR = M s
BR /L (RBR, YBR)
• Nos Estados Unidos:
PUS = M s
US /L (RUS, YUS)
• A abordagem da PPC indica que a taxa de câmbio é determinada pelos níveis de preços nacionais e os preços são determinados pelas demandas e ofertas relativas de moeda. Previsões sobre os efeitos
monetários de longo prazo sobre a taxa de câmbio: • Mudanças na oferta de moeda
• Um aumento da oferta de moeda no Brasil provoca
uma depreciação no longo prazo do real em
relação ao dólar.
• Taxa de juros
• Um aumento na taxa de juros no Brasil provoca
uma depreciação do real em relação ao dólar.
• Nível de produção
• Um aumento na produção do Brasil causa uma
apreciação do real em relação ao dólar.
• Inflação Crescente, Paridade dos Juros e PPC
• O crescimento na oferta de moeda a um taxa
constante resulta em um crescimento nos níveis de preços à mesma taxa.
• Mudanças nessa taxa de inflação de longo
prazo não afetam o nível de produção no pleno emprego ou os preços relativos dos bens e serviços no longo prazo.
• A taxa de juros não é independente da taxa de
crescimento da oferta de moeda no longo prazo, devido ao Efeito Fisher, que relaciona a taxa de juros com a taxa de inflação.
• A taxa de juros depende da taxa de inflação esperada:
e = (Pe – P)/P,
• onde Pe = nível de preços esperado para um ano.
A PPC relativa “esperada” será:
(E e
R/US - ER/US)/ER/US = eBR- eUS
e: (+)
RBR = RUSA + (Ee
R/US - ER/US)/ER/US
• A diferença entre as taxas de juros
internacionais é a diferença entre as taxas de inflação nacionais esperadas:
RBR - RUS = e
BR - eUSA
• Efeito Fisher
• Uma aumento na taxa de inflação esperada
de um país causará uma elevação igual na taxa de juros que remuneram as aplicações financeiras na sua moeda.
• O efeito Fisher está por traz da previsão
aparentemente paradoxal de que uma
moeda deprecia quando sua taxa de juros aumenta com relação aos juros externos.
O Efeito Fisher
• De acordo com o Efeito Fisher, quando a taxa de inflação
aumenta, a taxa de juros nominal cresce na mesma proporção, no longo prazo.
• A taxa de juros real permanece inalterada (neutralidade
da moeda)
Taxa de juros real = [(1 + Taxa de juros nominal)/(1 + Taxa de inflação)] - 1
A próxima figura ilustra um exemplo, quando no
momento t0 o BCB aumenta a taxa de crescimento da oferta de moeda no Brasil para um nível mais elevado.
declividade = +
declividade = +
t0 MBR, t0
decliv =
(a) Oferta de Moeda Brasil, MBR
Tempo decliv = decliv = t declividade = + t t0 RBR2 = R BR1 + RBR1
Trajetórias de longo prazo das variáveis econômicas do Brasil após um aumento permanente na taxa de crescimento da oferta de moeda do Brasil
(d) Câmbio R$/US$, ER/US (b) Taxa de Juros, Brasil, RBR
Tempo
(c) Nível de Preços Brasil, PBR
Um Modelo da Taxa de Câmbio de Longo Prazo Baseado na PPC
RBR- RUS= e
BR - eUSA
Ms
BR / PBR = L (RBR, YBR)
• No gráfico (a), o nível de Ms não se altera, só sua
taxa de crescimento. A aceleração do crescimento de Ms gera expectativas de depreciação instantânea
do real.
• O real se deprecia pela PPC ( + Δ ).
• No gráfico (b), a condição de paridade de juros
exige que a taxa de juros no Brasil aumente porque as pessoas esperam um crescimento futuro da
oferta de moeda mais rápido e a depreciação do real:
(RBR - RUS = e
BR - eUSA )
• Este crescimento da taxa de juros é associado à
inflação esperada mais elevada e a depreciação
• No momento t0 a oferta de moeda não se altera.
Como aumentou a taxa de juros, a demanda de
moeda cai e há excesso de moeda ao nível de preços inicial. Segue-se que o nível de preços cresce em t0,
para equilibrar o mercado monetário:
M S
BR/PBR = L (RBR, YBR). (gráfico c)
• Como vale a PPC, há uma elevação proporcional na
taxa de câmbio a vista.
• Porque a taxa de câmbio deprecia em t0: os juros
nominais aumentam no Brasil com a expectativa de depreciação futura do real.
• Há uma fuga repentina de recursos para aplicações
financeiras no exterior, que oferecem rendimento
esperado maior. O real se deprecia instantaneamente.
• A mudança na taxa de crescimento da oferta de
moeda aumenta a taxa de juros nominal devido a uma expectativa de inflação maior e o real se
deprecia imediatamente.
• Introduzindo a PPC, não há overshooting da taxa de
câmbio, porque os preços se ajustam
instantaneamente à expectativa de inflação e não há período de transição.
• Síntese: no momento inicial a taxa de juros aumenta
devido à expectativa de inflação e da depreciação futura do R$.
• Haverá uma fuga das aplicações para o exterior, pois
elas oferecem retornos esperados mais altos.
• O real se deprecia instantaneamente.
• O modelo monetário prevê que: o aumento da oferta de
moeda leve a um aumento dos juros associado à
inflação esperada mais alta e uma moeda depreciada no futuro. Consequentemente, a moeda se depreciará já.
• Os próximos gráficos confirmam a principal previsão de
longo prazo do efeito Fisher: a taxa de juros nominal se ajusta à taxa de inflação.
Um Modelo da Taxa de Câmbio de Longo Prazo Baseado na PPC Inflação e taxa de juros, Estados Unidos, 1951-2018
Um Modelo da Taxa de Câmbio de Longo Prazo Baseado na PPC Inflação e taxa de juros, Brasil, 1971-2018
• As evidências empíricas para a PPC e a lei do
preço único são frágeis, principalmente no curto prazo.
• Os preços das cestas de bens e serviços
idênticas, quando convertidos em uma única moeda, diferem substancialmente entre os países.
• A PPC relativa também não tem resultados
empíricos adequados.
Evidência Empírica da PPC e a Lei do Preço Único
Evidência Empírica da PPC e a Lei do Preço Único Taxa de câmbio Real/Dólar e níveis de preços Brasil/USA, 1998-2018
• A explicação para a falha nas previsões dos
modelos da PPC e da lei do preço único está relacionada à:
• Barreiras comerciais e produtos não
comercializáveis;
• Concorrência imperfeita;
• Diferenças internacionais nos níveis de
preço.
• Barreiras Comerciais e Produtos não Comercializáveis • Custos de transporte e restrições comerciais
tornam elevados os custos para deslocar bens entre mercados localizados em diferentes países criando produtos não comercializáveis.
• Quanto mais elevados os custos de transporte,
maior é a amplitude na qual a taxa de câmbio pode se desviar da PPC.
• A maioria dos serviços é “non tradable”.
• Quanto maior a importâncias desses fatores,
maior será o desvio da PPC.
• Concorrência Imperfeita
• Quando barreiras comerciais e concorrência
imperfeita ocorrem juntas, os preços serão diferentes entre países comprometendo a validade da PPC,
devido a possibilidade de discriminação de preços.
• Discriminação de Preços
• Quando uma empresa vende o mesmo produto
por preços diferentes em diferentes mercados.
• Reflete as diferentes condições de demanda entre
o mercado interno e externo.
• Países onde a elasticidade-preço da demanda é menor
no mercado interno que no mercado externo, pode-se praticar preços maiores no mercado doméstico e ter uma taxa de lucro maior.
• Diferenças Internacionais nos Níveis de Preços • Os preços diferem entre países porque os
consumidores dos diversos países gastam sua renda de maneiras distintas. Os preços são maiores nos países com renda per capita elevada.
• A PPC no Curto e no Longo Prazo
• Desvios da PPC podem ser maiores no curto prazo
do que no longo prazo.
• Uma depreciação abrupta do câmbio traz
diferenças entre os preços nacionais e
estrangeiros até que os mercados se ajustem à mudança na taxa de câmbio.
Os Problemas da PPC
Níveis de preços domésticos e renda per capita 2010
Nível de Preços Relativos com Relação ao USA (USA = 100)
Renda per capita US$ de 2000
• Quando medidos na mesma moeda, os níveis de preço são
proporcionais aos níveis de renda per capita. Explicações:
• Efeito Balassa-Samuelson: a produtividade do trabalho é
maior nos países desenvolvidos no setor de tradables, mas não há diferença importante de produtividade no segmento dos non tradables entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento.
• Os produtos tradables tem o mesmo preço
internacionalmente.
• A menor produtividade nos países pobres implica em
salários menores no setor non-tradable, custos menores e preços de non-tradables mais baixos.
• Os países ricos, com produtividade mais alta em tradables,
terão salários altos nos non-tradables e preços maiores.
• Efeito Bhagwati-Kravis-Lipsey: os países
diferem em termos de relação capital/trabalho.
• Os países ricos tem K/L altos, portanto a
produtividade marginal do trabalho é alta e o salário será relativamente elevado, afetando o preço dos serviços, que é o principal
componente de não comercializáveis de um país.
• Nos países pobres, a pequena disponibilidade
de capital por trabalhador, implica em
produtividade do trabalho baixa, e salários baixos.
• A Taxa de Câmbio Real
• Como a PPC não apresenta bons resultados
empíricos, desenvolveu-se um conceito mais amplo de taxa de câmbio real: é uma medida dos preços relativos dos bens e serviços de um país com relação aos de outro país.
• Depende da taxa de câmbio nominal e níveis de
preços domésticos.
• A taxa de câmbio real R$/dólar é o preço em reais de
uma cesta de bens e serviços americanos em relação à cesta brasileira:
qR/US = (ER/US x PUS) /PBR
Taxa de Câmbio Real
• A taxa de câmbio real é o preço em reais de uma cesta de
bens estrangeiros, em relação à uma cesta brasileira.
• A taxa de câmbio real é um fator chave na determinação de
quanto um país exporta e importa.
Taxa de Taxa de Câmbio Nominal x Preço Externo
Câmbio =
Taxa de Câmbio Real – Um Exemplo
O preço de uma cesta americana é PUS$ = 100
O preço de uma cesta brasileira é PR$ = 200
A taxa de câmbio nominal (R$/1US$) é = 2,00 A taxa de câmbio real é igual a:
(R$ 2,00 x US$ 100)/R$ 200 = 1
Troca-se uma cesta americana por uma cesta brasileira
Taxa de Câmbio Real – Um Exemplo
O preço de uma cesta americana é PUS$ = 100
O preço de uma cesta brasileira é PR$ = 200
A taxa de câmbio nominal (R$/1US$) é = 3,00 A taxa de câmbio real é igual a:
(R$ 3,00 x US$ 100)/R$ 200 = 1,5
São necessárias 1,5 cestas brasileiras para comprar uma cesta americana.
•
Depreciação real
do R$ em relação ao
dólar
• Um aumento da taxa de câmbio real
R$/dólar
• Isto é, uma queda no pode de compra do real nos EUA e um aumento do poder de compra do dólar no Brasil.
• Ou alternativamente, o poder de compra dos bens brasileiros diminui em relação aos dos EUA.
• De acordo com a PPC, a taxa de câmbio é
determinada pela relação de preços nacionais:
• ER/US = PBR /PUSA
• Pelo enfoque mais geral da taxa de câmbio real, a
taxa de câmbio nominal pode ser influenciada pela taxa de câmbio real:
• ER/US = qR/US x PBR /PUSA
• Os determinantes da taxa de câmbio real são:
• Demanda e Oferta Relativa e a Taxa de
Câmbio Real de Longo Prazo
Em um mundo onde a PPC não se mantém, os valores de longo prazo das taxas de câmbio reais dependem das condições de oferta e demanda relativa.
• Um aumento na demanda relativa por produtos brasileiros
provoca:
• Um aumento no preço dos produtos brasileiros com relação aos produtos estrangeiros.
• Uma apreciação real do valor dos produtos brasileiros: PBR aumenta com relação a ER/US x PUS
• A apreciação real do valor dos produtos brasileiros encarece as exportações brasileiras e reduz o preço das importações
brasileiras, portanto reduzindo a quantidade demandada de produtos brasileiros, em termos relativos.
• Uma redução na demanda relativa por produtos brasileiros leva
a uma depreciação real do preço dos bens brasileiros.
• O aumento na oferta relativa do produto brasileiro leva a:
• Um aumento na oferta relativa de produtos brasileiros (devido ao aumento da produtividade) diminui o preço dos produtos
brasileiros relativo ao preço dos produtos do resto do mundo. • Uma depreciação real do valor do produto brasileiro: PBR cai em
relação a ER/US x PUS
• Uma depreciação real do valor do produto brasileiro torna as
exportações mais baratas e as importações brasileiras mais caras,
aumentando a quantidade demandada para igualar o aumento na oferta relativa.
• Uma redução da oferta relativa de produtos brasileiros leva a
um aumento do preço relativo dos produtos brasileiros (apreciação real da taxa de câmbio).
Determinação
da Taxa de Cambio Real de Longo Prazo
No longo prazo, a oferta de bens e serviços em cada país depende de fatores de produção (trabalho, capital e tecnologia)—não de preços e taxas de câmbio.
A demanda por produtos do BR relativa a demanda de produtos dos USA depende do preço relativo destes produtos (câmbio real). Quando a taxa de câmbio real, qR/US = (ER/USPUS) /PBR
aumenta, a demanda relativa por produtos brasileiros
aumenta. Taxa de Câmbio OR Real, qR/US DR (qR/US)1 1 Relação entre produção BR e USA (YBR/YUS) (YBR/YUS)1
Determinação da Taxa de Câmbio Real de Longo Prazo
Taxa que equaliza a demanda relativa mundial ao nível de oferta relativa mundial de pleno emprego
Determinação da Taxa de Câmbio Real de Longo Prazo Taxa de Câmbio Real, qR/US OR 1 OR2 DR (qR/US)2 (qR/US)1 2 1 Relação entre produção BR e USA (YBR/YUS) (YBR/YUS)1 (YBR/YUS)2
Determinação da Taxa de Câmbio Real de Longo Prazo Taxa de Câmbio Real, qR/US OR DR1 DR2 (qR/US)1 1 (qR/US)2 Relação entre 2 produção BR e USA (YBR/YUS) (YBR/YUS)1
• O taxa de câmbio real é um enfoque mais geral para explicar a
determinação da taxa de câmbio. Fatores monetários e reais influenciam a taxa de câmbio nominal:
1a. Mudanças no nível da oferta de moeda, levam a um aumento temporário dos preços, mudanças nas expectativas com relação à inflação e uma depreciação da taxa de câmbio.
1b. Mudanças na taxa de crescimento da oferta de moeda, levam a uma inflação persistente e mudanças nas expectativas de inflação e depreciação da moeda na nova taxa de crescimento da moeda. 2a. Mudanças na demanda relativa : um aumento na demanda
relativa por produção doméstica leva a uma apreciação real.
2b. Mudanças na oferta relativa : um aumento na oferta relativa de produtos domésticos leva a uma depreciação real.
• Efeitos sobre a taxa de câmbio nominal: ER/US = qR/US x PBR /PUS
• Quando somente variáveis nominais são alteradas e a PPC se
mantém, valem as mesmas conclusões anteriores.
• Não haverá mudança na taxa de câmbio real.
• Quando há mudanças em fatores reais, que mudam a
produção, a taxa de câmbio real muda.
• Com um aumento na demanda relativa pela produção
doméstica, haverá mudança na taxa de câmbio real e isto ocasionará uma apreciação da taxa de câmbio nominal.
• Com um aumento da oferta relativa da produção nacional, a
situação é mais complexa.
• Com o aumento na oferta relativa de produtos domésticos, a
taxa de câmbio real se ajusta para fazer qR/US se depreciar, mas
há um aumento relativo da produção doméstica.
• Este segundo efeito aumenta a demanda real por moeda na
economia local relativa à do RDM:
PBR = M s
BR /L (RR, YBR)
• O nível doméstico de preços cai com relação ao preço
externo.
• O efeito sobre a taxa de câmbio nominal é ambíguo: ER/US = qR/US x PBR /PUS
?
• Quando todos os distúrbios são monetários por natureza, as
taxas de câmbio obedecem à PPC relativa de longo prazo.
• No longo prazo, um distúrbio monetário afeta apenas o
poder de compra geral de uma moeda.
• Essa mudança no poder de compra muda igualmente
o valor da moeda em termos dos bens domésticos e estrangeiros.
• Quando os distúrbio ocorrem nos mercados de bens e
serviços, é improvável que a taxa de câmbio obedeça à PPC, mesmo no longo prazo.
• O câmbio nominal reage a eventos monetários e reais. O Modelo Geral da Taxas de Câmbio Real no Longo Prazo
A taxa de câmbio real do Yen, 1964-2018: o Yen se apreciou/depreciou em termos reais com relação às outras moedas O Modelo Geral da Taxas de Câmbio Real no Longo Prazo
Diferenças de crescimento da produtividade setorial e a mudança no preço relativo dos bens não comercializáveis, 1970-1985
Crescimento anual no preço relativo de não comercializáveis
Diferença de crescimento anual na produtividade total dos fatores entre produtos comercializáveis e
• As diferenças entre as taxas de juros entre países
dependem não apenas das diferenças da inflação
esperada, mas também das mudanças esperadas da taxa de câmbio real.
• A relação entre a variação esperada da taxa de câmbio
real, a variação esperada da taxa de câmbio nominal e a inflação esperada é dada por (desvio da PPC relativa):
(qe
R/US - qR/US)/qR/US = [(EeR/US - ER/US)/ER/US] – (eBR - eUS) combinando com:
RBR - RUSA = (Ee
R/US - ER/US)/ER/US (paridade de juros)
•
Combinando as duas equações anteriores, a diferença
de juros internacionais será igual a:
R
BR-
R
US= [(
q
eR/US
-
q
R/US)/
q
R/US] + (
eBR-
eUS)
• Portanto, a diferença entre os juros no Brasil e nos USA
é a soma de dois componentes:
• A taxa esperada da depreciação real do R$ em relação ao dólar
• A diferença esperada entre a inflação do Brasil e dos Estados Unidos.
• Se prevalecer a PPC relativa, a diferença de juros
R$/dólar se resume a diferença da inflação esperada entre o Brasil e EUA.
Taxa de Juros Real Esperada
•
A taxa de juros real esperada (
r
e) é a taxa de
juros nominal esperada corrigida pela taxa de
inflação esperada:
r
e= R
e– π
eR
e= r
e+ π
e(equação de Fisher)
•
Onde
π
erepresenta a inflação esperada e
R
erepresenta a taxa de juros nominal esperada.
•
A diferença de juros reais entre países será igual
a variação esperada da taxa de câmbio real
Paridade dos Juros Reais
•
A diferença das taxas de juros reais esperadas
entre Brasil e USA será igual a:
r
eBR
–
r
eUS= (
R
e BR-
eBR) - (
R
e US-
eUS)
•
Combinando esta equação com a equação de
diferenças de juros internacionais:
R
eBR
–
R
e US= [(
q
eR/US-
q
R/US)/
q
R/US] + (
eBR-
eUS)
•
obtemos a condição de paridade dos juros reais
esperada:
r
eParidade dos Juros Reais
• A condição da paridade dos juros reais explica as
diferenças das taxas de juros reais esperadas entre dois países pelos movimentos das taxas de câmbio real.
• As taxas de juros reais esperadas em países
diferentes não necessitam ser iguais, mesmo no longo prazo, se ocorrerem mudanças sistemáticas na produção esperada.
• Se existirem diferenças de produtividade entre
países, o país com menor crescimento de
produtividade terá sua moeda depreciada em termos reais e uma taxa de juros real maior.
Resumo
• A PPC Absoluta postula que o poder de compra de
qualquer moeda é o mesmo em qualquer país e isto implica na validade da PPC Relativa.
• A PPC Relativa prevê que as variações percentuais das
taxas de câmbio são iguais às diferenças das taxas de inflação entre países.
• A lei do preço único é um elemento essencial na teoria
da PPC.
• Estabelece que, em mercados competitivos, sem
protecionismo, um bem deve ser vendido a um preço único, independente do país onde ele é vendido.
Resumo
• A abordagem monetária da taxa de juros utiliza a PPC
para explicar o comportamento da taxa de câmbio no longo prazo exclusivamente em termos da oferta e demanda de moeda.
• O efeito Fisher prevê que os diferenciais dos juros
internacionais no longo prazo resultam das diferentes taxas de inflação entre países.
• A base empírica com relação à PPC e à lei do preço único
é fraca, com base em estatísticas recentes.
• A falha dessas proposições no mundo real está
relacionada às barreiras comerciais e a concorrência imperfeita, além das diferenças de medidas dos
Resumo
• Desvios da PPC relativa podem ser vistos como
variações da taxa de câmbio real de um país.
• Um aumento muito grande no estoque de moeda de um
país leva, em última instância, a um aumento
proporcional em seu nível de preços e a uma queda proporcional no valor externo de sua moeda.
• A condição de paridade dos juros nominal (real) é igual
a diferença internacional das taxas de juros nominais
(real) à variação percentual esperada da taxa de câmbio nominal (real).
2
RBR2= R
BR1+
E2 R/US
O Efeito Fisher, a Taxa de Juros e a Taxa de câmbio na Abordagem Monetária com Preços Flexíveis
Como um aumento na taxa de crescimento de Ms no Brasil afeta as taxas de juros em reais e a
taxa de câmbio real/dólar quando os preços dos bens são flexíveis.
1 RBR1 Demanda de moeda, L(RBR, YBR) 1' E1 R/US Reta 45°
Taxa de Câmbio R$/US$, ER/US
Taxa de retorno (em reais) Taxa de câmbio,
ER/US
Retorno esperado Inicial da aplicação em US$
Retorno esperado de aplicação em US$ após mudança do câmbio esperado
E1 R/US M1 BR P2 BR E2 R/US 2' M1 BR P1 BR Relação PPC
• Com preços flexíveis, a taxa de câmbio se deprecia quando a
taxa de juros nominal aumenta, porque se espera uma inflação mais alta no futuro.
• Um aumento de na taxa futura de crescimento de Ms eleva
a taxa de juros para R + .
• O aumento da taxa de juros reduz a demanda por moeda e
para restabelecer o equilíbrio é necessária uma queda na oferta real de moeda.
• No curto prazo, o estoque de moeda não se alterou, só sua
taxa de crescimento futura. Então, o nível de preços deve subir instantaneamente. Isto é possível porque há flexibilidade de
preços (quadrante a direita inferior).
O Efeito Fisher, a Taxa de Juros e a Taxa de câmbio na Abordagem Monetária com Preços Flexíveis
• Pelo enfoque monetário, deve valer a PPC, o que implica
que aumentos de P levam a um aumento de E.
• Dada uma oferta monetária constante no Brasil, há uma
relação entre estoque real de moeda e a taxa de câmbio. Pela PPC (hipérbole do quadrante inferior esquerdo - MBR e PUSA fixos):
ER/US = PBR/PUSA = [(MBR/PUSA)] / [(MBR/PBR)]
• Esta equação mostra que a redução da oferta real de
moeda no Brasil (de M1/P1 para M1/P2) leva a uma
depreciação do real de E1 para E2.
• Pela linha de 45º, pode-se projetar a mudança da taxa de
câmbio para o primeiro quadrante.
O Efeito Fisher, a Taxa de Juros e a Taxa de câmbio na Abordagem Monetária com Preços Flexíveis
• No primeiro quadrante pode-se ver porque o real se
deprecia, apesar do aumento da taxa de juros. Isto se deve pelo deslocamento para a direita da curva do
rendimento esperado em US$.
• A expectativa da expansão monetária implica em
mudança da expectativa da depreciação do R$. Portanto, a aplicação em US$ fica mais atrativa.
• Conclusão: se a taxa de juros aumenta pela expectativa
de aumento da oferta de moeda, a taxa de câmbio deprecia.
O Efeito Fisher, a Taxa de Juros e a Taxa de câmbio na Abordagem Monetária com Preços Flexíveis