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2as Jornadas de Segurança aos Incêndios Urbanos Universidade de Coimbra- Portugal 3 de Junho de 2011

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AS PESSOAS COM INCAPACIDADES E A EVACUAÇÃO DE CENTROS COMERCIAIS EM CASO DE INCÊNDIO

Susana Neves*

Mestre em Seg. aos Incêndios Urbanos Univ. de Coimbra Portugal.

António Leça Coelho

Investigador Laboratório Nacional de Engenharia Civil Portugal

João Paulo Rodrigues

Professor Universidade de Coimbra Portugal

SUMÁRIO

Neste artigo faz-se uma avaliação das principais dificuldades das pessoas com incapacidades motoras, visuais e auditivas na evacuação de centros comerciais em caso de incêndio. Como resultado dessa avaliação são apresentadas algumas sugestões que visam facilitar a evacuação das referidas pessoas em caso de emergência. As sugestões encontram-se divididas em cinco categorias, sendo o seu principal intuito a redução do tempo e recursos na evacuação de edifícios.

Palavras-chave: evacuação; incapacidade; centro comercial; incêndio.

1. INTRODUÇÃO

A maioria das pessoas irá em algum momento da sua vida ter uma incapacidade, quer seja temporária ou permanente, que vai limitar a capacidade de se movimentar e de utilizar o ambiente construído. Por incapacidade entende-se uma limitação ou falta de capacidade para realizar actividades que são consideradas normais para um indivíduo particular.

As incapacidades podem ser de cinco tipos diferentes: mobilidade condicionada, incapacidades visuais, auditivas, verbais e ao nível cognitivo. Estas incapacidades manifestam-se de diferentes formas e, como tal, podem ter implicações funcionais diferentes durante uma evacuação de emergência.

É importante que os planos de evacuação de edifícios prevejam a actuação de pessoas com diferentes tipos de incapacidades. Durante uma emergência as pessoas com incapacidades físicas estão expostas a maiores riscos, uma vez que a sua capacidade de interpretação do ambiente que as rodeia pode estar condicionada pelas suas incapacidades [1].

As pessoas com incapacidades auditivas são bastante vulneráveis a situações como incêndios. A questão mais premente na segurança destas pessoas está no eventual atraso no conhecimento do alerta, o qual pode comprometer a sua segurança e dificultar a evacuação. A solução passa por uma detecção precoce e um alarme

* Autor correspondente – Mestre em Segurança aos Incêndios Urbanos. Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade de Coimbra. Rua Amílcar Cabral, 23. 1750-018 Lisboa. PORTUGAL. Telef.: +351 933 344 549. e-mail: susana.neves7@gmail.com

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perceptível [2]. Os alarmes de incêndio e evacuação são tipicamente baseados em som. No entanto, estes dispositivos de alarme são de pouca utilidade para um indivíduo surdo. Observaram-se progressos realizados na área da segurança contra incêndios ao nível regulamentar e no nível de informação da população em geral sobre este tema, no entanto, ainda há muito a ser feito, para que as pessoas com deficiência auditivas ou surdas possam beneficiar desses avanços [3].

Os indivíduos que vivem com uma deficiência de mobilidade há vários anos estão, na sua maior parte, extremamente bem adaptados aos seus ambientes. Aqueles cuja incapacidade é recente ou estão temporariamente incapacitados, podem ter mais dificuldades para se adaptar. Esta inexperiência pode reduzir as possibilidades de conseguir sair em segurança de um local com um incêndio activo. Esta limitação requer adaptações às instalações de forma a poder avançar com segurança para dentro, através e para fora de um edifício. Mesmo em circunstâncias normais, a movimentação pode ser lenta. Os elevadores e as rampas suprimem alguns dos problemas relacionados com as acessibilidades aos edifícios. No entanto, em caso de incêndio, o uso de elevadores não é recomendado. Deste modo, os incêndios revelam a necessidade de meios alternativos para a evacuação de pessoas com mobilidade condicionada [4].

Para um cego ou uma pessoa com deficiência visual, o primeiro sinal de um incêndio em geral será o cheiro do fumo e o calor proveniente do fogo e os sistemas de alarme do edifício. Como não conseguem identificar exactamente a origem do incêndio, o indivíduo com deficiência visual tem menor probabilidade de conseguir extinguir um incêndio, mesmo de pequena dimensão, podendo este rapidamente tornar-se numa séria ameaça [5].

Igualmente perigoso é o impacto que a perda da visão tem sobre a capacidade de sair em segurança de um edifício com um incêndio activo. Baseando-se fortemente em informações auditivas, as pessoas com deficiência visual devem ser capazes de reagir a um alarme de incêndio. Se o indivíduo conhecer bem o edifício em que se encontra, a probabilidade de sobreviver a um incêndio é maior. As complicações surgem porém quando estas pessoas se encontram em ambientes estranhos, tais como centros comerciais. Nem sempre estão disponíveis marcas ou indicações da localização de saídas de emergência (ex. plantas de emergência com informação em Braille), o que incapacita uma pessoa com deficiência visual de sair rapidamente, de forma autónoma e segura. Em Portugal, o regime da acessibilidade aos edifícios e estabelecimentos que recebem público, via pública e edifícios habitacionais é definido pelo Decreto-Lei nº 163/2006 de 8 de Agosto 8 [6]. Este diploma possui em anexo as normas técnicas para melhoria da acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada. Porém, não é feita qualquer referência a situações de emergência e/ou evacuação. O mesmo acontece no Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios [7] onde as disposições sobre a segurança de pessoas com incapacidades motoras, visuais e auditivas são insuficientes para dar uma resposta eficaz em caso de incêndio.

2. PROPOSTAS PARA MELHORIA DA EVACUAÇÃO EM CENTROS COMERCIAIS

Pretendeu-se com este estudo identificar oportunidades de melhoria das condições de segurança e de evacuação de pessoas com incapacidades motoras, visuais e auditivas em caso de emergência em centros comerciais. Estas sugestões resultam da análise dos requisitos legais de vários países, sendo que os documentos que serviram como base a essa análise foram o Decreto-Lei 163/2006 [6] de Portugal, a Norma Brasileira ABNT NBR 9050 [8] e a British Standard BS 8300:2009 [9]. Foram também considerados os resultados obtidos em inquéritos realizados a população com mobilidade condicionada, invisual e com incapacidades auditivas, nos simulacros realizados.

As propostas de melhoria estão organizadas em cinco áreas principais: infra-estrutura e equipamentos, sinalização e comunicação, alarme, organização de segurança e sistemas de orientação.

Pretende-se que estas propostas de melhoria possam ser futuramente consideradas consideradas por legisladores, projectistas e por empresas gestoras de centros comerciais [10].

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2.1 Infra-estrutura e equipamentos a) Corredores

x Os percursos pedonais devem ter em todo o seu desenvolvimento (incluindo saídas de emergência), um canal de circulação contínuo e desimpedido de obstruções com uma largura não inferior a 1,2 m, medida ao nível do pavimento. Se nestes percursos forem necessárias mudanças de direcção de uma pessoa em cadeira de rodas sem deslocamento, as zonas de manobra devem ter dimensões que permitam rotações até 360º (área circular com um diâmetro de 1,5m).

x As mudanças de nível abruptas devem ser evitadas.

x Se existirem mudanças de nível, devem ter um tratamento adequado à sua altura:

- Com uma altura não superior a 0,005 m, podem ser verticais e sem tratamento do bordo;

- Com uma altura não superior a 0,02 m, podem ser verticais com o bordo boleado ou chanfrado com uma inclinação não superior a 50%;

- Com uma altura superior a 0,02 m, devem ser vencidas por uma rampa ou por um dispositivo mecânico de elevação.

b) Pavimentos

x Deverá ser instalado piso táctil de alerta sempre que for necessário sinalizar situações que envolvem risco para a segurança. Este deve ser instalado perpendicularmente ao sentido de deslocamento nas seguintes situações:

- junto a obstáculos suspensos entre 0,60 m e 2,10 m de altura do piso acabado, que tenham o volume maior na parte superior do que na base;

- nos rebaixamentos de calçadas, em cor contrastante com a do piso;

- no início e término de escadas fixas, escadas rolantes e rampas, em cor contrastante com a do piso; - junto às portas dos elevadores, em cor contrastante com a do piso;

- junto a desníveis, instalada ao longo de toda a extensão onde houver risco de queda. x A sinalização táctil de alerta (figura 1) deverá respeitar as dimensões previstas no Quadro 1.

x Deverá existir sinalização táctil direccional (figura 2) no piso, indicando o caminho desde a entrada no edifício até à saída de emergência e às áreas de refúgio. Este piso é instalado no sentido de deslocamento e deve ter as medidas indicadas no Quadro 2.

x A inclinação dos pisos e dos seus revestimentos deve ser:

- Inferior a 5% na direcção do percurso, com excepção das rampas; - Não superior a 2% na direcção transversal ao percurso.

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Quadro 1: Dimensões do piso táctil de alerta

Mínimo (mm) Máximo (mm)

Diâmetro de base do relevo 22 30

Distância horizontal entre centros de relevo 42 53

Distância diagonal entre centros de relevo 60 75

Altura do relevo Entre 3 e 5

Nota: A distância do eixo da primeira linha de relevo até ao limite do piso é igual a metade da distância horizontal entre centros.

Figura 2: Sinalização táctil direccional Quadro 2: Dimensões do piso táctil direccional

Mínimo (mm) Máximo (mm)

Largura de base do relevo 30 40

Largura do topo 20 30

Altura do relevo Entre 4 e 5

Distância horizontal entre centros de relevo 70 85

Distância horizontal entre bases de relevo 45 55

Nota: A distância do eixo da primeira linha de relevo até à borda do piso é igual a metade da distância horizontal entre centros.

c) Plataformas elevatórias

x Junto a grandes lances de escadas, devem ser disponibilizadas plataformas elevatórias adaptadas para pessoas com incapacidades motoras. Estas devem possuir dimensões tais que permitam a sua utilização por um indivíduo adulto em cadeira de rodas, e nunca inferiores a 0,75 m por 1 m.

x As plataformas devem ser rebatíveis de modo a permitir o uso de toda a largura da escada quando a plataforma não está em uso.

x Devem existir zonas livres para entrada/saída das plataformas elevatórias com uma profundidade não inferior a 1,2 m e uma largura não inferior à da plataforma.

x Se o desnível entre a plataforma elevatória e o piso for superior a 0,75 m, devem existir portas ou barras de protecção no acesso à plataforma; as portas ou barras de protecção devem poder ser accionadas manualmente pelo utente.

x O controlo do movimento da plataforma elevatória deve estar colocado de modo a ser visível e poder ser utilizado por um utente sentado na plataforma e sem a assistência de terceiros.

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d) Escadas

x A largura dos lanços, patins e patamares das escadas não deve ser inferior a 1,2 m.

x Os degraus das escadas devem ter:

- Uma profundidade (cobertor) não inferior a 0,28 m; - Uma altura (espelho) não superior a 0,18 m;

- Faixas antiderrapantes e de sinalização visual com uma largura não inferior a 0,04 m e encastradas junto aos degraus.

x Os elementos que constituem as escadas não devem apresentar arestas vivas ou extremidades projectadas

perigosas.

x As escadas que vencerem desníveis superiores a 0,4 m devem possuir corrimãos de ambos os lados.

x Junto às escadas devem existir cadeiras de evacuação e as respectivas instruções de utilização.

x Os corrimões das escadas devem satisfazer as seguintes condições:

- A altura dos corrimões, medida verticalmente entre o piso e o bordo superior do elemento preênsil, deve estar compreendida entre 0,85 m e 0,9 m;

- No topo da escada, os corrimões devem prolongar-se pelo menos 0,3 m para além do último degrau do lanço, sendo esta extensão paralela ao piso;

- Na base da escada, os corrimões devem prolongar-se para além do primeiro degrau do lanço numa extensão igual à dimensão do cobertor mantendo a inclinação da escada;

- Os corrimões devem ser contínuos ao longo dos vários lanços da escada.

e) Rampas

x As rampas devem ter a menor inclinação possível e satisfazer uma das seguintes situações ou valores interpolados dos indicados:

- Ter uma inclinação não superior a 6 % e ter uma projecção horizontal não superior a 10 m; - Ter uma inclinação não superior a 8 % e ter uma projecção horizontal não superior a 5 m.

x No caso de edifícios sujeitos a obras de alteração ou conservação, se as limitações de espaço impedirem a

utilização de rampas com uma inclinação não superior a 8%, as rampas podem ter inclinações superiores se satisfizerem uma das seguintes situações ou valores interpolados dos indicados:

- Ter uma inclinação não superior a 10%, vencer um desnível não superior a 0,2 m e ter uma projecção horizontal não superior a 2 m;

- Ter uma inclinação não superior a 12%, vencer um desnível não superior a 0,1 m e ter uma projecção horizontal não superior a 0,83 m.

x Se existirem rampas em curva, o raio de curvatura não deve ser inferior a 3 m, medido no perímetro interno da rampa, e a inclinação não deve ser superior a 8%.

x As rampas devem possuir uma largura não inferior a 1,2 m, excepto nas seguintes situações:

- Se as rampas tiverem uma projecção horizontal não superior a 5 m, podem ter uma largura não inferior a 0,9 m;

- Se existirem duas rampas para o mesmo percurso, podem ter uma largura não inferior a 0,9 m. x As rampas devem possuir plataformas horizontais de descanso, na base e no topo de cada lanço, quando

tiverem uma projecção horizontal superior ao especificado para cada inclinação, e nos locais em que exista uma mudança de direcção com um ângulo igual ou inferior a 90°.

x As plataformas horizontais de descanso devem ter uma largura não inferior à da rampa e ter um comprimento não inferior a 1,5 m.

x As rampas devem possuir corrimãos de ambos os lados, excepto nas seguintes situações: se vencerem um

desnível não superior a 0,2 m podem não ter corrimãos, ou se vencerem um desnível compreendido entre 0,2 m e 0,4 m e não tiverem uma inclinação superior a 6% podem ter apenas corrimãos de um dos lados.

x Os corrimãos das rampas devem:

- Prolongar-se pelo menos 0,3 m na base e no topo da rampa; - Ser contínuos ao longo dos vários lanços e patamares de descanso; - Ser paralelos ao piso da rampa.

(6)

x Em rampas com uma inclinação não superior a 6%, o corrimão deve estar a uma altura compreendida entre 0,85 m e 0,95 m; em rampas com uma inclinação superior a 6%, o corrimão deve ser duplo, e deve ter uma altura compreendida entre 0,7 m e 0,75 m e outro a uma altura compreendida entre 0,9 m e 0,95 m; a altura do corrimão deve ser medida verticalmente entre o piso da rampa e o seu bordo superior.

x O revestimento de piso das rampas, no seu início e fim, deve ter faixas com diferenciação de textura e cor contrastante relativamente ao pavimento adjacente.

x As rampas e as plataformas horizontais com desníveis relativamente aos pisos adjacentes superiores a 0,1 m e que vençam desníveis superiores a 0,3 m devem ser ladeadas, em toda a sua extensão, de pelo menos um dos seguintes tipos de elementos de protecção: rebordos laterais com uma altura não inferior a 0,05 m, paredes ou muretes sem interrupções com extensão superior a 0,3 m, guardas com um espaçamento entre elementos verticais não superior a 0,3 m, extensão lateral do pavimento da rampa com uma dimensão não inferior a 0,3 m do lado exterior ao plano do corrimão, ou outras barreiras com uma distância entre o pavimento e o seu limite mais baixo não superior a 0,05 m [6].

f) Corrimões

x Os corrimões e as barras de apoio devem ter um diâmetro ou largura das superfícies compreendido entre 0,035 m e 0,05 m, ou ter uma forma que proporcione uma superfície de preensão equivalente.

x Se os corrimões ou as barras de apoio estiverem colocados junto de uma parede ou dos suportes, o espaço

entre o elemento e qualquer superfície adjacente não deve ser inferior a 0,035 m.

x Os corrimões, as barras de apoio e as paredes adjacentes não devem possuir superfícies abrasivas, extremidades projectadas perigosas ou arestas vivas.

x Os elementos preênseis dos corrimões e das barras de apoio não devem rodar dentro dos suportes, ser interrompidos pelos suportes ou outras obstruções ou ter um traçado ou materiais que dificultem ou impeçam o deslizamento da mão.

x Os corrimões e as barras de apoio devem possuir uma resistência mecânica adequada às solicitações previsíveis e devem ser fixos a superfícies rígidas e estáveis.

g) Portas

x Os vãos de porta devem possuir uma largura útil não inferior a 0,77 m, medida entre a face da folha da porta quando aberta e o batente ou guarnição do lado oposto.

x Os vãos de porta devem ter uma altura útil de passagem não inferior a 2 m.

x Os puxadores, as fechaduras e outros dispositivos de operação das portas devem oferecer uma resistência mínima e ter uma forma fácil de agarrar com uma mão que não requeira uma preensão firme ou rodar o pulso. Os puxadores em forma de maçaneta não devem ser utilizados.

x Os dispositivos de operação das portas devem estar a uma altura do piso compreendida entre 0,8 m e 1,1 m.

x A força necessária para operar as portas interiores não deve ser superior a 22N, excepto no caso de portas de segurança contra incêndio, em que pode ser necessária uma força superior.

h) Áreas de refúgio

x Deve ser prevista uma área de refúgio no piso superior do edifício, sempre que não existam elevadores para uso dos bombeiros. Ficam excluídos deste requisito todos os pisos com acesso directo ao exterior do edifício.

x As áreas de refúgio devem cumprir com o disposto no Decreto-Lei 220/2008 [9] e na Portaria nº 1532/2008 [10].

i) Elevadores

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- Possuir cabinas com dimensões interiores não inferiores a 1,1 m de largura por 1,4 m de profundidade; - Ter pelo menos uma barra de apoio colocada numa parede livre do interior das cabinas situada a uma altura do piso compreendida entre 0,875 m e 0,925 m.

x As portas dos ascensores devem possuir uma largura útil não inferior a 0,8 m.

x Sempre que não existam áreas de refúgio, devem existir ascensores que permitam a evacuação de pessoas

com incapacidades. Estes ascensores devem cumprir com os requisitos previstos na Portaria nº 1532/2008 [10].

j) Telefones

x No edifício comercial deve ser instalado pelo menos um telefone por piso que transmita mensagens de texto.

2.2 Sinalização e Comunicação

a) Formas de comunicação e sinalização

x A sinalização pode ser permanente, direccional, temporária ou de emergência. Por sinalização de emergência entende-se a sinalização utilizada para indicar os caminhos de evacuação e saídas de emergência dos edifícios ou para alertar quanto a um perigo iminente. Assim, a sinalização de emergência deve ser comunicada de forma visual, táctil e sonora.

x A sinalização internacional de acesso (figura 3) deve ser afixada num local visível ao público, sendo utilizada para indicar a acessibilidade dos espaços, nomeadamente junto a:

- entradas/saídas e percursos acessíveis, incluindo saídas de emergência; - áreas de assistência para resgate, áreas de refúgio, saídas de emergência.

x No que respeita a emergência, os símbolos internacionais de pessoas com deficiência auditiva (figura 4) devem usados para indicar equipamentos exclusivos para o uso de pessoas portadoras de deficiência auditiva.

Figura 3: Símbolo internacional de acessibilidade (NBR 9050)

Figura 4: Símbolo internacional de pessoas com deficiência auditiva (NBR 9050)

b) Sinalização de emergência

x Os caminhos de evacuação e as saídas de emergência devem ser sinalizadas com informações visuais, sonoras e tácteis (no piso).

x Nas escadas de emergência que interligam os diversos pisos, junto às portas corta-fogo, deve haver sinalização táctil e visual informando o número do piso. A mesma sinalização deve ser instalada nos corrimãos.

x Para garantir que informação de segurança chega também a pessoas com incapacidades visuais, devem ser disponibilizadas plantas de emergência com seguinte a informação em Braille:

- Localização das saídas de emergência; - Caminhos de evacuação;

- Localização das áreas de refúgio; - Contactos em caso de emergência.

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2.3 Alarme

x Em edifícios comerciais, o alarme deve ser feito através de uma mensagem de voz. Para evitar situações de

pânico, a mensagem não deve referir ao tipo de emergência de que se trata, focando-se apenas na necessidade de evacuar o edifício.

x Deve assegurar-se que a mensagem de voz é também transmitida em formatos acessíveis a pessoas com incapacidade auditiva, por exemplo através de mensagens escritas em painéis informativos.

2.4 Organização de segurança

x Na definição do número mínimo de elementos da equipa de segurança devem ser ponderadas as condições

de acessibilidade e evacuação do edifício. Assim, se um edifício não permite a evacuação autónoma de pessoas com mobilidade condicionada ou outras incapacidades, o número de elementos da equipa de segurança deverá ser maior, uma vez que cada pessoa com necessidades especiais irá necessitar do apoio de pelo menos um elemento desta equipa. Com base no número de elementos da equipa de segurança, seria também interessante calcular o efectivo máximo de pessoas com necessidades especiais que um edifício suporta.

x Os elementos que possuem atribuições especiais de actuação em caso de emergência, devem receber formação nas seguintes áreas:

o Identificação de pessoas com incapacidades motoras, visuais e auditivas; o Procedimentos a seguir junto destas pessoas em caso de evacuação;

o Forma de abordagem a pessoas com mobilidade condicionada, incapacidade visual e incapacidade auditiva.

x Em edifícios em que a presença de pessoas com incapacidades seja frequente, deve tornar-se prática habitual a realização de simulacros em que se testem os procedimentos de evacuação destas pessoas.

2.5 Sistema de orientação táctil e electrónico

Foram realizados testes-piloto em algumas universidades, que indicam os potenciais benefícios para pessoas com incapacidades visuais do novo sistema de orientação, dentro e fora dos edifícios, principalmente no que concerne a uma maior facilidade de encontrar a direcção correcta e em segurança. Estes testes consistiram num exercício de orientação num edifício que os participantes não conheciam através. Os participantes foram divididos em três grupos: grupo sem assistência; grupo que recebeu instruções verbais; grupo que recorreu ao

dispositivo de orientação electrónica. Verificou-se que o tempo dispendido pelos indivíduos que usaram o

dispositivo electrónico de orientação foi consideravelmente menor do que para as outras modalidades. Os participantes indicaram a sua satisfação com o dispositivo de orientação electrónica, que foi usado sem qualquer necessidade de formação prévia. Pelo contrário, os indivíduos que não recebem nenhuma assistência expressaram uma grande frustração e apenas conseguiram encontrar a saída após reconhecer e percorrer todo o labirinto, incluindo caminhos sem saída.

Existem algumas soluções no mercado, tais como o BlindGuide (figura 5) ou o Step-Hear (figura 6). Estes produtos funcionam com o princípio acima descrito.

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Figura 5: Blind Guide Figura 6: Step-Hear

Uma das optimizações que se poderia fazer seria o desenvolvimento dum software que fizesse o cruzamento deste sistema a um software de propagação de incêndio. Com base na informação fornecida pela Central de Detecção de Incêndios, sobre quais os detectores de incêndio accionados seria possível determinar a localização e dimensão do incêndio. Cruzando esta informação com as características do edifício (saídas de emergência, caminhos de evacuação, áreas de refúgio, entre outras), previamente introduzidas, o software seria capaz de definir o caminho até à saída de emergência ou área de refúgio mais próxima, e orientar o utilizador para lá.

3. CONCLUSÕES

A segurança contra incêndios em edifícios adaptada a pessoas com incapacidades é uma área onde existem indubitavelmente várias oportunidades de melhoria, principalmente no que respeita à evacuação destas pessoas em caso de emergência. Neste sentido há necessidade de apostar na implementação da legislação existente, nomeadamente no que respeita à acessibilidade dos edifícios, através de acções de fiscalização.

Há também necessidade de aumentar a regulamentação sobre esta temática, que dê uma resposta concreta às necessidades das pessoas com incapacidades (especialmente com incapacidade auditiva), e que exija aos gestores dos edifícios, as condições necessárias para garantir uma evacuação em segurança em caso de incêndio.

4. AGRADECIMENTOS

Os autores gostariam de agradecer à Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), à Associação Salvador, à Associação Portuguesa de Deficientes, à Fundação LIGA e à Associação Promotora do Ensino dos Cegos pelo apoio na divulgação dos inquéritos pelos seus associados.

5. REFERÊNCIAS

[1] National Fire Protection Association - Emergency Evacuation Planning Guide for People with Disabilities. NFPA. EUA, 2007.

[2] Shields, T J. - Fire and disabled people in buildings. Fire Research Centre, University of Ulster. Ulster, 1993.

[3] FEMA - Fire Risks for the Deaf or Hard of Hearing, FEMA. Washington, D.C., 1999. [4] FEMA - Fire Risks for Mobility Impairments, FEMA. Washington, D.C., 1999.

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[6] Decreto-Lei n.º 163/2006. D.R. n.º 152, Série I de 2006-08-08. Portugal. [7] Portaria nº 1532/2008. D.R. n.º 250, Série I de 2008-12-29. Portugal.

[8] Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), (2004). “NBR 9050 - Acessibilidade a edificações,

mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”. ABNT, Rio de Janeiro.

[9] BSI British Standards (2009). “BS 8300:2009 - Design of buildings and their approaches to meet the needs of disabled people – Code of practice”. 2ª edição, BSI, Londres.

[10] Neves, S.; As pessoas com limitações e a evacuação de centros comerciais em caso de incêndio, Tese de Mestrado em Segurança aos Incêndios Urbanos, Coimbra, 2010, 130 p.

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