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PODER JUDICIÁRIO SÃO PAULO

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO

SÃO PAULO

SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL Décima Câmara

APELAÇÃO COM REVISÃO Nº 565.240-0/6 - SÃO PAULO Apelante: Maria Emilia Souza Pereira

Apelados: Odair Paulino de Souza Maria Aparecida de Souza

EXECUÇÃO. INCIDENTE DE FALSIDADE. Não

houve cerceamento de defesa de qualquer ordem. O julgador sentiu-se habilitado à entrega da prestação jurisdicional diante da prova existente e que lhe ofereceu elementos de convencimento.

SENTENÇA. JULGAMENTO “EXTRA PETITA”. INOCORRÊNCIA. Permitir o prosseguimento da atividade executiva fundada em título destituído de eficácia, porque provada a falsidade das assinaturas dos Executados, é autorizar ilicitude e, ao Juiz compete evitar que tal resultado se produza.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA SUCUMBÊNCIA. Neste incidente foi declarada a falsidade das assinaturas dos fiadores e, em conseqüência, decretada a nulidade da execução. A decisão terminativa autoriza a imposição.

Voto nº 3.996 Visto.

ODAIR PAULINO DE SOUZA e MARIA APARECIDA DE SOUZA opuseram Embargos à Execução que lhes move MARIA EMILIA SOUZA PEREIRA, partes qualificadas nos autos, argüindo preliminarmente a falsidade das assinaturas que lhes são imputadas na qualidade de fiadores do contrato de locação; requereram a denunciação da lide à locatária do imóvel. No mérito alegaram a impenhorabilidade do bem de família.

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SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL Décima Câmara

Recebidos, os Embargos foram processados como Incidente de Falsidade (folha 8). Impugnado o incidente

(folhas 9/13), o processo foi saneado. Afastada a denunicação

da lide foi autorizada a perícia grafotécnica (folha 33).

Realizada a prova técnica (folhas 78/148) e

complementado o laudo (folhas 177/181 e 193/209) sobreveio a

entrega da prestação jurisdicional julgando procedente o incidente para o fim de declarar nula a Execução, nos termos do artigo 618, inciso I, do Código de Processo Civil, com a condenação da Requerida ao pagamento das custas, despesas processuais, incluídos os honorários periciais, além dos honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da causa (folhas 227/229).

MARIA EMILIA SOUZA PEREIRA recorreu. Afirma

que houve cerceamento de defesa em face da “... necessidade

de serem analisadas outras circunstâncias determinadoras da responsabilidade dos executados

...”

(folha 232); a sentença deve

restringir seus efeitos às partes envolvidas no incidente. Requer a liberação da condenação nas verbas de sucumbência (folhas 231/235).

ODAIR PAULINO DE SOUZA e MARIA APARECIDA DE SOUZA contrariaram as razões sustentando o acerto da decisão (folhas 238/240).

É o relatório, adotado no mais o da r. sentença.

Disse a Apelante:

“... tendo o processo sido julgado no estado em que se encontrava, dispensando o MM. Juiz ‘a quo’ outras provas, houve cerceamento de defesa, já que necessário seria apurar outros aspectos que pudessem determinar a responsabilidade dos apelados no que respeita ao crédito exeqüendo, o que caracteriza a nulidade da R. Sentença ...”

(folha 233).

Não houve cerceamento de defesa de qualquer ordem. O julgador sentiu-se habilitado à entrega da prestação jurisdicional diante da prova existente e que lhe ofereceu elementos de convencimento.

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SEGUNDO TRIBUNAL DE ALÇADA CIVIL Décima Câmara

A necessidade da produção de provas deveria evidenciar um âmbito, ou uma extensão de imperiosidade, suficiente para aferir-se sobre a possibilidade de ser alijada a prova documental. É o entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante.

“Se as provas dos autos foram suficientes para o julgamento do feito, não se vislumbra caracterizado qualquer cerceamento de defesa1”.

A Execução foi proposta contra os Fiadores. Apenas dois suscitaram o Incidente de Falsidade. Contudo, para a realização da perícia foi feita a colheita de material gráfico de todos os Executados. A Apelante não apresentou recurso. Aceitou que a perícia apurasse eventual falsidade das assinaturas de todos os Executados.

O Incidente de Falsidade é mecanismo que objetiva expurgar do processo a prova documental materialmente falsa. Se a prova pericial apurou a falsidade do documento que fundamentou a Execução, desnecessária produção de outras provas.

Sobre o laudo a Apelante entendeu “... que há

alguns esclarecimentos necessários, mais objetivamente quanto à autoria das assinaturas, já que entende insatisfatórias as respostas aos quesitos ...” (folha 184) e, que, “... seja o laudo apreciado com

reservas, levando-se em conta também outras circunstâncias constantes dos autos ...” (folha 169).

Ao acolher, em termos, a impugnação, o MM. Juiz consignou: “... esclareça a excepta sobre a forma de quesitos suplementares ...” (folha 166). A Apelante articulou os quesitos (folha 172).

Intimada, a Apelante declarou-se “... ciente do

laudo complementar, aguardando a coleta e exame do material gráfico relativamente a Tania Maria Alves Bueno Lagos e Rosângela Maria de Souza, para posterior manifestação ...” (folha 209).

1- 2º TACivSP - Ap. c/ Rev. 538.259-00/0 - 6ª Câm. - Rel. Juiz LUIZ DE LORENZI - J. 30.6.99

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Requereu ainda (Apelante) os benefícios da Justiça Gratuita. Não logrou êxito (folhas 223/225).

A Perita Judicial concluiu:

“... São falsas as assinaturas atribuídas a Odair Paulino de Souza, Maria Aparecida de Souza, João Manuel Reste Reis e a Lea Mari Siracuza, apostas no Contrato de Locação, no Memorial Descritivo do Imóvel e no Aditivo ao Contrato de Locação de fls. 53/58, 59/60 e 61/62, tendo em vista os padrões de confronto oferecidos pelas respectivas pessoas homônimas as fls. 73/75, 71/72, 67/69 e 64/66 dos autos ...” (folha 110).

Sobre o reconhecimento das firmas a Perita Judicial concluiu:

“O reconhecimento de firmas de Odair Paulino de Souza e de Maria Aparecida de Souza, do contrato de locação de fls. 53/58, como sendo efetuada pelo Cartório do Registro Civil do 18º Subdistrito do Ipiranga, é falso, tendo em vista as assinaturas a eles atribuídas não se identificarem com aquelas constantes do cartão de autógrafos, arquivado no mencionado Cartório, aliado ao fato de que, desde abril de 1994, aquela serventia não mais de utilizava de carimbos, mas sim de etiquetas adesivas emitidas por processo informatizado.

(...)

No mencionado contrato consta outra impressão de carimbo relativa ao reconhecimento de firmas de João Manuel Reste Reis e de Lea Mari Siracuza, entretanto, não foi localizado nenhum cartão de autógrafos em nome dessas pessoas, junto ao Cartório do 18º subdistrito do Ipiranga/Capital.

(...)

Ao final do referido contrato encontra-se afixada uma etiqueta adesiva do Cartório do 46º Subdstrito - Vila Formosa, relativa ao reconhecimento de firmas de Alonso Barroso, José Carlos Gazeta e Tania Maria Alves Bueno Lagos, no entanto, não consta em nenhum momento quaisquer referências ou assinaturas em nome dos dois primeiros, o que leva a crer tratar-se de reconhecimentos

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Verificada, em tese, a existência de crime de ação pública e, tendo a Perita feito referências aos “Cartório do Registro Civil do 18º Subdistrito do Ipiranga” e “Cartório do 46º Subdistrito - Vila Formosa”, dê-se conhecimento dos fatos, por ofícios, com cópias das principais peças dos processos, ao Excelentíssimo Doutor Procurador Geral da Justiça e ao Excelentíssimo Desembargador Corregedor Geral da Justiça.

Sendo falsas as assinaturas dos Fiadores, inexistente a obrigação acessória (fiança) em que se fundamentou a Execução.

Não se pode impor aos Apelados obrigações que não assumiram.

“O contrato se aperfeiçoa pela coincidência de duas ou mais manifestações unilaterais da vontade. Se estas se externaram livre e conscientemente, se foram obedecidas as prescrições legais, a lei as faz obrigatórias2”.

Quando alguém abona obrigação de outrem para com o seu credor, caso o devedor não a cumpra ou possa cumprí-la, dá-se o contrato de fiança, que exige a forma escrita e não comporta interpretação extensiva. É obrigação pessoal de garantia e ordinariamente é dada de favor, em razão da amizade ou conhecimento próximo do fiador com o afiançado. É instituto do direito das obrigações.

Dispõe o artigo 1.481 do Código Civil:

“Dá-se o contrato de fiança, quando uma pessoa se obriga por outra, para com o seu credor, a satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra”.

O título executivo é necessário para fazer atuar a pretensão executiva, pois

nula executio sine título

. Dispõe o artigo 618, inciso I, do Código de Processo Civil:

“É nula a execução:

I- se o título executivo não for líquido, certo e exigível”.

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A ausência de título executivo, por imposição legal, conduz necessariamente ao trancamento do processo de execução.

A nulidade da obrigação acessória (fiança) não

induz a da obrigação principal3. Mas a Execução não

poderia prosseguir na forma como foi proposta em relação aos demais Executados.

Permitir o prosseguimento da atividade executiva fundada em título destituído de eficácia, porque provada a falsidade das assinaturas dos Executados, é autorizar o exercício de uma atividade ilícita e, ao Juiz compete evitar que tal resultado se produza.

“Havendo elementos evidenciadores da verossimilhança da alegada falsidade da assinatura do fiador na fiança, e constatada a possibilidade de dano irreparável ou de difícil reparação, em face da realização da praça de imóvel penhorado ao fiador, concede-se a tutela antecipada para suspender a eficácia da fiança, objeto da ação de nulidade do contrato4”.

Na condenação em honorários advocatícios sobrelevam dois princípios - o (princípio) da sucumbência, pelo qual a atuação da lei não deve representar uma diminuição patrimonial para a parte a cujo favor se efetiva; o (princípio) da causalidade, segundo o qual aquele que deu causa à propositura ou à instauração de incidente processual deve responder pelas despesas daí decorrentes.

“O autor responde pelas despesas e honorários porque, promovendo ação, provocou encargos econômicos ao réu, tendo, no caso, sido constituído advogado5”.

O momento certo para a condenação do vencido em verba sucumbencial é a sentença. Neste incidente foi declarada a falsidade das assinaturas dos Fiadores e, em conseqüência, decretada a nulidade da execução. Trata-se de decisão terminativa que comporta a

3- Código Civil, Artigo 153.

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condenação por honorários.

“Ônus da sucumbência. Aplicação independente da boa-fé com que tenha agido o vencido. Os encargos da sucumbência decorrem exclusivamente da derrota, experimentada pela parte6”.

“Com as despesas do processo haverá de arcar quem, de modo objetivamente injurídico, houver-lhe dado causa, não podendo redundar em dano para quem tenha razão7”.

Em face ao exposto, nega-se provimento ao recurso, com recomendação.

IRINEU PEDROTTI Relator

7- STJ - JTAERGS 77/332, maioria.

8- STJ - 3ªTurma, Resp 43.366-5-RJ, rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 25.4.94, negaram provimento, v.u., DJU 23.5.94, p. 12.606, 2ª col., em.

Referências

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