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A IMPORTÂNCIA DA CULTURA NA FORMAÇÃO DOCENTE 1

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A IMPORTÂNCIA DA CULTURA NA FORMAÇÃO DOCENTE

1

GRANZOTTO, Michele M

2

; PRETTO, Valdir

3

1

Trabalho de Pesquisa _UNIFRA

2

Acadêmica do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.

3

Professor do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: michimgro@gmail.com; pretto@unifra.br

RESUMO

Este artigo é construído a partir de uma pesquisa realizada no Curso de Pedagogia do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA – RS. O objetivo principal foi analisar os aspectos culturais existentes em uma turma do 7º. Os teóricos consultados abrangem as áreas da sociologia, psicologia e da educação. A metodologia usada é a Pesquisa de Campo, e o instrumento para a coleta de dados foi a observação participante com abordagem qualitativa. Os resultados são observações das aulas da Disciplina de Formação Docente e Desenvolvimento Profissional. Conclui-se que o acadêmico carrega marcas de sua primeira cultura, ou seja, traços de sua origem, fazendo aparecer o conhecimento, a priori, do senso comum interagindo com o conhecimento científico.

Palavras-chave: Cultura; Formação Docente; Identidade

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como território empírico uma turma do 7º semestre, do Curso de

Pedagogia, do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA - RS. A questão que orienta a

pesquisa é o resgate dos valores culturais que existem no meio acadêmico e a análise

estará focada nas interações/discussões dos acadêmicos durante as aulas da Disciplina de

Formação Docente e Desenvolvimento Profissional.

A pesquisa se fundamenta em pressupostos teóricos de autores como HALL (2005),

SILVA (2000), BAUMAN (2001), que discutem sobre a construção da identidade em meio a

uma nova configuração de cultura na pós-modernidade.

Nosso interesse, em focar a questão da cultura e a construção de identidades, diz

respeito às diversas culturas que se encontravam na referida turma do Curso de Pedagogia,

segundo as quais demonstram os valores culturais que emergem de tal relação.

(2)

leva-se em conta o desafio da educação e neste caso da acadêmica em conjugar os

diversos valores das relações em que a cultura apresenta tanto no meio acadêmico quanto

no meio social.

Assim, a educação e o conhecimento têm em si uma natureza alicerçada na

realidade social como ponto de partida, em que o conhecimento é uma atividade intelectual,

na qual o homem procura refletir sobre o mundo que o cerca.

Esse homem que busca nos meios acadêmicos construir

sua identidade em uma

sociedade plural da pós-modernidade apresenta cada vez mais uma estreita relação com a

sua cultura que sendo rica de significações, ocupa lugar central e decisivo para a construção

de identidades pessoais e sociais as quais são alicerçadas e formadas nos diversos

contextos sociais com que está envolvido.

Nesta perspectiva WOODWARD ressalta que:

cada cultura tem suas próprias e distintivas formas de classificar o mundo. É pela construção de sistemas classificatórios que a cultura nos propicia os meios pelos quais podemos dar sentido ao mundo social e construir significados. Há entre os membros de uma sociedade, um certo grau de consenso sobre como classificar as coisas a fim de manter alguma ordem social. Esses sistemas partilhados de significação são, na verdade, o que se entende por “cultura” (2000, p.41).

A cultura tem um papel central e de grande relevância ao oferecer significados e

reflexões para os futuros educadores sobre sua identidade e sobre seus valores locais e a

relação destes com os conhecimentos acadêmicos.

A influência da cultura no meio acadêmico e, deste modo, na construção da

identidade, se desenvolve e se apresenta nos momentos de formação, na sala de aula, na

dinâmica das aulas, enquanto sujeitos construtores de seus saberes.

2. DESENVOLVIMENTO

A importância da cultura na contemporaneidade tem sido alvo de discussões de

muitos autores de diferentes linhas de pensamento. Atualmente a cultura está adquirindo um

importante papel na vida social, livrando-se de concepções tradicionais, o que expressa

grande importância ao estudo da cultura e à vida acadêmica.

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questão referente as dimensões do conhecimento, das crenças e do modo pelo qual as

pessoas pensam e agem na realidade. Assim “entendemos [...] que a cultura diz respeito a

uma esfera, a um domínio, da vida social” (SANTOS, 1994, p.25).

Para tanto, vemos a partir destas duas concepções básicas de cultura que elas são

dinâmicas e sempre conectadas com os vários processos de transformação e isto nos leva a

refletir sobre as mudanças que ocorrem em nossa sociedade e que afetam diretamente o

meio acadêmico.

O pensamento pós-moderno nos apresenta a cultura como uma ação que perpassa

tudo o que acontece em nossas vidas. As consequências são os choques teóricos e práticos

permeados de tensões e conflitos que ocorrem na academia em torno das questões

culturais.

No entanto estas questões de caráter histórico e contextual emergem

questionamentos sobre a formação de novas identidades culturais decorrentes das

transformações que a sociedade enfrenta.

Esses processos de mudanças históricas, sociais e culturais estão transformando a

sociedade e interferindo em nossas identidades pessoais, ou seja, está ocorrendo um

descolamento de identidades.

Para uma melhor compreensão iremos distinguir três concepções de identidade

segundo Hall (2005). A primeira concepção refere-se ao Iluminismo que tem em seu núcleo

interior o “eu”, baseado no individualismo.

A segunda baseia-se no Sociológico, em que seu núcleo é formado pelo “eu real”,

ou seja, nas relações com as outras pessoas; a identidade é formada na interação entre o

eu e a sociedade mediada pela cultura. A terceira tem como centro o sujeito pós-moderno

que não tem uma identidade fixa, estável, permanente, mas sempre em transformação, pois

é definida historicamente.

As concepções acima apresentadas promovem o descentramento do sujeito a partir,

primeiramente do pensamento de Marx em que os sujeitos não construiriam sua história,

mas sim agiriam de acordo com as condições a ele oferecidas. Em segundo lugar temos o

descentramento que decorre da teoria de Freud pela descoberta do inconsciente em que a

identidade é formada por meio de processos inconscientes na interação com o outro

incompleto, ou seja, a identidade nunca é completa sempre existe no imaginário do sujeito.

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Nessa perspectiva outro ponto importante é que “falar uma língua não significa

apenas expressar nossos pensamentos mais interiores e originais, significa também ativar a

imensa gama de significados que já estão embutidos em nossa língua e em nossos

sistemas culturais” (HALL, 2005, p.40).

Para tanto, nossas afirmações possuem significados que estão sempre fugindo do

nosso alcance, por serem proposições instáveis que carregam consigo outros significados.

O quarto descentramento aponta para o trabalho de Michel Foucault em que

destaca um novo tipo de poder, o “poder disciplinar” que está preocupado em manter a

ordem, a disciplina sob estreito controle.

O quinto descentramento, relaciona-se com o grande impacto do feminismo

enquanto um movimento social na busca pela identidade em cada manifestação.

É importante, a partir destas questões destacarmos alguns pontos relevantes,

primeiramente referente a palavra descentramento, que para nós está relacionado com a

identidade vista hoje não mais como uma visão do todo, mas sim uma fragmentação, um

descentramento do sujeito tradicional para o pós-moderno, ou seja, houve uma mudança

conceitual.

Hall enfatiza em suas escritas sobre o assunto que “de acordo com alguns teóricos,

o “sujeito” do Iluminismo, visto como tendo uma identidade fixa e estável, foi descentrado,

resultando nas identidades abertas, contraditórias, inacabadas, fragmentadas do sujeito

pós-moderno (HALL, 2005, p.46).”

Percebe-se, portanto, que uma das consequências que a pós-modernidade

proporcionou foi a globalização o que gerou um grande impacto ao levar a descentralização

do sujeito na construção de sua identidade, bem como o fortalecimento e a produção de

novas identidades.

Para Woodward (2000, p.20), “a globalização envolve uma interação entre fatores

econômicos e culturais, causando mudanças nos padrões de produção e consumo, as quais

por sua vez, produzem identidades novas e globalizadas”. Trata-se de diferentes maneiras

de se pensar a identidade cultural, afetada pelas mudanças sociais que causam crises

globais na formação de identidades.

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Estas relações que construímos e pelas quais participamos envolvem diferentes

instiuições sociais, como a família, grupos de amigos, colegas da faculdade, as instiuições

educacionais entre outras, que nos proporcionam graus de autonomia e diferentes escolhas.

Um exemplo é a “casa como um “[...] espaço no qual muitas pessoas vivem suas

identidades familiares” (WOODWARD, 2000, p.30).

É, então, neste contexto e em outros variados como já foi citado que os indivíduos

convivem e constróem suas identidades. Estes diversos contextos sociais apresentam

diferentes significados sociais que contribuem para que nossas experiências e expectativas

sejam múltiplas e cheias de significado.

Daí a importância de alguns questionamentos sobre tais implicações na construção

de identidades, bem como suas principais causas na crise de identidade que é a principal

característica das sociedades contemporâneas ou como muitos autores se referem da

modernidade tardia.

Bauman um dos sociólogos mais lidos atualmente descreve em suas obras

importantes reflexões acerca das mudanças culturais e de identidade que a

pós-modernidade está proporcionando, o que ele chama de pós-modernidade líquida, por se

diferenciar dos sólidos por sua consistência e permanente estado sem alteração. Os liquidos

por sua vez são fluídos, escorrem, mudam de aparência, se transformam rapidamente:

[...] os líquidos diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade [...] Enquanto os sólidos têm dimensões espaciais claras, mas neutralizam o impacto e, portanto, diminuem a significação do tempo (resistem efetivamente a seu fluxo ou o tornam irrelevante) os fluídos não se atêm muito a qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la; assim para eles, o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca ocupar; espaço que, afinal, preenchem apenas “por um momento”. Em certo sentido, os sólidos suprimem o tempo; para os líquidos, ao contrário, o tempo é o que importa (BAUMAN, 2001, p.8).

Neste mundo líquido em que vivemos em que tudo o que era correto ontem, hoje já

não é mais, juntamente com as exigências da pós-modernidade surgem conflitos pessoais

acerca da identidade. Estes conflitos aparacem cercados de duas concepções que juntas se

tornam uma única concepção de identidade.

A primeira está baseada em Marx, que argumenta que as relações sociais são

determinadas pela sociedade e a segunda fala que a identidade é uma categoria natural

com base biológica.

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por um lado tendo algum núcleo essencial que distinguiria um grupo do outro. Por outro, a identidade é vista como contingente, isto é, como o produto de uma intersecção de diferentes componentes, de discursos políticos e culturais e de histórias particulares (WOODWARD, 2000, p.38).

Sob essa ótica podemos dizer que a identidade é produzida sempre em relação com

o outro em meio a diversidade e a diferença. A identidade é independente, ou seja, aquilo

que se é e a diferença representa aquilo que o outro é, e é isto que nos faz pensar. Neste

sentido a diferença é o produto da identidade, e no entanto, é o resultado de criações

sociais e culturais construídas na interação com o outro.

Para Hall (2000, p.108) as identidades “são multiplamente construídas ao longo de

discursos, práticas e posições [...] estão sujeitas a uma historicização radical estando

constantemente em processo de mudança e transformação”.

Nessa contextualização acerca da problemática da construção de identidades na

pós-modernidade podemos afirmar que a acadêmia é um dos locais em que ocorrem

choques teóricos e práticos em relação as questões culturais relacionada com a identidade

de cada indivíduo, pois, cada um carrega consigo traços e resquícios de suas vivências e de

suas experiência.

Os parágrafos acima trataram de temáticas sobre a questão da identidade, a crise de

identidade, sobre a importância e a influência da cultura bem como das consequências da

globalização na pós-modernidade. Portanto, nós os entendemos como temáticas que

influenciam, constroem culturas seja na academia como na vida social de cada indivíduo.

3. METODOLOGIA

Considerando o

objetivo principal do trabalho, optou-se por uma metodologia de

pesquisa de campo, para que fosse possível analisar os aspectos culturais existentes em

uma turma do 7º semestre, do Curso de Pedagogia, do Centro Universitário Franciscano

-(UNIFRA), nas aulas da Disciplina de Formação Docente e Desenvolvimento Profissional.

Para tanto esta “consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem

espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se

presume relevantes, para analisá-los” (MARCONI;LAKATOS, 1999, p.85).

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A pesquisa de campo a ser realizada na turma escolhida melhor se concretiza com a

definição da abordagem do tipo qualitativa, por entendermos que a subjetividade é inerente

ao ser humano e está contida na ação dos pesquisadores quanto nas do grupo a ser

investigado, rico em diversidades culturais, e por isso merece ser valorizada,

considerando-a tconsiderando-ambém como um dos considerando-aspectos importconsiderando-antes de considerando-análise, pois como considerando-afirmconsiderando-a Jung:

o modelo qualitativo admite a interferência dos valores do pesquisador e considera a existência de múltiplas realidades [...] tem por finalidade a representação dos objetos ou indivíduos e as relações associadas para formulação de um modelo interativo [...] é passível de interferência positiva ou negativa dos valores do próprio pesquisador” (2004, p. 61).

As observações foram registradas em arquivos o que contribuiu para as sucessivas

análises das informações.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A presente pesquisa foi desenvolvida em uma turma do 7º semestre do Curso de

Pedagogia, do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA, durante a Disciplina de

Formação Docente e Desenvolvimento Profissional, no período de março a julho de 2011.

Um dos principais resultados a que chegamos é que a o ambiente da sala de aula é

permeado por várias culturas, as quais apresentam os acadêmicos por meio de experiências

sociais e culturais anteriores a academia.

Neste contexto, o acadêmico não foge de sua naturalidade cultural primeira do senso

comum, do lugar de que ele precede, de sua origem, fato claramente percebido pelo

educador.

Essa investigação nos levanta também registros que o trabalho que cada um realiza

fora da sala de aula ajuda a criar um aspecto cultural próprio que influencia o ambiente

educacional. Apresenta-se de diversas maneiras no dia a dia com os colegas, pelas

conversas, trocas de experiências, debates sobre assuntos variados.

Esse trabalho aproximou a turma, pois cada um dos colegas acabou se identificando

por meio de seus aspectos culturais, de seu contexto globalizado, com os outros colegas, o

que gerou uma grande troca de experiências pessoais carregadas de múltiplos significados

construídos socialmente muito antes do ingresso na academia.

5. CONCLUSÃO

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extrema relevância e necessitam cada vez mais serem exploradas e compreendidas, pois é

por meio destas que o educador pode ter uma visão mais global do seus acadêmicos.

Desse modo as observações e as análises feitas, enfatizam a influência que a cultura

proporciona aos acadêmicos em suas vivências na academia e na construção de suas

identidades que a todo o momento são colocadas a prova.

No entanto, estas questões são decorrentes das transformações que a sociedade e

as pessoas, neste caso os acadêmicos enfrentam todos os dias, e que são resquícios da

globalização que afeta o mundo pós-moderno.

Por fim, acreditamos que a cultura tem grande influência na formação docente dos

acadêmicos do 7º semestre, do Curso de Pedagogia, na construção de suas identidades, o

que proporciona uma rede de significados construídas na interação com os colegas, no

sentido de que a identidade não se relaciona somente a subjetividade de cada um, mas sim

está ligado ao contexto no qual estamos inseridos.

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.

HALL, Stuart. Quem precisa da identidade?. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (Org). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2000, p.103-131.

JUNG, Carlos Fernando. Metodologia para pesquisa & desenvolvimento: Aplicada a novas tecnologias, produtos e processos. Rio de Janeiro: Ed. Axcel Books do Brasil, 2004.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 14.ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.

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