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CONCEITUAÇÃO DE AGRICULTURA FAMILIAR, QUINTAIS AGROFLORESTAIS, ETNOBIOLOGIA E O ENVOLVIMENTO COM AS PLANTAS MEDICINAIS

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1 Anais da Semana de Engenharia Florestal CESIT/UEA. Volume 7, Número 1. Manaus/AM: UEA Edições, 2018. ISSN 2595-7821

CONCEITUAÇÃO DE AGRICULTURA FAMILIAR, QUINTAIS

AGROFLORESTAIS, ETNOBIOLOGIA E O ENVOLVIMENTO COM AS

PLANTAS MEDICINAIS

CURSINO, Alícia Monteiro1; BATISTA, Alan M.1; PEREIRA, Henrique2; FERREIRA, Deolinda L. R.3

RESUMO

O Brasil abriga a maior diversidade vegetal do mundo e detém uma ampla tradição do uso de plantas medicinais, vinculada ao conhecimento popular. A Amazônia, por sua vez, é uma região estratégica para o Brasil e para o mundo, pois provê serviços ecossistêmicos vitais a humanidade e resguarda uma das maiores diversidades étnicas e culturais do mundo, sendo a atividade conhecida como agricultura familiar muito empregada, por famílias rurais, nesta região. Para melhor esclarecimento acerca do que é agricultura familiar e as atividades afins, realizou-se uma revisão bibliográfica buscando-se definir os conceitos de agricultura familiar, quintais agroflorestais e etnobiologia, além de demonstrar resultados envolvidos a estas temáticas. A agricultura familiar possui papel essencial no desenvolvimento socioeconômico na Amazônia, principalmente na produção de alimento, geração de renda e fixaçao do homem no campo, sendo realizada por pequenos proprietários mediante o uso de trabalho aparentado. Os quintais agroflorestais, definidos como um tipo de SAF implantado próximo às residências, além de impulsionar a renda familiar e ser um cultivo mais saudável, necessita de conhecimentos bioculturais dos agricultores. Neste sentido, entra a entnobiologia e a etnobotânica, ciências que visam entender de forma abrangente a interação que ocorre entre a população humana, os recursos naturais e o conhecimento popular sobre plantas advindo de comunidades tradicionais, respectivamente. As atividades descritas acima são fortemente utilizadas nas áreas rurais, geralmente manejadas pelo sexo feminino, para fins medicinais, de subsistência e geração de renda.

Palavras Chave: Agroecologia, Saber Tradicional, Economia Rural.

ABSTRACT

Brazil has the greatest plant diversity in the world and has a wide tradition of the use of medicinal plants, linked to popular knowledge. Amazonia, in turn, is a strategic region for Brazil and the world, as it provides ecosystem services that are vital to humanity and safeguards one of the greatest ethnic and cultural diversities in the world, being the activity known as family agriculture very employed, by rural families, in this region. In order to better understand what family agriculture is and related activities, a bibliographical review was carried out in order to define the concepts of family agriculture, agroforestry yards and ethnobiology, as well as to demonstrate the results involved in these themes. Family farming plays an essential role in the socioeconomic development of the Amazon, mainly in the production of food, income generation and the establishment of man in the field, being carried out by smallholders through the use of related work. Agroforestry yards, defined as a type of SAF implanted near homes, in addition to boosting family income and being a healthier crop, require farmers' biocultural knowledge. In this sense, entnobiology and ethnobotany come in, sciences that aim to comprehend in a comprehensive way the interaction that occurs between the human population

1Acadêmicos de Engenharia Florestal, Centro de Estudos Superiores de Itacoatiara, aliciamonteirocursino@gmail.com 2Dr. em Ecologia, Universidade Federal do Amazonas, hpereira@ufam.edu.br

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2 and the natural resources and the popular knowledge about plants coming from traditional communities, respectively. The activities described above are strongly used in rural areas, usually managed by the female sex, for medical purposes, subsistence and income generation.

Keywords: Agroecology, Traditional Knowledge, Rural Economy. INTRODUÇÃO

O Brasil abriga a maior diversidade vegetal do mundo, com cerca de 55 mil espécies catalogadas, além de deter ampla tradição do uso de plantas medicinais, vinculada ao conhecimento popular transmitido entre as gerações (FONSECA, 2012). A Amazônia, por sua vez, é uma região estratégica para o Brasil e para o mundo. Além de abrigar a maior floresta tropical e biodiversidade do planeta, provê serviços ecossistêmicos vitais ao bem-estar da humanidade e resguarda uma das maiores diversidades étnicas e culturais do mundo (CELENTANO, 2010).

A agricultura familiar mostra que o envolvimento da família é imprescindível para a geração dos produtos agrícolas e subsistência das mesmas. Uma forma de se desenvolver a prática é com o uso de quintais agroflorestais, que são sistemas tradicionais facilitados pelo fato de estarem localizados próximos as residências, utilizando os conhecimentos etnobotânicos e entnobiológicos.

Diante do exposto no presente trabalho, realizou-se uma revisão sobre a agricultura familiar, quintais agroflorestais, a etnobiologia e a etnobotânica e ainda foram comentados alguns trabalhos que envolvem essas temáticas com demonstração desses resultados.

DESENVOLVIMENTO Agricultura Familiar

A agricultura familiar possui papel essencial no desenvolvimento socioeconômico na Amazônia, principalmente na produção de alimentos, geração de renda e fixação do homem no campo, (VIEIRA et al., 2012) sendo este sistema o responsável pela produção da maioria dos produtos alimentícios consumidos no território brasileiro (PAULA et al., 2017). Nos últimos anos, o Brasil avançou significativamente no que diz respeito a uma melhor definição, compreensão das características e significado da agricultura familiar, reconhecendo a enorme diversidade econômica e heterogeneidade social deste setor, constituído por pequenos proprietários de terra que trabalham mediante o uso da força de trabalho aparentada, produzindo tanto para subsistência quanto para o comércio (SCHNEIDER & CASSOL, 2014).

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3 maior segurança devido à ausência de agrotóxicos, tornando-se assim um produto mais saudável (SILVA, 2016).

Dessa forma as definições de agricultura familiar mais descritas em trabalhos recentes sobre a temática, referem-se a mão-de-obra utilizada, o tamanho das propriedades, ao direcionamento dos trabalhos e na renda gerada pela atividade agrícola.

Quintais Agroflorestais

Os quintais agroflorestais construídos e mantidos por agricultores familiares localizam-se nas áreas ao redor das residências e consistem na associação de espécies florestais, agrícolas, medicinais, ornamentais e também de animais. Segundo Almeida & Gama (2014), Quintal Agroflorestal (QAF) é um sistema tradicional de uso da terra, classificado como sistema agroflorestal (SAF), praticado por famílias que vivem em zonas rurais, periurbanas e urbanas, implantado nas áreas contíguas às residências, ou seja, no quintal.

Estes sistemas exercem um papel importante para a segurança alimentar dos agricultores familiares visto que complementam a dieta dos mesmos com espécies frutíferas (ROCHA GARCIA et al., 2015), disponibilizam medicamentos, ambiente confortável, renda extra e proporcionam relações sociais na comunidade, garantindo assim a subsistência do grupo de maneira agroecologicamente sustentável (SANTOS & STEWARD, 2018). Em certos casos, segundo Bardhan et al. (2012), estas atividades podem ser comparadas às florestas naturais, quanto à eficiência, na conservação da diversidade de espécies vegetais.

Etnobiologia e Etnobotânica

De acordo com Santos (2016), a Etnobiologia é uma ciência que busca entender de forma abrangente a interação que ocorre entre a população humana e os recursos naturais, empregando técnicas e conhecimentos de diversas áreas, caracterizando-se como uma área do conhecimento inter-trandisciplinar que flui do social ao biológico e que vem crescendo de forma expressiva no meio acadêmico, sobretudo na América Latina. Dentre os vários ramos que esta etnociência apresenta pode-se destacar a etnobotânica. Para Zabon e Agostini (2015), a etnobotânica é uma disciplina que pode-se propõe a estudar o conhecimento popular sobre plantas advindo de comunidades tradicionais. Assim, essa área de estudo está profundamente relacionada com o resgate e manutenção do conhecimento empírico, uma vez que tem como um de seus principais objetivos o registro de tais informações e saberes.

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4 plantas, destacando-se as medicinais e alimentícias. Para Franco et al. (2011) as plantas medicinais representam um importante recurso na promoção da saúde e cultura em muitas regiões do Brasil, sendo assim de grande interesse na etnobotânica. Segundo Siviero et al. (2012) o estudo de plantas medicinais permite o entendimento das bases racionais para o uso medicinal de algumas espécies vegetais e desenvolvimento de fitoterápicos de baixo custo além de possibilitar a descoberta de novas drogas.

Resultados de estudos que envolvem Agricultura Familiar, Quintais Agroflorestais e Plantas Medicinais

Nessa fase é interessante ressaltar as várias experiências descritas nos resultados de autores no envolvimento das temáticas que estão sendo abordadas nesse trabalho em diferentes lugares do Brasil. No município de Bonito, Pará, uma pesquisa revelou que os quintais agroflorestais apresentam expressiva riqueza florística e alta diversidade de espécies vegetais relatando que quanto maior for a área do quintal, maior será a riqueza de espécies naquele espaço (VIEIRA et al., 2012).

Guerra et al. (2010), realizando levantamento de espécies medicinais utilizadas na medicina popular na comunidade Moacir Lucena, município de Apodi, Rio Grande do Norte, constataram que os habitantes usam as plantas principalmente para as seguintes indicações terapêuticas: cicatrização de ferimentos, anti-inflamatórios, dores de cabeça, intestinais e musculares, calmante e sintomas gripais.

Pereira et al. (2011) averiguaram em Gaspar Alto, Santa Catarina, que a principal atividade econômica da região é a agricultura de subsistência, apresentando 33,3% da população exercendo esta prática e no uso das plantas medicinais, verificou-se que 22,7% dos entrevistados as utilizam, pois fazem bem à saúde, 13,7% utilizam para o tratamento de doenças, 4,5% usam em casos de emergência e 59,1% dos entrevistados não justificaram a razão de utilizar plantas medicinais habitualmente.

De acordo com Vieira (2006), Vieira et al., (2012) e Almeida e Gama (2014) os quintais agroflorestais são manejados com baixo nível tecnológico e em muitas culturas as mulheres são as responsáveis pela implantação e manejo desses quintais.

Diante dos exemplos explicitados, pode-se identificar que os temas se complementam para o cultivo, utilização e conservação de espécies vegetais, além de contribuir para geração de renda familiar na execução da agricultura familiar.

CONCLUSÕES

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5 somente para a subsistência das famílias, mas também como recurso para geração de renda a partir do cultivo de espécies agronômicas e também de espécies medicinais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Larissa Santos de & GAMA, João Ricardo Vasconcellos. Quintais Agroflorestais: Estrutura, Composição Florística e Aspectos Socioambientais em Área de Assentamento Rural na Amazônia Brasileira. Ciência Florestal, v. 24, n. 4, 2014.

BARDHAN, Sougata; JOSE, Shibu; BISWAS, Shampa; KABIR, Kazi & ROGERS, Wendi.

Homegarden agroforestry systems: an intermediary for biodiversity conservation in Bangladesh. Agroforestry Systems, v. 85, n. 1, p. 29–34. 2012.

FRANCO, Fabio; LAMANO-FERREIRA, Ana Paula do N.; LAMANO-FERREIRA, Maurício.

Etnobotânica: aspectos históricos e aplicativos desta ciência. Caderno de Cultura e Ciência, Ano VI,

[S.l.], v.10, n. 2, 2011.

FONSECA, Maira Christina Marques. Epaming pesquisa, produção de plantas medicinais para

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em: <www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=26083&secao=Not%EDcias> Acesso em: 12/10/2018.

GUERRA, Antonia Mirian Nogueira de Moura et al. Utilização de plantas medicinais pela comunidade rural Moacir Lucena, Apodi-RN. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 26, n. 3, p. 442-450, mai.-jun., 2010.

PAULA, Márcia Maria de; OLIVEIRA, Adriana Leonidas de & SILVA, José Luís Gomes da. Promoção da Saúde e Produção de Alimentos na Agricultura Familiar. Revista Interação

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PEREIRA, Aline Julye et al. Estudo Etnobotânico de Espécies Medicinais em Gaspar Alto Central, SC. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, Ano I, São Paulo, v.18, n. 1, 2011. ROCHA GARCIA, Bruna Naiara; VIEIRA, Thiago Almeida & OLIVEIRA, Francisco de Assis. Quintais agroflorestais e segurança alimentar em uma comunidade rural na Amazônia Oriental.

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SANTOS, Raissa Moreira dos. Etnobiologia versus formação acadêmica: um estudo a partir de bacharelados em ciências biológicas do CCBSA/ UEPB. Campina Grande: UEPB, 2016. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas), Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Estadual da Paraíba, 2016.

SANTOS, Tasseli Figueiredo dos & STEWARD, Angela May. Diversidade botânica dos quintais agroflorestais de área de terra firme na comunidade Cafezal, Barcarena-Pará. Cadernos de

Agroecologia - Anais do VI Congresso Latino-Americano de Agroecologia, X Congresso Brasileiro

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6 SCHNEIDER, Sergio & CASSOL, Abel. Diversidade e heterogeneidade da agricultura familiar no brasil e implicações para políticas públicas. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 31, n. 2, p. 227-263, 2014.

SILVA, Jéssica Pereira da. Formas de Secagem de Hortaliças Funcionais na Agricultura Familiar. Universidade de Brasília-UnB. Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária-FAV. Brasília – DF, 2016.

SIVIERO, Amauri et al. Plantas Medicinais em Quintais Urbanos de Rio Branco, Acre. Revista

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VIEIRA, Thiago Almeida; ROSA, Leonilde dos Santos; SANTOS, Maria Marly de Lourdes Silva. Agrobiodiversidade de quintais agroflorestais no município de Bonito, Estado do Pará. Revista de

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VIEIRA, Thiago Almeida. Sistemas agroflorestais em áreas de agricultores familiares no

município de Igarapé-Açu, Pará: adoção, composição florística e gênero. UFRA: 2006. Dissertação

(Mestrado em Ciências Florestais), Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, 2006.

Referências

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