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Competências em informação dos estudantes de graduação para elaboração dos trabalhos acadêmicos

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Salvador - Bahia

2009

INSTITUTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO DOS ESTUDANTES

DE GRADUAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO

DOS TRABALHOS ACADÊMICOS:

A CONTRIBUIÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA UFBA

LÚCIA VERA DA SILVA

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

LINHA DE PESQUISA: PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO

LÚCIA VERA DA SILVA

COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DE

GRADUAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DOS TRABALHOS

ACADÊMICOS:

A CONTRIBUIÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA UFBA

Salvador 2009

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COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DE

GRADUAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DOS TRABALHOS

ACADÊMICOS:

A CONTRIBUIÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA UFBA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, do Instituto Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciência da Informação.

ORIENTADORA : PROF.ª DR.ª HENRIETTE FERREIRA GOMES

Salvador 2009

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Silva, Lúcia Vera da.

S586 Competências em informação dos estudantes de graduação para elaboração dos trabalhos acadêmicos / Lúcia Vera da Silva. – Salvador, 2009.

144f. : il. ; 30 cm.

Inclui apêndices e anexos.

Orientadora: Proª. Drª. Henriette Ferreira Gomes.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Instituto de Ciência da Informação.

1. Competência em informação - estudantes universitários. 2. Ensino superior - biblioteca universitária. 3. Bibliotecas universitárias - barreiras de uso. 4. Pesquisa. 5. Leitura. I. Universidade Federal da Bahia. Instituto de Ciência da Informação. II. Título.

CDD 021 CDU 021.2

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COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DOS TRABALHOS ACADÊMICOS: A CONTRIBUIÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DA UFBA. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, do Instituto Ciência da Informação da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Ciência da Informação, defendida e _________________ em 14 de agosto de 2009, pela banca examinadora constituída pelos professores:

DRª . HENRIETTE FERREIRA GOMES - ICI - UFBA

DRª. VALÉRIA APARECIDA BARI – NUCI/UFS

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A Pamela, filha querida, por durante anos, até a chegada desse percurso, ter convivido com a ausência materna e, que com muita serenidade e silêncio compreendeu o objetivo dessa ausência. Aos meus pais, pessoas responsáveis pela minha formação como pessoa. A Marcos, companheiro, pelo incentivo, paciência e compreensão por tantas ausências e ... A Maria Lúcia (In Memoriam), minha ex. sogra, a qual foi para mim uma segunda mãe.

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São tantos, mas cada um é tão especial...

A Deus, meu Senhor, força absoluta e abstrata, por ter estado sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis de minha vida, dando-me força e perseverança para a conquista dos meus objetivos, entre os quais este trabalho acadêmico.

À Profª. e Drª. Henriette Ferreira Gomes por me ter “selecionado” para ser sua orientanda, a qual durante esses 30 meses soube desempenhar com responsabilidade, compromisso, dedicação e zelo a pesquisa orientada. Qualidades estas que foram exercidas incondicionalmente e determinantes para a realização deste trabalho. Os resultados desse processo de aprendizado serão com certeza semeados em todas as etapas de minha vida: profissional e acadêmica.

Aos professores do ICI: Dra. Aida (pelas contribuições, durante as disciplinas ministradas no curso de mestrado, mestre que tem um jeito todo especial no seu fazer docente), Dra. Ieda, Dra. Lídia Toutain e Dr. Rubens.

Aos professores de outras Universidades que me apoiaram com a doação de materiais para leitura: Professora Sônia Caregnato (UFRS), Professora Maria Luiza Rigo Pasquarelli (Unifieo) e o Professor e Senador Cristovam Buarque (UnB - Senado Federal).

Aos funcionários da Biblioteca do Instituto de Ciência da Informação, pela extrema e importante colaboração e a Nadia, secretária do Programa de Pós-Graduação.

Aos servidores e professores das coordenações dos Cursos de Geologia, Medicina Veterinária, Filosofia e Ciências Humanas, Letras e Belas Artes da UFBA, bem como, os alunos e os bibliotecários das Unidades de Ensino, selecionadas para este estudo.

Aos funcionários do Instituto de Ciência da Informação, da Universidade Federal da Bahia.

Ao Bruno, estudante de estatística do Instituto de Matemática da Universidade Federal da Bahia.

Aos mestrandos da turma de 2007: Alda e Iole (companheiras e ouvintes de tantas indagações, discussões e desabafos acadêmicos e pessoais), Cláudio, Guillian, Janneth, Fausta, Lucytânia, Mentor, Raimundo, Rodrigo, por terem, durante esse processo de aprendizado, contribuído com suas ideias para a formação das minhas. Enfim, estes sim demonstraram companheirismo e o verdadeiro trabalho em equipe.

Ao meu chefe do Núcleo de Assessoramento Jurídico na Bahia, Manoel Oliveira Muricy, da Advocacia-Geral da União, pessoa dotada de grandes virtudes, entre as quais justiça e sabedoria.

Enfim, muito obrigada a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.

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“O professor moderno, responsável por sua função, solícito, inteligente, que todos queremos ter em nossas universidades é aquele que cada dia está ensinando a seus alunos o caminho da Biblioteca."

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A competência em informação dos estudantes de graduação, durante a elaboração do trabalho acadêmico, bem como o papel representado pela biblioteca universitária, nesse processo, constituíram o tema deste trabalho. O objetivo foi o de identificar as dificuldades dos estudantes de graduação no processo de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso, decorrentes do desconhecimento do papel e da lógica de funcionamento da biblioteca, como também dos seus produtos e serviços. Procurou-se analisar, além da frequência de utilização da biblioteca pelos alunos, as competências em informação que estes possuem ou que necessitam desenvolver para um uso mais produtivo da biblioteca e dos recursos informacionais. A educação superior é uma das etapas de formação, na qual os estudantes iniciam a experiência da construção do conhecimento. Nesse processo, a biblioteca universitária é um espaço importante que pode permitir a eles a aquisição de competências em informação e uso de recursos, os quais são importantes para o processo de pesquisa, de leitura e da produção escrita. A pesquisa caracterizou-se como descritiva, cuja investigação se deu através de um estudo de caso dos estudantes e bibliotecários, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a partir de uma amostra composta de 05 (cinco) cursos da graduação das Unidades de Ensino representativas das 05 (cinco) áreas de conhecimento, nas quais estão distribuídos os cursos oferecidos pela UFBA, perfazendo um total de 105 estudantes e 13 bibliotecários. O procedimento de coleta de dados se deu, através da adoção da técnica de aplicação de questionário e a análise dos dados se realizou, a partir das abordagens quantitativas e qualitativas. Os resultados mostraram que os estudantes têm conhecimento limitado, acerca dos produtos e serviços da biblioteca, bem como da lógica de funcionamento e da organização do acervo desse ambiente. Observou-se, também, que a frequência de utilização da biblioteca pelos estudantes é relativa, indicando ainda que estes têm dificuldades no uso desse espaço informacional. Tais resultados apontam, pois, a necessidade de se refletir sobre possíveis ações que eliminem essas dificuldades e favoreçam o desenvolvimento de competências associadas ao uso dos serviços, dos produtos e dos acervos das bibliotecas, bem como a busca e o uso qualitativo das informações disponíveis, no ambiente virtual, a partir do apoio da biblioteca universitária. Enfim, concluiu-se que a biblioteca universitária preocupe-se mais atentamente da identificação, reconhecimento e avaliação das dificuldades dos estudantes, procurando superar essas barreiras, por meio do desenvolvimento de ações que, de fato, promovam a competência em informação entre os estudantes da graduação, de modo a possibilitar que eles conquistem autonomia no desenvolvimento dos seus trabalhos acadêmicos e dominem o saber-científico.

Palavras-chave: Competência em informação – estudantes universitários. Ensino superior - biblioteca universitária. Biblioteca – barreiras de uso. Pesquisa. Leitura.

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The information competence of graduation students during the elaboration of the academic work, as well as the role played by the university library in this process, were the components forming the theme in this work. The objective was to identify the difficulties graduation students had in the process of elaborating their Course Conclusion Work, which were a consequence of the lack of knowledge of the library’s role and working logics, as well as of its products and services. The analysis comprised, besides how frequently students used the library, the information competencies they have or that they need to develop so they can use the library and the informational resources in a more productive way. Graduate education is one of the formation phases during which students start the experience of building knowledge. Within this process, the university library is an important space that might allow them to acquire competencies in information and in the use of resources that are important for the process of research, for reading and written production as well. The research was characterized as a descriptive one, and the investigation was carried out by means of a case study of students and librarians from Universidade Federal da Bahia – UFBA (Federal University of Bahia), based on a sample composed of 05 (five) graduation courses from units representing the 05 (five) fields in which the courses offered by UFBA are distributed, thus totaling 105 students and 13 librarians. The technique adopted for the data collection procedure was questionnaire application, and the data analysis was carried out based on quantitative and qualitative approaches. Results have demonstrated that students have limited knowledge about the library’s products and services, as well as of the working logics and of the assets organization in this environment. It was also observed that students use the library with relative frequency, thus indicating that they have difficulties in using this informational space. These results point to the fact that there is the need of thinking about actions that might possibly eliminate these difficulties, and create favorable conditions for the development of competencies associated to the use of the services, products and assets of the libraries, as well as the qualitative search and use of the information available in the virtual environment, with the support of the university library. In the end, the conclusion was that the university library should be more attentive, in terms of the identification, recognition and evaluation of students’ difficulties, thus trying to overcome these barriers by means of the development of actions that can, in fact, promote information competence among graduation students, in order to make it possible for them to gain autonomy for the development of their academic work and to dominate scientific knowledge.

Keywords: Information competence – university students. Graduation teaching – university library. Library – Use-related barriers. Research. Reading.

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Quadro 1 Tipos de documentos publicados sobre Information literacy por década

(1974-2000), bases de dados ERIC e LISA 30 Quadro 2 Número de publicações sobre Information Literacy por país (1974-2000)

busca simples, bases de dados ERIC e LISA 33

Quadro 3 Unidades/cursos da UFBA com elaboração de TCC em 2008.1 63 Quadro 4 Unidades/cursos da UFBA com maior número de estudantes matriculados

em 2008.1 64

Quadro 5 Composição de Amostra por Áreas, Unidades de Ensino, Cursos, estudantes em TCC e bibliotecários dos cursos selecionados da UFBA, no semestre de

2008.1. 65

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Tabela 1 Distribuição percentual dos estudantes por Unidade de Ensino na UFBA 69

Tabela 2 Distribuição percentual dos estudantes por faixa etária 70

Tabela 3 Distribuição percentual dos bibliotecários por unidade de ensino da UFBA 70

Tabela 4 Distribuição do uso da biblioteca pelos estudantes por curso 72

Tabela 5 Distribuição da frequência de utilização da biblioteca pelos estudantes 72

Tabela 6 Percepção dos bibliotecários quanto à frequência de utilização da biblioteca para a elaboração do TCC 73

Tabela 7 Percepção dos bibliotecários em relação à satisfação dos estudantes quanto ao horário de funcionamento da biblioteca 74

Tabela 8 Dificuldades dos estudantes quanto à utilização da biblioteca 74

Tabela 9 Distribuição dos estudantes por curso quanto às dificuldades no uso da biblioteca e na recuperação da informação 76

Tabela 10 Percepção dos bibliotecários quanto às dificuldades dos estudantes na Utilização da biblioteca 77

Tabela 11 Dificuldades da biblioteca na oferta de serviços aos estudantes em fase de elaboração do TCC na opinião dos bibliotecários 78

Tabela 12 Finalidades mais freqüente de uso da biblioteca pelos estudantes 79

Tabela 13 Procedimentos mais adotados pelos estudantes para encontrar o que procuram na biblioteca 79

Tabela 14 Percepção da finalidade mais frequente de uso da Biblioteca pelos estudantes 80

Tabela 15 Percepção quanto aos procedimentos mais adotados pelos estudantes para encontrar o que procuram na biblioteca 80

Tabela 16 Distribuição percentual sobre o conhecimento dos estudantes acerca dos serviços oferecidos pela biblioteca, por curso 81

Tabela 17 Serviços oferecidos pela biblioteca que são mais conhecidos e utilizados pelos estudantes 82

Tabela 18 Frequência de utilização das fontes informacionais pelos estudantes quando visitam a biblioteca 82

Tabela 19 Distribuição do uso das fontes informacionais pelos estudantes entre os cursos 84

Tabela 20 Serviços oferecidos pela biblioteca que são mais conhecidos e utilizados pelos estudantes na percepção dos bibliotecários 85

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Tabela 22 Critérios adotados pelos estudantes na seleção dos materiais para leitura e sua

Freqüência 87

Tabela 23 Distribuição por curso de critérios adotados pelos estudantes na seleção dos materiais para leitura e sua freqüência 88

Tabela 24 Percepção dos bibliotecários quanto aos critérios mais utilizados pelos Estudantes seleção dos materiais para leitura 89

Tabela 25 Utilização da biblioteca pelos estudantes durante a elaboração do TCC 90

Tabela 26 Percepção dos bibliotecários quantos à utilização da biblioteca pelos Estudantes durante a elaboração do TCC 91

Tabela 27 Participação dos estudantes em treinamentos sobre o uso da biblioteca/fontes de informação 92

Tabela 28 Conhecimentos adquiridos pelos estudantes nos treinamentos 93

Tabela 29 Avaliação do treinamento realizado pelos estudantes 93

Tabela 30 Atividades desenvolvidas em treinamentos realizadas pela biblioteca 94

Tabela 31 Avaliação do treinamento na percepção do bibliotecário 94

Tabela 32 Considerações livres dos estudantes relacionadas às necessidades para a ampliação do uso da biblioteca 96

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AASL Americam Association of School Libraries ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ACRL Association of College and Research Libraries

AECT Association for Educational Communications and Technology ALA American Library Association

BIC Biblioteca Central da Universidade Federal da Bahia FFCH Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia ICI Instituto de Ciência da Informação

IGEO Instituto de Geologia

IIL Institute for Information Literacy

IFLA International Federation of Library Associations e Institutions MEV Medicina Veterinária

NFIL National Forum of Information Literacy LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação MEC Ministério da Educação

NCLIS National Commission on Libraries and Information Science SNBU Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias

SPSS Statiscal Package for Social Science TCC Trabalho de Conclusão de Curso UFBA Universidade Federal da Bahia

UFRS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UNB Universidade de Brasília

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f.

1 INTRODUÇÃO 15

2 REVISÃO DA LITERATURA 19

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICO-CONCEITUAL DO TERMO COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO 19

2.2 A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NO BRASIL 31

2.3 A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO ASSOCIADA AO AMBIENTE DA BIBLIOTECA NO BRASIL 36

2.4 A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA UNIVERSIDADE 43

2.5 COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO E A BIBLIOTECA UNIVERSITARIA 55

3 O PERCURSO METODOLÓGICO 61

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA 61

3.1.1 População e amostra 61

3.1.2 Instrumentos de coleta de dados 65

3.2 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS 66

3.3 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DOS DADOS 67

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 69

4.1 CARACTERÍSTICAS DOS PARTICIPANTES DA AMOSTRA 69

4.2 INFORMAÇÕES SOBRE A UTILIZAÇÃO DA BIBLIOTECA 71

4.3 DIFICULDADES DOS ESTUDANTES QUANTO À UTILIZAÇÃO DA BIBLIOTECA 74

4.4 FINALIDADES E PROCEDIMENTOS DE USO DA BIBLIOTECA 78

4.5 CONHECIMENTO E UTILIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DA BIBLIOTECA 81 E DAS FONTES DE INFORMAÇÃO PELOS ESTUDANTES

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4.5.1 Conhecimentos e utilização dos serviços da biblioteca pelos estudantes na

percepção dos bibliotecários 85

4.6 CRITÉRIOS ADOTADOS NA SELEÇÃO DE MATERIAIS PARA LEITURA PELOS ESTUDANTES 86

4.7 UTILIZAÇÃO DA BIBLIOTECA PARA ELABORAR O TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC) 89

4.8 TREINAMENTO PARA USO DAS FONTES E SERVIÇOS DA BIBLIOTECA 92

REALIZADO PELO ESTDANTE 4.9 ATIVIDADES DE APOIO E ESTÍMULO À LEITURA E DE APOIO À ELABORAÇÃO DO TCC REALIZADAS PELA BIBLIOTECA 94

5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS À LUZ DA LITERATURA 98

5.1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E SUA UTILIZAÇÃO PELOS ESTUDANTES 98

5.2 COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO DOS ESTUDANTES PARA A ELABORAÇAÕ DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO 107

6 CONSIDERAÇÕES 112

REFERÊNCIAS 116

APÊNDICES 123

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1 INTRODUÇÃO

A escolha dessa temática deve-se, a partir da uma vivência profissional da pesquisadora, na qual esta pôde observar situações que envolviam alunos de graduação e suas práticas informacionais, desenvolvidas por estes na biblioteca universitária, durante o processo da elaboração de trabalhos de conclusão de curso (TCC). Assim, o objetivo deste estudo foi o de identificar as dificuldades dos estudantes de graduação, no processo de elaboração do TCC, decorrentes do desconhecimento do papel e da lógica de funcionamento da biblioteca, como também dos seus produtos e serviços.

Com relação a essas práticas, é importante registrar que, na contemporaneidade, a nova ordem econômico-social caracteriza uma nova sociedade, marcada pelo advento de grande número de informações produzidas em todas as áreas do conhecimento humano. É importante, entretanto, registrar que estas informações podem ou não produzir conhecimentos.

Essas informações, depois de acessadas, devem ser processadas, para que sejam articuladas aos conhecimentos prévios que o indivíduo já tem sobre o objeto, dando a elas significado dentro de um contexto, provocando, assim, mudanças no seu estado cognitivo, podendo vir, desse modo, contribuir para mudanças no seu grupo e contexto social. O processo de geração do conhecimento realiza-se, a partir de associações do conhecimento em construção com as experiências vivenciadas e compartilhadas pelas pessoas. Esse processo resulta de um movimento de interação entre o sujeito e o seu mundo.

Dessa forma, pode-se dizer que o conhecimento não acontece isolado, tampouco se realiza sem considerar outros conhecimentos. Este é um processo que envolve várias conexões entre o conhecimento já construído e os novos conhecimentos, ou seja, para se ter um novo conhecimento é preciso utilizar as informações que registram o conhecimento já existente.

Nessa perspectiva, a informação é vista como um elemento importante no processo de mudança do estado de conhecimento dos sujeitos, ocorrendo tão somente, a partir do momento em que as informações acessadas são trabalhadas por cada sujeito, para que sejam transformadas em conhecimentos. Esses conhecimentos poderão impulsionar ações as quais resultem na produção de novas informações, possibilitando que as mesmas possam ser comunicadas e disseminadas na sociedade.

Mas, para que os indivíduos possam realizar esse processo de mudança do seu estado de conhecimento, eles necessitam, ao longo de sua vida, adquirir habilidades e competências para lidar com a informação e, consequentemente, com os meios e ambientes de acesso a elas.

(18)

Desta forma, o segmento de ensino é um dos principais contextos, no qual os sujeitos têm oportunidade de adquirir essas competências informacionais. No caso da formação especializada, a Universidade é o lócus essencial, no qual as pessoas podem desenvolver ainda mais essas competências, agora com maiores possibilidades de experimentar o processo de construção do conhecimento científico, já que podem vivenciara realização de pesquisas e comunicação de seus resultados, em seus trabalhos acadêmicos.

Então, não se pode desconsiderar que a educação superior é uma das mais importantes etapas de formação para pesquisas. Nela, os estudantes de graduação iniciam a experiência da construção do conhecimento científico e da comunicação científica. Essa etapa é o momento no qual o graduando desenvolve o aprender a fazer, através da leitura, da pesquisa e da produção escrita. É a fase de sistematização de ideias, na qual seus conhecimentos serão testados de maneira abrangente, para depois socializá-los através da comunicação dos resultados.

Entretanto, quando se aborda a questão da construção do conhecimento pelos estudantes da graduação, no segmento da educação superior, surgem discussões acerca das competências informacionais as quais esses estudantes devem adquirir para realizar a busca e o uso de informações para realizar suas atividades acadêmico-científicas; tais como: a pesquisa. Por esse motivo, torna-se necessário compreender melhor como os estudantes da graduação vêm realizando essas atividades e em que medida a biblioteca universitária tem participado desse processo.

Nesse contexto, o desenvolvimento de competências em informação acontece, porque existe uma variedade de fontes informacionais, as quais possibilitam aos estudantes o exercício de diferentes práticas de informação. Assim, a expressão competência em informação, inicialmente utilizada como competência informacional, foi tema dessa pesquisa. Neste trabalho, se considerou tal terminologia devido o resultado das discussões sobre o consenso do termo em 2004, no Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, no qual participaram destas discussões as estudiosas Dudziak e Hatschbach.

Nesse sentido, com a realização deste estudo, o problema focalizado pela pesquisa foi o de verificar até que ponto o conhecimento limitado dos estudantes universitários acerca da lógica de funcionamento da biblioteca, de seus produtos e serviços influencia no surgimento de dificuldades durante o processo de elaboração do trabalho acadêmico. Enfim buscou analisar as limitações desses estudantes em termos da competência em informação, com o objetivo de identificar as dificuldades no processo de identificação, busca, avaliação e uso da

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informação para a realização de suas práticas informacionais, entre as quais a pesquisa e a produção textual.

A investigação e análise do problema foram realizadas, através de um estudo de caso, com a adoção da técnica de aplicação de questionário, junto a 105 estudantes da graduação e 13 bibliotecários. O caso estudado foi o da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a partir de uma amostra composta de 05 (cinco) cursos da graduação de unidades de ensino, representando as 05 (cinco) áreas de conhecimento nas quais estão distribuídos os cursos por ela oferecidos, a saber Geologia, Medicina Veterinária, Ciências Sociais, Letras Vernáculas e Desenho Industrial.

Para fundamentar e construir um arcabouço teórico sobre o objeto de estudo desta pesquisa, foi necessária uma investigação criteriosa acerca dos teóricos que tratam do tema da competência em informação. Para abordar o tema desde a sua origem, buscou-se também apresentar a evolução histórico-conceitual do termo competência informacional, tanto no contexto internacional quanto nacional. Para tanto, foram adotados os estudos dos por: Zurkowski (1974), Hamelink, Owens (1976), ALA (1989), Webber, Johnston (2000), Campello (2002, 2003, 2006), Bawden (2002), Cavalcante (2006) e Melo e Araújo (2007),

Já a análise da competência em informação no contexto do ensino superior, associando-a as habilidades e competências de busca e uso da informação e do ambiente da biblioteca universitária pelos estudantes de graduação tomou-se como referencial as contribuições de Pasquarelli (1996), Caregnato (2000, 2005), Hatschbach (2002, 2008), Demo (2000, 2002), Dudziak (2001, 2008), Gomes (2000, 2006, 2008), Miranda (2004, 2006), Cavalcante (2006) e Gasque (2008a, 2008b), entre outros.

Os resultados desse estudo mostraram que os estudantes têm conhecimento limitado sobre a lógica de funcionamento da biblioteca, como também dos recursos informacionais que podem ser acessados através dela, assim como têm dificuldades na identificação de informações de qualidade disponíveis na internet. Outros dados também apontaram que a biblioteca é subutilizada pelos estudantes, que apresentam ainda dificuldades para o uso mais produtivo e frequente desse ambiente informacional.

A conclusão deste estudo indica a necessidade da biblioteca universitária realizar um programa de ações voltadas a eliminar as dificuldades e desenvolver competências, associadas ao uso dos serviços e dos produtos oferecidos por ela, incluindo-se o uso qualitativo das informações obtidas, através do ambiente virtual. Assim, é preciso que a biblioteca observe mais sistematicamente e intensamente seus usuários, reconhecendo suas dificuldades e necessidades, programando e realizando ações, que de fato, promovam a competência em

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informação entre os estudantes da graduação, de modo a possibilitar que eles conquistem autonomia no desenvolvimento dos seus trabalhos acadêmicos e dominem o saber-fazer científico.

Para melhor apresentar as bases teóricas e empíricas que orientaram este estudo, seus resultados e conclusões, o trabalho está estruturado em seis capítulos, sendo que os que se seguem a esta introdução apresentam os referenciais teóricos e empíricos os quais abordam a temática em questão; o caminho metodológico percorrido para o levantamento, tratamento e análise dos dados, os resultados e a discussão destes à luz da literatura e as considerações finais, que se chegou ao término deste estudo.

(21)

2 REVISÃO DA LITERATURA

O presente capítulo traz uma breve explanação, acerca da origem e evolução do termo competência informacional, no mundo e no Brasil. Buscar-se-á delinear as concepções e os conceitos mais utilizados pela comunidade científica sobre o tema, como também sua relação com as áreas da Biblioteconomia e da Ciência da Informação destacando, principalmente, as ideias relacionadas ao desenvolvimento da competência em informação, no ambiente universitário.

Na sequência, são apresentadas as abordagens sobre a competência em informação, voltada para solução de problemas, relacionados ao processo de busca e uso de informações no contexto da biblioteca universitária. Por fim, traz-se o debate sobre a necessidade de se programar ações, as quais visem o desenvolvimento de habilidades e capacidades que favoreçam o aprendizado sobre competência em informação, no ato da elaboração acadêmico-científica do estudante de graduação; apresentando possíveis relações no que se refere à utilização dessas ações para o desenvolvimento do processo de construção do conhecimento científico, dentro do ambiente do ensino superior: a universidade.

2. 1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICO-CONCEITUAL DO TERMO COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO

Ao se tratar do tema competência informacional, torna-se importante estudar os aspectos conceituais e históricos em nível nacional e internacional. Assim, buscar-se-á também analisar a questão da competência informacional, no contexto de ensino superior, associando sua importância aos estudos e pesquisas voltados as habilidades e competências informacionais dos estudantes universitários, no que concerne a proporcionar-lhes autonomia e capacidade para o saber-fazer acadêmico, para a busca e o uso da informação para resolução de problemas.

No contexto dos séculos XX e XXI, a informação adquiriu maior relevância social, a ponto de se passar a denominar a sociedade contemporânea de “sociedade da informação”. Nessa perspectiva, a informação passou a ser focalizada por todas as áreas das ciências. Diante dessa realidade surge, em paralelo a isso, problemas associados à produção, organização, acesso e recuperação da informação. Tal realidade contribui para o maior problema que se enfrenta atualmente: o do excesso de informações, o que requer capacidades e habilidades para lidar com um número cada vez mais crescente de informações disponíveis.

(22)

Neste cenário de transformações advindas na “sociedade da informação”, surge a necessidade de conhecimentos diversos que permitam aos indivíduos desenvolverem atividades variadas, como também a resolução de problemas relacionados com seu cotidiano social, educacional e profissional. (DUDZIAK, 2001).

Dentro desse contexto, emerge a discussão acerca da importância da competência em informação, inicialmente, denominada competência informacional. Essa competência passou a ser entendida como importante para as pessoas lidarem com os problemas advindos da informação. Assim, o termo teve origem nas mudanças ocorridas nas áreas do conhecimento humano, entre quais na própria Biblioteconomia, por ser um campo do saber que trabalha com os processos informacionais. (CAMPELLO, 2003).

As discussões sobre esse tema resultaram de estudos, pesquisas e vivências dos profissionais da informação, principalmente, daqueles das áreas da Biblioteconomia e da Ciência da Informação. Nesse processo, o termo competência informacional ganhou diversas abordagens, dentre elas a que o associa “A necessidade do desenvolvimento de habilidades para o melhor uso e proveito da informação, nos mais diversos contextos.” (HATSCHBACH, 2008, p. 21).

Mas, essa autora também ressalta que, entre esses profissionais, observa-se uma predominância maior do profissional bibliotecário. É oportuno registrar, então, que essa aproximação mais intensa da competência informacional com os profissionais da informação, exposto por Hatschbach (2002), se deve ao fato de que a Biblioteconomia e a Ciência da Informação têm como objeto de estudo a própria informação.

Contudo, ao se analisar conceito de competência informacional, observa-se que, desde o seu aparecimento, os estudiosos vêm defendendo diferentes concepções e reflexões a respeito. (DUDZIAK, 2001; HATSCHBACH, 2002; CAMPELLO, 2003).

A competência informacional vem sendo tema de vários estudiosos, entre os quais Zurkowski (1974)1, Association Library Association (1989), Webber e Johnston (2000), Caregnato (2000), Dudziak (2001, 2003, 2008), Campello (2002, 2003), Bawden (2001), Hatschbach (2002; 2008), Miranda (2004) e Cavalcante (2006), que foram tomados como referência neste trabalho.

Registra-se nos estudos de Webber e Johnston (2000), Hatschbach (2002), Dudziak (2003), Campello (2003) e Melo e Araújo (2007) que o termo competência informacional

1

A literatura registra que o termo competência informacional foi cunhado e utilizado pela primeira vez pelo Bibliotecário americano Paul Zurkowski (1974).

(23)

surgiu na década de 70, inicialmente nos Estados Unidos, em um documento sob o título The information service enviroment relationships and priorities, elaborado em 1974 pelo bibliotecário americano Paul Zurkowski. Para esse autor, os recursos de informação deveriam ser utilizados no trabalho para se lidar com lacunas ou com a resolução de problemas associados à tomada de decisões. Isso seria possível através do desenvolvimento de técnicas e habilidades para usar as ferramentas de informação, que possibilitassem a busca de informações no ambiente de trabalho.

Bawden (2001) sugere em seus estudos que o fato de Zurkowski ser também o Presidente da Associação da Indústria da Informação Americana, este teria também interesse aumentar o mercado dos produtos de informação eletrônica para seus associados. Embora Bawden (2001) tenha esse entendimento acerca das intenções de Zurkowski (1974), no que concerne ao mercado de produtos de informação é oportuno esclarecer que o então contexto social já mostrava evidências quanto à necessidade de se promover mudanças nos serviços de informação, bem como na geração de novos recursos e produtos informacionais.

Para corroborar com esse pensamento, Hatschbach (2002, p. 10) registrou que “A indústria das mídias transformou-se na base da nova economia, tal como a energia elétrica e as estradas deram corpo à infraestrutura da economia industrial. As novas mídias modificaram as artes, a investigação científica, o ensino e os negócios.” Para a autora, essa realidade transformou também as pessoas, o modo como elas vivem, pensam, se divertem (HATSCHBACH, 2002), desenvolvem atividades, tarefas e resolvem problemas.

Essas modificações estavam associadas, principalmente, aos meios de lidar e usar um grande número de informações produzidas, que por sua vez passou a exigir a utilização de novos recursos e ferramentas para organizar as informações geradas em todas as áreas do conhecimento. Assim, surgiu a necessidade de novos saberes e habilidades para solucionar problemas advindos dos processos informacionais.

Corroborando com essa ideia, Dudziak aponta que

A ascensão e difusão da tecnologia da informação alterou as bases de produção, controle, guarda, disseminação e acesso à informação, colocando o computador em foco e alterando definitivamente as bases dos sistemas de informação: bancos de dados online, comunicações via satélite, serviços de indexação e resumos, implantação de complexos sistemas de informações governamentais, serviços de alerta, redes de bibliotecas, as chamadas novas tecnologias como microcomputadores, TV a cabo, CD-ROM, etc. (DUDZIAK, 2001, p. 25).

(24)

É mister registrar que uma sociedade, baseada em uma produção muito grande de informações carecia dessas novas ferramentas tecnológicas, sistemas e recursos informacionais que fossem capazes de trabalhar, eficientemente, todo o ciclo da informação. Desta forma, pode-se dizer que Zurkowski (1974) não somente antecipou um ambiente de mudanças nos modelos ultrapassados dos sistemas de informação existentes, como também iniciou na prática esse processo de mudanças ao promover o comércio desses produtos de informação, os quais eram baseados em novas ferramentas e tecnologias informacionais. Neste sentido, observa-se que Zurkowski (1974), além de antever um processo de mudanças nos sistemas de informação existentes, também sugeriu em um relatório submetido à National Commission on Libraries and Information Science2 (NCLIS), que a população do país deveria desenvolver competências para usar e lidar com os novos produtos informacionais presentes no mercado. Para o autor, as pessoas que tivessem essas competências estariam aptas para resolver problemas em seu ambiente profissional. Observa-se, então, que o autor tinha um objetivo maior, ou seja, ele estava preocupado também em inserir a população na sociedade de informação. Nota-se que o interesse de Zurkowski estava para além de apenas comercializar produtos informacionais.

Desta forma, pode-se inferir que o seu foco estava no desenvolvimento da competência informacional, diretamente relacionada a transformação dos serviços das bibliotecas tradicionais, ou seja, mostrando a importância de torná-los envolvidos com o desenvolvimento do aprendizado de novos saberes que capacitassem os indivíduos para lidar com as novas ferramentas de informação, bem como dos recursos informacionais com o objetivo da busca e usa da informação na solução de problemas. Com isso, percebe-se também que a ênfase de Zurkowski (1974) estava na busca da informação restrita ao ambiente de trabalho. (DUDZIAK, 2001).

Por outro lado, as ideias de Zurkowski (1974) somente seriam aceitas, a partir do momento que os profissionais de informação começassem a utilizar os serviços, baseados nos novos produtos de informação. Tal uso provocaria mudanças mais rápidas nos cenários de trabalho e poderia alcançar também outros segmentos de circulação das informações, como o ambiente da educação. Nesse sentido, Zurkowski (1974) escreveu que as

2

National Commission on Libraries and Information Science - (NCLIS) é uma agência independente e permanente do governo federal americano cujo objetivo é o de aconselhar o Congresso e o Presidente sobre políticas de serviços de informações e de bibliotecas.

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Pessoas treinadas na aplicação de recursos de informação para o seu trabalho podem ser chamadas de competentes em informação. Elas aprenderam técnicas e habilidades para utilizar uma variedade ampla de ferramentas de informação, bem como as fontes primárias de modo a criar as soluções para seus problemas. (ZURKOWSKI, 1974 apud BAWDEN, 2001, p. 9).3

O que se pôde notar sobre a ênfase dada ao termo competência informacional por Zurkowski (1974), foi que havia uma preocupação no que se refere à possibilidade de as pessoas adquirem conhecimento necessário para lidar com os novos recursos e produtos de informação.

As pessoas deveriam obter novos conhecimentos e relacioná-los com a execução de suas atividades no trabalho, ou seja, as pessoas deveriam tornar-se capazes de resolver problemas, associados à busca de informações para a tomada de decisões e/ou resolução de problemas no ambiente de trabalho, utilizando para isso os novos recursos informacionais.

Mas, para Cavalcante (2006), a origem do termo está ligada aos discursos associados da classe bibliotecária dos Estados Unidos, na década de 1970. Para a autora, isso ocorreu devido a utilização acentuada das novas tecnologias de informação e comunicação, que eram essenciais para se lidar com um número cada vez maior de informações geradas em meio digital.

Por outro lado, os profissionais de informação possuem uma vivência mais estreita com o ciclo informacional e, adquirem conhecimentos, desenvolvem as habilidades necessárias a organização, a busca e ao uso da informação, tornando-se mais potencializados para implementar ações e processos, relacionados ao ciclo informacional. Talvez, sejam esses conhecimentos e habilidades específicas que possibilitam aos profissionais da informação a construção da sua própria competência informacional. Neste sentido, Dudziak (2008) considera necessário ampliar os estudos e discussões sobre o tema e, ao mesmo tempo, entende que é essencial o engajamento dos profissionais da informação nesses estudos.

Torna-se importante ressaltar que o processo de desenvolver competências associadas à busca e ao uso de informações é uma prática que sempre esteve muito presente nos contextos dos sistemas de informações, entre os quais, as bibliotecas. Como argumenta Cavalcante (2006, p. 48), “No contexto da Biblioteconomia, a utilização dos estudos e prática de competência informacional é bem acentuada, no que diz respeito à função educativa da biblioteca escolar e no papel que deve exercer na escola para a educação de usuários.” Sendo

3

Tradução livre de: “People trainned in the application of information resources to their work can be called information literates. They have learned techniques and skills for utilizing the wide range of information tools as well as primary sources inmolding information-solutions to their problems.”

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a escola o espaço social voltado ao aprendizado, a biblioteca escolar, como as demais bibliotecas, coleciona um número maior de fontes de informação para possibilitar a geração de informações e de conhecimentos variados, ficando diretamente envolvida com o processo de construção da competência informacional.

Estudiosos como Webber e Johnston (2000) também compartilham dessa interpretação, quando registram que há um domínio íntimo da disciplina Ciência da Informação com a competência informacional. Isso porque o termo competência informacional surgiu, a partir da necessidade de tornar as pessoas competentes para localizar, avaliar e usar informações por meio dos recursos de informações, estando, portanto, intimamente associado às atividades, desenvolvidas pelos profissionais da informação.

A partir dessas discussões, a competência informacional começou a conquistar espaço também nos estudos sobre o contexto da educação superior nos Estados Unidos. Várias pesquisas e experiências foram realizadas, destacando-se as de Burchinal (1976), de Kuhlthau (1989, 1991), de Doyle (1994) e de Shapiro e Hugues (1996). Observa-se, a partir desse momento, uma adesão cada vez maior ao tema por parte das bibliotecas universitárias e dos profissionais de informações. (HATSCHBACH, 2002).

Assim, o conceito de competência informacional foi conquistando novos contornos, deixando de estar associado apenas à busca da informação através dos recursos tecnológicos, passando a focalizar também o processo de apropriação do conhecimento. Nota-se, a partir disso, uma preocupação mais direcionada aos aspectos da aprendizagem, focalizando-se a percepção cognitiva e afetiva que proporcionam ao indivíduo maior possibilidade de lidar com lacunas informacionais no processo de construção do conhecimento. (DUDZIAK, 2001).

O modelo do aprendizado, com ênfase nas competências cognitivas, é defendido também por outros autores. Assim, acompanhando a literatura sobre o assunto, observa-se que as necessidades informacionais originam-se de um impulso de ordem cognitiva, em um determinado contexto, um problema a resolver, um objetivo a alcançar e pela confirmação de uma condição insuficiente de conhecimento. (MIRANDA, 2006). Assim, pode-se inferir que as necessidades informacionais não ocorrem simplesmente por ocorrer, tem de haver uma motivação associada a alguma insatisfação momentânea com o estado de conhecimentos dos sujeitos, de forma que haja também interesse do sujeito em mudar esse estado de carência no qual se encontra.

Já em 1976, os estudiosos Hamelink (1976) e Owens (1976) previram a competência informacional relacionada à emancipação dos indivíduos, ou seja, além da aquisição de habilidades e conhecimentos para lidar com informações, a expressão estaria ligada à

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informação para o exercício da cidadania. Neste enfoque, a informação assume uma dimensão bem mais ampla do que até então vista, se relacionando também a uma maior participação do indivíduo nas decisões da sociedade civil.

Para esses estudiosos, o termo competência informacional é mais abrangente, não estando simplesmente relacionado à resolução de problemas informacionais, em um local de trabalho ou de estudo. O uso do termo associado às funções da cidadania estaria também contribuindo para garantir a sobrevivência das instituições democráticas. Observa-se que, enquanto a Associação da Indústria da Informação nos Estados Unidos pensava em conservar a ênfase no uso do termo competência informacional para a solução de problemas, associado às atividades de trabalho, o termo, agora, passava a ser defendido como possibilidade de os indivíduos também participarem, efetivamente, nas questões político-sociais da sociedade na qual estão inseridos.

Neste sentido, passa-se a considerar diferentes dimensões associada à competência informacional, entre as quais “[...] a dimensão das atitudes e dos valores, que diz respeito à construção dos aspectos críticos, políticos e éticos da ação dos homens.” (DUDZIAK, 2006 apudDUDZIAK, 2008, p. 42).

A competência em informação, então, passava a ser utilizada associada a conceitos e valores os quais as pessoas poderiam usar também para o exercício da cidadania ao inserir-se nas causas sociais de seu interesse. Como pode ser observado novas concepções são associadas a essa expressão e paraOwens (1991 apud BAWDEN, 2001, p. 10),

[...] os cidadãos com recursos de informação estão em uma posição melhor para tomarem decisões mais inteligentes do que os cidadãos que são analfabetos em informação. A aplicação dos recursos de informação ao processo de tomada de decisão para cumprir as responsabilidades cívicas é uma necessidade vital.

Considerando o exposto pelo autor, cabe aqui relacionar que uma sociedade democrática, livre e justa, somente firma-se, a partir do momento em que seus cidadãos têm acesso as informações e as usam em seu favor e da própria sociedade, na qual estão inseridos.

Assim, quando as pessoas de uma sociedade têm acesso as informações e as usam para gerar uma determinada ação e/ou solucionar algum problema que as incomoda, pode-se dizer que essas pessoas estão em condições melhores para exercer sua cidadania, se comparadas com aquelas que não têm acesso as informações. Isso ocorre porque para interferir e opinar sobre as questões as quais estão presentes na sociedade é preciso, antes de tudo, que as

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pessoas tenham informações que possam ser utilizadas para tal fim, ou seja, que possam ser aplicadas no cotidiano para solucionar problemas diversos.

Desta forma, somente depois de estarem munidas de informações é que as pessoas de uma sociedade estarão aptas a exercer, de fato e de direito, o ato da cidadania, pois este só é possível nas sociedades democráticas, nas quais as pessoas têm pleno acesso as informações. Seguindo essa linha de pensamento, Dudziak (2008, p. 47) propõe que “Relacionada a cidadania, a competência em informação vai muito além da busca, organização e uso das informações pois significa saber o porquê do uso de determinada informação, considerando implicações ideológicas, políticas [...]” É um processo que possibilita ao homem participar ativamente da cidadania.

Quando os anos 80, as novas tecnologias de informação ensejavam um processo de mudanças nos sistemas de informação e nas bibliotecas, o computador ganhou evidência nesses sistemas, porém, os ambientes de informação não estavam preparados para lidar com todo esse aparato tecnológico, o que trouxe novamente à tona discussão sobre a necessidade de habilidades, voltadas ao uso das tecnologias de informação, bem como sobre a capacitação dos profissionais que trabalhavam com informações. Observando-se, mais uma vez, a ênfase na aprendizagem associada às tecnologias e recursos informacionais. (DUDZIAK, 2001).

Tal realidade contribuiu para o emprego mais restrito do termo competência informacional, que voltou a valorizar o seu aspecto mais instrumental, em detrimento a ênfase no processo de aprendizagem, pautado em competências cognitivas que permitiam aos cidadãos autonomia na busca no uso das informações, independentemente, do aparato informacional.

No início da década de 80, um documento intitulado A Nation at Risk: the Imperative for Educational Reform divulgou a situação difícil relacionada à aprendizagem do ensino público nos Estados Unidos. Esse relatório ainda apontou a necessidade de os estudantes desenvolverem habilidades intelectuais superiores. Entretanto, as bibliotecas não foram citadas como um recurso pedagógico com potencial para contribuir na melhoria da aprendizagem nas escolas e instituições educacionais do País. Essa omissão gerou uma forte reação por parte da classe de bibliotecários, o que provocou em várias iniciativas de promoção da biblioteca, através de várias publicações, as quais ressaltavam a importância desse ambiente para o aprendizado de habilidades associadas à pesquisa e ao uso das fontes de informações. (CAMPELLO, 2003, 2006; MELO; ARAÚJO, 2007).

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Um dos principais documentos lançados, naquela época, foi denominado Libraries and the Learning Society: papers in response to a Nation at Risk4, publicado pela ALA, em 1984. Esse documento foi uma reação clara em resposta ao documento da National Commision on Excellence in Education5, o qual não mencionava as bibliotecas como meio de aprendizagem. Os autores registraram nessa publicação a possibilidade de a biblioteca desenvolver competências e habilidades nos alunos para buscarem e usarem informações, consideradas fundamentais para a vida em uma sociedade complexa. (CAMPELLO, 2003). No final dos anos 80, surge a publicação de dois documentos relacionados à competência informacional. Essas publicações analisaram o papel educacional das bibliotecas acadêmicas e a importância dos programas educacionais em competência informacional, para a capacitação dos estudantes. O primeiro documento intitulado Information literacy: Revolution in the Library6, enfatizou a cooperação entre bibliotecários e administradores das universidades. Nesse estudo, surge o conceito da “[...] educação baseada em recursos, influenciada pela teoria construtivista7, que utilizava a tecnologia da informação como recurso de aprendizagem.” (MELO; ARAÚJO, 2007, p. 192).

Essa concepção de “A aprendizagem baseada em recursos8 [...], teve influência marcante nos trabalhos sobre competência informacional e até hoje é citada por autores que tratam do assunto.” (LOERTSCHER; WOOLS, 1997, p. 337 apud CAMPELLO, 2003, p. 30). Essa aprendizagem é baseada na junção de vários interesses, associada à variedade de fontes e recursos de informação, estrutura curricular, ambiente com espaço adequado que, de fato, promovam o aprendizado. (HANCOCK, 1993; RAY, 1994; LAVERTY, 1997).

O segundo documento que marcou o período foi um relatório do Presidential Committee da American Library Association (ALA)9 chamado Final Report. Essa publicação assinalou que um sujeito, para ter competência informacional deveria ser capaz de participar e de conhecer ativamente o ciclo informacional (organização, avaliação, recuperação e uso de informação), além também de reconhecer se determinada informação adquirida, poderia ser

4

AMERICAN LIBRARY ASSOCIATION. Libraries and the Learning Society: papers in response to a Nation at Risk. Washington, DC: ALA, 1984.

5

UNITED STATES. National Commision on Excellence in Education. A Nation at Risk: the Imperative for Educational Reform. Washintgon , DC: U. S. Government Printing Officie, 1993.

6

Obra cujo título em português: Competência informacional: revolução na biblioteca, editado por Patricia S. Breivik e E. Gordon Gee, em 1989.

7

Teoria cujo criador e defensor foi Jean Piaget (1896-1980).

8

Expressão conhecida na língua inglesa como “resource-based learning”

9

American Library Association (ALA) é uma das maiores e mais antiga associação de bibliotecas do mundo. Foi fundada em 1876 e sua sede é atualmente em Chicago. Tem por missão o desenvolvimento, promoção, e melhoria das bibliotecas e da profissão do bibliotecário, de forma a incrementar a educação e o acesso à informação para todos.

(30)

utilizada para gerar outras informações. Assim, de acordo com a ALA para ser competente em informação

[...] uma pessoa deve ser capaz de reconhecer quando a informação é necessária e ter a habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente esta informação [...] As pessoas competentes em informaçãosão aquelas que aprenderam a aprender. Elas sabem como aprender porque sabem como o conhecimento é organizado, como encontrar a informação e como usar a informação de tal forma que os outros possam aprender a partir dela. (AMERICAN ..., 1989).

É oportuno registrar que a definição publicada pela ALA sobre competência informacional é umas das mais citadas pela comunidade científica. Observa-se, que no período acima estudado, houve um empenho das organizações envolvidas com o segmento educacional, no que se refere ao estabelecimento de uma nova forma de aprendizagem, à qual defendia o processo de aprendizagem de competências e desenvolvimento de habilidades em informação, associadas às tecnologias e recursos informacionais. Segundo Melo e Araújo (2007, p. 192), “[...] a década de 80 foi caracterizada pela implantação das práticas da competência informacional institucionalizada.”

Na década de 90, houve uma expansão maior do termo, devido aos documentos, publicados pela ALA e pela definição de competência informacional, cunhada por ela. Isso possibilitou a criação de vários programas educacionais ao redor do mundo enfatizando o termo competência informacional, especialmente, voltados às bibliotecas universitárias. Desta forma, iniciou-se um processo de consciência sobre a importância da competência informacional, que começou a ser pensada e integrada aos currículos e à comunidade educacional. (KUHLTHAU, 1991; BAHRENS, 1992; IANNUZZI, 1998; YOUNG; HARMONY, 1999; HATSCHBACH, 2002).

Nesse período, foi fundada a National Forum of Information Literacy (NFIL)10, como uma resposta as recomendações da ALA Presidential Committee Final Report, tendo por objetivo a conscientização quanto à importância da competência informacional, bem como da aquisição dessas competências. (GASQUE, 2008a). Nota-se, a partir desse momento, um número maior de países que começaram a executar programas nacionais de desenvolvimento sobre competência informacional.

Esta década também foi marcada por buscas constantes para discutir e fundamentar as teorias e definiçõesrelacionadas à competência informacional. Com referência a essas teses, observa-se que os estudos surgidos, naquele período, tentavam incorporar as atividades

10

Esse Fórum é formado por um grupo de mais de setenta e cinco organizações governamentais, educativas e da área de negócios nos Estados Unidos.

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básicas para gerar informação como a identificação, o acesso, a avaliação e o uso da informação. Tal conclusão é defendida porque todas as ações convergiam sempre, conforme destacou Dudziak (2001, p. 43), para “[...] o processo de busca de informação para a resolução de problemas ou produção de trabalhos científicos [...] que segundo essa estudiosa [...] é essencialmente um processo de construção de conhecimento.”

Assim, as teses associadas a esta expressão passaram a ser vistas de forma mais ampla, não mais relacionada somente à educação de usuários. A expressão passou a enfatizar outros conceitos gerando, assim, diferentes concepções. Observa-se ainda a utilização simultânea dessas concepções que ensejavam novas pesquisas que viessem aprofundar os estudos teóricos necessários para lidar com novas situações problemas, tanto nos contextos educacionais quanto fora destes associados à informação. (DUDZIAK, 2001).

No ano 1997, a criação do Institute for Information Literacy (IIL) da Association of College and Research Libraries (ACRL) da ALA contribuiu para a expansão e interesse pela expressão competência informacional. O ACRL oferecia um programa para o treinamento e a capacitação de bibliotecários, com a finalidade de colocar esses profissionais como multiplicadores da competência informacional nas suas instituições de ensino.

Essa iniciativa da ACRL foi importante porque proporcionaria aos profissionais da informação, os conhecimentos para lidar com as novas atividades surgidas em sua área profissional. Concluiu-se que esse aprendizado era inevitável e essencial, pois tanto permitiria maior capacitação dos profissionais, preparando-os para acompanharem as mudanças e práticas advindas das novas tecnologias de informações, como também promoveria a capacitação dos estudantes.

Em março de 1998, a American Association of School Libraries (AASL)11 e a Association for Educational Communications and Technology (AECT) lançaram o documento Information Standars for Student Learning, editado pela ALA, no qual fizeram recomendações sobre o assunto e reafirmaram a necessidade de adequação dos sistemas e profissionais de informações frente à nova realidade, marcada por um número muito grande de recursos e fontes informacionais, enfatizando a importância do trabalho interdisciplinar integrado com os contextos de educação. Havia nesse documento uma preocupação sobre “[...] as competências e indicadores a serem desenvolvidos pelos estudantes da educação básica.” (GASQUE, 2008b, p. 66).

11

Associação Americana de Biblioteca Escolar, editado pela Associação Americana de Bibliotecas, à qual divulga a necessidade de visão do ato de aprender e ensinar o novo.

(32)

A partir das pesquisas e experiências que vinham sendo realizadas desde meados da década de 70 nos Estados Unidos, a ACRL/ALA publica, no ano 2000, o documento Information Literacy Competency Standards for Higher Education, com o objetivo de estabelecer parâmetros para o desenvolvimento de competências associadas a informações, no segmento da educação superior. Essa publicação nos leva a considerar que, a partir daquele momento, a competência informacional passou a ser tratada em outros segmentos da educação, deixando de ser abordada apenas no contexto de ensino fundamental, ganhando assim uma ênfase associada ao aprendizado “[...] visando uma capacitação para a educação continuada, dentro e fora da sala de aula.” (HATSCHBACH, 2002, p. 33).

Contudo, não se deve esquecer que, ao longo do desenvolvimento de estudos sobre a competência em informação, “[...] muitos foram os consenso e alguns dissensos que ainda criam alguma polêmica.” (DUDZIAK, 2008, p. 41). Em relação ao consenso acerca da terminologia, conforme ressalta Bawden (2001), ainda se usa alfabetização informacional, alfabetização em mídias, alfabetização digital, alfabetização em novas tecnologias. O próprio Bawden (2001), ao fazer um estudo sobre a revisão do conceito, sobre o termo, preferiu utilizar a expressão alfabetização informacional. Desta forma, o consenso sobre a definição da expressão seria essencial para definir as diferentes concepções relacionadas à competência em informação.

Assim, finalizando essa discussão acerca da evolução da competência informacional no âmbito internacional, é oportuno mostrar os resultados obtidos na pesquisa realizada por Dudziak (2001) sobre os tipos de documentos publicados associados à competência em informação, desde sua origem até a década de 90, indexados nas bases de dados ERIC e LISA. Tal informação é importante porque indica o tipo e o número de publicações até os anos 90. Artigos de Períodicos Trabalhos publicados eventos Guias Relatórios Teses Dissertações Livros Década

ERIC LISA ERIC LISA ERIC LISA ERIC LISA ERIC LISA

70 3 0 2 0 1 0 0 0 0 0

80 29 12 26 2 9 0 0 0 0 0

90 258 309 146 14 91 0 10 0 41 0

Quadro 1 – Tipos de documentos publicados sobre Information literacy por década (1974-2000), bases

de dados ERIC e LISA

(33)

De acordo com o Quadro 1, observa-se uma ênfase maior associada a publicação de artigos de periódicos, seguido dos trabalhos apresentados em eventos e logo depois dos relatórios e guias. (DUDZIAK, 2001). Outros dados apontados no Quadro 1 é que somente a partir da década de 90 surgem, ainda de modo reduzido, as primeiras teses e dissertações, o que nos indica uma preocupação da comunidade científica da época em aprofundar e ampliar mundialmente os estudo sobre a competência em informação. Inicia-se, assim, uma conscientização direcionada à discussão acadêmica e científica sobre a competência em informação, principalmente na educação.

2.2 A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NO BRASIL

Para Campello (2003), Dudziak (2003), como também para Hatschbach (2002, 2008), a competência em informação engloba algumas expressões entre as quais: alfabetização informacional, letramento, literacia12, fluência informacional e competência informacional. Nesta dissertação, foi adotado o termo competência em informação, seguindo o que foi proposto em 2004 no Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias (SNBU)13 sobre Habilidades e Competências em informação, no qual fizeram parte das discussões as estudiosas Dudziak e Hatschbach.

As discussões abordadas, nesse Seminário, foram importantes porque as questões levantadas contribuíram para se chegar a um consenso quanto à terminologia a ser empregada no Brasil. Desde então, o termo passou a ser reconhecido e vem sendo utilizado por muitos estudiosos da área da Ciência da Informação. (HATSCHBACH, 2008).

Neste sentido, é importante registrar que a utilização neste trabalho da expressão

competência em informação, primeiramente, resultou de uma reflexão realizada pelas

autoras na qual chegaram à conclusão quanto à importância de ao menos se definir uma terminologia sobre o tema. Depois por se entender que esse termo está mais associado ao domínio relacionado ao processo informacional, processo este que reúne o desenvolvimento de habilidades, aquisição de conhecimentos e práticas informacionais, referentes à busca e ao uso da informação em qualquer suporte e que é recorrente nos estudos da Ciência da Informação e da Biblioteconomia.

12

Literacia é o termo utilizado em Portugal e que corresponde a letramento aqui no Brasil.

13

SNBU – Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias, realizado em 2004 na cidade de Natal-RN. Mesa- Redonda 4. Tema: Habilidades e Competências em informação: o caso da information Literacy. Palestrantes: Elizabeth Adriana Dudziak e Maria Helena Hatschbach.

(34)

Outro aspecto positivo que se observa é que, a partir do consenso da terminologia, os estudos acerca da competência em informação puderam avançar e, “Hoje, as pesquisas em torno do tema encontram-se em um estágio de maturação que extrapolou a idéia inicial de conjunto de habilidades preconizado nos anos 80 e 90 [...]” (DUDZIAK, 2008, p. 41).

Neste sentido, Campello (2006, p. 70) registra que “O interesse despertado pelo conceito na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, no Brasil, sinaliza para a necessidade de se buscar significado específico no contexto da nossa realidade.” Assim, uma reflexão, nesse sentido, é importante porque até então os estudos realizados, conforme os resultados obtidos nos estudos de Dudziak (2001) foram iniciativas baseados em experiências de outros contextos, (ver Quadro 2).

Um aspecto importante a ser observado ao fazer uma análise desse Quadro é que, além dele (o Quadro) trazer informações acerca das principais iniciativas de estudos sobre a competência em informação, confirma que essa expressão surgiu, pela primeira vez aqui no Brasil, nos trabalhos de Caregnato (2000) sob o nome de alfabetização informacional, primeiramente, associada aos estudos dos usuários. (CAMPELLO, 2003). Observa-se que a autora utilizou a mesma terminologia dada por Bawden (2001) a competência em informação.

(35)

Número de publicações em Information Literacy

PAÍS ERIC LISA

Estados Unidos 249 297 Austrátia 29 30 Reino Unido 3 43 Canadá 12 19 Países Baixos 1 9 Finlândia 1 7 França 1 6 China 1 5 Itália 0 4 África do Sul 3 20 Nova Zelândia 3 3 Suécia 3 3 Espanha 1 2 Japão 1 3 Índia 0 2 Noruega 0 3

Nigéria, Namíbia, Pretória, Botsuana, Arábia Saudita, Hungria, México, Rússia, Suíça

0 1 cada

República Tcheca, Malásia, Nova Guiné 2 cada 1 cada

Bélgica, Japão, Alemanha 1 cada 1 cada

Registro sem indicação de país 399 119

Total geral 716 519

Quadro 2 – Número de publicações sobre Information Literacy por país (1974-2000) busca simples, bases

de dados ERIC e LISA.

Fonte: DUDZIAK, 2001, p. 19.

Assim, de acordo com os dados apresentados no Quadro 2, a maior representação de estudos e programas sobre o aprendizado da competência em informação aconteceram nos Estados Unidos, seguido da Austrália, Reino Unido e Canadá. Outro aspecto que chama atenção é que o presente quadro aponta uma grande incidência de publicações sem indicação do lugar, onde os estudos foram desenvolvidos e publicados. Sobre esses resultados encontrados Dudziak (2001, p. 15) entende que “[...] embora tal levantamento seja parcial, considerando que registros de outras bases de dados não foram analisados, obteve-se um perfil significativo da distribuição histórica e geográfica de publicações sobre o tema.”

Retomando a discussão acerca da utilização do termo no Brasil, Campello (2003) e Dudziak (2008) registraram que o uso da expressão estava associado à habilidade de usar técnicas para o acesso e uso de fontes informacionais, estando, pois “[...] ligada originalmente ao processo de educação de usuários de bibliotecas e à orientação bibliográfica.” (DUDZIAK, 2008, p. 42). Várias foram as iniciativas brasileiras de se associar o estudo de usuários à

(36)

competência em informação, mas até o momento não houve uma ação efetiva de fato, o que gerou esse problema foi à ausência de prática na pesquisa escolar. (CAMPELLO, 2006).

Neste sentido, ao analisar o estudo de Caregnato (2000), observar-se que na sua compreensão inicial o emprego da competência informacional estava vinculado ao surgimento de novas formas para designar o serviço educacional, oferecido pelas bibliotecas aos seus leitores: desenvolvimento de habilidades informacionais e alfabetização informacional. Porém, é oportuno ressaltar, que segundo Dudziak (2008), os estudos sobre a expressão, atualmente, encontram-se em fase de amadurecimento e superando a ideia incipiente de conjunto de habilidades a ser adquirida que foi defendida pela ALA, nos anos 80 e 90, “[...] e avança em direção a um entendimento mais dinâmico e complexo, voltado ao pleno desenvolvimento do indivíduo alfabetizado.” (DUDZIAK, 2008, p. 41).

O trabalho desenvolvido por essa autora teve um caráter especial, associado à educação do usuário e a introdução do tema da competência em informação no Brasil. Entretanto, essa introdução se deu sem delineamento e destaque claros sobre o tema, no que se refere a um aprendizado inovador pautado na aquisição de novas habilidades, conhecimentos e atitudes para lidar com problemas associados a busca e uso de informações de forma autônoma e eficiente.

Percebe-se que, a partir da publicação do trabalho, desenvolvido por Caregnato, a comunidade científica passou a realizar novos estudos sobre o assunto, que se tornou um tema recorrente e explorado pelos profissionais da informação no Brasil. Assim, pode se dizer que, inicialmente a expressão foi associada à tentativa de se ampliar o raio de ação do bibliotecário, como também da biblioteca, no contexto educacional e de se “[...] oferecer novas possibilidades informacionais necessárias para interagir no ambiente digital.” (CAMPELLO, 2003, p. 28).

Segundo Caregnato (2000), as bibliotecas até então não vinham desempenhando esse papel com eficiência, embora existissem ações voltadas à melhoria da qualidade dos serviços oferecidos aos usuários. Entretanto para autora, as áreas da Ciência da Informação e da Biblioteconomia já vinham dando maior ênfase aos usuários. (CAREGNATO, 2000). Mas por outro lado, observava-se ainda uma preocupação mais direcionada ao treinamento para o uso dos recursos e das ferramentas tecnológicas de informação. Com isso, o conceito sobre a educação do usuário ficava associado, entre outros aspectos, ao uso da biblioteca, ou seja, em como utilizar os produtos e serviços oferecidos por uma biblioteca, aos procedimentos de utilização da biblioteca somente.

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