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A Eficácia do Treino de Força na Depressão: Revisão Sistemática

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

A Eficácia do Treino de Força na Depressão:

Revisão Sistemática

Mestrado em Ciências do Desporto, Especialização em

Avaliação e Prescrição na Atividade Física

Daniel Filipe Pereira Martins

Orientadores:

Profª. Dr.ª Carla Afonso Varajidás

Profª. Dr.ª Maria Paula Mota

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

A Eficácia do Treino de Força na Depressão:

Revisão Sistemática

Mestrado em Ciências do Desporto, Especialização em Avaliação

e Prescrição na Atividade Física

Vila Real, 2021

Daniel Filipe Pereira Martins

Orientadores:

Profª. Dr.ª Carla Afonso Varajidás

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V

António Variações, Sempre Ausente

Diz-me que solidão é essa Que te põe a falar sozinho Diz-me que conversa Estás a ter contigo

Diz-me que desprezo é esse

Que não olhas para quem quer que seja Ou pensas que não existes

Ninguém que te veja Que viagem é essa

Que te diriges em todos os sentidos Andas em busca dos sonhos perdidos Lá vai o maluco

Lá vai o demente Lá vai ele a passar

Assim te chama toda essa gente

Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

Que viagem é essa

Que te diriges em todos os sentidos Andas em busca dos sonhos perdidos Lá vai o maluco

Lá vai o demente Lá vai ele a passar

Assim te chama toda essa gente Diz-me que loucura é essa Que te veste de fantasia Diz-me que te liberta Da vida vazia

Diz-me que distância é essa Que levas no teu olhar Que ânsia e que pressa Que queres alcançar

Mas tu estás sempre ausente e não te conseguem alcançar

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VII

Agradecimentos

Esta dissertação de mestrado tem a dedicação a todos os que sofrem com depressão ou que passaram por algum episódio depressivo.

Agradeço à Professora Carla Afonso Varajidás pela ideia desta tese e por toda a disponibilidade. Agradeço pelo constante feedback, pelo rigor e pela ajuda mesmo em situação de pandemia.

Agradeço à Professora Maria Paula Mota, pela incansável ajuda e pelo rigor científico que me proporcionou durante a realização desta tese.

Agradeço à minha Avó por ter sempre uma palavra de força e de se preocupar comigo em qualquer circunstância.

Agradeço à minha Madrinha por não hesitar em oferecer ajuda em qualquer circunstância. Agradeço-lhe também por acompanhar todo o meu percurso académico e ter sempre uma palavra de apreço.

Com o maior amor do mundo, agradeço à minha namorada por estar sempre presente. Agradeço por todos os “puxões de orelhas” que me deu e fazer com que acreditasse neste projeto. Agradeço pelo apoio constante e por me ajudar na realização desta tese. Agradeço por ser a minha força todos os dias e por me fazer ver a vida com um sorriso. Não há como agradecer pelo amor incondicional e pela pessoa que é, é simplesmente incrível.

Com todo o meu coração, agradeço aos meus pais por todo o esforço que tiveram comigo, desde sempre. Não há como agradecer pelo amor que sempre me deram, pela educação transmitida e valores incutidos. Devo-lhes a vida por tudo aquilo que me proporcionaram. Sempre me apoiaram em qualquer decisão e em qualquer etapa e isso não tem preço.

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IX

Resumo

A literatura é consistente em evidenciar efeitos positivos do exercício físico regular, tanto o exercício aeróbio como o exercício de força/ resistido, na melhoria do bem-estar físico, social e psicológico.

No mundo moderno, verifica-se que a depressão é uma doença cada vez mais presente, que afeta desde crianças até aos idosos, ricos a pobres, homem ou mulher, não havendo critérios de seleção para que a mesma surja. Como é uma doença que provoca a perda de autonomia, pode levar ao sedentarismo e à inatividade física. A prática de exercício, mais propriamente o exercício físico aeróbio, tem demonstrado efeitos positivos no tratamento da depressão segundo a literatura. No entanto, no que toca à implementação do treino de força/resistido, a literatura ainda é relativamente escassa comparativamente com o treino aeróbio. Assim, o objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática para verificar se o exercício físico, nomeadamente o treino de força/resistido, é uma mais valia para o tratamento da depressão. Os estudos analisados foram encontrados através de uma pesquisa elaborada em bases de dados on-line que agrega diversos recursos de pesquisa, ou seja, foram feitas pesquisas nas bases de dados PUBMED (Medline), Scopus e Scielo (Scientific Electronic Library). Foram escolhidos estudos randomizados e de caráter quantitativo compreendidos entre janeiro de 2014 e dezembro de 2019, e foram utilizadas como estratégias de pesquisa os termos:

Depression AND Strenght training, depression AND resistance exercise. Foram

encontrados 347 artigos, dos quais, depois da leitura dos títulos e resumos foram excluídos 274 artigos. Após a leitura integral dos trinta e oito artigos restantes, sete foram excluídos por não cumprirem os critérios de inclusão propostos. Foi feita a avaliação metodológica com a aplicação da Escala PEDro, resultando ainda na exclusão de mais nove artigos por baixa qualidade metodológica, originando, assim, na inclusão de vinte e um artigos no estudo. Da análise dos estudos verificou-se que o treino de força/resistido acarreta benefícios no tratamento da depressão pelo que poderá constituir uma terapia viável para o tratamento da depressão e promover melhorias na qualidade de vida.

Palavras-chave: Depressão, Treino de Força, Exercício Contra Resistência, Saúde

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XI

Abstract

The literature is consistent in highlighting the positive effects of regular physical exercise, both aerobic and strength/resistance exercise in improving physical, social and psychological well-being.

In the modern world depression is an increasingly present disease, affecting from children to the elderly, rich to poor, man or woman, and there are no selection criteria for it to appear. It is an illness that causes a loss of autonomy, it can lead to sedentariness and physical inactivity. Exercise more specifically aerobic exercise, has shown positive effects in the treatment of depression according to the literature. However, when it comes to implementing strength/resistance training, the literature is still relatively scarce compared to aerobic training. Therefore, the aim of this study was to carry out a systematic review to check whether physical exercise, namely strength/resistance training is an asset for the treatment of depression. The studies analyzed were found through a research elaborated in online databases that aggregates several research resources, that is, researches were made in PUBMED (Medline), Scopus and Scielo (Scientific Electronic Library) databases. Randomized studies of a quantitative nature were chosen between January 2014 and December 2019, and the terms were used as research strategies: Depression AND Strenght training, depression AND resistance exercise. Three hundred and forty-seven articles were found, from which, after reading the titles and abstracts, 274 articles were excluded. After the full reading of the 38 remaining articles,7 were excluded because they didn’t meet the proposed inclusion criteria. The methodological assessment was carried out with the application of the PEDro Scale, resulting in the exclusion of a further nine articles for poor methodological quality, thus leading to the inclusion of 21 articles in the study. The analysis of the studies showed that strength/resistance training brings benefits in the treatment of depression and can therefore be a viable therapy for the treatment of depression and promote improvements in quality of life.

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XIII

Índice

1. Introdução... 1

2. Metodologia ... 5

2.1 Critérios de inclusão e exclusão ... 6

2.2 Base de dados e estratégia de pesquisa ... 6

2.3. Avaliação da qualidade metodológica dos estudos ... 7

3. Resultados ... 8

4. Discussão ... 22

5. Conclusão ... 29

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XV

Índice de Figuras

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Índice Tabelas

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão ... 11

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 12

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 13

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 14

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 15

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 16

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 17

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 18

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 19

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação) ... 20

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Lista de Abreviaturas

BDNF- Fator Neurotrópico do cérebro

PICOS- população, intervenção, grupos a serem comparados, resultado e desenho da pesquisa

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1

1. Introdução

A depressão afeta cerca de trezentos milhões de pessoas a nível mundial (World

Health Organization, 2017) e cerca de outros trezentos milhões de pessoas sofrem de

alguma perturbação de ansiedade (World Health Organization, 2017). Esta doença é a principal contribuinte para a incapacidade e redução da atividade produtiva (World

Health Organization, 2017), ou seja, o surgimento de sintomas depressivos levam à

perda de autonomia e capacidade de realização de atividades do dia-a-dia. Em Portugal, de acordo com Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental, cerca de 7,9% da população sofre de alguma perturbação depressiva (Almeida & Xavier, 2013)

As perturbações depressivas são caracterizadas por tristeza, perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa ou de baixa autoestima, perturbações do sono ou do apetite, sensação de cansaço e baixo nível de concentração (Carvalho, 2018). A depressão afeta de forma significativa a qualidade de vida (Angermeyer et al., 2002; Berlim et al., 2004; Berlim et al., 2005; Caldieraro et al., 2013) havendo uma relação inversa da intensidade entre ambas (Caldieraro et al., 2013), pois existe perda de prazer em atividades que usualmente transmitiam satisfação e ainda a perda de autonomia. Os sintomas variam quanto à gravidade (ligeiros a graves) e duração (meses a anos). Os sintomas dos critérios para transtorno depressivo devem surgir na grande maioria dos dias para serem considerados presentes, com exceção da alteração do peso e ideação suicida. Apesar do humor deprimido estar presente na maior parte do dia, é a insónia ou fadiga que constituem a principal queixa apresentada. Este fato dificulta muitas vezes a deteção dos sintomas depressivos associados e pode resultar em subdiagnóstico (American Psychiatric Association, 2014). A tristeza pode ser negada inicialmente, mas revelada por meio de entrevista ou inferida pela expressão facial e por atitudes. As perturbações psicomotoras são muito menos comuns, mas são indicativas de maior gravidade geral, assim como a presença de culpa delirante ou quase delirante (American Psychiatric Association, 2014). A característica essencial de um episódio depressivo é um período de pelo menos duas semanas durante as quais há um humor depressivo ou perda de interesse/prazer em quase todas as atividades. Em crianças e adolescentes, o humor pode ser irritável ao invés de triste. O indivíduo também deve experimentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que inclui mudanças no apetite ou peso, no sono e na atividade psicomotora; diminuição de energia; sentimentos de

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2 desvalia ou culpa; dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões; ou pensamentos recorrentes de morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio (American Psychiatric Association, 2014).

Ainda que seja uma doença que afeta a população em geral, independentemente das suas características, existem inúmeros fatores que tornam propenso o seu aparecimento. A Organização Mundial de Saúde (World Health Organization, 2017) destaca os fatores genéticos, o meio envolvente, os aspetos socioeconómicos, a perda de entes queridos e os comportamentos aditivos (álcool e drogas) como determinantes para o desenvolvimento de um quadro depressivo. A propensão genética que cada individuo tem para o aparecimento desta doença é um dos principais fatores (Mullins et al., 2017). Um outro fator poderá ser o ambiente que rodeia o individuo, pois o meio envolvente pode afetar positivamente ou negativamente o bem-estar de cada um, podendo ser um propulsor do aparecimento desta patologia (Mullins et al., 2016). Os fatores económicos também têm influência nesta patologia pois, por exemplo, o desemprego e a pobreza são situações críticas que podem culminar no aparecimento de sintomas depressivos (Han et al., 2018). O aparecimento de doenças crónicas ou doenças terminais, podem levar ao surgimento de sintomas depressivos, devido aos constantes pensamentos negativos e tristeza (Noël et al., 2004; Harpole et al., 2005). Certos acontecimentos na vida podem influenciar negativamente e levar ao desencadeamento de sintomas depressivos, tais como a perda de um ente querido ou o término de uma relação (Kendler et al., 2013). O consumo de álcool e de drogas torna suscetível o aparecimento da depressão devido ao vício e dependência causado por estas substâncias (Davis et al. 2008).

Dependo da gravidade dos sintomas, existem vários tipos de depressão, sendo os principais tipos a depressão major, distimia e a perturbação afetiva bipolar (American Psychiatric Association, 2014). A depressão Major caracteriza-se por ser um episódio depressivo ou por um conjunto de episódios, que tem como sintomas o humor deprimido, perda de interesse e prazer e ainda a diminuição da energia, isto num período mínimo de duas semanas A distimia é uma versão mais persistente e duradoura da depressão Major, sendo os sintomas semelhantes, mas menos intensos (Carvalho, 2018), ou seja a distimia é uma versão crónica da depressão Major com sintomas menos incapacitantes e com uma duração mais longa dos sintomas. A perturbação afetiva bipolar consiste tipicamente em episódios maníacos e depressivos separados por períodos de humor normal. Os episódios maníacos envolvem humor elevado e aumento

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3 de energia, resultando em excesso de atividade, pressão da fala/discurso e diminuição da necessidade de repouso (American Psychiatric Association, 2014).

Muitas das consequências funcionais do transtorno depressivo derivam de sintomas individuais. O prejuízo pode ser muito leve, o que leva a que muitos daqueles que interagem com o indivíduo afetado não detetem quaisquer sintomas depressivos. No entanto, este pode estender-se até à total incapacidade, de modo a que a pessoa deprimida seja incapaz de dar atenção às necessidades básicas de autocuidado (American Psychiatric Association, 2014). A perda de autonomia e de vontade, pode levar ao sedentarismo (Hallgren et al., 2016; Schuch et al., 2017) e ainda ao aparecimento de doenças associadas tais como a obesidade, a osteoporose, a osteopenia, a diabetes, a hipertensão arterial, hipertrigliceridemia e doenças cardiovasculares, cardiorrespiratórias, entre outras (Charlson et al., 2013; Biswas et al., 2015). Esta patologia pode ter origem noutras doenças e/ou originar o aparecimento de outras doenças, afetando de forma negativa o bem-estar físico, psicológico e social, pelo que as perturbações depressivas são classificadas como o maior contribuinte para a perda de saúde não fatal (Carvalho, 2018) e, portanto, perda da qualidade de vida.

Relativamente a terapias e tratamentos, existem inúmeros, tais como a eletroterapia, terapia familiar e muitas outras, sendo, habitualmente, a primeira opção de tratamento a terapia farmacológica (Nemeroff, 2007). Porém, para certos indivíduos com depressão moderada a severa, a medicação pode ter um custo elevado e ter uma eficiência limitada (Barrett et al., 2005; Fournier et al., 2018). A psicoterapia é muitas vezes inacessível e os efeitos relatados na literatura poderão ser sobrestimados devido ao enviesamento dos estudos (Cuijpers et al., 2010). Para além disso, apesar dos tratamentos, alguns dos sintomas poderão persistir após alguns ciclos de sessões (Gaynes, 2008), o que torna dispendioso e por vezes ineficaz o tratamento desta patologia. Apesar de todos os possíveis efeitos secundários e dos contras destas terapias, por vezes torna-se na única alternativa para que os sintomas depressivos sejam controlados e possivelmente melhorados. Assim, existe um interesse contínuo em serem investigadas e analisadas novas alternativas para o tratamento da depressão e ainda comparar possíveis tratamentos alternativos com tratamentos estabelecidos.

O exercício físico tem a capacidade de melhorar a função a nível psicológico, aumentando a capacidade de se relacionar com os outros e ainda dá uma sensação de

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4 bem-estar e autorrealização (Forbes et al., 2017; Mandolesi et al., 2018). A nível físico melhora a resistência cardiovascular, força, flexibilidade e talvez um dos efeitos secundários mais desejados, a melhoria do aspeto físico, diminuindo a massa gorda e aumentando a massa magra. Sujeitos com depressão tendem a ter desequilíbrios relativamente a síntese de diversas hormonas e neuromediadores envolvidos na regulação do humor (serotonina, dopamina, catecolaminas e cortisol) (Maletic et al., 2007; Carneiro et al., 2017), assim como nos seus recetores e mecanismos de recaptação (Machado-Vieira et al., 2010). Por outro lado, o exercício físico proporciona uma maior circulação sanguínea no cérebro, o que favorece o fornecimentos de nutrientes necessários para a síntese destas hormonas e neuromediadores, assim como nutrientes e oxigénio necessários para a atividade metabólica cerebral, que promovendo a melhoria do desempenho cerebral (D’Ascola et al., 2018; Pietta-Dias et al., 2019). Alguns estudos, sugerem que o exercício físico aumenta a libertação do Fator Neurotrópico do cérebro (BDNF), envolvido na neurogénese cerebral e associado a uma melhoria do desempenho e redução da depressão e da ansiedade (Russo-Neustad et al., 2001; Tuon et al., 2014).

O exercício físico poderá ser uma terapia extremamente promissora para o tratamento da depressão, para além de que esta terapia é livre dos efeitos secundários e de custos elevados como a terapia farmacológica e psicoterapia. Assim, ao longo do tempo, o exercício físico tem ganho importância como opção de terapia para o tratamento da depressão (Daley, 2008; Deslandes et al., 2009; Ströhle, 2009;Gelenberg et al., 2010; Mura et al., 2013; Schuch & de Almeida Fleck, 2013; Stanton & Happell, 2014; Stanton & Reaburn, 2014; Carneiro et al., 2015; Schuch et al., 2016). Evidências científicas comprovam que a realização de exercício tem um efeito moderado no tratamento da depressão e é uma ferramenta interessante devido aos seus mínimos efeitos secundários (Stathopoulou et al., 2006; Rethorst et al., 2009; Cooney et al., 2013), ao contrário do uso de fármacos, que além de provocarem dependência, trazem inúmeros outros fatores negativos. No entanto, a magnitude do efeito permanece incerta pois o enviesamento das publicações e dos critérios de inclusão podem levar à subestimação da magnitude dos efeitos do exercício (Schuch et al., 2016; Murri et al., 2019).

Os benefícios do exercício físico aeróbio, tanto a nível agudo como na realização de programas estruturados, para os sintomas depressivos em adultos saudáveis e em

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5 adultos com doenças crónicas estão descritos na literatura (Cooney et al., 2013; Herring et al., 2015; Mcdowell el al., 2016; Meyer et al., 2016), mas pouco se sabe relativamente aos efeitos do treino de força no tratamento da depressão.

Sabe-se que a aplicação do treino de força geralmente tem como objetivo aumentar a força, massa muscular, potência e finalidades estéticas em adultos (Mcdowell et al., 2016). A literatura tem, também, demonstrado os efeitos ansiolíticos que o treino de força tem em adultos (Mcdowell et al., 2016), independentemente do seu estado de saúde (Gordon et al., 2017), tanto a nível agudo (Viana et al., 2012) como a nível crónico (Herring et al., 2015; Whitworth et al., 2019). Esta tem, ainda, evidenciado que o treino de força melhora o humor, função cognitiva e a qualidade de vida (Cassilhas et al., 2007; Cassilhas et al., 2010; Laux et al., 2018).

Apesar dos benefícios do treino de força a nível físico e psicológico, os seus efeitos antidepressivos estão ainda pouco explorados na literatura, particularmente no que diz respeito à importância das diferentes componentes da carga. Assim, esta revisão sistemática tem como objetivo estudar os efeitos do treino de força na depressão e apurar quais as componentes da carga mais relevantes na redução da sintomatologia depressiva.

2. Metodologia

Foi feito o estudo do estado da arte, através da realização de uma revisão sistemática, que consiste num método de investigação científica com planeamento e reunião de estudos originais, sintetizando os resultados de múltiplas investigações primárias através de estratégias que limitam enviesamentos aleatórios (Cook et al.,1997). A presente revisão inclui artigos originais, publicados em revistas indexadas nas bases de dados eletrónicas Pubmed (Medline), Scielo (Scientific Electronic Library) e Scopus. Os descritores usados foram: Depression, resistance exercise, strength

training.

A procura dos artigos foi feita em inglês com o uso do operador booleano AND. Em todas as bases de dados foram utilizadas como estratégias de busca os termos:

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2.1 Critérios de inclusão e exclusão

Os estudos identificados foram selecionados com base nos seguintes critérios de inclusão: (1) estudos com o uso de escalas para a quantificação dos níveis dos sintomas depressivos; (2) ensaios clínicos randomizados e não randomizados que utilizaram como intervenção o treino de força; (3) programas apenas de treino de força com possível comparação com outras atividades ou terapias; (4) avaliação dos níveis de depressão pré e pós teste; (5) artigos publicados em inglês; (6) apresentação do método de treino e as intensidades utilizadas (7) estudos realizados em humanos; (8) estudos publicados entre janeiro de 2014 e dezembro de 2019.

Estudos que apresentaram os seguintes critérios foram excluídos: (1) artigos não originais; (2) artigos de revisão, meta análises, comentários; (3) artigos sem relação com o tema abordado; (4) artigos repetidos; (5) artigos sem acesso completo; (6) não estar presente o protocolo de treino de força; (7) estudos em animais.

2.2 Base de dados e estratégia de pesquisa

A pesquisa foi realizada no período de dezembro de 2019 a 29 de fevereiro de 2020, nas bases de dados eletrónicos Pubmed, Scielo e Scopus. As bases de dados utilizadas possibilitaram recolher e rever de forma sistemática e organizada fontes suficientemente especificas, de acordo com o âmbito e os propósitos do nosso estudo. O espaço temporal de cinco anos, assim definido, aparenta ser adequado para que haja uma recolha de estudos abrangente e recente.

Inicialmente foram identificados 347 artigos, 180 na Pubmed (51,87%) 161 Scopus (46,40%) e seis no Scielo (1,73%), tal como descrito na Figura 1.

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7

Figura 1- Fluxograma das etapas de seleção e inclusão de artigos

O processo de seleção foi realizado por dois investigadores independentes com créditos reconhecidos na área de estudo, ajudando assim a diminuir o erro na seleção dos estudos. As discrepâncias encontradas foram discutidas até ser encontrado um consenso ou através de um terceiro avaliador.

2.3. Avaliação da qualidade metodológica dos estudos

Após a leitura integral dos artigos e da exclusão daqueles que não cumpriram os critérios de inclusão foi realizada a avaliação da qualidade metodológicas dos artigos incluídos com o uso da escala PEDro (Sherrington et al., 2000) , e como referência foi

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8 utilizado o check-list Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and

Meta-Analyses (PRISMA) (Moher et al., 2009). A escala PEDro (Sherrington et al., 2000) é

caracterizada por 11 tópicos, um dos quais não conta como ponto a avaliar, pelo que, 10 pontos são avaliados. Foi imposto um mínimo de cinco pontos para que os estudos pudessem ser incluídos. Os estudos com pontuação abaixo de cinco foram considerados de baixa qualidade metodológica e foram por isso excluídos da revisão sistemática.

Foi adotada a abordagem PICOS (população, intervenção, grupos a serem comparados, resultado e desenho da pesquisa) para a determinação da elegibilidade dos artigos encontrados e possibilitar uma pesquisa mais detalhada e pormenorizada.

3. Resultados

Após todas as etapas referentes à seleção dos estudos a incluir nesta revisão sistemática, obtiveram-se 21 artigos com os critérios de inclusão pretendidos e com o mínimo de qualidade metodológica de cinco pontos na escala PEDro, como se pode verificar na Figura 1, onde estão delimitadas todas as etapas da pesquisa efetuada.

O número total de indivíduos que participaram desta revisão sistemática foi de 1417. O estudo que apresentou maior amostra utilizou 304 sujeitos (Goldfield et al., 2015) e a menor amostra utilizou 13 sujeitos (Vizza el al., 2016)

A partir do processo de seleção dos artigos foi realizada uma síntese da caracterização e dados sociodemográficos dos estudos incluídos, com as datas de publicação variando do ano de 2014 (Bernadete et al., 2014; Herring et al. , 2014; Nyberg et al., 2014; Schmidt et al., 2014; Taspinar et al. , 2014) e 2019 (Kim et al. 2019; Lima et al., 2019; Matthews et al., 2019; Whitworth et al., 2019) e cujas características estão descritas na Tabela 1.

A qualidade metodológica dos estudos entre uma pontuação final de cinco (Aidar et al., 2014; Taspinar et al., 2014; Dziubek et al., 2016; Assumpção et al., 2017; Sahin et al., 2018; Kim et al., 2019; Whitworth et al., 2019) e nove (Nyberg et al., 2014) na Escala de PEDro (Sherrington et al., 2000).

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9 Dos 21 estudos incluídos na revisão, 18 estudos apresentaram idade média, tendo obtido um valor de 52,81 anos de idade média nesses 18 estudos. Os três estudos que não apresentaram idade média, apresentaram um intervalo de idade, sendo os estudos de Assumpção et al. (2017) (30-55 anos) , Ericsson et al. (2016) (22-64 anos) e Herring et al. (2014) (24-68 anos).

Dezasseis dos 21 estudos apresentaram uma doença associada (76,2%) aos sintomas depressivos, seis estudos dos 21 estudos foram realizados em idosos (28,6%) e um estudo apenas foi realizado em adultos sedentários (4,8%).

Em todos os estudos os sintomas depressivos foram quantificados com a utilização de diversas escalas sendo elas: Beck Depression Inventory (BDI) (Aidar et al., 2014; Taspinar et al., 2014; Dziubek et al., 2016; Kekäläinen et al., 2018); Hamilton

Depression Rating Scale (HAM) (Lima et al., 2019); Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) ( Herring et al., 2014; Nyberg et al., 2014; Ericsson, Bremell et al., 2016;

Ericsson, Palstam, et al., 2016); Center for Epidemiological Studies Depression Scale

(CES-D) ( Schmidt et al., 2014; Matthews et al., 2019 ; Whitworth, et al., 2019); Geriatric Depression Scale (GDS) (Ansai et al., 2015; Sahin et al., 2018; Kim et al.,

2019); Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQ) (Assumpção et al., 2017); Beck and

Idate Trait-State Inventory (IDATE) (Bernadete et al., 2014); Calgary Depression Scale for Schizophrenia (CDSS) (Gadelha et al., 2015) ; 24-item Brunell Mood Scale (BRUMS) (Goldfield et al., 2015); Depression, Anxiety and Stress Scale 21 items (DASS-21) (Vizza et al., 2016). A intensidade dos sintomas depressivos variou de baixo

a moderado, não havendo nenhum artigo com uma intensidade dos sintomas acima de um nível moderado.

Relativamente ao tipo de tarefa no treino de força, foram usados maioritariamente como material: pesos livres e máquinas de musculação, em menor número foram usados como material: bandas elásticas e o próprio peso corporal. Nos artigos de intervenção onde existiu outro grupo de exercício (dez estudos) para além do treino de força, foi usado maioritariamente o ciclo ergómetro (quatro estudos), sendo também usada a passadeira (dois estudos) e a elíptica (um estudo), sendo que no estudo de Goldfield et al. (2015), foram usados como materiais o ciclo ergómetro, passadeira e elíptica. Outros métodos de treino foram usados como metodologia de intervenção, como placebo ou para comparação, sendo eles: alongamentos (Bernadete et al., 2014),

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10 relaxamento (Ericsson, Palstam, et al., 2016), exercícios aquáticos (Ericsson, Bremell, et al., 2016) e yoga (Taspinar et al., 2014).

No que respeita à intensidade imposta nos grupos de intervenção, no treino de força variou entre 40% (Ericsson, Bremell, et al., 2016; Gadelha et al., 2015; Sahin et al., 2018) e 85% (Kekäläinen et al., 2018) da uma repetição máxima, 5-8 na escala de OMNI e 9-17 na escala subjetiva de esforço de Borg. Nos estudos onde houve outro grupo de intervenção (Abrahão et al., 2015; Ansai & Rebelatto, 2015; Bernadete et al., 2014; Dziubek et al., 2016; Ericsson, Bremell, et al., 2016; Ericsson, Palstam, et al., 2016; Gadelha et al., 2015; Goldfield et al., 2015; Herring et al., 2014; Taspinar et al., 2014), no caso do treino aeróbio a intensidade variou entre 65% e 85% da frequência cardíaca máxima, 75% da frequência cardíaca de reserva, 40% a 75 % do VO2 máximo e 5 a 6 na escala de OMNI.

Os programas de exercícios variaram entre três semanas (Whitworth et al., 2019) e 56 semanas de treino (Matthews et al., 2019), com frequência mínima de uma vez por semana (Kekäläinen et al. , 2017) e um máximo de quatro vezes por semana (Goldfield et al., 2015), com uma duração mínima de 30 minutos (Whitworth et al., 2019) e uma duração máxima de 75 minutos (Matthews et al., 2019).

Todos os estudos incluem o treino de força isolado, havendo três estudos (Ansai et al., 2015; Gadelha et al., 2015; Goldfield et al., 2015), nos quais para além do treino de força existe também a metodologia de treino combinado, ou seja, a combinação entre o exercício de força/resistido e o exercício aeróbio.

Dos vinte e um estudos revistos, 15 estudos (71,4 %) reportaram melhorias nos níveis de depressão após a implementação de um programa de treino de força.

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11

Tabela 1- Características dos estudos incluídos na revisão

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Aidar et al., 2014) 24 51.7 ± 8.0 (GTF) 52.5 ± 7.7 (GCTRL)

AVC isquémico 5 BDI Moderado Pesos livres e

máquinas de musculação (GTF,N=11) Controlo (CTRL,N=13) Escala de OMNI (6-8) 3 vezes por semana 60 minutos cada sessão 12 Semanas Depressão Força Máxima BDI 1RM Verificou-se que os níveis de depressão reduziram significativamente no GTF. GTF apresentou melhorias na capacidade funciona, força muscular e redução de fadiga. (Bernadete et al., 2014) 66 44.34±7.94 (GTF) 48.65±7.60 (GTA)

Fibromialgia 8 IDATE Baixo a

moderado Máquinas de musculação (GTF;N=35) Alongamentos (GTA; N=31) GTF- 45% da 1RM GTA- Alongamentos nos principais grupos musculares 2 vezes por semana 45 minutos por sessão 16 semanas Depressão Qualidade de vida Ansiedade IMC VO2 Perceção de Dor Flexibilidade Escala Visual Analógica Variabilidade da FC Teste sentar e alcançar (Banco Wells and Dillon’s) 1 RM Dinamómetro (handgrip) Questionário de Impacto da Fibromialgia IDATE SF-36

Melhoras nos níveis de depressão, qualidade de vida e função. Entre grupos não houve diferenças significativas. GTF aumentou a força muscular e obteve reduções mais significativas nos sintomas de fibromialgia.

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12

Tabela 2- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas

Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Herring et al., 2014)

33 24-68 Obesidade 6 HADS Baixo a

moderado Atividade de endurance (GTE,N= Pesos livres e máquinas de musculação (GTF;N= GTE-50 a 70 % da FCres GTF- 60% da 1 RM estimada 3 vezes por semana 60 minutos cada sessão 12 semanas Antropometria Depressão Motivação para a prática de atividade física HADS IMC Medidas antropométricas shuttle walk test

Ambos os grupos de intervenção obtiveram melhoria nos níveis de depressão, sem diferenças significativas entre grupos (Nyberg et al., 2014) 44 69±5 (GTF) 68±6 (GCTRL) Doença pulmonar obstrutiva crónica

9 HADS Baixo Bandas elásticas

e peso corporal (GTF,N=22) Controlo (CTRL,N=22) Escala de Borg- Esforço subjetivo e sem intensidade pré definida 3 vezes por semana 60 minutos cada sessão 8 semanas Qualidade de vida Depressão Capacidade para a realização de exercício Físico CRQ-SA SF-36 ESES

Self- Efficacy for Walking Questionnaire HADS 6MWT Melhorias nos sintomas depressivos no GTF. Por o nível, inicialmente já ser baixo, as mudanças são negligenciadas. O GTF de força melhorou os níveis de força muscular e a capacidade funcional.

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13

Tabela 3- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas

Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Schmidt et al., 2014) 95 52.7± 10.0 Cancro da mama

6 CES-D Moderado Máquinas de

musculação (GTF,N=49) Controlo (CTRL,N=46) GTF-60% a 80% da 1RM 2 vezes por semana 60 minutos cada sessão 12 semanas Fadiga Qualidade de vida Depressão Função cognitiva Antropometri a Força máxima Capacidade cardiorrespir atória FAQ 30- item EORTC QLQ-C30 (version 3.0) CES-D trail-making-test Força isométrica Vo2Max e Espirometria Os níveis de depressão mantiveram-se relativamente estáveis durante toda a intervenção não havendo diferenças entre os grupos. O GTF promoveu melhorias na capacidade funcional, fadiga e qualidade de vida, para além de ter promovido aumento nos níveis de força muscular. (Taspinar et al., 2014) 51 26.65 ± 6.66 (GTY) 24.76 ± 3.65 (GTF) 25.29 ± 5.68 (CTRL) Adultos Sedentários 5 BDI Baixo a moderado Yoga (GTY,N=17) Pesos livres, máquinas de musculação e peso corporal (GTF,N=17) Controlo (CTRL,N=17) 65 % de repetições máximas 3 vezes semanas 50 minutos cada sessão 7 semanas Depressão Qualidade de vida Fadiga Autoestima Imagem corporal BDI NHP VAS RSES BCS Os níveis de depressão reduziram de forma significativa em ambos os grupos, sem diferenças entre os mesmos. O GTF melhorou a imagem corporal e aumentos os níveis de força.

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14

Tabela 4- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas

Testes Realizados Resultados

N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Abrahão et al., 2015) 63 42.9± 14.4 Lúpus eritematoso sistémico 9 BDI Baixo a moderado Ciclo ergómetro (n=21) Pesos livres, máquinas (n=21) Controlo (n=21) Grupo de Treino Cardiovascular-65 a 75 % FCres Grupo de Treino de Força- 65 a 75 % da 1RM 3 vezes por semana 50 minutos cada sessão 12 semanas HRQoL Nível de Depressão Atividade da doença Capacidade cardiorrespiratória Força Máxima SF-36

SLE Disease Activity Index BDI 12 Minutos caminhada (T12) Teste de 1RM Não existiram diferenças significativas entre grupos de intervenção, no pré e pós teste. (Ansai & Rebelatto, 2015) 69 82.4 ± 2.4 Idosos 7 GDS Baixo a moderado Pesos livres, máquinas (GTF; n=23) Pesos livres, máquinas, ciclo ergómetro (GTC=23) Controlo (n=23) Grupo Treino de força- 14-17 escala de Borg Grupo de treino Combinado – 60-85% FC res (Aeróbio); 14-17 na escala subjetiva de esforço de Borg (Força) 3 vezes por semana 60 minutos cada sessão 16 semanas Sintomas Depressivos Cognição GDS Montreal Cognitive Assessment (MoCA; ,Clock Drawing Test)

Não existiram diferenças significativas entre os grupos de intervenção

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15

Tabela 5- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Gadelha et al., 2015) 34 33.36±12 .19 (GCTRL) 32.91±2. 28 (GTF) 33.55±2. 63 (GTC)

Esquizofrenia 8 CDSS Baixo Tapete rolante, pesos

livres e máquinas de musculação (GTC;N=9) Pesos livres e máquinas de musculação (GTF;N=12) Controlo (CTRL;N=13) GTC- 40% a 75% do VO2 max, incrementos semanais 40% a 85% da 1RM, incrementos semanais GTF- 40% a 85% da 1RM 2 sessões por semana 60 minutos cada sessão 20 semanas Severidade dos sintomas Depressão Monotorização da medicação Qualidade de vida Antropometria Força Máxima Capacidade cardiorrespiratória PANSS CDSS SF-36 IMC 1RM Espirometria (VO2max) Sem diferenças significativas nos níveis de depressão pós intervenção, devido ao facto de no pré teste os níveis de depressão serem baixos. Ambos os grupos de treino obtiveram aumentos na força muscular. (Goldfield et al., 2015) 304 15.6 ±1.4 Crianças com Obesidade 7 BRUMS Baixo a moderado Passadeira, elíptica e ciclo ergómetro (GTE;N=75) Pesos livres e máquinas de musculação (GTF;N=78) Passadeira, elíptica, ciclo ergómetro, Pesos livres e máquinas de musculação (GTC;n=75) Controlo (CTRL;N=76) GTE- Inicialmente 65 % da FCmax progredindo ate aos 85% da FCmax GTF- Inicialmente 65% de 8RM progredindo até as 8RM GTC- com as diretrizes de GTE e GTF 4 vezes por semana Inicialmente 20 minutos por sessão com aumento gradual até aos 45 minutos por sessão 22 semanas Imagem Corporal Humor Força Máxima Capacidade cardiorrespiratória Auto- estima Antropometria 34-item Multiple Body Self-Relations Questionnaire⫺A ppearance Scales Physical Self-Perception Profile for Children BRUMS-24 Balke Ware treadmill test 8-RM Os Sintomas depressivos melhoram de forma mais acentuada no GTF, comparativamente aos outros grupos de intervenção. GTF obteve melhores resultados no aumento da força muscular comparativamente aos grupos de intervenção. GTF promoveu aumentos mais significativos na autoestima e melhorias na imagem corporal.

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Tabela 6- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Dziubek et al., 2016) 28 63.4 ± 13.7 Pacientes em Hemodialise 5 BDI Baixo a moderado Ciclo Ergómetro (GTE;N=20) Pesos livres, bandas elásticas (GTF; N=8) GTE- 5 a 6 na Escala de OMNI GTF- 5 a 6 na Escala de OMNI 3 vezes por semana Inicialmente 10 minutos cada sessão aumentando gradualmente até aos 50 minutos 24 semanas Depressão Ansiedade BDI STAI Os níveis de depressão reduziram em ambos os grupos. Existiu uma redução da depressão mais acentuada nos pacientes mais velhos e com níveis inicias de depressão mais elevados.

(Ericsson, Bremel et al., 2016) 26 48 ±8.7 (GTP) 50 ±7.5 (GTF) Dor Cronica Generalizada 8 HADS Baixo a moderado Exercícios Aquáticos (GTP;N=14) Pesos livres e máquinas de musculação (GTF;N=12) GTP- subjetivo, a sendo usada a escala de BORG (6-20) em duas semanas distintas de intervenção GTF- 40 a 80% da 1RM 2 vezes por semana 50-60 minutos cada sessão 12 semanas Fadiga Depressão Perceção da Dor Qualidade de vida Força Máxima MFI-20 (4-20) HADS FIQ SF-36 1RM, força de Handgrip, flexão e extensão do joelho e abdução do ombro Os níveis de depressão reduziram em ambos os grupos mas de forma mais significativa no grupo de exercícios aquáticos. GTF de força com aumento de força muscular mais significativo que o GTP.

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Tabela 7- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Ericsson, Palstam, et al., 2016) 105 22 aos 64 anos

Fibromialgia 8 HADS Baixo a

moderado Relaxamento (GR;n=49) Pesos livres GTF;N=56) GTF – inicialmente foi usado 40 % da 1RM, havendo uma progressão de carga até aos 80% da 1RM 2 vezes por semana 60 minutos por sessão (GTF) 25 minutos por sessão (GR) 15 semanas Fadiga Perceção da Dor Depressão Atividade Física MFI-20 (4–20) FIQ PCS HADS LTPAI 6MWT 1 RM Sem diferenças significativas nos níveis de depressão entre grupos de intervenção. GTF aumentou os níveis de força. A diminuição da sintomatologia da fibromialgia diminui em ambos os grupos. (Vizza et al., 2016) 13 26 ±7 (GTF) 29 ±3 (CTRL) Síndrome do Ovário Poliquístico

7 DASS-21 Moderado Pesos livres, máquinas

de musculação e peso corporal (GTF,N=7) Controlo (CTRL,N=6) 8-12 RM (fadiga muscular) 2 vezes por semana 60 minutos por sessão 12 semanas Qualidade de vida Depressão Ansiedade Stress Antropometria Controlo hormonal Força máxima PCOSQ SF-36 DASS-21 IMC Analises clinicas Força máxima isométrica em dinamómetro O GTF melhorou os níveis de depressão comparativamente ao Grupo CRTL. GTF obteve aumento da força muscular. Promoveu melhorias a nível antropométrico.

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Tabela 8- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Assumpção et al., 2017)

44 30 a 55 Fibromialgia 5 FIQ Baixo a

moderado

Pesos livres e peso corporal (GTF,N=16) Alongamentos (GTA,N=14) Controlo (CTRL,N=14) GTF- 13 escala subjetiva de esforço de BORG 2 vezes por semana 40 minutos cada sessão 12 semanas Qualidade de vida Ansiedade Depressão Fadiga FIQ SF-36 Fischer dolorímetro O GTF obteve melhores resultados na redução dos níveis de depressão comparativamente ao outro grupo de intervenção.

GTF com melhorias mais significativas nos sintomas de fibromialgia (Kekäläinen et al., 2018b) 106 68.3± 2.3 (CTRL) 68.9± 2.7 (GTF1) 67.7±2. 8 (GTF2) 69.0 ±3.3 (GTF3)

Idosos 7 BDI II Baixo a

moderado Pesos livres e máquinas de musculação (GTF1,N= 26;GTF2, N=27; GTF3, N=28); 65%-85% Da 1RM Nos primeiros 3 meses todos os grupos treinaram 2 vezes por semana. Nos 6 meses restante cada grupo praticou o nª vezes indicada (1,2,3) 60 minutos por sessão 36 semanas Depressão Senso de coerências Capacidade cardiorrespiratória Força máxima Qualidade de vida BDI II Antonovsky’s 13-item scale Monotorização da atividade física 1RM WHOQOL-BREF questionnaire Todos os grupos de intervenção obtiveram redução dos níveis de depressão, não havendo diferenças significativas entre grupos. Os níveis de depressão reduziram mais significativamente nos primeiros meses de intervenção. Aumento dos níveis de força em todos os grupos de intervenção.

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Tabela 9- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Característic as dos participantes (Sahin et al., 2018) 48 84.50 ± 4.81 (GTFBI) 84.18 ± 6.85 (GTFAI) 85.37 ± 4.70 (CTRL) Idosos 5 GDS Baixo a moderado

Pesos livres (GTFAI, n=16; GTFBI,n=16) Controlo (CTRL,n=16) GTFAI-70 % da 1RM estimada GTFBI-40% da 1RM estimada 3 vezes por semana 40 minutos cada sessão 8 semanas Performance física Dependência Fadiga Depressão Qualidade de vida SPPB BI IADL FSS GDS WHOQOL-OLD Ambos os grupos de intervenção obtiveram resultados positivos nos níveis de depressão, não havendo diferenças significativas entre grupos de intervenção. Ambos os grupos de intervenção aumentaram os níveis de força. (Kim et al., 2019) 21 76.10 ± 3.85 (GTF) 76.40 ± 3.27 (CTRL)

Idosas 5 GDS Moderado Pesos livres e peso

corporal (GTF, N=11) Controlo (CTRL,N=10) Escala subjetiva de esforço Borg (9-13) 3 vezes por semana 60 minutos por sessão 24 semanas Depressão Neurotransmissores GDS Analises clinicas para verificar níveis hormonais

Não existiram diferenças significativas entre grupos. O GTF reduziu minimamente os níveis de depressão enquanto o GCTRL subiu ligeiramente os níveis.

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20

Tabela 10- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas Testes Realizados Resultados N Idade média e DP (anos) Características dos participantes (Lima et al., 2019)

33 67.2±5.2 Parkinson 9 HAM Baixo a

moderado

Pesos livres, máquinas (n=17) Controlo (n=16) Grupo de Treino de Força- 65 a 75 % da 1RM Escala de OMNI (7-8) 2 vezes por semana 30-40 minutos cada sessão 20 semanas Nível de depressão Qualidade de vida Antropometria Capacidade cardiorrespiratória Força Máxima HAM-17 Parkinson's Disease Questionnaire IMC Step test 2 minutos Timed up and go Teste caminhada 6 metros Força de handgrip O grupo do treino de força obteve melhorias nos sintomas depressivos comparativamente ao grupo de controlo. GTF obteve ganhos de força muscular, melhorou a capacidade funcional e a qualidade de vida. (Matthews et al., 2019) 180 61.7 ± 7.6 (GTFLE) 60.7 ± 7.1 ( GTF) 61.7 ± 7.7 (GLE) 59.9 ± 7.4 (CTRL) Baixa a normal densidade mineral óssea

6 CES-D Baixo Pesos livres, máquinas

de musculação + toma de leite enriquecido com vitamina D (GTFLE,N=45) Pesos livres e máquinas de musculação (GTF,N=46)

Leite enriquecido com vitamina D

(GLE,N=45 Controlo (CTRL,N=44)

Alta intensidade 3 vezes por semana 60-75 minutos cada sessão 12 meses Qualidade de vida Depressão Antropometria SF-36 CES-D IMC

Não existiram diferenças significativas entre grupos de intervenção nos níveis de depressão. Os valores iniciais eram baixos e não levou a melhorias.

Melhorias verificadas na força muscular e saúde óssea nos grupos onde foi realizado o treino de força.

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21

GTF- Grupo de treino de Força; GTE- Grupo de Treino de Endurance; GTA- Grupo de treino de Alongamentos; GTP-Grupo de treino de Exercícios Aquáticos; GTC- grupo de Treino de Exercício Combinado; GR- grupo de Relaxamento; GTF1- Grupo de treino de força 1 vez por semana; GTF2- Grupo de treino de força 2 vez por semana; GTF3- Grupo de treino de força 3 vez por semana; GTFLE- Grupo de Treino De Força Com ingestão de Leite Enriquecido com vit. D; GTFAI- Grupo de Treino de Força de Alta Intensidade; GTFBI- Grupo de Treino de Baixa Intensidade; CRTL- Grupo de Controlo; GLE- Grupo de Ingestão de Leite Enriquecido com Vit. D; 1RM- 1 repetição máxima; 8 RM- 8 Repetições máximas; FCmax- Frequência cárdica Máxima; FCres- Frequência Cardíaca de Reserva; IMC- Índice de Massa Corporal; FIQ- Fibromyalgia Impact Questionnaire; SF-36- Medical Outcomes Study 36-item Short- Form Health Survey; IDATE- Beck and

Idate Trait-State Inventory; BDI- Beck Depression Inventory; BDI II- Beck Depression Inventory II STAI- State-Trait Anxiety Inventory; HADS- Hospital Anxiety and Depression Scale; HAM- Hamilton depression rating scale; HAM-17- 17-item Hamilton Depression; Rating Scale; MFI-20- Multidimensional Fatigue Inventory; PCS- Pain catastrophizing scale; LTPAI- Leisure Time Physical Activity Instrument; 6MWT- The 6-minute walk test; PANSS- Positive and Negative Syndrome Scale; CDSS- Calgary Depression Scale for Schizophrenia; BRUMS-24-item Brunell Mood Scale; CES-D-Center for Epidemiological Studies Depression Scale; CRQ-SA- Chronic Respiratory Disease Questionnaire; ESES- Exercise Self-Efficacy Scale; SPPB- Short Physical Performance Battery; BI- Barthel Index;

IADL- Lawton–Brody Instrumental Activities of Daily Living Scale; FSS- Fatigue Severity Scale; GDS- Geriatric Depression Scale; WHOQOL-OLD- WHO Quality

of Life Instrument-Older Adults Module; FAQ- Fatigue Assessment Questionnaire; NHP- Nottingham Health Profile; VAS- Visual Analog Scale; RSES- Rosenberg Self-esteem Scale; BCS- Body Cathexis Scale; PCOSQ- Polycystic Ovary Syndrome Questionnaire; DASS-21- Depression, Anxiety and Stress Scale 21; AUDIT- Alcohol Use Disorder Identification Test

Tabela 11- Características dos estudos incluídos na revisão (continuação)

Referência Amostra Qualidade Metodológica Escala PEDro (0-10) Escala Sintomas Depressivos Grau de Intensidade dos sintomas depressivos Tarefa Intensidade do Programa Programa Variáveis Avaliadas

Testes Realizados Resultados

N Idade média e DP (anos) Característic as dos participantes (Whitworth, et al., 2019) 30 27.67± 5.95 (GTF) 30.53± 8.66 (CTRL) Stress pós- traumático

5 CESD Moderado Pesos livres e

máquinas de musculação (GTF,N=15) Controlo (CTRL,N=15) 8 RM 3 vezes por semana 30 minutos cada sessão 3 semanas Stress Pós-traumático Ansiedade Depressão Qualidade do sono Ingestão de álcool Percepção de esforço físico Força máxima Posttraumatic Stress Diagnostic Scale Trait Anxiety subscale of the State-Trait Anxiety Inventory

CESD Pitts-

burgh Sleep Quality Index AUDIT

single-item

Category Ratio Perceived Exertion Scale 8 RM Redução dos níveis de depressão no GTF pós teste. O GTF melhorou o sono e diminui o consumo de álcool. O GTF obteve aumento de força muscular.

(42)

22

4. Discussão

O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão sistemática sobre o efeito do treino de força no tratamento da depressão. De uma forma geral, foi possível verificar que o treino de força tem efeitos positivos no tratamento da depressão. Entre as possíveis explicações para estes resultados, destacam-se a teoria da autoeficácia de Bandura (Bandura, 1977) que descreve a crença ou confiança que um sujeito tem nas suas próprias capacidades para realizar uma determinada tarefa ou resolver um problema. A autoeficácia acaba por influenciar os objetivos que são colocados, bem como as ações e os resultados que se obtêm. Na realidade, o treino, através da repetição sistemática, resulta num aumento da eficácia do indivíduo. No caso concreto do treino de força, essa eficácia pode ser constatada pelo aumento das cargas (aumenta a capacidade de produzir força) e por alterações da imagem corporal (desenvolvimento de massa muscular, ou seja, hipertrofia muscular). A obtenção destes dois resultados depende da dinâmica da carga de treino tendo a revisão dos estudos apontado para mais benefícios com a frequência e intensidade das cargas (Schoenfeld et al., 2016; Schoenfeld et al., 2017), parâmetros da carga determinantes para os ganhos de força e hipertrofia muscular (American College of Sports Medicine, 2009; Krzysztofik et al., 2019). Outra das teorias que pode explicar os benefícios do exercício físico na depressão é a teoria Biopsicossocial da Saúde que apoia o facto de que os seres humanos devem ser vistos como um sistema complexo. Este modelo reflete uma tentativa de incluir os fatores mentais, físicos e sociais num só sistema (Engel, 1977). O exercício físico trabalha, de fato estas três vertentes, sendo a componente social bastante estimulada no caso do treino de força, pois este decorre, normalmente, numa sala com equipamento próprio, onde treinam muitas outras pessoas e onde há um instrutor que dá atenção particular a cada indivíduo. Esta atenção individualizada e o contexto coletivo, podem ser fatores que favorecem a socialização da pessoa com depressão, ajudando a atenuar a sintomatologia.

Relativamente à dimensão da amostra dos estudos incluídos na revisão, foi heterogénea, tendo sido abrangidos ambos os sexos e várias faixas etárias. A dimensão da amostra apresenta-se relevante na realização das investigações. Se por um lado uma amostra de grandes dimensões permite conclusões e generalizações mais efetivas, uma

(43)

23 amostra de pequenas dimensões permite um controlo mais ajustado no que toca à intervenção. De acordo com diversos estudos ( Taspinar et al., 2014; Gadelha et al., 2015; Dziubek et al., 2016; Ericsson, Bremell, et al., 2016; Vizza et al., 2016; Ericsson, Bremell, et al., 2016; Sahin et al., 2018; Whitworth et al., 2019), a existência de uma amostra pequena foi uma limitação para o eventual sucesso da investigação e do estudo, pois se houvesse um grupo de intervenção com uma amostra maior permitiria avaliar mais sujeitos e evidenciar maiores diferenças entre grupos de intervenção e grupos de controlo (Ericsson et al. et al., 2016; Whitworth et al., 2019). Uma outra limitação referida por vários artigos foi a dificuldade em “cegar” os avaliadores e os sujeitos, levando a um enviesamento não intencional dos resultados (Ansai et al., 2015; Sahin et al., 2018; Whitworth, et al., 2019), influenciando assim os potenciais benefícios do treino de força no tratamento da depressão.

A amostra total apresentou uma média de idade acima dos 50 anos (52,81 ±19,71), sendo um dos fatores a ter em conta no aparecimento da depressão. É de salientar que seis estudos incluídos nesta revisão foram realizados com sujeitos idosos e os restantes estudos foram feitos com adultos, com a exceção do estudo de Goldfield et al. (2015), que foi feito com adolescentes obesos. Com o avançar da idade a perda de força e massa muscular é inevitável (Morley, 2016) podendo levar à sarcopenia. A falta de força muscular está diretamente associada à fragilidade e à depressão (Wu et al., 2017). Assim, torna-se importante a implementação do treino de força em idades avançadas, tanto na questão física como psicológica (Giallauriaet al., 2015 ; Montoroet al., 2015). O treino de força na população idosa pode facilitar a realização das suas atividades diárias, permitindo manter a independência e autonomia funcional (Brandon et al., 2003; Fatouros et al., 2005; Salles et al., 2010; Leal et al., 2019; Marcos-Pardo et al., 2019). Alguns autores têm, também, salientado o papel do treino de força na estimulação cognitiva e manutenção da saúde mental (Liu-Ambrose et al., 2010; Forte et al., 2013). O aumento da concentração plasmática de testosterona com o treino de força (Vingren et al., 2010; Mangine et al., 2017) parece ser um dos mecanismos biológicos que explica a melhoria do estado de humor, da confiança e da memória (Panizzon et al., 2018; Zitzmann, 2020). De acordo com o estudo de Dziubek et al. (2016) , os sujeitos mais velhos apresentaram redução dos sintomas depressivos de forma mais significativa comparativamente aos sujeitos mais novos. A explicação reportada no estudo foi a de que os sujeitos mais novos não sentiam tanto interesse na

(44)

24 prática do treino de força havendo, portanto, menor motivação para a opção de tratamento apresentada. O facto de os indivíduos mais velhos sentirem mais repercussões do treino de força na facilidade com que realizam as atividades do dia-a-dia, na sua auto-imagem e no convívio social, poderão ser também explicações plausíveis para os resultados observados. O estudo de Ansai et al. (2015) relatou que o grupo que realizou treino de força obteve melhorias mais significativas no aspeto cognitivo comparativamente ao grupo de exercício combinado, apesar de não ter verificado melhorias nos sintomas depressivos, sugerindo que o fator social poderá ser importante para a melhoria dos sintomas depressivos. A pesquisa efetuada por Kim et. (2019), revela que o treino de força promoveu melhorias nos sintomas de depressão e ajudou na estabilização da secreção dos neurotransmissores (serotonina, dopamina, epinefrina e norepinefrina) em mulheres idosas. Nos estudos de Nyberg et al. (2014), Ansai et al. (2015), Dziubek et al. (2016), Kekäläinen et al. (2018) e Sahin et al. (2018) o aumento dos níveis de força e de potência muscular foi evidenciado, enquanto que no estudo de Kim et al. (2019) os níveis de força não foram avaliados, apenas foi avaliado os níveis de sintomas depressivos e os neurotransmissores. Esta forte limitação do estudo, não permite atribuir ao treino de força o papel estimulador dos benefícios dos sintomas depressivos observados na amostra. O estudo de Nyberg et al. (2014) nãp existiram melhorias dos sintomas depressivos, sendo que a explicação mais plausível seja a existência de baixos níveis de depressão inicialmente, não havendo, portanto, espetro suficiente para que existissem melhorias.

O único estudo realizado em adolescentes (Goldfield et al., 2015) evidenciou que o treino de força promoveu melhorias mais significativas na autoestima comparativamente aos outros grupos de intervenção (treino aeróbio e treino combinado). De acordo com o estudo, a saúde psicológica teve uma associação mais próxima com a redução da percentagem de gordura corporal do que com o aumento de força muscular e melhoria da aptidão física, evidenciando assim a importância da imagem corporal e da auto perceção corporal para indivíduos com sintomatologia depressiva. Resultados semelhantes foram obtidos no estudo de Taspinar et al. (2014), este realizado em adultos, onde foi comparado o treino de força e yoga. Para além do treino de força ter promovido melhorias significativas nos sintomas depressivos, ao mesmo nível do yoga, promoveu melhorias mais significativas na imagem corporal comparativamente ao yoga. Assim, a melhoria da imagem corporal e a auto perceção

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25 corporal tornam-se importantes no tratamento da depressão e na melhoria da saúde mental (Hong et al., 2017) .

De acordo com os estudos incluídos nesta revisão, 76,2 % deles apresentam uma doença associada à depressão, sendo o aparecimento de uma doença um dos principais fatores que levam à depressão (Noël et al., 2004; Harpole et al., 2005; Ironson & Fitch, 2016). Existe uma relação entre a gravidade da doença e o nível de depressão (Harpole et al., 2005), afetando também a qualidade de vida. Para além da depressão ser originada pelo aparecimento de uma doença, a depressão pode ser a origem do aparecimento de doenças. De acordo com o estudo de Chida et al. (2008) a existência de depressão aumenta a incidência de cancro. O mesmo se verifica nas doenças coronárias, onde a existência de depressão aumenta a probabilidade de um sujeito desenvolver esta doença (Berecki-Gisolf et al., 2013). Estudos observacionais demonstraram que pessoas com depressão têm taxas mais altas de doença física (Aragonès et al., 2007), enquanto que pacientes com doença física apresentam maior taxas superiores de depressão, um risco que segue uma relação dose-resposta com o número de doenças físicas concomitantes (Kroenke et al., 1994; Stegmann et al., 2010). Verifica-se, portanto, uma relação entre os vários tipos de doenças e a depressão, sendo um fator a ter em conta para o tratamento da mesma.

A doença está frequentemente associada ao sedentarismo (Hallgren et al., 2016; Schuch et al., 2017) sendo este comportamento citado entre um dos principais fatores de risco para a saúde (Gaetano, 2016). Em muitos dos estudos incluídos na revisão, um dos critérios de inclusão para serem selecionados para a intervenção foi a inatividade física (sedentarismo) num período mínimo de seis meses, ou seja, os sujeitos para serem incluídos não poderiam ter participado em qualquer tipo de programa de treino nos seis meses anteriores ao estudo, pois a magnitude dos ganhos e benefícios é tanto maior quanto menor for a aptidão física dos indivíduos, e normalmente, as pessoas sedentárias têm níveis mais baixos de aptidão física (Ratamess et al., 2009).

O nível de depressão apresentado nos estudos foi de baixo a moderado. Este fator poderá ter influenciado os resultados e conclusões, pois de acordo com os estudos de Nyberg et al. (2014), Gadelha et al. (2015) e Matthews et al. (2019) o baixo nível dos sintomas depressivos limitou os efeitos do treino de força na melhoria da depressão. A existência de sintomas fracos ou até mesmo a inexistência de sintomas leva a que as

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26 melhorias não sejam verificadas nesse parâmetro, fazendo com que não sejam verificados benefícios do treino de força nos sintomas depressivos ( Nyberg et al., 2014; Gadelha et al., 2015; Matthews et al., 2019). No estudo de Dziubek et al. (2016) os sujeitos com sintomas depressivos mais acentuados obtiveram melhorias mais significativas comparativamente com os sujeitos que possuíam sintomas depressivos mais reduzidos. Isto pode ser explicado pelo facto de a sintomatologia ser mais “forte” e a magnitude de melhoria ser maior nestes casos. De acordo com Dziubek et al. (2016), a aplicação de uma terapia não farmacológica foi uma motivação para os sujeitos melhorarem a sua saúde, dando-lhes uma sensação de capacidade para influenciar o seu destino. O estudo de Lima et al. (2019) refere que o treino de força é um forte complemento à terapia farmacológica. Existem algumas dificuldades na implementação do treino a sujeitos com sintomas mais graves de depressão, sendo que, o treino de força deverá ser um complemento à terapia farmacológica.

Algumas das questões que se colocam frequentemente nos estudos sobre os efeitos do treino de força na depressão prendem-se com as caraterísticas da carga, isto é, quanto de treino (dose) é necessário para se obter o efeito desejado (resposta) (Carneiro et al., 2016). A carga de treino (= volume x intensidade) deve considerar, ainda, a densidade dos estímulos e a frequência semanal. Estes parâmetros não foram considerados de igual modo nos diferentes estudos analisados. O estudo realizado por Kekäläinen et al. (2018) comparou a frequência do treino e os sintomas depressivos. Inicialmente todos os grupos realizaram o treino de força três vezes por semana durante três meses. Mais tarde foram divididos em três grupos, sendo que cada grupo passou a realizar o treino de força em diferentes frequências: uma, duas e três vezes por semana. Nos três meses iniciais verificou-se que os sintomas depressivos reduziram e por consequência o nível de qualidade de vida melhorou. Após a divisão dos grupos por frequência semanal, estas melhorias foram mantidas. Não foram verificadas diferenças significativas entre grupos nos sintomas depressivos, apenas se verificaram diferenças significativas na qualidade de vida e no sentido de coerência, sendo que o grupo que realizou treino de força duas vezes por semana obteve melhores resultados nestes aspetos comparativamente aos outros grupos de intervenção. Neste mesmo estudo, as maiores mudanças nos sintomas depressivos ocorreram no início da implementação do treino de força, fase em que o baixo nível inicial e a frequência semanal terão induzido mais alterações neuropsicológicas capazes de alterar a sintomatologia depressiva. Após

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