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Elaboração de um programa de reúso da água em lavagem de veículos nos postos de combustíveis do Distrito Federal

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE

CATÓLICA DE

BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

STRICTO SENSU

EM PLANEJAMENTO E

GESTÃO AMBIENTAL

mestrado

ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE REÚSO DA

ÁGUA EM LAVAGEM DE VEÍCULOS NOS POSTOS DE

COMBUSTÍVEIS DO DISTRITO FEDERAL

Autora: Marzi do Carmo Ponciano

(2)

ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE REÚSO DA

ÁGUA EM LAVAGEM DE VEÍCULOS NOS POSTOS DE

COMBUSTÍVEIS DO DISTRITO FEDERAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

(3)

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

Marzi do Carmo Ponciano

ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE REÚSO DA

ÁGUA EM LAVAGEM DE VEÍCULOS NOS POSTOS DE

COMBUSTÍVEIS DO DISTRITO FEDERAL

Dissertação aprovada em: 10/10/2006, para a obtenção do título de

Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Área de concentração: Planejamento e Gestão Ambiental

Banca Examinadora:

__________________________________________________

Profa. Dra. Lucijane Monteiro de Abreu

Orientadora

__________________________________________________

Prof. Dr. Osman Fernandes da Silva

Examinador Externo

__________________________________________________

Prof. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araújo

(4)

A Deus, minha inspiração maior, pela força e sabedoria que concedeu – me durante este trabalho.

Aos meus pais: Joel Carmo, Natalina (in memória) e meu irmão David (in memória), que me ensinou “sonhar é realizar”.

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À minha família que tanto me apoiou em especial ao meu marido Márcio.

À minha orientadora Profa. Dra. Lucijane Monteiro de Abreu, com paciência, amizade e sabedoria conduziu-me nesta pesquisa.

Ao meu examinador interno: Prof. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araújo.

Ao diretor Acadêmico deste mestrado: Prof. Dr. Antônio José Andrade Rocha.

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Distrito Federal.

A todos os colegas que fizeram parte da equipe do Projeto de Pesquisa, em especial ao Marcus e Rafael.

A professora Dra. Tânia Rossi.

A todos os professores e colegas do Programa de Pós - Graduação em Planejamento e Gestão Ambiental.

A Coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Aos meus superiores e amigos de trabalho da CAESB, em especial ao supervisor da Estação de tratamento de Água , Antônio Pontes.

As minhas grandes amigas: Luz, Maria Eunice, Katiana e Solange pelo apoio e carinho.

(6)

Artigo: 225

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

(7)

O objetivo deste estudo foi apresentar um programa de reúso da água de lavagem de veículos em postos de combustíveis, com vista a maximizar não só os benefícios sócio-ambientais e econômicos desta prática, como o uso dos recursos hídricos no Distrito Federal. A lavagem de veículos tem contribuído para aumentar o consumo de água nas dezenove Regiões Administrativas do Distrito Federal, onde a Agência Nacional de Petróleo, até abril de 2005, registrou 367 postos de combustíveis. Deste universo, o estudo analisou as respostas dos questionários aplicados em 202 dos 228 postos de combustíveis visitados. A pesquisa mostrou que todos os postos visitados que oferecem serviço de lavagem de veículos não fazem reúso da água dos veículos lavados. Desse total 72,9% dos postos atendem, em média, 30 veículos por dia e consomem, em média, 150 litros de água por veículo lavado e consomem Assim, cada posto de combustível gasta aproximadamente 135.000 litros de água por mês. A metodologia utilizada nesta pesquisa quanto aos fins foi descritiva e quanto aos meios foi de campo, com abordagem qualitativa e quantitativa. O instrumento de coleta de dados utilizado foi um questionário. A pesquisa foi concluída apontando-se para a necessidade de novos estudos nesta área.

(8)

The objective of this study was to present a program of reuse of the water used to wash the vehicles in gas station, in order to maximize not only the environmental and economical benefits of this practice, but also of the water resources in the Distrito Federal. The wash of vehicles is a service offered by the gas station. This practice has contributed to increase the water consumption in the nineteen Administrative Regions of the Distrito Federal, where the National Agency of Petroleum, until April of 2005, registered 367 gas stations. Of this universe, the study analyzed the answers of the questionnaires applied in 202 of the 228 gas station visited. The research showed that 100% of the gas station that offer the service of wash vehicles doesn’t make reuse of the water of the washed vehicles. It was observed that 72,9% of the gas station wash, on average, 30 vehicles a day and that it consumes, about, 150 liters of water in each vehicle washed. Therefore, each gas station spends approximately, 135.000 liters of water a month. The methodology used in this research it was descriptive, with a qualitative and quantitative approach. The instrument of collection of data used it was a questionnaire. The research was concluded pointing to the necessity of new studies in this area.

(9)

LISTAS DE FIGURAS

Figura 2.1 – Regiões Hidrográficas do Distrito Federal...63

Figura 2.2 - Bacias Hidrográficas do Distrito Federal...63

Figura 2.3 - Água captada e consumida em cada bacia hidrográfica...66

Figura 2.4 – Demanda Hídrica Máxima de irrigação em 2004 para o Distrito Federal...73

Figura 2.5 – Mapa de Balneabilidade do Lago Paranoá...79

Figura 3.1 - Área de estudo...83

Figura 4.1 - Número de veículos lavados de 2ª a 5ª feira...93

Figura 4.2 - Número de veículos lavados de 6ª feira a sábado...93

Figura 4.3 - Número de veículos lavados no domingo...94

Figura 4.4 - Interesse em implantar sistema de reúso de água versus Local...97

Figura 4.5 - Interesse em implantar sistema de reúso de água versus Tipo de reúso...98

Figura 4.6 - Estação de lavagem versus Valor do consumo mensal de água...98

(10)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 – número de estados norte americanos que possuem regulamentação...31

Quadro 1.2 - Diretrizes sugeridas pela USEPA para o reúso de efluentes municipais...37

Quadro 2.1. - Bacias Hidrográficas do Distrito Federal...61

Quadro 2.2 – sistemas produtores de água do Distrito Federal...64

Quadro 2.3 – Vazões médias captadas em 2004 divididas por bacias hidrográficas...65

Quadro 2.4 - Demanda hídrica superficial e subterrânea (l/s)...67

Quadro 2.5 – Consumo médio de água tratada em 2004 – população urbana...68

Quadro 2.6 - Consumo médio de água tratada em 2004 – população rural...69

Quadro 2.7 - Distribuição de Animais por Região Administrativa...70

Quadro 2.8 - Demanda para dessedentação animal por bacia hidrográfica...71

Quadro 2.9 - Consumo estimado por rebanho...71

Quadro 2.10 - Demandas para dessedentação animal por RA’s...72

Quadro 2.11 – Demanda Mensal de irrigação em 2004 para o DF (l/s)...74

Quadro 2.12 - Demanda hídrica (l/s) de água superficial para o ano de 2004 em cada um dos setores de consumo...81

(11)

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. ABL - Academia Brasileira de Letras.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ADASA – Agência Reguladora de Água e Saneamento do Distrito Federal. ADEQ – Arizona Department of Environmental Quality.

ADWR – Arizona Department of Water Resources. ANA – Agência Nacional de Águas.

ANP – Agência Nacional de Petróleo. APP – Área de Proteção Permanente.

BTEX – Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xileno.

CAESB – Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal. CAPES - Coordenação e Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CCB – Consorci de la Costa Brava.

CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. CHSPF – Conseil Superieur D’ Hygiene Publique de France. CIESP – Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.

CIRRA – Centro Internacional de Referência em Reúso de Água. CNA – Comissão Nacional da Água.

CNRH – Conselho Nacional de Recursos Hídricos. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

CONSTRUSANE – Empresa Construção e Saneamento Ambiental. DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio.

DETRAN – Departamento de Trânsito. DF – Distrito Federal.

EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural. ERA – Estação de Reúso de Água.

ETE – Estação de Tratamento de Esgoto. FAP – Fundação de Apoio à Pesquisa.

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. ha – Hectare.

Hab – Habitante.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. l/s – Litros por segundos.

Ltda – Limitada.

NBR – Norma Brasileira.

NTK – Nitrogênio Total Kjeldahl. OMS – Organização Mundial da Saúde.

ONAS – National Sewerage and Sanitation Office. ONS – Sistema Interligado Nacional.

ONU – Organização das Nações Unidas.

PGIRH – Programa de Gerenciamento de Recursos Hídricos. pH – Potencial Hidrogeniônico.

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Pop. – População.

PT – Fósforo Total.

(12)

SDCT – Secretaria Para o Desenvolvimento da Ciência e da Tecnologia. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

SEBRAE/DF – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Distrito Federal. SEMARH – Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

SINPETRO – Sindicato dos Donos de Posto de Gasolina. SNGRH – Sistema Nacional de Gestão de Recursos Hídricos. SPSS – Statistical Package for Social Sciences.

(13)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 13

CAPÍTULO I... 18

REÚSO DA ÁGUA...18

1.1 – Importância da Água para o Meio Ambiente... 18

1.2 – Reúso da Água... 21

1.3 – Classificacão e Modos de Reúso da Água... 22

1.4 – Regulamentacao Internacional de Reúso da Água... 29

1.5 – Exemplos Internacionais de Reúso de Água... 41

1.6 – Exemplos de Reúso de Água no Brasil... 43

1.7 – Reúso da Água de Lavagem de Veículos... 45

1.8 – Legislação Pertinente sobre o uso e Reúso da Água... 51

CAPÍTULO II... 59

A ÁGUA NO DISTRITO FEDERAL... 59

2.1 – Disponibilidade e uso da Água no Distrito Federal... 59

CAPÍTULO III... 82

ASPECTOS METODOLÓGICOS... 82

3.1 – Compilação Bibliográfica do Tema Reúso... 83

3.2 – Área de Estudo...83

3.3 – Levantamento da Coleta de Dados...84

3.4 – Análise dos Dados...86

CAPÍTULO IV...87

DIAGNÓSTICO DO USO DA ÁGUA EM POSTOS DE COMBUSTÍVEIS DO DISTRITO FEDERAL...87

4.1 – A utilização da Água nos Postos de Combustíveis do DF...87

4.2 – Demonstrações e Análise dos Resultados da Pesquisa...89

4.3 – Discussão dos Resultados...100

CAPÍTULO V...101

RELEVÂNCIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DO REÚSO DA ÁGUA E ELABORAÇÃO DE UM PROGRAMA DE REÚSO DE ÁGUA PARA OS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS...101

5.1 – Representações Sociais do Reúso da água...101

5.2 – Programa de Reúso de Água para Postos de Combustíveis...108

5.2.1 - Benefícios Ambientais, Sociais e Econômicos de um Programa de Reúso de Água...110

5.2.2 – Programa de Reúso da Água em Postos de Combustíveis do Distrito Federal...111

CONCLUSÃO...125

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...128

ANEXOS...134

ANEXOS A...135

Instrumentos de Coleta de Dados...135

ANEXO B...141

(14)

INTRODUÇÃO

A água é um recurso essencial para o surgimento e manutenção da vida, em nosso planeta, na vida moderna, é essencial para o desenvolvimento das atividades criadas pelo ser humano, e um elemento representativo de valores sociais e culturais e econômicos, (MIERZWA, 2002).

De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA, 2002), a distribuição do volume estocado nos principais reservatórios de água da terra demonstra que 97,5% do volume total são de água salgada, formando os oceanos, e somente 2,5% são de água doce, desses 2,5%, somente 1% é de água potável.

Percebe-se que é necessário um novo modelo de gestão do uso da água e dos efluentes para que possa preservar os recursos hídricos.

Devida a grande relevância dos recursos hídricos para o suprimento das atividades do ser humano faz-se necessário o estabelecimento de leis, normas que disciplinassem a utilização da água.

Embora ainda seja considerado um texto exemplar na doutrina jurídica brasileira, o Código das Águas (1934), requeria avanços conceituais e instrumentação jurídica de gestão, relativos à preservação e utilização dos recursos hídricos.

Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente, visa controlar o lançamento de poluentes no meio ambiente, proibindo o lançamento em níveis nocivos ou perigosos para os seres humanos e outras formas de vida. Já a Resolução nº. 357, de 17 de março de 2005, dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes de qualquer fonte poluidora para os corpos d`água.

(15)

O maior e mais importante avanço em relação ao Código das Águas foi dado pela Lei nº. 9.433, de 08 de janeiro de 1997 de Recursos Hídricos, que introduz princípios e instrumentos de planejamento e gestão para a utilização dos recursos hídricos em território nacional. Foram apresentados na Lei nº. 9.433/97 importantes instrumentos de gestão dentre eles: a autorga do direito de uso e cobrança pelo uso da água.

Conforme Leite, (2003) apud Braga, (2005), o novo arcabouço legal, tendo por objetivo garantir água na quantidade e qualidade necessárias para a atual e futuras gerações, introduziu como um de seus principais instrumentos a cobrança pelo uso da água.

Uma das estratégias para diminuir o consumo é incentivar o reúso da água, importante técnica para a redução da demanda, (TUNDISI, 2003).

Embora no Brasil não haja uma legislação específica para o reúso, a Lei nº. 9.433/97 dos Recursos Hídricos, ressalta muitos aspectos que direcionam para a implantação de uma Política Nacional de Recursos Hídricos que considera o reúso como forma de maximização desses recursos (SAUTCHÚK, 2004).

Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, (FIESP/ CIESP, 2004), um apropriado Programa de Reúso de Água se consolidará a partir de uma matriz de configurações possíveis de atuação na demanda e na oferta. O processo deve começar com a caracterização da condição atual do uso da água.

As demais configurações devem ser estabelecidas de acordo com: possibilidades de atuação gradativa; com inicio nas ações de racionalização do consumo de água; implementação do uso de fontes alternativas buscando a otimização do volume consumido e captado e a minimização dos efluentes gerados.

As ações de um programa devem ser estabelecidas de acordo com metas avaliadas a cada intervenção implementada; realização de projetos de educação ambiental dirigido ao grupo investigado, como recurso auxiliar a flexibilidade das representações sociais que possuem atualmente; divulgação dos preceitos legais quanto ao uso racional dos recursos hídricos junto aos postos de gasolina. (FIESP, 2004)

Para Abreu (2005), a lavagem de veículos em poços de combustíveis é uma atividade em ascensão no Distrito Federal e a utilização da captação de poços tubulares como a principal fonte de água tem sido uma pratica comum.

(16)

como as pessoas, sujeitos sociais, apreendem acontecimentos da vida cotidiana, informações do contexto, acontecimentos, etc., ou seja, dizem respeito aos conhecimentos que se acumulam a partir da experiência, saberes e modelos de pensamento recebidos e transmitidos pela tradição, pela educação e pela comunicação social. (JODELET, 1989)

Nesta pesquisa, as representações sociais é um instrumento de apoio para compreender o comportamento cotidiano dos indivíduos (gerentes e proprietários dos postos de combustíveis), para elaboração de uma Proposta de um Programa de Reúso da Água de Lavagem de Veículos nos postos de combustíveis do Distrito Federal.

Analisando este panorama, surgiu o interesse e a oportunidade de participar de um projeto de pesquisa que versa sobre: Tratamento e Reúso de Água em Lavagem de Veículos em Postos de Combustíveis no Distrito Federal.

O projeto foi desenvolvido no período de Março a junho de 2005, junto a Universidade Católica de Brasília (UCB), em parceria com a Construção e Saneamento Ambiental (CONSTRUSANE) e o Programa de Apoio a Pesquisa em Empresas do Distrito Federal (PAPPE–DF), e sob a coordenação, da profª Drª Lucijane Monteiro de Abreu, docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental e do Curso de Graduação de Engenharia Ambiental.

Durante o período da pesquisa de campo foram visitados 228 postos de combustíveis em todo Distrito Federal. Através dos dados coletados durante a pesquisa, pode perceber que destes 228 postos, 72,8% oferecem serviço de lavagem de veículos. Cada posto atende, em média, 30 veículos diariamente, estimando se um consumo de 150 litros de água por veículo, gastando aproximadamente 135.000 litros de água por mês.

A partir deste estudo que surgiu o interesse de estar escrevendo sobre este tema. Segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal, (DETRAN–DF,2005) há aproximadamente 775 mil veículos circulando no DF diariamente, a conseqüência é automática na demanda de lavagens de veículos.

(17)

Como a água utilizada na lavagem de veículos normalmente não é reaproveitada, sendo simplesmente descartada na rede de esgoto, pode causar sérios impactos ambientais nos ecossistemas aquáticos o que torna essa uma situação preocupante, conflituosa e agravante.

Segundo (FINK e SANTOS, 2002) apud (MANCUSO,2003), dentre os instrumentos previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos, a cobrança pelo uso da água, materializando o princípio do usuário pagador, talvez seja aquele que trará maior incentivo ao reúso de água como forma de minimização de passivo ambiental.

Se o reúso planejado da água proporciona uma menor captação dos recursos hídricos, bem como uma menor geração de efluentes, constituindo-se assim uma estratégia eficaz para a conservação desse recurso natural em aspectos qualitativos e quantitativos, a prática de reúso dá água de lavagem de veículos no Distrito federal ainda é muito pouco difundida.

É, portanto, premente que se proponha políticas de educação ambiental, programas e projetos de combate ao desperdício, repasse de inovações tecnológicas e monitoramento de efluentes industriais para a geração de meios e condições favoráveis ao desenvolvimento de programas e de novas tecnologias de tratamento e reúso de água proveniente da lavagem de veículos em postos de gasolina do DF.

Não obstante, conhecer os aspectos técnicos e intervir diretamente no problema, per si,

não é suficiente para gerar mudanças do comportamento em relação uso racional da água. É condição basilar que se conheça as representações sociais dos gerentes/proprietários dos postos de gasolina, ou seja, compreender o comportamento cotidiano dos indivíduos e dos grupos sociais quanto a este mister.

O reúso planejado da água proporciona uma menor captação dos recursos hídricos, bem como uma menor geração de efluentes, constituindo-se assim uma estratégia eficaz para a conservação desse recurso natural em aspectos qualitativos e quantitativos.

A lavagem de veículos é uma atividade que gera vários resíduos danosos ao meio ambiente, tais como: sólidos, areia, argila, efluente líquido contaminado contendo principalmente sólidos suspensos, detergentes, óleos e graxas.

(18)

Distrito Federal, não implantam um programa do reúso de água em lavagem de veículos

para que possa diminuir a demanda junto ao meio ambiente?

Considerando o exposto o presente estudo apresenta como objetivo geral: Propor um programa de reúso da água de lavagem de veículos em postos de combustíveis no Distrito Federal. Têm-se como objetivos específicos: (i) Comentar as representações sociais dos proprietários e gerentes dos postos de combustíveis; (ii) Diagnosticar o uso da água em lavagem de veículos; (III) Abordar a aplicabilidade do reúso da água nos postos de combustíveis.

Para o estudo constituiu-se como área de estudo da pesquisa todas as Regiões Administrativas do Distrito Federal (RA-DF).

O documento apresenta-se estruturado em cinco capítulos. No primeiro capítulo é dedicado ao estado-da-arte do tema reúso de água, incluindo legislação específica, e regulamentações nacional e internacional.

O segundo capítulo é dedicado aos aspectos concernentes hidrografia do Distrito Federal.

Os aspectos metodológicos assim como a representação do diagnóstico do uso da água em postos de combustíveis no Distrito Federal estão contemplados respectivamente nos capítulos três e quatro.

O último capítulo aborda aspectos relevantes sobre as representações sociais dos gerentes e proprietários dos postos de combustíveis, bem como a elaboração de um programa de reúso de água, e apresenta o produto final, isto é, um programa de reúso de água para postos de combustíveis no Distrito Federal.

(19)

CAPÍTULO I

REÚSO DA ÁGUA

1.1 – Importância da água para o Meio Ambiente.

A água é parte integral do planeta Terra. É componente essencial de dinâmica da natureza, impulsiona todos os ciclos, sustenta a vida e é um solvente universal. Sem água, a vida na Terra seria impossível. A água é o recurso natural mais importante que participa e dinamiza todos os ciclos ecológicos; os sistemas aquáticos têm uma grande diversidade de espécies úteis ao ser humano e que são também parte ativa e relevante dos ciclos biogeoquímicos e da diversidade biológica do planeta Terra (TUNDISI, 2003).

Os ambientes aquáticos são utilizados em todo o mundo com distintas finalidades, entre as quais se destacam o abastecimento de água, a geração de energia, a irrigação, a navegação, a aqüicultura e a harmonia paisagística. A água representa, sobretudo, o principal constituinte de todos os organismos vivos. (VON SPERLING, 1996).

No entanto, nas últimas décadas, esse precioso recurso vem sendo ameaçado pelas ações antrópicas o que acaba resultando em prejuízo para a própria humanidade.

(20)

No atual panorama mundial, mais de 1,3 bilhões de pessoas carecem de água doce, e o consumo humano de água duplica a cada 25 anos, aproximadamente. Com base nesse cenário, a água doce tende a se tornar cada vez mais escassa e conseqüentemente adquire um valor cada vez maior, tornando-se um bem econômico propriamente dito (MACHADO, 2002).

Em que pese à situação privilegiada do Brasil, país que detém cerca de 12% daqueles 0,007% de toda a água doce disponível no planeta destinada ao consumo humano, irrigação e atividades industriais, graves problemas o afligem, relacionados à distribuição irregular dos recursos hídricos e o desperdício presente em todos os níveis da sociedade (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2002).

De acordo com Machado (2002), 70% da água doce brasileira esta na região Norte, onde está situada a bacia Amazônica e vivem apenas 7% da população; a região Sudeste, que tem a maior concentração populacional (42,63% do total brasileiro), dispõe de apenas 6% dos recursos hídricos, e a região Nordeste, que abriga 28,91% da população dispõe apenas de 3,3%. Portanto, apenas 30% dos recursos hídricos brasileiros estão disponíveis para 93% da população.

A água doce no Brasil está ameaçada pelo crescimento da população e da ocupação desordenada do solo, do desenvolvimento industrial e tecnológico, que vêm acompanhados de poluição, erosão, desertificação e contaminação do lençol freático. Ainda conforme o censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos cinqüenta anos do século passado, a população brasileira triplicou, passando de 54 milhões para 170 milhões de pessoas.

(21)

interior e nas encostas desmatadas, sujeitas à erosão. Regiões que no passado eram alagadiças, como pântanos, mangues, brejos ou várzeas foram primeiro, aterradas e, depois, impermeabilizadas e edificadas (MACHADO, 2002).

Percebe-se que, o déficit de água, produto da modificação ambiental cujo processo encontra-se acelerado, atingirá a humanidade não somente pela sede, principal conseqüência da escassez de água, mas também por doenças e queda de produção de alimentos, o que gera tensões sociais e políticas que, por sua vez, podem vir também acarretar guerras entre os paises com maior escassez de recursos hídricos (MORAES & JORDÃO, 2002).

Como relata Braga (2002), em algumas regiões há água em abundância, suficiente para suprir as necessidades da população e para diluir os resíduos líquidos resultantes dos diversos usos. Em outras, com características áridas ou semi-áridas, há escassez de água, muitas vezes até para os fins mais nobres, como o abastecimento humano.

Conforme Relatório da Organização das Nações Unidas(2006).

O mundo possui muitas fontes de água potável, apesar de estar má distribuída. Entretanto, segundo o Relatório das Nações Unidas Sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos no Mundo, gestões equivocadas, recursos limitados e mudanças climáticas têm trazido sérios problemas: um quinto da população do planeta não possui acesso à água potável e 40% não dispõe de condições sanitárias básicas. O estudo trienal é a mais abrangente e completa avaliação sobre as fontes de água para consumo humano no mundo. Ele foi apresentado à imprensa no , dia 9 de março de 2006, na Cidade do México, véspera do 4ª Fórum Mundial da Água (a ser realizado também na Cidade do México, nos dias 16 a 22 de março). Intitulada “Água: uma Responsabilidade Compartilhada”, esse recente edição concentra-se na importância da governança na gestão dos recursos hídricos e no combate à pobreza. Segundo o relatório, um sistema de governança “determina qual, quando e como é distribuída a água e decide quem tem direito ao recurso e outros serviços adjacentes”. Tais sistemas não estão limitados ao “governo”, incluem também autoridades locais, setor privado e sociedade civil. Da mesma forma, eles tratam de uma série de questões intimamente ligadas à água, de saúde e segurança alimentar ao desenvolvimento econômico, uso da terra e preservação dos ecossistemas naturais, dos quais nossas fontes de água dependem.

O Relatório destaca que:

(22)

• A má condição da água é fator chave para problemas de subsistência e saúde globais. Doenças relacionadas à diarréia e a malária mataram cerca de 3,1 milhões de pessoas em 2002. Noventa por cento dessas mortes foram de crianças com menos de cinco anos de idade. Aproximadamente 1,6 milhões de vidas poderiam ser salvas anualmente com o fornecimento de água potável, saneamento básico e higiene. • A qualidade dos recursos hídricos está piorando em muitas regiões. Evidências indicam que a diversidade de espécies e de ecossistemas ligados à água potável está se deteriorando mais rapidamente que os ecossistemas terrestres e marítimos. O relatório aponta que o ciclo hidrológico, do qual a vida depende, necessita de um ambiente saudável para funcionar apropriadamente.

• Noventa por cento dos desastres naturais são relacionados à água e eles estão aumentando. • O mundo necessitará de 55% mais comida em 2030. Isso deve ser traduzido em uma demanda crescente de irrigação, que já utiliza cerca de 70% de toda a água para consumo humano. A produção de alimento teve um grande crescimento nos últimos 50 anos, entretanto 13% da população mundial (850 milhões de pessoas, a maioria da área rural) ainda não dispõem de alimentos suficientes.

• Metade da humanidade se concentrará em cidades e municípios em 2007. Em 2030, esse número crescerá para perto de dois terços, produzindo um drástico aumento da demanda por água nas áreas urbanas. Cerca de 2 bilhões dessas pessoas viverão em assentamentos irregulares e em favelas, configurando-se, assim, na parte da população urbana que, geralmente, sofre com a falta de água potável e saneamento.

• Mais de 2 bilhões de pessoas dos países em desenvolvimento não têm acesso a formas de energia confiável. A água é a principal fonte de geração de energia que, em contrapartida, é vital para o desenvolvimento econômico. A Europa utiliza cerca de 75% de seu potencial hidro-energético. A África, onde 60% da população não possuem acesso à eletricidade, desenvolveu apenas 7% deste potencial.

• Em muitos lugares do mundo, um enorme percentual de 30% a 40% dos recursos hídricos são desviados por escapes de água por canos ou via canais e por conexões ilegais.

• Apesar de não haver informações precisas, estima-se que a corrupção política custa ao setor hídrico milhões de dólares a cada ano e enfraquece os serviços relativos à água, sobretudo aqueles oferecidos às camadas pobres.

Segundo dados do PNUMA, cerca de 120 mil km³ de água estão poluídas e caso persista poderá aumentar para 180 mil km³ em 2050. É de grande relevância organizar bases sólidas para a sustentação econômica do uso, conservação da água em nível internacional e entre fronteiras estaduais, redução do consumo, que é fundamental para diminuir a demanda, valoração de preços adequados no fornecimento de água, taxando a poluição e incentivando o reúso da água (TUNDISI, 2003).

1.2 – Reúso da Água

(23)

recursos hídricos, representando um potencial a ser explorado em substituição à utilização da água tratada e potável. Sendo que, a reutilização pode propiciar uma flexibilidade no atendimento das demandas de curto prazo, assim, assegurando um aumento no suprimento de longo prazo.

A interface na análise econômica da temática propicia uma visão relevante no que tange à economia do recurso, à racionalização do uso, considerado um bem finito e dotado de valor econômico principalmente para os países que tem seus recursos hídricos escassos.

Em muitas regiões do globo, a população ultrapassou o limite em que podia ser abastecida pelos recursos hídricos disponíveis. Hoje existem 26 países que abrigam 262 milhões de pessoas e que se enquadram na categoria de áreas com escassez de água (MANCUSO & SANTOS, 2003).

Percebe-se que os países mais ricos procuram no “reúso” uma alternativa para o reaproveitamento para diminuir os custos, principalmente na economia de energia elétrica, enquanto os países em desenvolvimento têm como principal motivo à produção de alimento. Milhões de pessoas, particularmente na Ásia, dependem do “reúso” para tratamento de seus resíduos e para provisão de alimentos por meio da agricultura e aqüicultura (EDWARDS, 1992).

1.3 – Classificação e Modos de Reúso da Água

(24)

A palavra reúso, até 1998 não constava na língua portuguesa e até então era traduzida literalmente do inglês e escrita de duas formas re-uso ou reúso1.

Não obstante, o reúso de água passou a ser uma prática em vários países e para diversas aplicações; por exemplo, para fins agrícolas, industriais, recreativos, domésticos, manutenção de vazões, aqüicultura e recarga de aqüíferos subterrâneos (WESTERHOFF, 1984).

O reúso reduz a demanda sobre os mananciais, diminuindo à substituição da água.A pratica do reúso proporciona redução na demanda sobre os mananciais para diversos fins.

Lavrador Filho, apud Mancuso, (2003:23-26), sugere a seguinte terminologia para efeito de uniformização de linguagem:

• O reúso de água é o aproveitamento de águas previamente utilizadas, uma ou

mais vezes, em alguma atividade humana, para suprir as necessidades de outros usos benéficos, inclusive o original. Pode ser direto ou indireto, bem como decorrer de ações planejadas ou não planejadas.

• O reúso indireto não planejado de águaocorre quando a água, já utilizada uma

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• Neste caso, pressupõe a existência de um sistema de tratamento de efluentes

que atenda aos padrões de qualidade requeridos pelo novo uso que se deseja fazer da água. Essa modalidade também pode ser denominado reúso intencional da água.

• Ocorre reúso indireto planejado de água quando os efluentes, depois de

convenientemente tratados, são descarregados de forma planejada nos corpos de água superficiais ou subterrâneos, para serem utilizados a jusante em sua forma diluída e de maneira controlada, no intuito de algum uso benéfico.

• Este reúso pressupõe que, além do controle feito a montante, na descarga, e a

jusante, na captação, exista também um controle das eventuais novas descargas de efluentes nesse percurso, para garantir que além das ações naturais do ciclo hidrológico, o efluente tratado esteja sujeito apenas a eventuais misturas com outros efluentes lançados no corpo de água os quais também atendam aos requisitos de qualidade do reúso objetivado.

• A descarga do efluente tratado no meio ambiente pode se dar para melhoria de

sua qualidade, para armazenamento, para uma modulação de vazões ou até mesmo por motivos psicológicos do usuário localizado a jusante.

• Já o reúso direto planejado da água acontece quando os efluentes, após

convenientemente tratados, são encaminhados diretamente de seu ponto de descarga até o local do reúso; sofrendo em seu percurso os tratamentos adicionais e armazenamentos necessários, mas não sendo, em nenhum momento, descarregados no meio ambiente.

(26)

A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES, 1992), classifica o reúso de água em duas categorias: potável e não potável.

O reúso potável direto ocorre quando o esgoto coletado é tratado através de um tratamento avançado, o mesmo é reutilizado no sistema de água. È caracterizado reúso potável direto quando o esgoto recuperado é injetado diretamente no sistema de água potável. Por outro lado, no reúso potável indireto, o esgoto, após tratamento, é disposto em águas superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural e subseqüente captação, tratamento e finalmente utilizado como água potável (ABES, 1992).

O reúso do tipo não potável apresenta um potencial muito amplo e diversificado, por não exigir níveis elevados de tratamento, vem se tornando um processo viável economicamente e conseqüentemente com rápido desenvolvimento em diversas atividades.

O reúso não potável para fins agrícolas,embora quando se pratica essa modalidade de reúso, via de regra atua, como subproduto, recarga do lençol subterrâneo, tem por finalidade principal: a irrigação de plantas alimentícias como árvores frutíferas, cereais, e plantas não alimentícias, pastagens e forrações; além de dessedentação de animais.

O reúso não potável para fins industriais abrange os usos industriais de refrigeração, lavagem de canas em indústrias açucareiras, para utilização em caldeiras etc.

A classificação do reúso não potável para fins recreacionais é reservada à irrigação de plantas ornamentais, campos de esportes, parques e também para enchimento de lagoas ornamentais, espelhos d’água.

Para fins domésticos o reúso inclui a utilizaçãoda água para rega de jardins, descargas sanitárias, limpeza de pisos, calçadas etc.

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Na aquacultura ou aqüicultura, o reuso consiste na produção de peixes e plantas aquáticas visando a obtenção de alimentos e/ou energia, utilizando-se os nutrientes presentes nos efluentes tratados.

É possível aplicar o reúso para recarga de aqüíferos subterrâneos com efluentes tratados, podendo se dar de forma direta através de injeção sob pressão, ou de forma indireta utilizando-se águas superficiais que tenham recebido descargas de efluentes tratados a montante (ABES, 1992).

Hespanhol (1999) apresenta os seguintes potenciais de reúso de água não potável para usos urbanos, agrícolas e industriais.

Usos urbanos

Os usos urbanos não potáveis envolvem riscos menores e devem ser considerados como a primeira opção de reúso na área urbana. Entretanto, cuidados especiais devem ser tomados quando ocorre contato direto do público com a água reutilizada. Os maiores potenciais desse processo são os que empregam esgotos tratados para:

• Irrigação de parques e jardins públicos, centros esportivos, campos de futebol,

quadras de golfe, jardins de escolas e universidades, gramados, árvores e arbustos em avenidas, rodovias, áreas ajardinadas ao redor de edifícios públicos, residenciais e industriais.

• Reserva de proteção contra incêndios.

• Sistemas decorativos aquáticos tais como fontes e chafarizes, espelhos e

quedas-d´água.

• Descarga sanitária em banheiros públicos e em edifícios comerciais e

industriais.

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O uso da água para lavagem de rua requer distribuição em caminhões, enquanto para outros são necessários sistemas separados de distribuição, o que a literatura designa como sistemas duplos.

Os problemas associados ao reúso urbano para fins não potáveis são principalmente, os custos elevados de sistemas duplos de distribuição, dificuldades operacionais e riscos potenciais de ocorrência de conexões cruzadas. Os custos, entretanto, devem ser considerados em relação aos benefícios de conservar água potável e de, eventualmente, adiar ou eliminar a necessidade de desenvolvimento de novos mananciais para abastecimento público.

Usos agrícolas

Diante das grandes vazões envolvidas (chegando a até 80% do uso consultivo em alguns países) especial atenção deve ser atribuída ao reúso para fins agrícolas. A agricultura depende, atualmente, de suprimento de água de tal nível que a sustentabilidade da produção de alimentos não poderá ser mantida sem o desenvolvimento de novas fontes de suprimento e sem a gestão adequada de recursos hídricos convencionais.

A aplicação de esgotos no solo é uma forma efetiva de controle da poluição e uma alternativa viável para aumentar a disponibilidade hídrica em regiões áridas e semi-áridas. Os maiores benefícios dessa prática são:

• Evita a descarga de esgotos em corpos de água. • Preserva os recursos subterrâneos.

• Permite a conservação do solo por meio da acumulação de “húmus” e aumenta

a resistência à erosão

• Contribui, principalmente em países em desenvolvimento, para o aumento da

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Apesar disso, alguns efeitos negativos podem ocorrer com o uso de esgotos na irrigação. A poluição de aqüíferos subterrâneos (particularmente por nitratos) e o acúmulo de contaminantes químicos no solo são exemplos desses efeitos. Para evitar esses problemas, alguns cuidados especiais devem ser tomados como, por exemplo, o cultivo de plantas que assimilam nitrogênio e a utilização de sistemas adequados de irrigação.

Usos industriais

Os custos elevados da água industrial associados às demandas crescentes têm levado as indústrias a avaliar as possibilidades internas de reúso e a considerar ofertas das companhias de saneamento para a compra de efluentes tratados a preços inferiores aos da água potável dos sistemas públicos de abastecimento. A água produzida pelo tratamento de efluentes secundários é, atualmente, um grande atrativo para abastecimento industrial a custos razoáveis. A proximidade de estações de tratamento de esgotos às áreas de grande concentração industrial contribui para a viabilização de programas de reúso industrial, uma vez que permite adutoras e custos unitários de tratamento menores.

Os usos industriais com maior potencial de aproveitamento do reúso em áreas de concentração industrial significativa são basicamente os seguintes:

• Torres de resfriamento;

• Caldeiras;

• Construção civil, incluindo preparação e cura de concreto e compactação do

solo;

• Irrigação de áreas verdes de instalações industriais, lavagem de pisos e alguns

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Além do reúso, a conservação de água deve ser estimulada nas indústrias por meio da adoção de processos industriais e de sistemas de lavagem com baixo consumo de água.

Por outro lado, alguns efeitos negativos podem ocorrer com o uso de esgotos na irrigação, como a poluição de aqüíferos subterrâneos e o acúmulo de contaminantes químicos no solo. Para evitar esses problemas, cuidados especiais devem ser tomados, como: o cultivo de plantas que assimilam nitrogênio e a utilização de sistemas adequados de irrigação. Uma das formas utilizadas para minimizar os danos é o aprimoramento das normas de reúso.

1.4 – Regulamentação Internacional de Reúso da Água

Para Rodrigues (2005), as regulamentações e as diretrizes sobre o reúso, surgem com a necessidade de adaptar as práticas que já ocorrem, ou ainda antecedendo a sua ocorrência em um futuro próximo. Em alguns paises há regulamentações (obrigatório a prática do reúso, conforme a legislação), em outros somente diretrizes(podendo o reúso ser adotado voluntariamente). Algumas vezes, os regulamentos incluem as diretrizes, quando estas também passam a ser obrigatórias.

A seguir serão apresentados alguns exemplos de regulamentação internacional sobre reúso da água.

Estados Unidos

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novas tecnologias de tratamentos e processos relacionados à proteção da saúde pública (CROOK, 1998),

À medida que a água de reúso passou a ser reconhecida como parte integrante dos recursos hídricos, outros estados, seguindo o exemplo da Califórnia, criaram suas próprias regulamentações.

Crook apud Rodrigues (2005), comenta que os critérios variam entre os Estados, pois existem aqueles que desenvolveram seus próprios regulamentos, e outros que não apresentam qualquer regulamentação ou diretriz relacionada diretamente com o reúso. Em nenhum deles há previsão para regulamentação de todos os potenciais de usos das águas para reúso, e poucos apresentam regulamentação para o reúso potável.

A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (United States Environmental Protection Agency – USEPA) publicou, em 1992, suas diretrizes a fim de proporcionar um direcionamento adequado aos Estados que não possuíam regulamentação. Este documento foi revisado e a versão mais recente é do ano de 2004 que apresenta também, uma compilação de dados, referentes ás legislações dos diferentes Estados (RODRIGUES, 2005: 35).

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Quadro 1.1 – número de estados norte americanos que possuem regulamentação

ou diretrizes de acordo com o tipo de reúso previsto.

Tipo de reuso Números de estados

Urbano irrestrito 28

Irrigação 28

Descargas em toaletes 10 Reserva de incêndio 9

Construção 9

Áreas de proteção ambiental 11

Limpeza de ruas 6

Urbano restrito 34

Agricultura (cultivo de alimentos) 21

Agricultura (cultivo de “não alimentos”) 40

Recreacional irrestrito 7

Recreacional restrito 9

Ambiental (Wetlands) 3

Industrial 9

Recarga de aqüífero (não potável) 5

Potável indireto 5 Fonte: (USEPA apud RODRIGUES, 2005).

Ao analisar o Quadro 1.1 percebe-se que os estados norte americanos, fazem do reúso da água uma prática constante, porém cada estado adota medidas de reúso diferenciadas de acordo com suas necessidades, legislação e diretrizes. Interessante observar que 28 Estados Norte Americanos praticam o reúso urbano irrestrito, isto é, o reúso é utilizado em todas as atividades em que se consome a água.

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Nota-se que nos Estados Unidos existem uma grande preocupação em economizar os recursos hídricos, tendo em vista que estes são escassos; por isso um dos meios de poupar esse bem precioso, “a água”, é empregar a prática do reúso.

Tunísia

Em função do crescimento da escassez e do aumento da poluição das águas, o reúso na Tunísia passou a ser necessário, e prioritário na estratégia nacional para a gestão de recursos hídricos, (BAHRI apud RODRIGUES, 2005).

Os programas de reúso na Tunísia começaram na década de 1960, sendo esta, entre as poucas nações do mediterrâneo que têm uma política federal de reúso, elaborada e implantada.

No País, a responsabilidade pela utilização das águas de reúso na agricultura é de vários ministérios. Nas cidades grandes a National Sewerage and Sanitation Office (ONAS), subsidiária do Ministério do Meio Ambiente é responsável pela coleta, tratamento e disposição final dos esgotos, incluindo a construção, operação e manutenção de toda a infra-estrutura (BAHRI, 1998). O Ministério da agricultura é responsável pela implementação dos projetos de reúso de águas, que atribui diversas atividades aos seguintes órgãos:

• Diretório Geral de Estudos Hidráulicos, avaliando as condições e viabilidade

das obras hidráulicas.

• Diretoria Geral de Engenharia Rural, que conduz as pesquisas para o reúso na

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• Comissariado Regional de Desenvolvimento Agrícola, que opera o sistema de

distribuição de água, coleta amostras e monitora a aplicação da lei das águas e o decreto relativo ao reúso de águas para a irrigação (BAHRI, 1998).

Já o Ministério da Saúde Publica é responsável pela regulamentação da qualidade das águas para a irrigação, assim como pelo monitoramento e controle da poluição das águas. Em nível regional, os diversos departamentos de higiene têm as atribuições de realizarem o monitoramento em seus laboratórios, de promoverem educação para a saúde além de campanhas preventivas (BAHRI, 1998).

O Ministério do Turismo participa financiando o reúso para a irrigação de áreas verdes, tais como: campos de golfe e jardins de hotéis.

Segundo Bahri (1998), a água de reúso é principalmente utilizada para a irrigação restrita. Os efluentes com tratamento secundário são aplicados em uma serie de culturas, exceto em vegetais que são consumidos crus ou cozidos sendo que o reúso agrícola é regulamentado pela Lei das Águas de 1975 e pelo Decreto n° 1047 de 1989. Este também especifica que as águas residuárias podem ser reutilizadas depois de adequado tratamento, e não podem ser aproveitadas para as plantações de consumo direto. Determina ainda que a utilização das águas de reúso deve ser autorizada pelo Ministério da Agricultura, em conjunto com os Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde Publica. São apresentadas também as medidas de precaução em relação à proteção dos agricultores, consumidores e do meio ambiente, bem como as formas de monitoramento das águas, das áreas e plantações irrigadas.

A Lei das Águas prevê uma estrutura legal para o reúso, e proíbe o seu uso para a irrigação de qualquer cultura que possa ser ingerida. Esta lei estipula que a qualidade das águas de reúso deve ser suficiente para evitar a transmissão de doenças.

(35)

implementação. As especificações visando à proteção dos grupos de risco (trabalhadores, consumidores, vizinhança, etc.), também já foram publicadas.

Os Ministérios do Interior, do Meio Ambiente, da Agricultura, da Economia e da Saúde Pública estão somando esforços para a efetiva implementação deste Decreto (BAHRI, 1998).

África do Sul

Assim como nos demais paises que praticam o reúso, a África do Sul passou a considerar as águas provenientes desta prática como um recurso adicional para suprir as necessidades de sua população (ODENDAAL et al,1998).

Em função de sua utilização, as pesquisas sobre o assunto no país começaram a partir da década de 1960.

Considerando as condições geográficas, onde as maiores cidades estão localizadas longe do mar, a legislação de reúso de águas, prevê o reúso indireto de efluentes que devem ser retornadas ao curso d’água de origem. Portanto, o controle deve ser exercido no tratamento e na descarga dos efluentes. Isto significa que a necessidade de uma grande integração entre os aspectos de tratamento de efluentes e as políticas de proteção da qualidade das águas.

A implementação do reúso no país obteve um grande avanço quando este foi reconhecido pelo Ato das Águas (Water Act), em 1956, que se tornou uma ferramenta poderosa para a implementação das políticas de reúso. Este Ato está sob a esfera do

Department of Water Affairs and Forestry (departamento de negócios de água e florestas) e prevê o reúso, de acordo com suas diversas modalidades:

(36)

• Reciclagem interna na indústria.

Na seção 12 do ato, é prevista a emissão de concessão de uso por parte de Department of Water Affairs and Forestry, para consumos maiores que 150m³ por dia. Esse departamento especifica que o reúso, a reciclagem e hierarquia do uso da água devem ser praticados tanto quanto possível e que em alguns casos quando há restrição do suprimento da água, as fábricas que pretendem aumentar a sua produção, não recebem mais permissões de uso da água e têm que recorrer a técnicas de reúso, e de conservação.

De acordo com Odendaal et al (1998), as políticas de controle de poluição têm ficado mais rigorosas e o princípio do poluidor-pagador vem sendo aplicado de modo mais rigoroso, o que poderá dar forças para a implementação do reúso, que em alguns casos ainda tem altos custos.

França

A França está em uma localização geográfica privilegiada em relação aos recursos hídricos, visto que não possui terras áridas. As autoridades planejam e agem em relação ao gerenciamento dos recursos hídricos, entretanto, estas ações são essencialmente visando à proteção das águas subterrâneas e superficiais (BONTOUX & COURTIOS apud

RODRIGUES, 2005).

(37)

Conforme Rodrigues (2005), o reúso doméstico não é considerado na França, em função de seus custos e do receio das autoridades sanitárias em relação à construção de redes duplas e do risco de conexões cruzadas.

Considerando estes aspectos, o interesse da França no reúso, em particular com relação à irrigação, se dá em função do envolvimento deste país com algumas experiências desenvolvidas nas nações localizadas no sul do Mediterrâneo.

O interesse para irrigação com águas de reúso cresceu no sul da França a partir da década de 1990, nisto a criação de campos de golfe, grandes consumidores de águas durante o verão, período em que a demanda por água já era alta.

O reúso também passou a ser importante para as pequenas ilhas, onde a disponibilidade de recursos hídricos é escassa (BONTOUX & COURTOIS, 1998).

Após um longo período sem regulamentações para o reúso, em 1990, o Ministro da Saúde, delegou ao Conselho Superior de Higiene Pública da França, (Conseil Superieur D’Hygiene Publique de France - CSHPF) a responsabilidade de definir as “recomendações sanitárias para o uso, após tratamento, dos efluentes municipais para a irrigação de plantações e de áreas verdes” que foi publicado em julho de 1991 e sem aplicações obrigatórias. Elas prevêem a aprovação de cada projeto, levando em consideração as seguintes premissas:

• A proteção das águas subterrâneas e superficiais;

• A restrição do uso em função da qualidade do efluente tratado;

• A construção de redes de distribuição especifica para os efluentes tratados;

• A qualidade química dos efluentes tratados;

• O controle dos regulamentos sanitários aplicados à irrigação;

• O treinamento dos operadores e supervisores.

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autoridades responsáveis possam fazer qualquer restrição considerada necessária para cada projeto.

Para os contaminantes biológicos, as recomendações adotadas pela França são as propostas pela OMS (Organização Mundial as Saúde), conforme mostra o Quadro 1.2 a seguir:

Tipos de reúso Tratamento Parâmetro Padrões Monitoramento Distâncias de segurança Urbano (áreas verdes). Secundário Filtração Desinfecção pH DBO Turbidez Coliformes fecais CLR

6 a 9

≤ 10 mg/L

≤ 2 UNT ausentes

≥ 1mg/L

Semanal Semanal Contínuo Diário Contínuo

15 m de poços de

abastecimento potável

Irrigação de áreas de acesso restrito ao público Secundário Desinfecção pH DBO Sólidos Suspensos Coliformes fecais CLR

6 a 9

≤ 30mg/L

≤ 30mg/L

≤ 200/100mL

≥ 1mg/L

Semanal Semanal Diário Diário Contínuo

90 m de poços de

abastecimento potável

30 m de áreas com acesso de público Agrícolas para irrigação de culturas consumidas cruas Secundário Filtração Desinfecção pH DBO Turbidez Coliformes fecais CLR

6 a 9

≤ 10 mg/L

≤ 2 UNT ausentes

≥ 1mg/L

Semanal Semanal Contínuo Diário Contínuo

15 m de poços de abastecimento potável Agrícola para irrigação de culturas consumidas cozidas Secundário Desinfecção pH DBO Sólidos suspensos Coliformes fecais CLR

6 a 9

≤ 30mg/L

≤ 30mg/L

≤ 200/100mL

≥ 1mg/L

Semanal Semanal Diário Diário Contínuo

90 m de poços de

abastecimento potável

30 m de áreas com acesso de público Fonte: (USEPA apud RODRIGUES, 2005).

A CSHPF não determinou os limites de qualidade da água de uma vez, e para todos os usos, permitindo a apreciação das autoridades competentes, considerando como base as

(39)

Os projetos de reúso são sujeitos à aprovação dos órgãos de saúde pública e de proteção ao meio ambiente e devem conter no mínimo:

• Nome e endereço do solicitante;

• Objetos gerais;

• Características das unidades de tratamento e dos efluentes tratados (atuais ou

previstos);

• Características das instalações de armazenamento de água; • Condições ambientais locais;

• Características climáticas e das plantações a serem irrigadas;

• Gestão de oferta e demanda;

• Programa de monitoramento do tratado, das águas, da cultura e do solo.

Itália

Na Itália existe uma Lei nacional (Lei nº 319, 10 de maio de 1976), complementada para o reúso agrícola pelos “Critérios, Metodologia, e Padrões Técnicos Gerais” (MINISTERO DEI LAVORI PUBBLICI apud BONTOUX & COURTOIS, 1998). Estes critérios visam à proteção do solo utilizado para a agricultura e das culturas irrigadas com a água de reúso, estabelecendo padrões e tratamentos mínimos necessários em função das características das plantações.

Há grande preocupação para que não ocorra contaminação dos recursos hídricos e, portanto, o monitoramento da qualidade das águas de reúso é rigoroso.

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Espanha

Como narra Bontoux & Courtois (1998), apud Rodrigues (2005), o país é formado por uma série de regiões autônomas que possuem além da legislação nacional, vários regulamentos regionais nas províncias Autônomas. A lei nacional sobre as águas de 1985 apresenta uma única diretriz em que o governo irá estabelecerá as condições básicas para o reúso direto das águas residuárias, de acordo com o tratamento, a qualidade da água e o uso pretendido, sem quaisquer padrões.

Um decreto expandindo a lei existente foi esboçado em 1996, mas não foi aprovado, em função de mudanças no governo. Este esboço permitia que as agências de água fixassem os padrões e como no caso francês, requeria que quem planejasse fazer reúso, teria que pedir permissão às agencias de água, entregando-lhes um dossiê completo sobre as atividades.

Há uma discussão, no país, sobre a legalidade de se legislar sobre este assunto, em função da existência desta competência nas regiões autônomas.

Em 1999, o Ministério de Trabalhos Públicos, Transporte e Meio Ambiente, propôs uma serie de parâmetros físico-químicos e microbiológicos, para quatorze possíveis tipos de reúso. (BONTOUX & COURTOIS, 1998).

O Consorci de la Costa Brava uma organização pública pioneira no gerenciamento do ciclo da água, foi criada em 1971, implementou uma série de instrumentos para a gestão dos recursos hídricos incluindo o reúso em 27 municípios da costa da província de Girona. A população existente neste conjunto de municípios é de 150.000 mil habitantes sendo que a ocupação máxima ocorre no mês de agosto, estimada em 1,1 milhões de pessoas, como fruto da população flutuante gerada pela atividade turística.

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sempre referência ao ciclo da água, desde o abastecimento potável até o esgotamento sanitário, incluindo, há algum tempo, a reutilização das águas regeneradas, (SERRA, 1994).

México

Conforme Rodrigues (2005), o reúso de águas no México, para diversas finalidades é fundamental para o aumento da disponibilidade hídrica, assim como para os demais países que o praticam.

Segundo USEPA (2004), o reúso para a irrigação, o mais representativo no México, significa uma oportunidade para o desenvolvimento dos distritos mais produtivos, mas que, por outro lado, podem trazer como conseqüência problemas de saúde se não praticados corretamente.

Atualmente há ordenamento legal e institucional que garante o desenvolvimento da agricultura sustentável em algumas áreas do país. A lei Nacional da Águas (Ley Nacional Del Água), em vigor desde 1993, tem uma seção dedicada especificamente à prevenção e ao controle da contaminação da água. Contam também com as Normas Técnicas Ecológicas 32 e 33 (NON-CCA-032-ECOL/1993 E NOM-CCA-033-ECOL/1993), atualmente consideradas normas mexicanas oficiais, que estabelecem os requisitos para o uso das águas residuárias na agricultura (HESPANHOL apud RODRIGUES, 2005).

A Comisión Nacional Del Água (CNA - Comissão Nacional da Água) foi criada oficialmente em 1989 como uma entidade do governo federal responsável pela construção da infra-estrutura agrícola e sua operação, de forma que esta possa cumprir as leis e normas relacionadas com o uso eficaz da água e o controle da qualidade.

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governo, associações de usuários da água e por bancos locais de credito (HESPANHOL, 1999).

O Valle Del Mezquital está localizado a 60 quilômetros ao norte da cidade do México (capital federal), tem apresentado como principal atividade econômica a agricultura, complementada pela criação de gado. Devido à sua imensa área cultivada (83.000.ha. entre 1993 e 1994), e sua experiência de 91 anos de operação contínua, a região é um exemplo único de reúso para a irrigação, apresentando um padrão de vida superior a outros locais onde não se faz uso das águas residuárias para a irrigação(ALVAREZ apud RODRIGUES 2005), como cita Rodrigues (2005:52):

As Águas provenientes da Cidade do México são utilizadas sem tratamento; com tratamento parcial; ou ainda misturadas com água da chuva e são extremamente valorizadas pelos agricultores, visto que proporcionam a melhoria da qualidade do solo, e os nutrientes que carregam, permitem uma maior produtividade agrícola.

1.5 – Exemplos Internacionais de Reúso de Água.

Em muitas regiões do mundo, diferentemente do Brasil, a questão dos recursos hídricos tem sido tratada com seriedade desde muito tempo. Entre a população, há uma consciência de que não se desperdiça um recurso natural vital como a água. O reúso de água não é um conceito novo e tem sido praticado em várias parte do mundo há muitos anos.

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indireto por meio do aumento da vazão de cursos d´água, embora exista uma proposta neste sentido.

A Flórida exige que os distritos de gerenciamento das águas do Estado identifiquem quais áreas têm ou terão abastecimento problemático nos próximos 20 anos, devendo elaborar estudos de viabilidade para as ETE´s (Estação de Tratamento de Esgotos), localizadas nestas áreas, prevendo o reúso de seus efluentes ou demonstrando que isto é inviável por razões econômicas, ambientais ou técnicas. Sendo julgado viável, a descarga do efluente tratado nas águas superficiais ou em injeções de poços profundos deve-se limitar a água de reposição necessária para os sistemas de reúso.

No Arizona, o reúso potável direto é proibido, e a recarga de aqüíferos com efluentes tratados em ETE´s é uma operação fiscalizada por dois departamentos, o Arizona Department of Environmental Quality (ADEQ) e o Arizona Department of Water Resources (ADWR), (BERNARDI, 2003).

No Texas, a maior parte dos rios possui vazão dominante proveniente do reúso, alguns em mais de 90%, especialmente na estação seca. A extensão da proteção legal para os usuários de jusante depende do manancial dos usuários de montante ser superficial ou subterrâneo. Por exemplo, a cidade de Abilene, que depende de mananciais superficiais, está obrigada pelo “Brazos River Authority” a retornar 40% da vazão captada para o rio, sob a forma de efluente tratado, para compensar a perda d´água em um de seus reservatórios devido ao reúso C.

(44)

Estudos realizados na Califórnia, Israel e Portugal têm demonstrado que diversas culturas irrigadas com águas servidas requerem pouca ou nenhuma complementação adicional de fertilizantes químicos ou orgânicos (BEEKMAN apud BERNARDI, 2003).

O reúso de água na agricultura através do reaproveitamento das águas servidas do meio urbano tem sido aplicado desde 1650 em Edinburgh, na Escócia, sendo posteriormente, aplicada em Londres, Manchester e outras cidades, (BEEKMAN, 1996).

Na Austrália, essa técnica começou a ser utilizada em 1897, na Werribbee Farm, em Melbourne, e atualmente, aproximadamente 10.000 hectares de terras agrícolas são irrigadas com águas servidas, sendo o maior sistema em operação no mundo.

1.6 – Exemplos de reúso de água no Brasil

O Frigorífico Marba, em São Bernardo do Campo – São Paulo, por questões legais, precisou tratar os dejetos industriais gerados na produção de alimentos e de efluentes sanitários. O sistema escolhido foi o tratamento de lodo ativado anaeróbio, suficiente para atender as exigências da legislação, mas depois de análises econômicas verificou-se que seria interessante estender o tratamento para reutilização dos efluentes na lavagem da fábrica e resfriamento de caldeiras, chegando-se a uma economia de até 60% dos gastos com a água (SANTOS, 2006).

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A empresa AGCO do Brasil, conhecida como Massey Ferguson, implantou em sua fábrica de tratores, em Canoas, Rio Grande do Sul um sistema de tratamento de esgoto, onde são tratados os efluentes da empresa. Com o avanço das técnicas para o uso racional dos recursos hídricos, optou-se pela adoção de um processo que possibilitasse o reúso do efluente tratado, com a redução de custos associados ao uso de produtos químicos, energia, geração de lodo e entre outros.

O sistema de tratamento passou a funcionar em abril de 2005. Com o tratamento, o efluente final tratado é reutilizado para descarga em todos os sanitários da empresa, lavagens industriais, posto de lavagem de tratores, rede de hidrantes, irrigação paisagística e preparação de emulsões oleosas.

Segundo a engenheira Ana Cristina, responsável pela implantação do projeto na AGCO, a medida vai proporcionar economia de 70% da água atualmente utilizada para fins industriais, reduzindo o consumo de água nobre proveniente de águas subterrâneas e de abastecimento público.

A ETE está sendo gradativamente aprimorada para absorver efluentes provenientes de futuras ampliações, a meta é chegar a 100% de reaproveitamento, contribuindo assim para o uso racional e a conservação sustentável dos mananciais, busca a utilização mínima de água nos processos produtivos e a máxima proteção ambiental com menor custo. (AGCO, 2006).

De acordo com Lereno (2006),a Prefeitura de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, a partir de maio deste ano, começou a utilizar água de reúso para a lavagem de ruas e pátios, irrigação de jardins, desobstrução de rede de águas pluviais e coleta de esgotos.

Existem empresas que não utilizam água de reúso, mas por meio de estudos desenvolvem e adotam medidas que resultam em economia e benefício ao meio ambiente.

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Paulo, que responde por 90% da produção da empresa, gasta 1,7 litros de água para a fabricação de cada litro de refrigerante. Após a captação, a água passa por um tratamento para tornar-se potável Após tratamento convencional a água passa por unidades de filtro de areia e carvão para eliminar o cloro, substancia essa indispensável na fabricação do refrigerante. São 10 filtros no total que gastam 80 m³ de água no processo de retrolavagem. Essa água, apesar de estar 90% limpa era enviada, até dezembro do ano passado, para a Estação de Tratamento de Efluentes.

O Comitê de Água da fábrica fez um estudo e comprovou que com uma adaptação nos equipamentos esta água poderia voltar ao início do processo, sendo novamente tratada e reaproveitada, inclusive na fabricação dos refrigerantes. A Panamco investiu R$ 50 mil na adaptação do sistema e está deixando de retirar da natureza 800 mil litros de água por dia. A empresa informa que esse volume é suficiente para abastecer uma pessoa por 14 anos e que desde que iniciou o programa, há seis meses, já economizou 4,8 milhões de litros de água.

1.7 – Reúso da água de lavagem de veículos

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O valor do metro cúbico de água para os postos de combustíveis é 3,3 reais; pois os mesmos estão enquadrados na tarifa comercial, de acordo informações obtidas no setor financeiro da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (CAESB, 2006)

Para diminuir a demanda de captação dos recursos hídricos, o reúso planejado da água é de extrema importância para a preservação do meio ambiente, pois quanto menos for a retirada hídrica menor será geração de efluentes, constituindo-se assim uma estratégia eficaz para a conservação desse recurso natural em aspectos qualitativos e quantitativos.

O reúso da água, principalmente para a utilização na lavagem de veículos, ainda não é uma pratica comum nos postos de combustíveis, embora no Brasil já existam empresas que empregam algumas técnicas diferenciadas de reúso de água para esse fim.

No Brasil o reúso da água na lavagem de veículos ainda é muito restrito. Percebe-se que a situação é reforçada pelos seguintes motivos: quantidade de recursos hídricos disponível e a falta de legislação que exija o reúso junto às empresas.

A seguir será relatado como é aplicado reúso de água de lavagem de veículos em algumas empresas no Brasil.

Sanches & Hespanhol (2003), realizaram uma pesquisa sobre reúso de água de lavagem de veículos em 03 empresas de ônibus (Breda Transportes e Serviços Ltda, Santa Cruz e Santa Brígida), e apresentaram comentários importantes desse trabalho.

Breda Transportes e Serviços Ltda.

A empresa Breda possui em sua garagem de São Bernardo do Campo 260 ônibus e gasta diariamente cerca de 30.000 litros na lavagem destes veículos (Obs.: os ônibus são lavados após cada serviço, sendo, portanto, lavados mais de uma vez por dia).

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reúso de água para lavagem de ônibus, projetado pela própria empresa, onde reaproveita cerca de 70% da água utilizada nas lavagens.

Todo o processo consiste, basicamente, na passagem da água por seis tanques de decantação, não são utilizados produtos químicos.

Ao entrar no galpão de lavagem todos os ônibus recebem jatos de água com detergente. Continuando o percurso o ônibus passa por escovas para ser ensaboado e recebe mais jatos de água para enxaguar. No local das escovas, existem canaletas por onde a água, utilizada na lavagem, é captada e levada até o primeiro tanque de decantação.

A unidade de decantação compreende seis tanques de decantação para que possa ser utilizada novamente na lavagem de outro ônibus, sendo a limpeza desses tanques realizada semestralmente.

Ao chegar ao sexto tanque, após o período de decantação, a água é bombeada para o sistema de lavagem e colocada em uso novamente.

Segundo Renato Moreira, gerente de qualidade, se não fosse o sistema de reúso, a empresa passaria a gastar de 5 a 6 vezes mais água, o que representaria um aumento de custo de R$ 200,00 por dia.

Além da reutilização da água de lavagem de veículos, a empresa trata o esgoto dos banheiros dos ônibus e a água usada na lavagem de motores.

Grupo Santa Cruz

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Figura 2.1 - Regiões Hidrográficas do Distrito Federal
Figura 2.3 - Água captada e consumida em cada bacia hidrográfica.
Figura 2.4 – Demanda Hídrica Máxima de irrigação em 2004 para o Distrito Federal
Figura 2.5 – Mapa de Balneabilidade do Lago Paranoá
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Referências

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