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Berta da Póvoa

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01/12/2017 BERTA DA PÓVOA

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BERTA DA PÓVOA

BERTA DA PÓVOA (JÚLIO DINIS (/CONTEUDOS/CORPUS-DE-FICCIONISTAS-A-A-Z/ITEM/32-DINIS-JULIO), OS FIDALGOS DA CASA MOURISCA)

Coprotagonista do quarto e último romance de Júlio Dinis (/conteudos/entradas-do-dicionario/item/32-dinis-julio), escrito entre 1869 e 1870, e editado postumamente no ano seguinte, a lha de dezoito anos dos lavradores Tomé da Póvoa e Luísa in ui na vida dos dalgos subentendidos no título: D. Luís, Jorge e Maurício. Todavia, surge apenas (ou seja: cataforizada; cf. Vieira, 2008: 45-46) no capítulo III como “a pequena que está na cidade”, logo identi cada como

“Berta”, seu designativo predominante (Dinis, s/d: I, 917); reaparece só no capítulo VIII como narradora intradiegética pedindo epistolarmente o regresso à Herdade. O narrador extradiegético-heterodiegético, omnisciente e dedigno, explicita então o relevo desta personagem: “a leitora suspeita já que vai chegar a nal a heroína da história” (967). O matrimónio com Jorge con rma tal relevo. À época, a superioridade físico-moral da “heroína” era premiada com o amor do protagonista, neste caso, Jorge. A ausência de Berta em Lisboa permite a maturação etário-educacional que impressionará os lhos de D. Luís: “– Foi daqui uma criança agradável, e veio uma encantadora mulher!” (971).

Gabriela, sobrinha do patriarca e auxiliar nestes amores aparentemente impossíveis entre uma plebeia lavradora e um dalgo num meio rural conservador, resume lapidarmente a sua importância diegética: “Desengane-se, meu tio, o futuro da sua família está indissoluvelmente ligado a Berta.” (210). De facto, ela é a chave regeneradora da Casa Mourisca. Com desvelos maternais, cura D. Luís, seu padrinho, de uma profunda depressão, mas também salva simbolicamente os três dalgos: esboroa preconceitos aristocráticos do patriarca em plena Regeneração; torna feliz Jorge; consciencializa Maurício do seu marialvismo.

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Berta encarna o tipo romântico de mulher-anjo, de nida explicitamente como tal. Mas esta angelicalidade também radica na associação feita por D. Luís entre Berta e a falecida lha Beatriz, de quem aquela é espelho físico-psicológico. Asserta Gabriela: “Berta para ele é raras vezes a lha do Tomé, é a amiga de Beatriz, é a imagem viva daquele anjo que ele ainda hoje chora.” (1143).

Mas Berta não se limita aos dois imagotipos românticos de mulher-anjo e amante (no sentido latino) do protagonista. Em “Ideias que me ocorrem”, coevas da redação da obra, o Autor censura escritores julgando “que os amantes em literatura escusam de ter carácter próprio”, sendo antes “indispensável desenhar bem as feições características das personagens e dar-lhes um colorido de carnação que simule a vida.” (Dinis, s/d: II, 546-547).

Assim, o desenho das feições de Berta é feito pelo olhar de Maurício, enaltecendo-lhe a beleza física, logo tornada sinaleticamente moral: “Berta era uma rapariga de olhos negros e de boca graciosa, onde utuava um gracioso sorriso expressivo ao mesmo tempo de alegria e de bondade. Havia nos movimentos, nos olhares e nos modos dela um misto da candura de uma criança e dos delicados instintos da mulher (…)”. (962). E o “carácter próprio” simulador da vida assenta na complexidade psicológica de Berta, conjugando angelicalidade e desejo, criação aldeã e esmerada educação citadina. Ora, Berta assume o laborioso campo como sua “verdadeira pátria” (976), sendo a educação citadina motivo de troça local. Cria-se um “desajuste com o meio” (Araújo, 1971: 13), que ela intui e a entristece: desnivela-a de aldeões, conquanto honrados (Clemente), mas não lhe franqueia as portas da dalguia minhota. Berta tranquiliza o pai, garantindo- lhe ser imune aos galanteios de Maurício, e tomando os dois por garantido o enfoque do honrado primogénito de D. Luís no trabalho. O cálculo sairá errado a pai e lha. E assim, Berta apaixonar-se-á pelo discreto e laborioso Jorge, preterindo Maurício, citadino nos gostos. Como Madalena d’A Morgadinha dos Canavais, que casa com Augusto e cura Henrique de Souselas. Lembre-se: Os Fidalgos subintitulam-se Crónica da Aldeia, encerrando a trilogia do romance campesino dinisiano, apologista da apaziguadora ruralidade produtiva. Ora, o monólogo interior é fundamental na revelação da complexidade de Berta. Questiona, por exemplo, a sua elogiada racionalidade quando atraída por Maurício: “Chamam-me uma rapariga de juízo. Não sei, não sei se o sou, não o posso saber, nem quero. Às vezes… descon o de mim… receio… assusto-me.” (Dinis, 977). Ou desenvolve a “revolução moral” (1071), leia-se, sentimental – comprovando-se como personagem redonda –, quando sabe a sua honra defendida por Jorge. En m, “Ideias que me ocorrem” indica gurarem nesta obra personagens que não saem

“da órbita do verosímil” (Dinis, s/d: II, 546), como Berta, acrescente-se, sempre descrita coerentemente, usando linguagem natural e sustentando ações verosímeis no contexto da Regeneração liberal. Aliás, a excecionalidade de Berta e de Jorge permite que o enlace “se possa verosimilmente interpretar como o encontro de duas almas” (Lepecki, 1979: 69).

Os obstáculos enfrentados por Berta, censurando a injustiça da imobilidade social, criam expectativa num romance que fora concebido para publicação folhetinesca, e o nal feliz agrada à invocada “leitora”. Os Fidalgos da Casa Mourisca popularizaram-se: “dezenas de edições” (Rodrigues, 1994: 36), traduções, adaptações infantis e transposições que sempre respeitam o título original. Berta da Póvoa é interpretada por Etelvina Serra no lme mudo (1921) do francês Georges Pallu, e por María Castelar na longa-metragem (1938) de Arthur Duarte. Na peça de teatro adaptada à televisão (1963) por Alice Ogando e realizada por Pedro Martins, revisitada pela RTP Memória (2010), a ordem do elenco é pertinente: Berta (Ivone Moura) aparece em terceiro lugar, depois de D. Luís e de Jorge.

Mais importante do que Maurício…

 

 Referências

ARAÚJO, Matilde Rosa, “A Mulher na obra de Júlio Dinis”. Suplemento Cultura e Arte d’O Comércio do Porto, 14.9.1971: 13.

DINIS, Júlio, Obras de Júlio Dinis. Prólogo de Kol d’Alvarenga. 2 vols. Porto: Lello & Irmão, s.d.

RODRIGUES, Ernesto (1994). “Introdução”, in Júlio Dinis, Os Fidalgos da Casa Mourisca. Crónica da Aldeia. Lisboa: Ulisseia, 1994, 7-37.

LEPECKI, Maria Lúcia (1979) Romantismo e Realismo na Obra de Júlio Dinis. Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa.

VIEIRA, Cristina da Costa (2008). A Construção da Personagem Romanesca: Processos De nidores. Lisboa: Colibri.

Cristina da Costa Vieira (http://dp.uc.pt/index.php?option=com_k2&view=item&id=7:cristina-vieira&Itemid=129)

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COORDENADOR DE PROJETO CARLOS REIS

Professor de literatura portuguesa e de teoria da literatura na Universidade de Coimbra, onde se licenciou e doutorou. Foi diretor da Biblioteca Nacional (1998-2002) e reitor da Univ.

Aberta (2006-2011). É autor de diversos livros e artigos sobre Eça de Queirós e a sua obra e também (com Ana Cristina M. Lopes), de um Dicionário de Narratologia. Foi professor visitante em universidades brasileiras, norte-americanas e espanholas. É coordenador da Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós (Imprensa Nacional-Casa da Moeda) e da História Crítica da Literatura Portuguesa (Verbo). É autor dos seguintes blogues: https:// gurasda ccao.wordpress.com (https:// gurasda ccao.wordpress.com)

http://queirosiana.wordpress.com (http://queirosiana.wordpress.com)

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