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DOUTRINA
REVCEDOUA 1. 2000
RESUMO
A necessidade de modernização do direito administrativo tem sido, ul- timamente, uma tónica dominante. Esta preocupação tem dado origem a inúmeras propostas a que aqui nos pretendemos referir em breves palavras, em particular no que respeita ao direito do urbanismo. Trib- utário que é em sua grande parte da doutrina e exemplos germânicos, este estudo não dará, em alguns casos, resposta a angústias presentes dos leitores nacionais, mas apenas sugestões de iure constituendo.
Todavia, o mesmo não se pode dizer no que às actuações informais concerne, pois, porque informais, não se encontram amarradas às malhas das diferentes legislações nacionais.
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A ctuações Urbanísticas Informais e
“Medidas de Diversão” em Matéria de Urbanismo
1. Actuações Informais – breve noção
Dedicaremos umas breves palavras iniciais para explicarmos o que sejam actuações informais. Elas corresponderão, como já tivemos oportunidade de afirmar noutro lugar, a práticas e actividades da Administração que não possam ser reconduzidas a categorias legais de actuações administrativas1. Apesar da sua difícil captação, pois a informalidade traz consigo multiplicidade, a verdade é que po- deremos agrupá-las em duas grandes categorias: as que substituem procedimentos administrativos e aquelas que, com diferentes objectivos, se integram dentro dos próprios procedimentos.
A razão de ser do seu surgimento e da sua proliferação na prática reside nas novas exigências que hoje se colocam ao direito administrativo e para o qual as suas estruturas legais não parecem apresentar uma resposta eficaz. Afinal, parece ser esse também o motivo da “fuga para o direito privado” 2. Até aqui, velhos problemas!
As novas respostas surgem com a admissibilidade, ou não, destas novas categorias, com a substituição do tradicional agir da Administração por esquemas a que não estamos habituados: a substituição de actos de autoridade que incorporam injunções por simples recomendações ou avisos3; a substituição de um processo de licenciamento por um acordo de estabelecimento; a própria substituição de uma decisão judicial pelo recurso a uma jurisdição privada.
Este tema é particularmente aliciante, tanto quanto difícil de abordar, precisamente porque aqui a realidade é sempre mais rica que o discurso jurídico. É verdade que não podemos com isto admitir que “o direito ande a reboque dos factos”, poi isso constituiria uma violação gritante do princípio da legalidade, por mais ampla que admitíssemos ser a sua compreensão. Todavia, também é verdade que, nalguns casos, o jurista é muitas vezes confrontado com situações consumadas ou para as quais não existem alternativas de escolha.
Neste contexto, teremos todo o interesse em dedicar algumas palavras à problemática que esta questão levanta no direito urbanismo, e ver, pela experiência comparada, que também este é um domínio