PARADOXOS DO ANTI-RACISMO
Os estudos raciais e
seus críticos
Pesquisas acadêmicas
População brasileira Consciência que negros e
brancos não dispõem das mesmas oportunidades
Sociedade se apresenta como liberal
más é uma sociedade de castas que limita as chances de ascensão social dos grupos que se distanciam do conjunto
de características físicas que se associam a origem europeia.
Orientada pelo princípio individualista de cidadania
Formas assumidas pelo anti-racismo
Igualitarismo Integracionismo
Tem como prioridade a construção de uma ordem social justa que proporcione
a todos os grupos, independente de suas características, igualdade de
oportunidades
Quer combater o racismo preservando as identidades existentes no interior de uma
ordem social marcada pela oferta de convivência e integração efetivas aos diferentes grupos de cor
Defensa do princípio da igualdade
Valor inegociável a particularidade
cultural
Poder da cultura para
a inclusão
A sociologia Americana e o racismo no Brasil
Brazil and the negro.
Theodore Roosevelt (1913, 1914)
`Brasileiros, sem observância de raça ou cor, são como uma grande família, mantendo-se juntos sobre bases de absoluta igualdade de oportunidades. Não há quaisquer distinções de raça que não sejam aquelas impostas pela riqueza, cultura ou posição (apud Hellwig, 1992)´
Associated Negro Press, 1920
Apontou as diferenças entre as relações entre negros e brancos no Brasil e USA
No entanto, esta visão favorável vai se modificando ao longo do século XX e ao final dos anos 70 o interesse dos ativistas é buscar nas lutas dos afro
americanos formas de ação para reverter a discriminação no Brasil
Rede anti-racista binacional
Anos 50: paz mundial, liberdade e democracia, oportunidades econômicas, oportunidades educacionais e estudo do comportamento humano para promover a cidadania. (Meyer, 1999)
´59 Escritorio AL
´61 Rio de Janeiro Fundação Rockefeller
Pesquisa agrícola Até ´67 devido a
perseguição de cientistas pelos militares
Fundação Ford
Financiamento de
pesquisas
Sob impacto do movimento dos direitos civis nos EUA verifica-se uma inflexão nos estudos sobre as relações entre negros e brancos no Brasil e se cria a partir da categoria de raça um novo paradigma de análise
o universo empírico padrão que se torna desejável nas relações entre EUA e Brasil se inverte em
poucas décadas.
Final dos anos 70
Mudanças descritas por Rout (1973) como um argumento moral, ele conluio que os autores que investigaram o Brasil entre 1919 e 1951 manipularam os resultados sobre a situação racial do país para produzir impulsos positivos para o combate ao racismo nos EUAO que explica essa mudança radical?
Hipótese. Transformações no interior da própria sociologia americana com a ascensão da teoria da modernização.
. Estudos urbanos
. Estudos de relações étnicas Introduction to the science of sociology. Park e Burgess
Pierson, 1942 Estudos locais Robert Park, 1921
Escola de Chicago e os estudos locais
análise de relações microssociais no
contexto urbano
Formas de interação
Competição Conflito Acomodação
Assimilação
observado nos EUA Pierson, 1942 Estudos locais
Robert Park, 1921
Escola de Chicago e os estudos locais
Brasil Desigualdades tratadas
sobre a categoria de classe social. p. 201
Competição Conflito Acomodação
Assimilação
Reitera as conclusões do Pierson sobre o desaparecimento das castas raciais
“quanto mais clara a pele, maiores capacidades e habilidades atribuídas”
Wagley, 1952
. Existência de “gradiente” de cor e não dois grupos polares definidos.
Isso é fundamental segundo Harris, porque define uma hierarquia para
brancos e negros
. Ausência de uma superposição simples
e imediata da raça e classe
Harris, 1956
Distanciamento de Pierson e de dois mitos dominantes na história brasileira
Mito da
excepcionalidade
Mito da vocação natural dos
portugueses para a
“miscibilidade”
Harris, 1964
Estudo comparado entre Brasil e EUA
“Saída de emergência do mulato” p. 203 Degler, 1971
Diferenças menos substantivas mesmo com
a suposta proteção da igreja (fato inexistente
nos EUA)
Estudos raciais Estudos sociais da sociologia
americana
Estudos raciais
Centralidade conferida a raça como categoria sociologica, analitica e
politica
Componente comparativo evolucionista na análise Não
Estudos raciais
O revival da raça
Uso da categoria raça é legitimada pelos estudos raciais a partir de investigações que
revelam correlações entre desigualdades sociais e adscrições racistas que mostram:
Desigualdades sociais entre os 5 grupos de cor identificados (pretos, brancos, pardos, amarelos, indígenas
mesmo que se isolem os fatores ligados a classe, permanecem desigualdades sociais que só podem ser explicadas quando se introduz o par branco e não branco como ordem classificatória
O desfavorecimento dos não brancos não é
simplesmente reprodução de desigualdades históricas da escravidão
Estudos raciais
O revival da raça
Aproveitamento escolar Soares e Alves, 2003 Existe desnível significativo entre aproveitamento de alunos
pretos e brancos mas as diferenças são menores entre
brancos e pardos
Indicadores de violência semelhante
Oliveira e Santos, 1998
Políticas de ação afirmativa como instrumento anti-racista
Correção das desigualdades de
acesso aos bens públicos
Favorecer processo de construção de identidade racial
Aspectos contraditórios da estratégia dos estudos raciais
Neutralidade liberal.
Forst, 1996
Neutralidade distributiva
Neutralidade da justificação
Neutralidade de objetivos
Implica tomar “o status quo como justificado, sendo o Estado, na medida em que não mude essa situação, trato como neutro”. p, 209
Este princípio é tipo como fundamental para a ordem liberal. Para tanto, não é necessário que os argumentos
apresentados publicamente se dissociam de seus fundamentos éticos. p, 209
Esses princípios devem ser igualmente seguidos e implicam que o Estado liberal não pode prescrever uma determinada forma de vida ou concepção de bem
Os críticos dos Estudos Raciais
- Oposição à imagem de uma sociedade dividida estruturalmente por adscrições raciais e de mostrar que o Brasil possui uma história de assimilação de todos os grupos culturais e de cor assim como uma cultura inclusiva.
- Discurso da mestiçagem como ideologia para encobrir a opressão dos negros
Críticos desconsideram a importância do discurso da mestiçagem para legitimação
de ordem político e social
Além dos Estudos Raciais e de seus críticos
Complexidade que envolve dois níveis:
1. âmbito da dinâmica cultural: constituição de novas
etnicidades negras e das formas de articulação do discurso 2. âmbito político normativo: questão de legitimação,no âmbito
nacional, de aspirações políticas construídas nos nexos de um contexto de ação transnacional
Conclusões
Os estudos raciais são uma fonte importante para a mobilização anti-racista, isso não os transforma em chave-mestra capaz de decodificar e dar sentido político à multiplicidade de diferenças e aspirações envolvidas nas lutas contra o racismo. p, 221
Os estudos pós-coloniais, incluídos os estudos negros, desenvolvem uma microssociologia das negociações culturais de grande valia quando se quer descrever a dinâmica aberta e múltipla que orienta processos de negociação das diferenças no âmbito das mobilizações anti-racistas
Não existe um modelo único e universalmente válido de política anti-racista que possa ser copiado