Imanência e Transcendência – Entre Mestres e Discípulos:
Polifonia Portuguesa do séc. XVI
Polyphonos Ensemble
Apoio:
Polyphonos Ensemble
Imanência e Transcendência – Entre Mestres e Discípulos:
Polifonia Portuguesa do séc. XVI
De Braga a Évora, de Coimbra a Lisboa,
diálogos entre nomes maiores da polifonia quinhentista
_22 out_sex / 21h00
_Igreja de São Roque
Imanência e Transcendência – Entre Mestres e Discípulos:
Polifonia Portuguesa do séc. XVI
Polyphonos Ensemble
José Bruto da Costa Diretor Musical
Inês Lopes_Soprano Raquel Alão_Soprano Rita Tavares_Alto
António Menezes_Alto
André Lacerda_Tenor Gerson Coelho_Tenor Hugo Oliveira_Baixo Tiago Mota_Baixo
Sérgio Silva_Órgão
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Polifonia Portuguesa do séc. XVI
Polyphonos Ensemble
António Carreira, o Velho (a.1540 – a.1597)
Sexti toni, Fantasia a Quatro [órgão]
Miguel da Fonseca (†1544)
Dominus dixit ad me [estreia moderna]
In splendoribus sanctorum [estreia moderna]
Natus est nobis [estreia moderna]
Pêro de Gamboa (1563?-1638)
O Bone Jesu Miserere nostri
António Carreira, o Velho (a.1540 – a.1597)
Ave Maria, a Quatro [órgão]
Dom Francisco de Santa Maria (†1597) Lamentatione Ieremiae Prophetae
[estreia moderna]
PROGRAMA
Dom Pedro de Cristo (c.1545-1618)
Lamentatio Ieremiae Prophetae
[estreia moderna]
António Carreira, o Velho (a.1540 – a.1597)
Terceira Fantasia a Quatro do 8º Tom [órgão]
Stabat Mater
Surrexit Dominus [estreia moderna]
António Carreira, o Velho e Frei António Carreira (c.1550-1599)
Gloria, laus, honor [estreia moderna]
Frei António Carreira (c.1550-1599)
Crux Fidelis [estreia moderna]
António Carreira, o Velho (a.1540-a.1597)
Fantasia a Quatro em Lá-Ré [órgão]
Manuel Mendes (c.1547-1605)
Asperges me
Circumdederunt me [estreia moderna]
Frei Manuel Cardoso (1566-1650)
6 Motetes de Quaresma [estreia moderna]
Adjuva nos
Immutemur habitu Ductus est Jesus
Assumpsit Jesus Erat Jesus ejiciens
Qui confidunt in Domine
Cum audisset Joannes
Imanência e Transcendência – Entre Mestres e Discípulos:
Polifonia Portuguesa do séc. XVI
Polyphonos Ensemble
O século XVI tem sido uma das “zonas de sombra” da História da Música em Portugal, no dizer de João d’Alvarenga, mercê do conhecimento residual das fontes, repertório e contextos produtivos. Liberta da primordial necessidade de traçar arcos narrativos de grande fôlego, a Musicologia portuguesa tem procurado colmatar esta lacuna.
O concerto de hoje filia-se neste impulso de trazer para a linha da frente obras inéditas de nomes maiores da polifonia quinhentista portuguesa, em que duas gerações de músicos, mestres e
discípulos, confrontam-se, dialogantes, entre a imanência e a transcendência do discurso musical, assim permitindo estabelecer padrões compositivos.
O século XVI foi marcado pelo alargamento gradual da prática polifónica das capelas privadas às principais catedrais do país, enquanto forma de distinção social e afirmação do poder, ao qual se vieram juntar as reformas litúrgicas e musicais emanadas do Concílio de Trento.
Deste processo, destaca-se a ação do cardeal-Infante D. Henrique (1512-1580), filho de Dom Manuel I (1469-1521), que a coberto do múnus episcopal em Braga e Évora, mas também no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, alocou os meios financeiros para dotar estas instituições, à semelhança e imagem da sua capela, de efetivos musicais de reconhecido mérito.
Miguel da Fonseca (†1544) e Pêro de Gamboa (1563?-1638) são dignos representantes da tradição do repertório polifónico bracarense, fortemente impulsionado por D. Diogo de Sousa (†1532) e sustentado pelo cardeal-Infante.
NOTAS DE PROGRAMA
Chegado a Coimbra como Mestre da Capela do bispo D. João Soares (†1572), Francisco de Santa Maria (†1595) professou na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, em 1562, passando ao serviço do Mosteiro de Santa Cruz, onde viria a ser sucedido no cargo de Mestre de Capela por Pedro de Cristo (†1618).
Natural de Lisboa, António Carreira o Velho entrou ao serviço da Capela Real como menino de coro, ascendendo ao cargo de Mestre de Capela em 1567. Seu filho, Frei António Carreira (†1599), tornou-se religioso da Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, tendo servido como músico e compositor do convento da Graça, em Lisboa.
Referido como professor de Duarte Lobo (†1646), Manuel Cardoso e Filipe de Magalhães (†1652), Manuel Mendes nasceu em Lisboa, sendo provável que tenha servido a Capela Real como menino de coro e estudado com António Carreira o Velho. Mestre de Capela da Sé Portalegre (1569-1574) foi na qualidade de Mestre da Capela de D. Henrique que se estabeleceu em Évora.
Os 6 Motetes de Quaresma, escritos c.1580, por Frei Manuel Cardoso, constituem o único núcleo, até à data conhecido, de obras de juventude do compositor, sendo fundamentais para a compreensão não apenas da transição estilística ocorrida em Portugal em finais do século XVI como, por comparação, estabelecer padrões entre as obras de juventude e maturidade deste nome maior da História da Música em Portugal.
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Polifonia Portuguesa do séc. XVI
Polyphonos Ensemble
Polyphōnos, termo grego que designa a coexistência de muitos sons ou vozes, é um ensemble vocal e instrumental sediado em Lisboa, tendo sido fundado em 2016 por Raquel Alão e José Bruto da Costa, a quem foi confiada a direção artística, em parceria com Tiago Mota. O reportório fundamental do ensemble centra-se na música portuguesa dos séculos XV-XVIII, sendo a sua formação variável, de acordo com os programas apresentados.
A estreia do Polyphōnos decorreu no Festival Terras sem Sombra, em 2017, com obras de Duarte Lobo, Estevão de Brito, Dom Pedro da Esperança, Diogo Melgás, João Rodrigues Esteves e Francisco António de Almeida. Em 2018, encerrou a Conferência Internacional The Anatomy of Polyphonic Music Around 1500, no Centro Cultural Dom Luís I, em Cascais, num concerto com obras de De Prez, Anchieta, Compère, Escobar e Peñalosa. Em 2019, a convite do Governo Regional da Madeira, inaugurou o festival Música a Norte – Ciclo de Música Barroca, com obras de António Teixeira, Carlos Seixas e Francisco António de Almeida, obtendo uma crítica muito positiva no jornal Público. Em 2020, apresentou-se em Portimão, no Ciclo Saber Escutar, com obras de Leonin, Perotin, Machaut, Dufay, Palestrina e Monteverdi.
Desde 2019, desenvolve um projeto de investigação em parceria com o CESEM – Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical da
Universidade Nova de Lisboa e com o MPMP – Património Musical Vivo, inserido na futura edição da História Temática da Música em Portugal, que visa a gravação e divulgação de obras fundamentais do Património Musical Português. Em Setembro de 2021, gravou um cd com obras de António Teixeira, Carlos Seixas, João Rodrigues Esteves e Francisco António de Almeida, ao que se seguem mais dois cds, com obras de António Carreira, Bartolomeu Trosylho, Frei Manuel Cardoso, Manuel Mendes e Miguel da Fonseca.
No âmbito da evocação dos 500 anos da morte de D. Manuel I (1521- 2021), tem concertos agendados em Évora, Lagos e no 47º Festival Estoril Lisboa.
O Polyphōnos é um agrupamento subsidiado pelo programa governamental Garantir Cultura.
DADOS BIOGRÁFICOS
Polyphonos Ensemble
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José Bruto da Costa Direção Musical
Licenciado em Musicologia pela FCSH-UNL, concluiu, paralelamente, o curso de Canto na classe da Professora Filomena Amaro, na EMCNL, tendo estudado Composição com Eurico Carrapatoso e Música de Câmara com Gabriela Canavilhas, José Manuel Brandão e Rui Pinheiro.
Participou em Master-classes de Elisabete Matos, Jill Feldman, Liliane Bizinech, Peter Harrison e Tom Krause.
Exerceu funções de docência no Instituto Superior de Educação e Ciências, na EMCNL, no Conservatório Regional de Setúbal e na Academia de Música de Santa Cecília.
Ao longo dos anos, publicou na Revista Portuguesa de Musicologia, na Glosas e na Brotéria, assim como produziu conteúdos para os Festivais da Póvoa do Varzim, Terras Sem Sombra, Música em São Roque e CCB.
Foi elemento fundador do Officium Ensemble e cantor residente do Banchetto Musicale. Elemento do Coro Gulbenkian desde 1998, e do coro Voces Caelestis, colabora com o Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian.
Enquanto diretor artístico deu em 1ª audição em Portugal o
Magnificat de Durante, os Responsórios Fúnebres de Castro Lobo e a Hofkapellmesse de Albrechstsberger, para além de ter dirigido, entre outras obras, os Motetes de Bach, a Messe Basse e o Requiem de Fauré, as Matinas de Natal de Maurício Nunes Garcia, o Gloria de Händel, as Litaniae Lauretane kv.197, as Missas kv.192, 220, 317 e o Requiem de Mozart, o Stabat Mater de Domenico Scarlatti e o Gloria de Vivaldi.
Em 2017, foi convidado a assumir a direção artística do Polyphōnos e, em 2020, do Coro da Universidade Nova de Lisboa. É doutorando em História da Arte na Universidade Nova de Lisboa.
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Sérgio Silva Órgão
Natural de Lisboa, Sérgio Silva começou por estudar órgão com João Vaz e António Esteireiro no Instituto Gregoriano de Lisboa, tendo prosseguido na Universidade de Évora, onde obteve os diplomas de Licenciatura e de Mestrado em Música, ramo de interpretação (Órgão), sob a orientação dos Professores João Vaz e João Pedro d’Alvarenga.
Para além dos seus estudos regulares, teve oportunidade de contactar com várias personalidades de renome internacional, tais como, José Luís Gonzalez Uriol, Luigi Ferdinando Tagliavini, Jan Wilhelm Jansen, Hans-Ola Ericsson e Kristian Olesen. Apresenta-se regularmente a solo e integrado em prestigiados agrupamentos nacionais, tendo já realizado concertos em vários pontos do país e em França, Itália, Inglaterra, Espanha, Alemanha e Macau.
Presentemente, é professor de órgão no Instituto Gregoriano de Lisboa e na Escola Diocesana de Música Sacra do Patriarcado de Lisboa e é organista titular da Basílica da Estrela e da Igreja de São Nicolau (Lisboa).
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Edificada pela Companhia de Jesus, num local que
anteriormente era dedicado ao culto a São Roque, a igreja representa um dos mais belos exemplares da arquitetura
maneirista nacional. Resistiu praticamente intacta ao terramoto de 1755, tendo sido incorporada na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 1768, por doação régia de D. José I. É um dos edifícios mais emblemáticos do século XVI que remanescem
na capital.
Evidencia-se, neste edifício, a qualidade do seu património artístico, constituído por azulejaria, mármores policromos, ourivesaria, talha dourada, pintura, escultura e relicários, património este que tem sido valorizado por sucessivas
campanhas de conservação e restauro. Destaque ainda para o teto, o único exemplar lisboeta que resta dos grandes tetos pintados no período maneirista, da autoria do pintor régio Francisco Venegas, mestre de origem espanhola.
Igreja
de São Roque
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Filipe Carvalheiro é formado em Composição pela Escola Superior de Música de Lisboa e em Direção pela Universidade de Cincinnati (Estados Unidos). Desenvolveu ainda estudos de aperfeiçoamento em Composição com Emmanuel Nunes (França) e Karlheinz Stockhausen (Alemanha) e de Direção de Orquestra com Donato Renzetti (Itália) e Jorma Panula (Finlândia).
Como maestro tem-se apresentado sobretudo na Dinamarca, Suécia, Áustria, Inglaterra, Polónia e Alemanha.
É atualmente maestro titular da Kammerorkestret Musica e do Kammerkoret Musica (Copenhaga).
Como maestro convidado ou assistente tem ainda colaborado com diversas orquestras e coros no norte da Europa, destacando- se a sua colaboração com o Teatro Real (Ópera de Copenhaga) e a Opera Hedeland (Hillerød).
Filipe Carvalheiro Diretor artístico
Temporada Música em São Roque
Em concursos internacionais conquistou por duas vezes o Conductors Prize, na Polónia em 2013 e em Espanha em 2015.
Em 2015 gravou o CD “Kvindestemmer” e dirigiu no Castelo de Kronborg, Helsingør, o concerto de gala para o lançamento da organização de cooperação internacional “Transition”, transmitido em direto para a Dinamarca, Suécia, Hungria, Japão e Índia.
A convite da Rainha Margrethe II da Dinamarca dirigiu o concerto comemorativo dos 100 anos de direito de voto feminino naquele país. Desde 1989, o Maestro e compositor Filipe Carvalheiro é o diretor artístico da Temporada Música em São Roque, organizada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
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Polyphonos Ensemble
PRÓXIMO CONCERTO
O Bando de Surunyo
Cambarito – cânticos de devoção e independência durante a Guerra da Restauração
Política, devoção e comédia fundem-se num programa poético e sonoro em torno dos peculiares e empolgantes tempos que se viviam em Portugal, no século XVII
_24 out_dom / 16h30
_Convento de São Pedro de Alcântara
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