• Nenhum resultado encontrado

A IMUNIDADE DAS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E A DECISÃO DO STF NO RE Nº 566.622 Zélia Luiza Pierdoná

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "A IMUNIDADE DAS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E A DECISÃO DO STF NO RE Nº 566.622 Zélia Luiza Pierdoná"

Copied!
20
0
0

Texto

(1)

XXVI CONGRESSO NACIONAL DO

CONPEDI SÃO LUÍS – MA

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO I

MARIA DE FATIMA RIBEIRO

ANTÔNIO CARLOS DINIZ MURTA

(2)

Copyright © 2017 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito Todos os direitos reservados e protegidos.

Nenhuma parte desteanal poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meiosempregadossem prévia autorização dos editores.

Diretoria – CONPEDI

Presidente - Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa – UNICAP

Vice-presidente Sul - Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – PUC - RS

Vice-presidente Sudeste - Prof. Dr. João Marcelo de Lima Assafim – UCAM Vice-presidente Nordeste - Profa. Dra. Maria dos Remédios Fontes Silva – UFRN Vice-presidente Norte/Centro - Profa. Dra. Julia Maurmann Ximenes – IDP Secretário Executivo - Prof. Dr. Orides Mezzaroba – UFSC

Secretário Adjunto - Prof. Dr. Felipe Chiarello de Souza Pinto – Mackenzie Representante Discente – Doutoranda Vivian de Almeida Gregori Torres – USP

Conselho Fiscal:

Prof. Msc. Caio Augusto Souza Lara – ESDH

Prof. Dr. José Querino Tavares Neto – UFG/PUC PR

Profa. Dra. Samyra Haydêe Dal Farra Naspolini Sanches – UNINOVE Prof. Dr. Lucas Gonçalves da Silva – UFS (suplente)

Prof. Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas – UFG (suplente) Secretarias:

Relações Institucionais – Ministro José Barroso Filho – IDP

Prof. Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho – UPF

Educação Jurídica – Prof. Dr. Horácio Wanderlei Rodrigues – IMED/ABEDi

Eventos – Prof. Dr. Antônio Carlos Diniz Murta – FUMEC Prof. Dr. Jose Luiz Quadros de Magalhaes – UFMG Profa. Dra. Monica Herman Salem Caggiano – USP Prof. Dr. Valter Moura do Carmo – UNIMAR

Profa. Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr – UNICURITIBA

D597

Direito tributário e financeiro I [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI

Coordenadores: Antônio Carlos Diniz Murta; Maria De Fatima Ribeiro; Raymundo Juliano Feitosa – Florianópolis: CONPEDI, 2017.

Inclui bibliografia ISBN:978-85-5505-526-3

Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações

Tema: Direito, Democracia e Instituições do Sistema de Justiça

CDU: 34 ________________________________________________________________________________________________

Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

Florianópolis – Santa Catarina – Brasil

Comunicação – Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro – UNOESC

1.Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Encontros Nacionais. 2. Tributos. 3. Impostos. XXVI Congresso Nacional do CONPEDI (27. : 2017 : Maranhão, Brasil).

Universidade Federal do Maranhão - UFMA

(3)

XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA

DIREITO TRIBUTÁRIO E FINANCEIRO I

Apresentação

O XXVI Congresso Nacional do CONPEDI se realizou em um momento de inflexão do

pensamento jurídico nacional. A despeito das controvérsias existentes quanto à proposta de

reforma previdenciária a ser, eventualmente, votada no Congresso Nacional, a efetividade da

reforma trabalhista recentemente vigente no país e mesmo quanto aos julgados associados

aos crimes de corrupção, percebe-se, também, movimentação quanto à apresentação à

sociedade brasileira da denominada "reforma tributária". Neste livro, contendo inúmeros

trabalhos da mais alta qualidade e com profundidade surpreendente, se considerada que a

maioria dos seus autores encontrar-se ainda nos primórdios de seus estudos pós graduados,

identifica-se, sobremaneira, reflexões afetas às limitações ao Poder de Tributar, como àquelas

voltadas para as hipóteses de imunidade tributária, sejam de templos de qualquer culto, das

entidades beneficentes de assistência social e imunidade recíproca quando da

responsabilidade na sucessão; aplicação de tributos em espécie como nos casos do ITCMD,

ISSQN e mesmo, considerando nossa contemporaneidade tecnológica, a possível modalidade

da tributação sobre produtos impressos em 3D; questões afetas ao tão sofrido orçamento

como sustentabilidade financeira e ambiental do Estado, efetividade das políticas públicas

tributárias em dentro outras, controle orçamentário sob a perspectiva da participação social.

O desafio que se revela, aqui e alhures, é dar concretude às nossas provocações e indagações

já que a elaboração, criação e apresentação de articulados deste jaez não poderão, apenas e

simplesmente, se quedar no âmbito do espaço do CONPEDI. Devemos, quando e se possível,

tentar carrear esforços para que nossos pensamentos, traduzidos na excelência deste livro,

chegue à sociedade brasileira para que possamos contribuir com um mínimo de nosso

pensamento, para fazer com que este país se revele no futuro menos injusto e cruel para a

maior parte de sua população, mormente quanto à busca de uma tributação que para seus

operadores deve evoluir para um padrão de maior racionalidade e equilíbrio quanto sua carga

todos nós imposta.

Boa leitura!

Profa. Dra. Maria De Fatima Ribeiro - UNIMAR

(4)

Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa - UNICAP

Nota Técnica: Os artigos que não constam nestes Anais foram selecionados para publicação

na Plataforma Index Law Journals, conforme previsto no artigo 7.3 do edital do evento.

(5)

A IMUNIDADE DAS ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E A DECISÃO DO STF NO RE Nº 566.622

THE IMMUNITY OF THE CHARITIES OF SOCIAL ASSISTANCE AND THE DECISION BRAZILIAN SUPREME COURT IN APPEAL 566.622

Zélia Luiza Pierdoná

Resumo

No Recurso Extraordinário nº 566.622, o STF fixou a tese de que os requisitos para o gozo da

imunidade prevista no §7º do art. 195 da Constituição devem ser estabelecidos por lei

complementar. O presente trabalho tem por objetivo demonstrar, a partir dos sistemas

tributário e de seguridade social, que o resultado do julgamento do STF não encontra

fundamento de validade no texto constitucional. Entretanto, considerando a legitimidade do

mencionado tribunal, será analisado, com base nos preceitos constitucionais que regem a

assistência social, se a observância das disposições do art. 14 do CTN é suficiente para

usufruir a citada imunidade.

Palavras-chave: Assistência social, Imunidade, Entidades beneficentes, Requisitos, Lei complementar

Abstract/Resumen/Résumé

In Appeal 566.622 the Supreme Court established the thesis that the requirements for the

enjoyment of the immunity provided by the brazilian Constitution (art. 195, §7º) must be

established by a complementary law. This paper aims to demonstrate, from the tax system

and social security system, that the outcome of the Supreme Court judgment does not find

grounds for validity in the constitutional text. However, considering the legitimacy of the

mentioned court, it will be analyzed, based on the constitutional grounds governing social

assistance, if compliance with the provisions of the Tax Code is sufficient to enjoy such

immunity.

(6)

INTRODUÇÃO

No Recurso Extraordinário nº 566.622, com repercussão geral reconhecida, o

Supremo Tribunal Federal, por maioria, fixou a tese de que os requisitos para o gozo da

imunidade prevista no §7º do art. 195 da Constituição, dirigida às entidades beneficentes de

assistência social, devem ser estabelecidos por lei complementar.

No referido recurso, discutia-se a constitucionalidade das leis que regulamentam a

imunidade tributária citada acima. A mencionada discussão também foi objeto das Ações

Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 2028, 2036, 2228 e 2621.

No presente trabalho será demonstrado que, considerando as disposições

constitucionais dos sistemas tributário e de seguridade social, o resultado do julgamento do

STF não encontra fundamento de validade no texto constitucional.

Entretanto, o mencionado tribunal tem legitimidade para decidir, em última instância,

a constitucionalidade das normas. Diante disso, será analisado se a observância das

disposições do art. 14 do CTN é suficiente para usufruir a imunidade, objeto deste estudo.

Para tanto, num primeiro momento, serão contextualizadas as contribuições de

seguridade social no sistema tributário nacional. Após, serão apresentados os pressupostos

constitucionais das citadas contribuições, bem como as imunidades a elas dirigidas. Na

sequência será analisada a imunidade dirigida às entidades beneficentes de assistência social,

prevista no §7º do art. 195 da Constituição, quando será demonstrado que o citado preceito

poderia ter sido regulamentado por meio de lei ordinária.

Finalmente, será abordado o conteúdo do preceito do §7º do art. 195 da Constituição,

no contexto da assistência social, o que permitirá concluir que as disposições do art. 14 do

CTN são insuficientes para regulamentar a imunidade de contribuições dirigida às entidades

beneficentes de assistência social.

DESENVOLVIMENTO

1 – As contribuições de seguridade social no contexto do sistema tributário

A seguridade social, nos termos do art. 195 da Constituição, é financiada por toda a

sociedade, de forma direta e indireta. A forma indireta é efetivada por meio de dotações do

(7)

efetuada por meio do pagamento de contribuições sociais.

As contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social possuem

preceitos específicos no art. 195 da Constituição e no caput do art. 239, também da

Constituição.

O Supremo Tribunal Federal, no contexto da Constituição de 19881, reconheceu que

as contribuições de seguridade social possuem natureza tributária. O referido reconhecimento

deu-se no julgamento do RE 143.733-92.

Assim, diante da natureza tributária das contribuições de seguridade social,

inicialmente serão feitas algumas considerações sobre as competências tributárias

determinada a cada um dos entes federativos na Constituição de 1988.

A referida Constituição, por ter mantido a federação como forma de Estado,

estabeleceu regras que garantem recursos a todos os entes federativos, para que eles possam

cumprir as responsabilidades que lhes foram atribuídas. Os mencionados recursos advêm de

suas respectivas competências tributárias (arts. 145 a 156) e das transferências de recursos

tributários (arts. 157 a 159).

No que tange à competência tributária, o art. 145 da Constituição estabelece que

todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) podem instituir

impostos, taxas e contribuições de melhoria.

Quanto aos impostos, a Constituição conferiu competências privativas nos arts. 153,

155 e 156, respectivamente da União, dos Estados e dos Municípios. Em relação ao Distrito

Federal, nos termos do art. 155 e parte final do art. 147, a competência é a mesma que a dos

Estados e dos Municípios. Conferiu, ainda, à União, a competência residual e extraordinária,

conforme preceitos do art. 154, incisos I e II, respectivamente.

Em relação às taxas, a competência tributária é determinada pela competência

administrativa relacionada ao exercício do poder de polícia e aos serviços públicos.

Já no que tange às contribuições de melhoria, a competência é do ente federativo

responsável pela obra pública.

1

No ordenamento anterior, em razão das alterações advindas com a EC nº 08/77, o Supremo Tribunal Federal entendia que as contribuições previdenciárias não tinham natureza tributária.

2

(8)

A Constituição ainda prevê a competência exclusiva da União para instituir

empréstimos compulsórios (art. 148), bem como as contribuições previstas no art. 149

(sociais, interventivas e corporativas).

Além da competência exclusiva da União para instituir as contribuições previstas no

caput do art. 149, o § 1º3, do referido artigo, estabelece a competência dos Estados, do Distrito

Federal e dos Municípios para instituir contribuição previdenciária de seus respectivos

servidores públicos.

Ainda, o art. 149-A, preceitua a competência dos Municípios e do Distrito Federal

para instituir contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública.

Como mencionado acima, as contribuições previstas no caput do art. 149 da

Constituição dividem-se em sociais, interventivas e corporativas, conforme se pode observar

no texto constitucional abaixo transcrito:

Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

As contribuições sociais, a que se refere o preceito transcrito, dividem-se em sociais

gerais e de seguridade social4. Isso porque as contribuições destinadas ao financiamento da

seguridade social possuem preceitos específicos previstos no art. 195 da Constituição, que as

diferem das contribuições sociais gerais.

Assim, apesar de as contribuições de seguridade social terem regras específicas

previstas no art. 195, elas estão incluídas nas contribuições sociais a que se refere o caput do

art. 149 da Constituição.

Dessa forma, verifica-se que as contribuições de seguridade social têm natureza

tributária e, como regra geral, a competência para instituí-las é exclusiva da União,

excetuando-se apenas a competência dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para

criarem contribuição previdenciária de seus respectivos servidores públicos (§1º do art. 149

da Constituição).

3

§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão contribuição , cobrada de seus servidores, para

o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário de que trata o art. 40, cuja alíquota não será inferior

à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União.

4 PIERDONÁ, Zélia Luiza. Contribuições sociais: gerais e de seguridade social. In: Eduardo Marcial Ferreira

(9)

2 – Contribuições de seguridade social

A seguridade social, nos termos do art. 194 da Constituição, corresponde a um

conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a

assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

O financiamento do citado sistema de proteção é de responsabilidade de toda a

sociedade, conforme mencionado no início do item anterior, que o faz de forma direta e

indireta. A forma direta é efetuada por meio do pagamento das contribuições de seguridade

social, as quais estão pressupostas no texto constitucional, especificamente no art. 195 e no

caput do art. 239.

O art. 195, em seus incisos, estabelece os pressupostos dos fatos geradores/bases de

cálculo/sujeitos passivos de seis contribuições sociais: contribuição da empresa sobre a folha

de salário e demais rendimentos pagos à pessoa física mesmo que sem vínculo empregatício;

contribuição da empresa sobre a receita ou faturamento; contribuição da empresa sobre o

lucro; contribuição dos trabalhadores; contribuição sobre a receita de concursos de

prognóstico; e, contribuição do importador de bens ou serviços do exterior.

O caput do art. 239 recepcionou as contribuições para o PIS e para o PASEP e as

destinou ao seguro-desemprego e ao abono previsto no §3º do referido dispositivo

constitucional (correspondente a um salário mínimo anual, devido aos empregados que

recebem de seus empregadores, que contribuem para o PIS e PASEP, até dois salários

mínimos de remuneração mensal).

Dessa forma, são sete as contribuições destinadas a financiar a seguridade social.

Porém, três delas destinam-se à previdência social: a contribuição da empresa sobre a folha, a

contribuição do trabalhador (art. 167, XI da Constituição) e a contribuição do PIS/PASEP

(art. 239 – seguro desemprego e abono previsto no §3º do citado artigo). Assim, as referidas

contribuições podem ser denominadas “contribuições previdenciárias”. As demais

contribuições somente podem ser designadas “contribuições de seguridade social”.

Registre-se que as contribuições dos servidores públicos e as contribuições dos entes

federativos, sobre a remuneração de seus servidores, são consideradas, respectivamente,

contribuições dos trabalhadores e contribuições dos empregadores sobre a folha. Portanto,

também são contribuições previdenciárias, pois são destinadas exclusivamente ao pagamento

dos benefícios previdenciários dos Regimes Próprios de Previdência Social (dirigidos aos

(10)

Portanto, além da contribuição da empresa sobre a folha e da contribuição do

trabalhador, a contribuição do PIS/PASEP, também é uma contribuição previdenciária. Isso

porque destina-se à proteção do desemprego involuntário (art. 201, III da Constituição) e aos

trabalhadores de baixa renda, nos termos do §3º do art. 239 da Constituição.

Assim, considerando que a previdência é um dos subsistemas da seguridade social,

as três contribuições mencionadas, apesar de poderem ser denominadas contribuições

previdenciárias, podem ser designadas contribuições de seguridade social. O que não se pode

é designar as sete de contribuições previdenciárias, pois as quatro restantes são destinadas aos

três subsistemas da seguridade social (saúde, previdência e assistência social).

Registre-se que, além das sete contribuições já pressupostas, o § 4º do art. 195 da

Constituição prevê a possibilidade de instituir outras contribuições, por meio de lei

complementar.

Emendas constitucionais foram utilizadas para ampliar a competência da União para

instituir contribuições de seguridade social: o inciso I do art. 195 e suas alíneas “a” e “b”, bem

como o inciso II foram ampliados pela EC nº 20/98; o inciso IV, também do art. 195, foi

acrescentado pela EC nº 42/03; e a CPMF - contribuição provisória sobre movimentação

financeira (ADCT) teve sua instituição autorizada pela EC nº 12/96 e suas prorrogações

estabelecidas pelas ECs nº 21/99, 37/02 e 42/03.

Assim, por meio das contribuições acima mencionadas, toda a sociedade participa,

de forma direta, do financiamento da seguridade social, excetuando-se as hipótese de

imunidade que a Constituição estabeleceu.

Nesse sentido, há três imunidades relacionadas às contribuições para a seguridade

social: a imunidade dirigida aos aposentados e pensionistas (parte final do inciso II do art. 195

– relativa ao Regime Geral de Previdência Social e §§18 e 21 do art. 40 – relativa aos

Regimes Próprios de Previdência Social); a imunidade sobre as receitas decorrentes de

exportação (art. 149, § 2º, I); e, a imunidade destinadas às entidades beneficentes de

assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (§ 7º do art. 195).

Considerando o objeto do presente trabalho, a seguir serão apresentadas

considerações relacionadas à imunidade das entidades beneficentes de assistência social.

(11)

O § 7º do art. 195 da Constituição estabelece que “são isentas de contribuição para a

seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências

estabelecidas em lei.”

Trata-se de imunidade, apesar de o texto constitucional utilizar o termo “isenção”.

Isso porque a Constituição estabelece normas sobre competência tributária, sendo que a

imunidade é um preceito que participa do desenho da referida competência. A isenção é

matéria de legislação infraconstitucional e trata da problemática da incidência.

Do texto constitucional acima transcrito, verifica-se, em primeiro lugar, que a

imunidade é dirigida às entidades beneficentes de assistência social. Verifica-se, ainda, que

as referidas entidades devem atender exigências que devem ser fixadas em lei. Assim, a seguir

serão abordados os dois pontos.

3.1 – Natureza da lei que estabelece as exigências: ordinária ou complementar

O Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário nº 566.622, com

repercussão geral reconhecida e nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) nºs 2028,

2036, 2228 e 2621, fixou a tese de que as exigências para o gozo da imunidade, objeto do

presente trabalho (§7º do art. 195 da Constituição), devem ser estabelecidos por lei

complementar.

Entretanto, a referida tese não encontra fundamento de validade no texto

constitucional, conforme será demonstrado abaixo.

Inicialmente deve ser ressaltado que a imunidade das contribuições de seguridade

social, referida no §7º do art. 195, é diversa daquela prevista para os impostos, também

dirigida às instituições de assistência social e estabelecida no art. 150, VI, “c”, uma vez que

esta última é para as instituições de assistência social, sem fins lucrativos, conforme se pode

observar no texto abaixo transcrito:

Art. 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI – instituir impostos sobre:

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei.

Assim, comparando-se o texto do §7º do art. 195 com aquele acima transcrito,

(12)

no item anterior, é dirigida às entidades beneficentes de assistência social, enquanto que a

imunidade de imposto é dirigida às entidades de assistência social sem fins lucrativos.

Portanto, aquelas devem ser beneficentes e estas basta a inexistência de finalidade lucrativa.

O fato de ter que ser beneficente será objeto de considerações no próximo item.

Neste, será abordado se a lei que regulamente as exigências/requisitos deve ou não ser

complementar.

Nesse sentido, verifica-se que os dois preceitos imunizantes (§7º do art. 195 e alínea

“c” do inciso VI do art. 150) estabelecem a necessidade de atendimento dos

requisitos/exigência, que devem ser estabelecidos em lei.

Dessa forma, dois questionamentos surgem de imediato: o primeiro se a “lei”

referida nos citados preceitos deve ser ordinária ou complementar; e, o segundo, se deve ser

da mesma natureza para os dois preceitos ou pode ser diversa.

Em relação à imunidade de impostos (alínea “c” do inciso VI do art. 150 da

Constituição) não há discussão de que a lei que fixa os requisitos deve ser complementar e,

em vista disso, também não há dúvidas que se aplicam as disposições dos arts. 9º e 14 do

Código Tributário Nacional.

Portanto, a controvérsia reside na imunidade relacionada às contribuições de

seguridade social, a qual foi objeto do Recurso Extraordinário nº 566.622, com repercussão

geral reconhecida, e das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) nº 2028, 2036, 2228 e

2621.

O Supremo Tribunal Federal, conforme já mencionado, fixou a tese de que as

exigências para o gozo da citada imunidade devem ser estabelecidos por meio de lei

complementar.

O referido tribunal entendeu que deveria ser observado o preceito do art. 146, II da

Constituição, mesmo no caso da imunidade dirigida às entidades beneficentes de assistência

social, haja vista a natureza tributária das contribuições. O mencionado preceito da

Constituição exige lei complementar para regular as limitações ao poder de tributar.

Entretanto, considerando os preceitos constitucionais do sistema tributário, bem

como os do sistema de seguridade social, o resultado do citado julgamento não encontra

fundamento de validade no ordenamento jurídico.

(13)

se refere o §7º do art, 195, haja vista que o art. 149 caput, estabelece que a União, ao instituir

as contribuições sociais, interventiva e corporativa, deve observar os preceitos previstos no

art. 146, III, 150, I e III e, em relação às contribuições de seguridade, o preceito do §6º do art.

195, conforme se observa no dispositivo abaixo transcrito:

Art. 149 – Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômica, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

Verifica-se que o referido preceito constitucional não mencionou art. 146, II,

especificamente. Também não mencionou apenas o art. 146, sem qualquer referência a seus

incisos, o que exigiria a observância de todos os incisos do referido dispositivo constitucional.

Assim, deve ser questionada a razão pela qual o caput do art. 149 não determinou

que a União observasse também o inciso II do art. 146 (exigência de lei complementar), ao

estabelecer as limitações ao poder de tributar relacionadas às contribuições sociais,

interventivas e corporativas.

Há dois fatores que determinam a não exigência de lei complementar para regular as

limitações constitucionais ao poder de tributar, relativas as contribuições previstas no caput

do art. 149 da Constituição.

O primeiro deles está relacionado ao fato de que não há necessidade de

uniformização no trato da imunidade pelos diferentes entes federativos, como se dá em

relação aos impostos. Isso porque a competência para instituir as contribuições sociais,

interventivas e corporativas, em regra, é apenas da União.

Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios possuem competência somente para

instituir contribuições previdenciárias de seus servidores (§ 1º do art. 149 da Constituição) e a

imunidade relacionada às contribuições previdenciárias dos servidores está claramente

definida nos §§18 e 21 do art. 40 da Constituição, não havendo necessidade de qualquer

regulamentação.

O segundo motivo que levou o constituinte a não exigir a observância do inciso II do

art. 146 da Constituição, deve-se ao fato de que não se trata de hipótese que deve ser

dificultada a criação da lei, por meio do quorum qualificado, como se dá, por exemplo, na

criação de empréstimos compulsórios (art. 148 da Constituição Federal). Isso porque a

(14)

infraconstitucional, somente a definição das exigências que as entidades beneficentes de

assistência social devem atender para usufruir da imunidade.

Nesse sentido deve ser registrado que a Constituição inclusive já estabeleceu que as

instituições de assistência social devem ser beneficentes.

Portanto, mesmo que se utilize o argumento de que a exigência de lei complementar

resulta de uma interpretação sistemática dos dispositivos do §7º do art. 195 e do inciso II do

art. 146, ambos da Constituição, verifica-se que o argumento não poderia ter prevalecido, pois

uma interpretação verdadeiramente sistemática exigiria também a observância do caput do

art. 149, o qual deliberadamente não referiu o inciso II do art. 146.

Assim, as exigências a que se refere o §7º do art. 195 poderiam ser estabelecidas por

lei ordinária. Nesse sentido, as citadas exigências foram, inicialmente, estabelecidas pelo art.

55 da Lei nº 8.213/1991, o qual teve dispositivos alterados pela Lei nº 9.732/1998.

Posteriormente, foram reguladas pela Lei nº 12.101/2009, todas leis ordinárias.

As mencionadas normas, conforme já referido, foram julgadas inconstitucionais pelo

Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 566.622, com repercussão geral

reconhecida, e nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) nº 2028, 2036, 2228 e

2621.

A questão que se coloca é se os dispositivos do art. 14 do Código Tributário

Nacional – CTN podem ser considerados como regulamentadores das exigência a que se

refere o §7º do art. 195, enquanto não editada lei complementar a que se refere o preceito

constitucional.

Registre-se que o mencionado dispositivo do Código Tributário Nacional refere-se à

alínea “c” do inciso IV do art. 9º, o qual veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios cobrar imposto “sobre o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos,

inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de

educação e de assistência social, sem fins lucrativos”.

O art. 14 do CTN assim estabelece:

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;

(15)

III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício.

§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.

Apesar de a maioria dos ministros terem mencionado que, enquanto não foi editada

lei complementar, devem ser aplicadas as regras do artigo 14 do Código Tributário Nacional,

o mencionado entendimento não pode prevalecer, conforme será demonstrado no presente

trabalho.

Isso porque, o citado dispositivo do CTN regulamenta a imunidade de impostos, a

que se refere o art. 150, VI, “c” da Constituição, sendo que, em relação às instituições de

assistência social, o referido dispositivo constitucional exige apenas a ausência de finalidade

lucrativa. Já em relação à imunidade de contribuições de seguridade social, prevista no art.

195, §7º, também dirigida às instituições de assistência social, a Constituição estabelece que a

entidade deve ser beneficente.

Portanto, a Constituição estabeleceu um grande divisor entre a imunidade de

impostos (art. 150, VI, “c”) e a imunidade de contribuições de seguridade social (art. 195,

§7º), uma vez que expressamente preceituou que, para fazer jus a imunidade de contribuições,

as entidades assistenciais devem ser beneficentes, e não apenas que não tenha finalidade

lucrativa, o que será abordado no próximo item.

3.2 – Entidades beneficentes de assistência social

O § 7º do art. 195, conforme já referido, estabelece que “as entidades beneficentes de

assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”, fazem jus à imunidade de

contribuições para a seguridade social.

Verifica-se que a citada imunidade é dirigida às entidades beneficentes de assistência

social. Assim, em primeiro lugar, deve ser ressaltado o que a própria Constituição estabelece

como sendo “assistência social”, conforme se pode observar no preceito do art. 203, abaixo

transcrito:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

(16)

II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Verifica-se, a partir do dispositivo constitucional, que a assistência social deve ser

prestada aos necessitados e independe de contribuição do beneficiário.

Os incisos do artigo acima transcrito referem-se às disposições do caput. Com isso,

todas as hipóteses dos incisos devem ter como destinatários os necessitados.

A citada conclusão deve-se ao fato de que o subsistema de assistência social é

subsidiário no contexto do sistema de seguridade social. O mencionado sistema é composto

por três subsistemas: o da saúde, o da previdência e o da assistência social. Este é subsidiário,

tanto do subsistema previdenciário, quanto da proteção familiar.

A referida subsidiariedade foi defendida por William Beveridge e a Constituição de

1988 adotou o modelo por ele preconizado5.

Carlos Gustavo Moimaz Marques também reconhece a dupla subsidiariedade do

subsistema assistencial. Em relação ao subsistema previdenciário, ele assim assevera:

o viés subsidiário do sistema assistencial em relação à previdência vem expressamente apontado pelo constituinte que define como fundamento da ordem social o primado do trabalho: se o que move a ordem social é o trabalho, e se os titulares da proteção previdenciária são os trabalhadores, só haverá assistência

àqueles que não consigam trabalhar ou prover a sua própria subsistência.6

Quanto a subsidiariedade da proteção estatal, frente à familiar, o autor acima referido sustenta que:

o princípio da subsidiariedade no campo assistencial vem justamente ressaltar e hierarquizar a atuação dessas várias espécies de assistência. A atuação do sistema assistencial mais complexo (estatal) só ocorrerá quando os menores (família e

privado) não se mostrarem aptos o suficiente7

.

5

BEVERIDGE, William. O plano Beveridge: relatório sobre o seguro social e serviços afins. (tradução de

Almir de Andrade). Rio de Janeiro : Livraria José Olympio Editora, 1943. 6

MARQUES, Carlos Gustavo Moimaz. Reflexões sobre a decisão so STF que declarou a inconstitucionalidade do critério de miserabilidade estabelecido pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS – Lei nº 8.742/1993), p. 109.

7 MARQUES, Carlos Gustavo Moimaz. Reflexões sobre a decisão so STF que declarou a

(17)

Assim, a proteção da assistência social estatal deve ser concedida aos necessitados, e,

conforme estabelece o caput do art. 203 da Constituição, transcrito acima, independente de

contribuição. Isso também deve ser observado pelas entidades que substituem o Estado na

prestação de serviços de assistência social.

É esse o conteúdo do preceito do §7º do art. 195 da Constituição quando exige que a

entidade de assistência social deve ser “beneficente”.

Com isso, para que as citadas entidades façam jus à imunidade de contribuições de

seguridade social, elas devem substituir o poder público na prestação de serviços de

assistência social, atendendo aqueles destinatários que seriam protegidos pela assistência

estatal: os necessitados. Os serviços devem ser prestados aos usuários independente de

contraprestação direta, uma vez que o necessitado não é detentor de capacidade econômica

que lhe permita remunerar os serviços que lhe são prestados.

Somente nesse contexto é que se pode admitir a renuncia de receitas de contribuição

de seguridade social, prevista por meio da imunidade objeto deste trabalho.

Isso porque, se a imunidade é concedia às entidades beneficentes de assistência

social que substituem o estado na prestação assistencial, e se o estado somente atenderia os

necessitados e não cobraria pelo atendimento, as instituições que o substituem devem

proceder da mesma forma, ou seja, devem prestar serviços de assistência social aos

necessitados, sem exigir qualquer contraprestação pelo serviço prestado.

Portanto, a própria norma constitucional possui um conteúdo que não pode ser

deixado de lado, quando se analisa se a entidade de assistência social deve ou não usufruir da

imunidade.

Do contrário, haveria violação ao preceito do caput do art. 195 da Constituição que

estabelece que toda a sociedade deve financiar a seguridade social.

Exatamente por isso que as normas que estabeleciam os requisitos, exigiam que a

entidade prestasse serviço de assistência social aos necessitados e de forma gratuita.

Como as referidas normas foram consideradas inconstitucionais, porque não

atenderam a forma que o STF entendeu que deveria obedecer, isso não significa que elas

fazem jus à imunidade apenas cumprindo os requisitos relacionados no art. 14 do CTN, pois,

no referido dispositivo, não há qualquer exigência de atendimento a necessitados, nem da

(18)

Assim, ou o STF, no âmbito de embargos de declaração, determina que as

exigências a que se referiam as leis, tidas como inconstitucionais, sejam cumpridas até que

uma lei complementar regulamente o dispositivo constitucional ou as entidades de assistência

social não poderão usufruir da imunidade, até que seja editada a mencionada lei

complementar.

Isso porque os preceitos do art. 14 do Código Tributário Nacional são insuficientes

para a concessão da imunidade prevista no §7º do art. 195 da Constituição, pois, conforme as

regras estabelecidas nos incisos do citado dispositivo legal, basta que a instituição não

distribua qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título (inciso I);

que aplique integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos

institucionais (inciso II); e que mantenha escrituração de suas receitas e despesas em livros

revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão (inciso III).

Verifica-se, a partir da análise dos dispositivos do artigo 14 do CTN, que não há

qualquer exigência relacionada à necessidade do fornecimento de serviços “gratuitos” aos

necessitados.

Com isso, inexiste qualquer regulamentação infraconstitucional que permita que as

entidades de assistência social usufruam da imunidade prevista no § 7º do art. 195 da

Constituição, salvo se o STF determinar a aplicação das leis, objeto do RE nº 566.622 e das

ADIs nºs 2028, 2036, 2228 e 2621, até a edição da lei complementar que regulamente a

imunidade dirigida às entidades beneficentes de assistência social.

Isso porque na ausência de norma que regulamente o §7º do art. 195 da Constituição,

não há como as entidades usufruírem da imunidade, pois a Constituição exige

complementação por norma infraconstitucional, não sendo o caso de o Poder Judiciário ou de

a própria entidade de assistência social definir se deve ou não prestar serviços gratuitos aos

necessitados e em que percentual deve fazê-lo.

CONCLUSÕES

Verificou-se que a decisão do Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário

nº 566.622 e nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 2028, 2036, 2228 e 2621, não

encontra fundamento de validade na Constituição, uma vez que os preceitos do sistema

(19)

as exigências a que se refere o §7º do art. 195 da Constituição. As citadas exigências

poderiam ter sido regulamentadas por meio de lei ordinária.

No entanto, o mencionado tribunal tem legitimidade para se manifestar, em última

instância, sobre a constitucionalidade das leis. Em razão disso, as referidas exigências devem

ser fixadas por meio de lei complementar, haja vista o julgamento acima referido.

Com isso, considerando a citada decisão do Supremo Tribunal Federal, as normas

infraconstitucionais que regulamentavam o §7º do art. 195 são inconstitucionais, já que foram

editadas por meio de lei ordinária.

Assim, como as referidas normas foram consideradas inconstitucionais e, como os

preceitos do art. 14 do Código Tributário Nacional são insuficientes para a regulamentação

da imunidade – já que não estabelecem nenhuma exigência relacionada ao fato de que as

entidades de assistência social devem ser beneficentes, nos termos do §7º do art. 195 da

Constituição -, inexiste qualquer regulamentação infraconstitucional que permita que as

citadas entidades de assistência usufruam da referida imunidade.

Dessa forma, se o Supremo Tribunal Federal não determinar a aplicação das leis, que

julgou inconstitucional, até a edição de lei complementar que regulamente a imunidade

dirigida às entidades beneficentes de assistência social, não há como permitir que as citadas

entidades usufruam da imunidade.

REFERÊNCIAS

BEVERIDGE, William. O plano Beveridge: relatório sobre o seguro social e serviços afins.

(tradução de Almir de Andrade). Rio de Janeiro : Livraria José Olympio Editora, 1943.

MARQUES, Carlos Gustavo Moimaz. Reflexões sobre a decisão so STF que declarou a

inconstitucionalidade do critério de miserabilidade estabelecido pela Lei Orgânica da

Assistência Social (LOAS – Lei nº 8.742/1993). In. Revista da Ajuris, v. 132, 2013, pp. 89 a

115.

PIERDONÁ, Zélia Luiza. “Entidades educacionais e a imunidade relativa às contribuições

para a seguridade social” in Direito Público, Coordenação Paulo César Conrado e Sérgio

Gonini Benício, São Paulo: Editora Federal, 2005, pp. 275-297.

(20)

Marcial Ferreira e João Bosco Coelho Pasin. (Org). Tributos em espécie: fundamentos e

Referências

Documentos relacionados

Desenvolver gelado comestível a partir da polpa de jaca liofilizada; avaliar a qualidade microbiológica dos produtos desenvolvidos; Caracterizar do ponto de

If teachers are provided with professional development opportunities that helps them develop a learning environment that is relevant to and reflective of students'

Sabe-se que as praticas de ações de marketing social tem inúmeras funções, dentre estas o papel de atuar na mudança de valores, crenças e atitudes, porém os alunos da

Esse tipo de aprendizagem funciona não no regime da recognição (DELEUZE, 1988), que se volta a um saber memorizado para significar o que acontece, mas atra- vés da invenção de

Os dados foram discutidos conforme análise estatística sobre o efeito isolado do produto Tiametoxam e a interação ambiente/armazenamento no qual se obtiveram as seguintes

Negativa a PRAÇA, não havendo a remição nem requerendo o credor a adjudicação dos bens penhorados, fica desde já designado LEILÃO NA MODALIDADE PRESENCIAL

• No lucro real, a opção se dá quando do primeiro recolhimento do lucro estimado (para aqueles tributados pelo regime anual), ou quando do recolhimento do imposto referente ao

8.1 - Para o recebimento do reembolso, o empregador deverá encaminhar à gestora, cópia do TRCT (Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho), devidamente