BH/UFC
baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAR T I G O
ANTROPOLOGIA DA HONRA:
UMA ANÁLISE DAS GUERRAS SERTANEJAS
E
utsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA ste trabalho secons-titui no resumo de
dois capítulos de
mi-nha tese de doutorado em
Ciências Sociais intituladabaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAA
D e r r a d e i r a G e s t a . L a m p i ã o
e N a z a r e n o s G u e r r e a n d o
n o S e r t ã o , defendida na
PUC-SP.
Utilizo a expressão
" g u e r r a s s e r t a n e j a s " por
considerar o conceito de
Elemento importante para o desvelamento dessa
realidade é a decodificação
da linguagem usada pelos
contendores no campo da
luta e do imaginário
serta-nejo, construído
simbolica-mente com as misérias e glórias dos homens em suas relações sociais e com a
natureza. " H o m e n s d e b e m "
e " b a n d i d o s ' têm
significa-dos absolutamente opostos,
correspondendo a formas
D o u to r a e m C iê n c ia s S o c ia is ( P U C /S P ) . P r o fe s
-s o r a A d ju n ta d e A n tr o p o lo g ia d a U E R J diferenciadas de ordenação
e articulação de regras, va-lores, em códigos culturais.
Na literatura de cordel, como nos racontos da memória popular e nos
depoi-mentos coletados na pesquisa de campo em mais de trinta anos percorrendo os sertões de
Alagoas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte e Ceará, sobressaem o tom poético e a estrutura épica das histórias
revi vidas como sagas. O imaginário sertanejo
deu formato de epopéia às narrativas dos
con-frontos entre valentes, mitologizados como
símbolos da coragem do homem sertanejo. Sem querer reificar a idéia de cultura
ser-taneja como algo dado, de forma acabada, na
delimitação do tema que analiso, regional,
tem-poral e conjunturalmente, procuro trabalhar os
termos 'sertão' e 'sertanejo' como categorias
elaboradas por teóricos e literatos, bem como
os elementos invocados por agentes sociais concretos em seus discursos através dos quais
LUITGARDE OLNElRA CAVALCANTI BARROS*
R E S U M O
S ín te s e d e d o is c a p ítu lo s d e m in h a T e s e d e D o u to r a d o ( A D e r r a d e ir a G e s ta : L a m p iã o e N a z a r e n o s G u e r r e a n -d o n o S e r tã o ) , e s te tr a b a lh o a n a lis a lu ta s n o N o r d e s te , tr a v a d a s n o e s p a ç o s e r ta n e jo , s o b a e v o c a ç ã o d o " c ó d ig o d e h o n r a " . A p a r tir d o e n te n d im e n to d a c u ltu r a c o m o c ó d ig o , m o s tr a a s fo r m a s d e o r g a n iz a ç ã o e a p r o -p r ia ç ã o d e s ím b o lo s c u ltu r a is c o m o c o r a g e m , v a le n tia , r o u b o e h o n r a , p o r g r u p o s e m c o n fr o n to m o r ta l, o s c a n g a c e ir o s e s e u s p e r s e g u id o r e s . N u m a s e q ü ê n c ia d e h is tó r ia s d e v a le n te s q u e d e r a m s u a v id a n o " c a m -p o d a h o n r a " - S in h ô P e r e ir a . J o s é d e S o u z a , a lu ta e n tr e L a m p iã o ( c a n g a c e ir o ) e N a z a r e n o s ( in im ig o s d o c a n g a ç o ) a p a r e c e c o m o a ú ltim a m a n ife s ta ç ã o d a p r e -s e n ç a d e s s e s v a lo r e s , d e h e r a n ç a d o c a n c io n e ir o m e -d ie v a l, n a s lu ta s q u e c o n v u ls io n a r a m a q u e la s o c ie d a d e .
" g u e r r a c a n g a c e i r a " ,
en-contrado nos livros G u e r
-r e i -r o s d o S o l e L a m p i ã o
A l é m d a V e r s ã o - M e n t i r a s
e M i s t é r i o s d e A n g i c o ,
es-critos respectivamente por Frederico Pernam-bucano de Mello (Pernambuco) e Alcino Alves
Costa (Sergipe), insuficiente para a análise do
cangaço e outras manifestações da violência
no nordeste sertanejo. Atendo-se
exclusiva-mente às manifestações concretas da
violên-cia, constantes dos embates nas diferentes
guerras do sertão nordestino, aqueles autores
homogeneízam essas lutas como " g u e r r a s
c a n g a c e i r a s ' .
Estudando os elementos mais recorren-tes naquela sociedade, destaca-se a
violên-cia, uma constante nas lutas sociais não só ali,
mas em todas as regiões do país. Entendo o
fenômeno como elemento necessário à
ma-nutenção das relações sociais em estruturas
desigualitárias, como ressalta Maria Sílvia de
Carvalho Franco no seu já clássico H o m e n s
L i v r e s n a O r d e m E s c r a v o c r a t a .
se vêem e representam como sertanejos. Este
se ver e se autoper ceber e representar é construido a partir da vivência e manipulação de valores culturais centenariamente
articula-dos nos chamaarticula-dosbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA" c ó d i g o s d a h o n r a s e r t a n e
-ja',
do apego à terra de seus ancestrais, doconhecimento do mundo a que pertence.
Essa constatação me remete à proposta
de análise sociológica da honra, apresentada por
Carlos Alberto Dória no texto " A T r a d i ç ã o H o n
-r a d a ( a h o n r a c o m o t e m a d e c u l t u r a n a s o c i e -d a -d e i b e r o a m e r i c a n a ) " " . Apresentando a universalização do fenômeno, o autor analisa
esta categoria tradicionalmente objeto de
estu-do estu-do Direito, da Religião, da Filosofia, etc., a
partir das teorias de Hobbes, Montesquieu e Weber. Este último autor encontrava
importân-cia dos códigos de honra apenas nas
socieda-des estamentais. Mostrando sua importância na
explicação de diferentes momentos da história
dos povos, registra a persistência de códigos de honra no que delimitou como ,.s o c i e d a d e
i b e r o a m e r i c a n a ' (Portugal e Brasil), insistindo na necessidade de se fazer " a n á l i s e s d e s u a s
v á r i a s r e p r e s e n t a ç õ e s e m s o c i e d a d e s c o n c r e t a s " .
No período estudado,
fi n s d o s é c u l o X I X a t é à s p r i m e i r a s d é c a d a s d o a t u a l , p o d e - s e a fi r m a r q u e o u s o d e s s e s c ó d i -g o s i n i c i a l m e n t e m o n o p ó l i o e i n d i c a t i v o d e
" c l a s s e s u p e r i o r " , n o b r e z a , r i q u e z a e p o d e r , t i n h a - s e s o c i a l i z a d o c u l t u r a l m e n t e c o m m u -d a n ç a s d e s i g n i fi c a d o . M a i s d e d u z e n t o s a n o s a p ó s a c o n s t i t u i ç ã o d a c l a s s e d i r i g e n t e n a c o
-l ô n i a , m u i t o s d e s e u s d e s c e n d e n t e s e r a m p o -b r e s , h e r d e i r o s d e p e q u e n a s p r o p r i e d a d e s o r i g i n á r i a s d e p a r t i l h a s fa m i l i a r e s d e a n t i g a s s e s m a r i a s . C o m o m u i t o s h o m e n s l i v r e s q u e c o n s e g u i r a m a l g u m a a s c e n s ã o s o c i a l , e s s e sg r u -p o s a -p a r e c e m n o s e r t ã o c o m o e s b o ç o d e u m a
i n s i p i e r u e c a m a d a m é d i a q u e , n ã o c o m p o n d o Og r u p o n o p o d e r , n ã o t e n d o i m p o r t â n c i a n a
e c o n o m i a d e e x p o r t a ç ã o d o s s e n h o r e s d e e n -g e n h o , n e m p e r t e n c e n d o à c a t e g o r i a d e g r a n
-d e s fa z e n -d e i r o s , t a m b é m n ã o s e c o n s t i t u e m h o m e n s d o a l u g a d o , n e m i n t e g r a m o q u a d r o d o s t o t a l m e n t e d e s p o s s u i d o s q u e t ê m s u a fo r -ç a d e t r a b a l h o e s u a c o r a g e m n a s m ã o s d o s m e m b r o s d a c l a s s e d o m i n a n t e " .
A forma como se construíram e traça-ram vivencialmente estratégias de
sobrevivên-cia, são o fulcro de minhas pesquisas.
Pela incapacidade de ampliarem suas pe-quenas heranças, esses descendentes de
ve-lhos troncos familiares apegavam-se a seus pedaços de terra, às glórias ancestrais, à defesa
de um nome honrado, único bem que
depen-deria exclusivamente de suas açôes, isto é, da
forma como se aproximassem ou distanciassem
dos códigos sociais estabelecidos. Teriam ao mesmo tempo que lutar pela sobrevivência,
numa sociedade em que o trabalho era uma
ação infamante. Escravos, judeus, ciganos e
mestiços eram infames, como trabalhadores bra-çais e manuais, mesmo brancos e livres
perten-ciam aos desqualificados sociais.
a sociedade sertaneja a ameaça maior
para aqueles produtores desnecessários ao
equilíbrio econômico do sistema era perde-rem a terra, emigraperde-rem rumo ao
desconheci-do, ou caírem na posição de .,t r a b a l h a d o r n a
t e r r a d o s o u t r o s ' . Essa preocupação se traduz no ditado corrente naquele período: " O n d e
m e c o n h e c e m , h o n r a s m e dão, o n d e n ã o m e c o n h e c e m , m e d a r ã o , o u n ã o t " .
Corolário desse medo de resvalarem
para a camada onde se recrutavam os
valen-tes para as cabroeiras (exércitos privados dos
grandes proprietários ou bandos
periodica-mente organizados), a defesa da propriedade
dos bens de subsistência se fazia com o risco de vida, condenando-se como transgressão
imperdoável o roubo de gado, cavalo e bode.
O ladrão se torna o mais odiado da
socieda-de, o desagregador do equilíbrio
socioeco-nômico arduamente mantido numa sociedade
periodicamente fustigada pela seca.baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Como forma de puniçao desse crime,
desenvolve-se a violência exacerbada da
po-pulação em rituais exemplares de
perversi-dade visando dissuadir os indivíduos dessa
prática. Esse processo é unanimemente
san-cionado como punição de umbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA" p e c a d o m o r
-t a ! ' , tornando-se o transgressor o elemento
mais infame da comunidade, restando-lhe, se
escapasse da morte - muitas vezes com
mutilações denunciadoras do roubo, a
expul-são do meio de seu povo onde passa a lhe
ser negada qualquer pretensão de honra.
Em minhas pesquisas sobre essa região,
tenho detectado, em situações concretas, a
existência de códigos de honra como
determinantes das ações individuais e grupais.
Para o entendimento da passagem das idéias
às ações nessa sociedade, remeto-me, numa
perspectiva gramsciana, ao estudo da
supe-restrutura, da religião como forma específica
de ideologia, de sua importância na
constitui-ção da sociedade sertaneja.
Para Carlos Alberto Dória a Igreja
de-sempenha importante papel, na manipulação
e publicidade da honra.
Em fins do século passado surgem as
gráficas publicando sob forma de livros de
feira (cordéis), antigos " r o r n a n ç o s ' , cantigas
das gestas medievais, histórias de valentes,
divulgando-se também o livro P e r e g r i n o d a
A m é r i c a , de frei Bruno Marques Pereira.
Es-crito em versos, é um guia de procedimentos
sociais, passando a integrar o cancioneiro
po-pular. Sílvio Romero destaca alguns desses
versos mais reproduzidos nos cordéis, livros
de época, na linguagem dos sertanejos,
evo-cados em disputas de violeiros e em
ques-tões resolvidas com sangue:
H o n r a éj ó i a , q u e m a i s v a l , A t u d o o m a i s p r e fe r i d a : P e l a h o n r a s e a r r i s c a a v i d a ,
Q u e a h o n r a é v i d a i m o r t a l .
162baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAR E V IS T A D E C I~ N C IA S S O C IA IS v . 29 N . 1/2 1998
M e n t i r n a r e a l i d a d e , l e v a d o s v í c i o s a o c a b o : P o i s d a m e n t i r a éo d i a b o , E d e u s éa s u m a o e r d a d e ?
Livros como C a r l o s M a g n o e os D o z e
P a r e s d e F r a n ç a , A H i s t ó r i a d a D o n z e l a
T b e o d o r a , os feitos de Oliveiros e Ferrabrás,
A s C a n ç õ e s d e R o l a n d o , são leitura ou escuta
obrigatória para todos os segmentos SOCIaIS,
popularizados como " e x e m p l o s ' nas " r e g r a s
d o b e m v i v e r " .
Em suas fainas cotidianas, nas lutas de
vida e morte por questões econômicas ou de
honra, o homem sertanejo constrói-se num
imaginário em que transforma as histórias
lo-cais, regionais, nacionais e seus próprios
fei-tos, em grandes gestas sertanejas". Nelas se evidencia uma consciência de que as lutas se
desenvolvem não só em função da posse, defesa ou conquista de bens materiais.
Valo-res como o cumprimento das leis, a proteção
à honra da família - representada pela
cora-gem e o bom comportamento dos homens,
associados à pureza sexual das donzelas e
recato de viúvas e mulheres casadas - , a obediência à Igreja Católica, o respeito aos
mais velhos e padrinhos; a caridade; a
sobrie-dade e modéstia no vestir e no falar, o " r e s
-p e i t o a o a l h e i o " , articulam-se no código de
" h o n r a s e r t a n e j a " .
A partir de meados do século XIX,
mis-sionários pregadores como frei Caetano de
Messina e, posteriormente, o Padre Mestre
Ibiapina - criador da ordem dos beatos no
sertão, começam um movimento cultural mu-dando o significado infamante de trabalho,
transformado no elemento principal de dígnifícação de homens trabalhadores, pobres
mas honrados. Ao mesmo tempo procuram
direcionar a função da valentia,
centenária-mente usada em defesa e preservação dos
privilégios dos poderosos, para a " p r e s e r v a
idéia abstrata, princípio ético, une, para além
das diferenças materiais de classe, homens e mulheres de todos os segmentos sociais que
dão prioridade a este princípio moral em
de-trimento da categoria materializante -
"ho-mem de bem'.
Através dessa manipulação cultural
asso-cia-se o novo valor trabalho aos antigos
códi-gos de honra, criando-se a categoria" homem
debem", na qual procuram-se identificar par-celas significativas da população sertaneja, principalmente pobres e remediados que usam
essa classificação como instrumento de
integração social num mundo violentamente
hierarquizado.
Na história que enfoco, a luta entre
Lam-pião e seus mais ferrenhos inimigos - os Nazarenos, procuro reconstituir suas histórias
de vida, sua inserção na formação social
ser-taneja, buscando os elementos estruturais e
conjunturais, os símbolos e signos, as oposi-ções dos sistemas de valores pelos quais
es-sas duas diferentes facções se guerrearam
cruamente por quase vinte anos.
Pertencentes aos estratos intermediári-os dessa sociedade, Ferreiras e Nazarenos
eram pequenos proprietários, agricultores,
comerciantes, artesãos, pedreiros e criadores de miúças (cabras, ovelhas, porcos e galinhas).
Possuíam também algumas cabeças de gado,
a principal riqueza do sertanejo remediado,
além de cavalos, burros e jumentos.
Contada como saga guerreira, a história
de suas vidas começa numa das regiões mais secas do país, num perímetro circunscrito a
três ribeiras de rio: Riacho do Navio, Ribeira
dobaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAP a je ú e Ribeira do Moxotó, Estado de Pernambuco.
No desdobramento da guerra contra
Lam-pião e todo o cangaço, os Nazarenos se trans-formam de agricultores e criadores sedentários
em guerreiros nômades, percorrendo com suas
volantes legalizadas como polícia
pernambu-cana ou baiana, os sete Estados do Nordeste
onde Lampião e seus bandos implantassem
pelo terror a nova ordem cangaceira no
ser-tão. Os Ferreira (Virgulino, Antonio Ferreira e Livino - estado maior do cangaço), além
dos irmãos João e Ezequiel e do pai José Ferreira, já haviam diversificado suas
ativida-des de agricultores. Com o semi-nomadismo
de mascates, tangerinos de tropas de burros
bem arreados, faziam o comércio nas feiras e
transportavam por frete mercadorias, percor-rendo as estradas do sertão de Alagoas,
Pernambuco e os Estados vizinhos até os prin-cipais centros comerciais do sertão baiano.
Freqüentaram a mesma escola do
pro-fessor Soriano, pertencente às famílias de
Nazaré, povoado construído em terreno
doa-do por membros do grande tronco de povoa-mento formado pelas famílias jurubeba, Souza,
Ferraz, Nogueira e Gomes, em 1917. Os mais
velhos chefes de família, Gomes Jurubeba e João de Souza Ferraz (Ioão Flor) partilham a
direção do novo arruado e a orientação do
povo, sob a égide de Nossa Senhora e dos
códigos culturais de seu mundo. A sede do município, Floresta, fora missionada pelo
Pa-dre Ibiapina que aí plantara as sementes de
sua ideologia de paz, trabalho e caridade.
Naquela época a região vivia o desespe-ro dos embates entre dois clãs poderosos, Pe-reira (descendente do Barão do P a je ú ) e
Carvalho. Aquela guerra se arrastando desde
os confrontos na Revolução Praieira,
ensan-güentava o sertão na disputa dos "grandes' pelo poder. Esta saga é considerada a maior gesta sertaneja, por cantadores, memoria!istas e
in-formantes sobreviventes daqueles tempos. Pela
rígida obediência aos códigos de honra
serta-neja, Sinhô Pereira, Luís Padre (Pereira) e
An-tonio da Umburana (Carvalho) transformam-se
nos heróis, protótipos da cultura sertaneja. O
feito mais glorioso dessa gesta é a luta final
entre Sinhô Pereira e Antonio da Umburana.
Gastando a munição num combate de muitas
horas sob o cerco de Sinhô Pereira, o
do pelas armas é desafiado para umabaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA" l u t a n o
fe r r o fr i o " pelo inimigo que lhe entregara um
punhal idêntico ao dele próprio. Saltando no
terreiro, abaixadas as armas dos Pereira, Anto-nio da Umburana e Sinhô Pereira amarram-se
pelas faldas das camisas, e assim entrelaçados
para matar e morrer lutam de punhal até a queda do representante dos Carvalho.
Glorifi-cando a coragem do inimigo, Sinhô Pereira
presta homenagens à valentia de um homem morto no " c a m p o d a h o n r a ' , Anos depois, sob a influência do Padre Cícero do juazeirc, Sinhô
Pereira e o primo Luís Padre se retiram do
Nordeste, terminando uma guerra sem
vence-dores nem vencidos. Reconhecida a igualdade
de poder e honra, cessam as lutas entre os
dois grupos. Após mais de cinqüenta anos Sinhô Pereira reviu suas plagas, visitou o cenário de sua juventude e voltou para Minas Gerais onde
morreu de morte natural aos 75 anos de idade.
Em suas tentativas de autonomia de " h o
-m e n s d e b e m " , José Ferreira e os Nazarenos
não emprestam ou alugam sua própria
valen-tia às facções em luta. Seguindo os códigos de respeito à dor e ao ódio das partes
envol-vidas, longe de fuxicos, traições e tomadas
de posição a favor de qualquer uma das famí-lias, o sertanejo poderia viver sem ser
atingi-do diretamente pelo conflito.
Vivendo no município de Serra Talhada
antiga Vila Bela, os Ferreira e seu vizinho
José Saturnino se envolvem numa disputa
ini-ciada com acusações recíprocas de roubo de
bode. A questão evolui até os confrontos ar-mados, municiando-se, cada vez mais José
Saturnino e os filhos mais velhos de José Ferreira, Atestando a opção de vida pela não
violência, José Ferreira vende a propriedade
e se muda para Nazaré, para a convivência
de seus amigos que também não admitiam
gente armada na rua, principalmente nos dias de feira quando a cachaça despertava a
va-lentia de muitos, terminando em arruaças as
brincadeiras começadas.
164baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAR E V IS T A D E C ltN C IA S S O C IA IS v.29 N . 1/2 1998
Revoltados com a decisão do pai, Virgulino, Antonio Ferreira e Levino entram
armados em Nazaré com os rifles a tiracolo,
numa transgressão aberta dos códigos de " b e m
v i v e r ' no povoado. Instado pelo compadre João Flor e o amigo João Gomes a conter os filhos,
José Ferreira é desmoralizado pela decisão dos três mais velhos que rompem com ele o
códi-go de obediência aos pais. Para mostrar a
dis-posição de ruptura cultural, Virgulino destrata
João Flor, seu padrinho de São João, e ameaça
" m o s t r a r a o s c a c h o r r o s d e N a z a r é ' o que é ser
homem. Daí só vai sair no fim do dia, exibindo
as armas e dizendo chistes.
Paralelamente Virgulino começa a
diver-sificar suas atividades de mascate. Existem
re-gistros de memória em Alagoas, de que já em 1917, ele pertencia ao bando de cangaceiros, os Porcino, que operava no município de Santana
do Ipanema. Este território estava sob jurisdição
policial do Sargento José Lucena de Albuquerque
Maranhão, incumbido pelo governador do
Esta-do - o jornalista Costa Rego (diretor Esta-do C o r r e i o
d a M a n h ã no Rio de Janeiro) - de eliminar o
cangaço no sertão alagoano, matando
assaltan-tes e ladrões de cavalo. Neste período se ins-taura dura repressão em Alagoas, com civis
participando armados das diligências policiais
numa verdadeira caçada que livrasse o povo
dos assaltos nas estradas e nas fazendas, o que
havia submetido a população a um clima de sobressalto e terror.
A partir de 1919, com o desafio lançado
de entrar sempre armado em Nazaré, desfeito o código de respeito ao padrinho, dos mais
significativos naquela sociedade, torna-se ques-tão de honra para as duas partes executar as
decisões tomadas, reafirmando os objetivos
enunciados no conflito verbal entre João Flor,
Gomes Jurubeba e Virgulino. Derrotar os Nazarenos, impondo-lhes a presença armada
no povoado, toma-se o objetivo último dos três
irmãos Ferreira que contratam o primeiro
Colhi depoimento do Sr. Antônio Giló,
residente em Olho d'Água do Chicão, distrito
de Santana do Ipanema (Alago as) , na época,
de que em 1919 os Porcino já espalhavam a
prática de roubos e mortes no sertão alagoano
até Mata Grande e Água Branca, atravessando
para os Estados vizinhos. Naquele ano, entre os cabras que se juntavam em sua mercearia,
Virgulino começava a se impor como o mais inteligente e ousado, determinando o
com-portamento do bando na ausência dos três
ir-mãos Porcino (Pedro, Antonio e Manuel).
Cangaceiro em Alagoas, em Pernambuco
tenta se impor aos antigos amigos quebrando
a autoridade dos velhos João Flor e Gomes jurubeba, procurando substituí-los pela força,
no mando de Nazaré. Com apenas 21 anos de
idade, comandando os dois irmãos e um
con-tratado, Virgulino destrata João Flor debaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA" c h a
-l e i r a " e " c o i t e i r o " de Zé Saturnino. O ex-padrinho se defende reafirmando sua
au-toridade baseada nos valores da tradição
ser-taneja: era um velho, não era homem de mentira, era seu padrinho. Virgulino,
reafir-mando os " d e s a fo r o s d i t o s ' , declara que " n a
-q u e l e d i a p a d r i n h o a t i r a v a e m a fi l h a d o e a fi l h a d o a t i r a v a e m p a d r i n h o ' i ? Gomes Jurubeba se arma, no que é acompanhado
pelos três filhos mais velhos de João Flor,
Euclides, Manuel e Odilon, de mesma idade
dos Ferreira, companheiros de adolescência.
Virgulino e Odilon Flor, poetas repentistas, eram a dupla dos desafios na viola, das pegas
de boi, inseparáveis nas festas da região. João Flor, pacífico e mais ponderado que o
cunha-do Gomes Jurubeba, procura acalmar os
âni-mos repreendendo os parentes, enquanto Zé
Ferreira se coloca na frente dos filhos para
impedir o conflito.
Mantendo-se acesa a antiga inimizade
entre José Saturnino e os Ferre ira , desde Ser-ra Talhada, a nova moSer-radia compSer-rada por Zé
Ferreira se torna também espaço de
hostilida-de e insegurança. Rompera-se a amizade com
o povo de Nazaré, espalhando-se, agora em Pernambuco, a má fama dos três jovens
Ferreira, nas cidades vizinhas, através da
soli-dariedade de parentesco entrecruzando as
fa-mílias Jurubeba, Ferraz, Lira, Souza, Soriano
Lopes, Nogueira, Gomes, Capistrano, Euzébio,
Barbosa, Freire, Alexandre, Marques dos San-tos, Tomaz, Silva, Leite de Sá, Araújo,
Marcolino, Militão, todas com membros resi-dentes em Nazaré.
Esgotados os mútuos desafios verbais,
vão-se aprofundando as transformações na
interação social dos envolvidos.
Abandonan-do o propósito de fazer de Nazaré um espaço pacífico sem exibição de valentia, sonho dos
mais velhos que fundaram o povoado, os
jo-vens - filhos e sobrinhos de João Flor e Go-mes Jurubeba - se armam e organizam um
corpo coeso disposto a " q u e b r a r a c a s t a n h a ' dos Ferreira.
Com a primeira ameaça de invasão do
povoado todos os primos e amigos aderem à empreitada, os mais velhos comandando a
defesa. No dia do ataque, até uma tia e os
primos de Virgulino, que residiam em Nazaré, se engajam na campanha que arrasta também
mulheres e crianças, como municiadoras.
Li-gando-se por parentesco, compadrio ou ami-zade, identificados pelo princípio de defesa
do espaço geográfico, social e familiar,
en-frentam o inimigo como um bloco único.
Apa-gando-se as diferenças de nome e origem, se vêem na unidade articulada de crenças em
valores e disposição de defesa de seu sistema de vida. Rechaçando a invasão, passam a ser
visualizados como " p o v o d e N a z a r é ' , Virgulino já é Lampião, apoiado em extensa rede
arti-culada com grandes comerciantes, juízes,
desembargadores, policiais corruptos,
infor-mantes pagos regiamente com o produto dos saques em Alagoas, Pernambuco e Paraíba.
Preso ao monopólio do tráfico de armas, só
possível aos homens do poder, Virgulino
pre-cisará cada vez mais de recursos para se man-baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
ter municiado, o que o leva a ampliar suas
zonas de ataque até a Paraíba.
Açoitado pela perseguição dos grupos de Nazaré, Lampião tenta uma estratégia de
acordo, propondo aos mais velhos,
coman-dantes das lutas, um pacto de não agressão
com os antigos amigos. A resposta parte de João Flor:baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA" D i g a m a L a m p i ã o q u e e s t a éu m a
q u e s t ã o j á r e p e t i d a e q u e n ã o p o d e m o s m a i s
c o n fi a r n e l e . A e s s a a l t u r a , q u a l q u e r a c o r d o
c o m o s t r ê s i r m ã o s Ferreira j a z n a b o c a d o m e u
r i fl e t " Em contrapartida Virgulino inicia o pro-cesso sistemático de arrasamento de todo e
qualquer bem dos inimigos, incendiando-lhes
as propriedades e matando todo " b i c h o v i v o "
que encontrasse, desde os homens até as
ga-linhas dos terreiros.
Acossado, o povo de Nazaré se divide
em grupo de defesa e grupo de ataque. Os
mais velhos ficam na vigilância do lugarejo,
enquanto os jovens se organizam em grupos de caça aos inimigos, onde suspeitassem de
sua presença. Propriedades destr u ídas,
afastados das roças, perdidos os pequenos re-banhos, avalia-se a impossibilidade de
conti-nuação daquela guerra.
Associando rendição a extermínio, o
povo se decide pela estratégia de legalização
daquela guerra particular através do alistamen-to dos jovens, em grupos de caça a Lampião,
na polícia de Pernambuco.
O governador aceita o projeto e
conce-de o direito conce-de constituição de volantes com-postas pelos jovens já experimentados nas
técnicas de guerra móvel de perseguição aos
cangaceiros, sob o comando de policiais da
inteira confiança deles, ou dos que mais se
destacavam entre os vindos de Nazaré. Os
que não se alistam são incorporados às
volan-tes como contratados, ou participam
espontâ-nea e ocasionalmente das lutas, quando vêem os parentes militares necessitados de ajuda.
O cangaço passa a enfrentar uma
guer-ra sem tréguas, perseguido pelas " v o l a n t e s d e
166baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAR E V IS T A D E C ltN C IA S S O C IA IS v .2 9 N . 1 /2 1 9 9 8
P e r n a m b u c o " que se fazem conhecer em rodo
o sertão percorrido pelos cangaceiros. Em
combates sangrentos os inimigos se enfren-tam com alegria guerreira, desafiando-se num
verdadeiro embate de coragem e ódio.
Lam-pião aguça a inteligência em novas
estratégi-as de combate, com as táticas de emboscada e fuga, lutando somente quando se encontra
em vantagem em relação ao inimigo. Frio, foge
dos confrontos com as volantes pemambucanas,
alertando os bandos sobre a dureza de
com-bate dos paulatinamente reconhecidos como
"Nazarenos'. Estes, atiçados pelo ódio e a ne-cessidade de ganharem a guerra pela valen-tia, atiram-se à luta com ímpeto, tornando-se
alvos fáceis para as balas cangaceiras, quando
não punham os inimigos em fuga.
Procurando legitimar sua guerra ao
cangaço, os Nazarenos submetem seus atos
aos códigos dos pais que acompanham a
mar-cha dos filhos, guerreiros nômades afastados
do trabalho da terra, recomendando-lhes as
velhas regras de respeito à lei de Deus e dos
homens.
Os Ferreira são os " a l m a d i ç o a d o s p o r
Deus'; tendo perdido a propriedade na
últi-ma mudança para o sertão de Alagoas,
peri-goso espaço percorrido pela volante de Lucena Maranhão. Enquanto a mãe morrera
no desespero do exílio, dos sobressaltos e
do empobrecimento, em 1921, menos de
um mês depois José Ferreira tombava sob
as balas da polícia. Na batida de Lampião, que saqueara o povoado alago ano Pariconha,
deixando morto um cego de dezesseis anos,
Lucena chegou ao suposto refúgio de
can-gaceiros cercando a fazenda com pesada
fuzilaria. Não encontrando resistência,
inva-de a casa encontrando, desarmado, o corpo
de José Ferreira, ao lado do fazendeiro que lhe dera abrigo, também morto.
A tradição de violeiros e contadores da
sete Estados ensangüentados pela tragédia da
violência mais explícita, que arrasta milhares
de vítimas dos assaltos ou combates.
Dos Ferreira sobraram João Ferreira e
as irmãs, exterminados Virgulino, Antonio
Ferreira, Levino e Ezequiel nos combates da campanha cangaceira. Procurando
esca-par da condenação de seu povo por todas
as violações dos códigos da honra sertaneja,
Lampião e os cangaceiros, que matavam
para roubar, estupravam e desrespeitavam
quase todos os valores tradicionais dos "bo-baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA m e n s d e b e m " , criaram o que Frederico
Pernambucano chama de escudo ético.
Di-ziam que não roubavam: " r e q u e r i a m p o r
-q u e p r e c i s a v a m " ; viviam aquela " v i d a d e d e s g r a ç a " vingando as injustiças praticadas contra a honra e as vidas suas ou de seus
familiares. Compungido, Lampião contava a
jornalistas e grandes protetores como
Eronildes de Carvalho, governador de
Sergipe, que entrara no cangaço, louco de desespero, para vingar o assassinato do pai
e da mãe.
Nazaré perdeu o nome e seus mais
aguerridos defensores. No calor da luta seus
campos secaram abandonados pelos jovens
que em nome de sua defesa esqueceram a
esperança do plantio e a alegria da colhei-ta. Sedentos de vingança contra o cangaço,
responsável segundo suas crenças por toda
a perversidade da terra, viveram no
derra-mamento do sangue dos irmãos e dos inimi-gos, com estes entrelaçados pelo terror ou
admiração no imaginário popular: " L a m p i ã o
X O d i l o n F l o r " , " F e r r e i r a s X Nazarenos", os " F l ô X osFerreira" e todas as outras formas de pares de oposições X identificações. En-terrando onze "Naza r e n o s " , o povo de Nazaré chor ou-Ihes a perda que arrastou na
tristeza, matando-os, muitos dos mais velhos,
como João Flor que não viu nunca mais
Ildefonso, o filho de dezesseis anos
enter-rado nas terras de Xiquexique, num dos
maiores combates daquela guerra sertaneja.
Muitos Nazarenos engajararn-se na vida
mi-litar, não mais voltando a sua terra, ao modo
de vida camponesa, depois da morte de
Lam-pião. Odilon Flor, único a derramar lágri-mas diante da tragédia de Angicos, morre
na Bahia sem voltar à vida de Nazaré.
Os registros escritos e a memória oral
dão conta da fragmentação do mundo
serta-nejo em dois blocos irreconciliáveis: de um lado o cangaço - composto de
cangacei-ros, vítimas reais de injustiças, policiais
cor-ruptos, protetores, coiteiros e simpatizantes.
Neste universo, a valentia é o principal va-lor, não sendo dada importância a possíveis
articulações com outros tipos de regras como
trabalho ou roubo. Do lado oposto, situam-se os que vêem no cangaço um fenõmeno
tão destrutivo como a seca, representação do mal.baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAA essa categoria pertencem as
víti-mas impotentes ou combatentes, policiais e
autoridades civis incorruptíveis, homens ri-cos que não tinham relações econõmicas e
políticas lucrativas com o cangaceiro.
De-fensor do extermínio do cangaço, este
seg-mento supra-classe social se via e representava
e era visualizado pela maioria da
popula-ção como " h o m e n s d e b e m " , muitos deles tombando no " c a m p o d a h o n r a " . Defenso-res da valentia a serviço da manifestação
dos códigos de honra, para eles os valores
maiores seriam o trabalho, o respeito ao alheio, a mansidão de trato e a obediência à
" l e i d e D e u s " , numa combinação de elemen-tos culturais superados posteriormente
pe-las transformações operadas naquela sociedade.
Lampião e Nazarenos não tiveram o
ajus-te final segundo os códigos sertanejos.
Confi-ante no pagamento feito a volantes para
descansar em Sergipe, Lampião e seu grupo
caem vítimas da traição de seus comparsas
fardados, sem direito a um único gesto de defesa. Os Nazarenos não tiveram o direito
BH/UFC
utsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAtradicional de vingar seus mortos num com-bate debaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA" h o m e m p r a h o m e m " com o inimigo que lhes destruíra a juventude e a paz na
terra de Nazaré.
Morto pela traição e não pela valentia
sertaneja, Lampião impede a " d e r r o t a d o m a ! ' pela " fo r ç a d o b e m " , destruindo a importância épica da saga vivida pela defesa ou
desestru-turação dos códigos tradicionais. Os Nazarenos
não tiveram o prazer da vitória contra o
cangaço, derrotado pelas forças do governo que transformara vingadores em defensores
da ordem. É o fortalecimento dos códigos
le-gais, universalizantes, sobrepondo-se ao di-reito tradicional de homens lutarem e matarem
em nome da honra.
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Canções de Gesta - Latim Gesta, feitos históri-cos ou ilustres. Cf.:
- MOISÉS MAUSSAD-D i c i o n á r i o d e T e r m o s
L i t e r á r i o s . S. P, Ed. Cultrix, 2 ed., 1978, p. 71 a 73. Sobre o tema ler:
- BEZERRA DE MENEZES, Eduardo Diatahy
- "Das Classificações Temáticas da Lite-ratura de Cordel: Uma Querela
Inútil",. R e v i s t a d e L e t r a s , Fortaleza, 13, 0/2), jan/dez, 1988.
- LAGARDE, André e MICHARD, Laurent
-M o y e n A g e . Paris, Bordas (collection textes et literature), 1960.
- MEDEIROS FILHO, Pe. João e FARIA,
Osvaldo Lamartine de. S e r i d ó S é c . X I X
( F a z e n d a s e L i v r o s ) . Rio de Janeiro: Fonape Indústria e Comércio Ed., 1987. - VASSALO, Lígia. O S e r t ã o M e d i e v a l - O r i
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