• Nenhum resultado encontrado

PORTUGUÊS. Questão 2. Questão 1 ETAPA. alternativa E. alternativa D

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PORTUGUÊS. Questão 2. Questão 1 ETAPA. alternativa E. alternativa D"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

Texto I

Ethos – ética em grego – designa a morada humana. O ser humano separa uma parte do mundo para, moldando-a ao seu jeito, cons- truir um abrigo protetor e permanente. A éti- ca, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que cons- truiu para si.

Ético significa, portanto, tudo aquilo que aju- da a tornar melhor o ambiente para que seja uma morada saudável: materialmente susten- tável, psicologicamente integrada e espiritual- mente fecunda.

Na ética há o permanente e o mutável. O per- manente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia: uma maloca indígena, uma casa no campo e um apartamento na cidade.

Todos estão envolvidos com a ética, porque to- dos buscam uma morada permanente.

O mutável é o estilo com que cada grupo cons- trói sua morada. É sempre diferente: rústico, colonial, moderno, de palha, de pedra... Em- bora diferente e mutável, o estilo está a serviço do permanente: a necessidade de ter casa. A casa, nos seus mais diferentes estilos, deverá ser habitável.

Boff, Leonardo.

In A águia e a galinha. Petrópolis:

Vozes, 1997, pp.90-91.

Questão 1

Leia o texto e assinale a alternativa correta.

a) O autor afirma que o ser humano constrói a sua proteção na ética grega – morada hu- mana.

b) O autor, objetivamente, constrói o seu jeito de tornar habitável a casa que construiu para si.

c) O permanente e o mutável são apenas esti- los que, segundo o autor, referem-se à psiquê e ao espírito.

d) A permanência e a mutabilidade são carac- terísticas que o autor aponta como básicas

para que o ser humano atinja ou uma maloca, ou uma casa ou um apartamento.

e) O autor revela que há permanência e mu- tabilidade na ética que, como morada huma- na, é uma construção constante de um am- biente saudável.

alternativa E

"Na ética há o permanente e o mutável. O perma- nente é a necessidade do ser humano de ter uma moradia (...). O mutável é o estilo com que cada grupo constrói sua morada."

Questão 2

Os pronomes têm a função de substituir os nomes ou referir-se a eles, evitando a repeti- ção de termos. No texto em questão, observe o papel dos pronomes a, si, todos.

I. O pronome a substitui uma parte do mundo que, significativamente, remete a ‘‘a morada humana’’.

II. O pronome si substitui, de forma reflexiva, a expressão o ser humano.

III. O pronome todos substitui, formalmente, uma maloca indígena, uma casa no cam- po e um apartamento na cidade, ao repor significativamente ‘‘a ética’’.

IV. O pronome a substitui, formalmente, o termo Ethos.

Assinale a alternativa que contém apenas afirmações corretas:

a) I e III d) I e II

b) I, III e IV e) II e III

c) I, II, III e IV

alternativa D

"moldando-a ao seu jeito" moldando uma par- te do mundo ao seu jeito, construir um abrigo pro- tetor e permanente ( "morada humana").

"a casa que construiu para si a casa que construiu para ele próprio, um ser humano.

"Todos estão envolvidos com a ética,..." Os homens em geral (todos eles) estão envolvidos com a ética.

PORTUGUÊS

E T AP

(2)

Questão 3

Observando aspectos de pontuação, concor- dância e colocação pronominal, podemos afir- mar que:

I. na oração A ética, como morada humana, não é algo pronto e construído de uma só vez, há um uso inadequado no que diz respeito à pontuação, uma vez que se usou a vírgula en- tre o sujeito A ética e o verbo ser (é).

II. na oração Na ética há o permanente e o mutável, há um erro de concordância, uma vez que o sujeito o permanente e o mutável é composto, logo o verbo haver (há) deveria es- tar na terceira pessoa do plural.

III. na oração moldando-a ao seu jeito, o pro- nome pessoal do caso oblíquo átono a está en- clítico ao verbo no gerúndio, em início de ora- ção, de acordo com a norma culta.

Assinale:

a) se I e II estão corretas.

b) se todas estão incorretas.

c) se apenas III está correta.

c) se I e III estão corretas.

e) se apenas II está correta.

alternativa C

I) "A ética, como morada humana, não é algo pronto..."

As vírgulas estão corretas pois não separam o su- jeito do verbo, mas introduzem uma oração subor- dinada adverbial conformativa.

II) "... há o permanente e o mutável..."

Permanente e mutável são objetos diretos do ver- bo impessoal haver (= existir), que não admite su- jeito, estando sempre em 3ª pessoa do singular.

III) "... moldando-a ao seu jeito"

Pronomes oblíquos não devem iniciar período, o que impede a próclise (pronome antes do verbo) de ocorrer.

Questão 4

Está presente, no texto, o processo de forma- ção de palavras por derivação imprópria.

Assinale a alternativa em que ocorre tal pro- cesso.

a) A ética, como morada humana, não é algo pronto e constituído de uma só vez.

b) O ser humano está sempre tornando habi- tável a casa que constituiu para si.

c) ... tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente.

d) Na ética, há o permanente e o mutável.

e) A casa, nos seus mais diferentes estilos, de- verá ser habitável.

alternativa D

Na derivação imprópria, há apenas a mudança da classe gramatical da palavra, sem alteração da grafia.

Em "o permanente e o mutável", os adjetivos "per- manente" e "mutável" são usados como substanti- vos mediante a anteposição do artigo "o".

Texto II

ESSAS MENINAS

As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados. As alegres meninas que estão sempre rindo, comentando o besouro que en- trou na classe e pousou no vestido da professo- ra; essas meninas; essas coisas sem importân- cia.

O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia. Riem alto, riem musical, riem desafinado, riem sem motivo;

riem.

Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e falar coisas sem importância. Faltava uma delas. O jor- nal dera notícia do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar ermo. A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.

As alegres meninas, agora sérias, torna- ram-se adultas de uma hora para outra; essas mulheres.

Andrade, C. Drummond de.

In Contos plausíveis. Rio de Janeiro:

José Olímpio, 1985, p. 76.

Questão 5

A intenção do narrador de apontar a transfor- mação do indivíduo provocada pelo sofrimen- to fica evidente pela afirmação dada por:

a) As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus namorados.

(3)

b) A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.

c) O jornal dera notícia do crime.

d) As alegres meninas, agora sérias, torna- ram-se adultas de uma hora para outra; essas mulheres.

e) O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia.

alternativa D

A notícia de um crime "selvagem" muda o compor- tamento das "alegres meninas", transformando-as em "meninas sérias".

Questão 6

No texto em questão, o narrador afirma que o fato de as meninas usarem uniforme faz com que elas tenham a mesma aparência: O uni- forme as despersonaliza. No entanto, por meio de um recurso lingüístico de oposição, afirma que:

a) as pastas escolares das meninas as diferen- ciam.

b) a maneira de ser de cada uma das meni- nas, revelada pelo riso, as torna diferentes.

c) os namorados que acompanham as meni- nas são conhecidos e por isso as diferenciam.

d) as meninas são repletas de afetividade em relação à professora e riem para ela de ma- neira diferente: alto, musical, desafinado...

e) as meninas tornaram-se adultas e isso as diferencia.

alternativa B

"O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia"; as idéias adversas ca- racterizam uma oposição.

Questão 7

Ainda sobre o texto II, podemos afirmar que o autor utiliza as formas verbais: passam, estão rindo, despersonaliza, diferencia e riem como recurso lingüístico, denotando uma declara- ção que:

a) se verifica ou se prolonga até o momento em que se fala.

b) acontece habitualmente, em qualquer tem- po (o ‘‘passado contínuo’’).

c) representa uma verdade universal (o ‘‘pre- sente eterno’’).

d) repete um fato consumado.

e) exprime incerteza ou idéia aproximada, sim- ples possibilidade ou asseveração modesta.

alternativa A

Os verbos destacados nos parágrafos 1 e 2 do texto indicam um presente contínuo, observado pelo narrador no comportamento das jovens.

"As alegres meninas que passam na rua..." (...)

"As alegres meninas que estão sempre rindo..."

"Riem alto, riem musical..."

Esta postura juvenil será alterada nos parágrafos 3 e 4. A tragédia que as afeta torna-as sérias e, em conseqüência, mulheres. Deve-se observar que o presente cede lugar a outros tempos ver- bais, que quebram abruptamente a transição natu- ral caracterizadora da passagem da adolescência para a fase adulta.

Texto III

A OUTRA NOITE

Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copa- cabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de Lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a ci- dade eram, vistas de cima, enluaradas, col- chões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.

Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou um sinal fechado para vol- tar-se para mim:

– O senhor vai me desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?

Confirmei: sim, acima da nossa noite pre- ta e enlamaçada e torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda.

– Mas que coisa...

Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em ou- tra coisa.

Ora, sim senhor...

E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um ‘‘boa noite’’ e um ‘‘muito obrigado ao senhor’’ tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.

Braga, Rubem. In Para gostar de ler. v. 2., 7ªed., São Paulo: Ática, 1986, p. 75.

(4)

Questão 8

No texto acima:

I. há a presença de interlocutores (falante e ouvinte) marcados lingüisticamente, por exemplo, pela presença de mim, confirmei e de senhor, sua conversa.

II. o falante é marcado pela terceira pessoa do singular: desceu, chegou, ele etc.

III. há referência ao ouvinte, marcado nas formas verbais resolvi, contei, vai desculpar, disse e nos pronomes se e me.

Assinale a alternativa correta.

a) I e II estão incorretas.

b) Apenas I está correta.

c) Todas estão corretas.

d) I e II estão corretas.

e) Apenas II está correta.

alternativa B

O falante é marcado pela utilização da primeira pessoa do singular e o ouvinte, pela utilização da terceira pessoa do singular. Falante e ouvinte se revesam no transcorrer do texto.

Questão 9

Ainda em relação ao texto III, quanto a figu- ras de linguagem, assinale a alternativa cor- reta.

a) Os termos a São Paulo, à noite, tanto lá como aqui, para casa, de táxi, até Copacaba- na, lá em cima, além das nuvens, são adjun- tos adverbiais de circunstância topográfica, considerados figuras de estilo.

b) As expressões ...uma noite de vento sul e chuva... e colchões de sonho são metonímias indicativas da parte pelo todo.

c) O período Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda contém uma fi- gura de linguagem denominada prosopopéia.

d) A expressão tanto lá como aqui é uma com- paração, explicitada por meio da conjunção subordinativa comparativa como.

e) A expressão colchões de sonho é um oxímo- ro, por associar colchões a sonhos, sendo am- bos contrastantes e contraditórios.

alternativa D

Utilizando a conjunção como, na expressão "tanto lá como aqui", o narrador compara as noites de vento sul e chuva de São Paulo e do Rio de Janei- ro.

TEXTO IV

Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.

Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis.

Senhoras:

Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cum- pre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudades e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não sois conhecidas por ‘‘icamiabas’’, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós, se afirma, cavalgardes ginetes belígeros e virdes da Hé- lade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperator vosso, tais dislates da erudição porém heis de convir conosco que, assim, ficais mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa plátina respeitável da tradi- ção e da pureza antiga.

(...)

Recebei a benção do vosso Imperador e mais saúde e fraternidade. Acatai com respei- to e obediência estas mal traçadas linhas; e, principalmente, não vos esqueçais das alvíça- ras e das polonesas, de que muito hemos mis- ter.

Ci guarde a Vossas Excias.

Macunaíma, Imperator.

Andrade, Mário de. Macunaíma – o herói sem nenhum caráter.

6ª ed., São Paulo: Ed. Martins, 1970.

Questão 10

Mário de Andrade, ao inserir em Macunaí- ma esta ‘‘Carta prás Icamiabas’’, escrita com erudição e em língua portuguesa elaborada, que destoa do conjunto da obra, teve como in- tenção

(5)

a) satirizar a língua natural e simples, de ca- racterística popular, e valorizar a construção clássica e gramaticalmente correta.

b) denunciar o pedantismo do brasileiro, que é o de escrever português de lei, e criticar a incoerência dos que imitam essa linguagem desusada.

c) valorizar a língua de Camões e contrapor- se ao uso abusivo da linguagem coloquial.

d) alertar as icamiabas sobre os perigos da ci- vilização e denunciar que ‘‘pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são’’.

e) ser coerente com o comportamento lingüís- tico vigente na época que era o de ‘‘falar numa língua e escrever noutra’’.

alternativa B

A "Carta prás Icamiabas" revela o pedantismo e a incoerência ao usar um português castiço para um povo (leitor) que não o entende. Deve-se observar que Macunaíma, ironicamente, parodia o Parna- sianismo em uma carta, que será lida por suas sú- ditas: as índias amazonas.

Questão 11

A respeito, ainda, da obra Macunaíma, é in- correto afirmar que

a) denominada ‘‘rapsódia’’ por seu autor, apresenta estrutura inovadora no enredo, na caracterização das personagens e no estilo.

b) é a grande obra-prima da literatura brasi- leira e, apesar de a personagem ser o símbolo do homem brasileiro, a maior parte do livro se passa em São Paulo.

c) caracteriza-se pela presença de lendas indí- genas e por estilo de paródia, linguagem fala- da, provérbios e superstições populares.

d) sugere clima mágico em que todo herói, ao morrer, vira estrela no céu, exceção feita a Macunaíma que, mutilado pela Uiara, veio ao mundo para ser pedra.

e) configura a história de um herói popular que não tem preconceitos, não se cinge à mo- ral de uma época e concentra em si próprio as contradições do homem brasileiro.

alternativa D

Após ser mutilado pela Uiara, ter perdido definiti- vamente a muiraquitã e cansado das desilusões, Macunaíma resolve subir para os céus e se trans- forma em estrela.

TEXTO V

Que Stendhal confessasse haver escrito um de seus livros para cem leitores, coisa é que ad- mira e consterna. O que não admira, nem pro- vavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cin- qüenta, nem vinte, e quando muito dez. Dez?

Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra difusa, na qual eu, Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabu- gens de pessimismo. Pode ser. Obra de finado.

Escrevi-a com a pena da galhofa e a tinta da melancolia, e não é difícil antever o que pode- rá sair desse conúbio. (...).

Assis, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Edigraf S.A, s/d.

Questão 12

No trecho acima, o narrador Brás Cubas refe- re-se ao romance como uma obra difusa, na qual adotou a forma livre e pôs-lhe algumas rabugens de pessimismo. Das alternativas abaixo, apenas uma não explicita o sentido de

‘‘forma livre’’. Indique-a.

a) Ausência de um conflito central – os amo- res de Brás Cubas e Virgília diluem-se no caudal de episódios que formam o livro.

b) Inversão do jogo temporal e espacial – nar- rativa iniciada pelo fim e que se desenvolve em labirintos espaciais com avanços e recuos temporais.

c) Estrutura externa fragmentada, sinuosa, fora de qualquer ordem lógica ou de fio lógico encadeador.

d) Repetidas digressões reflexivas que anu- lam qualquer possibilidade de unidade exte- rior.

e) Reflexo da importância do organismo social e a força que a opinião pública exerce sobre o indivíduo.

alternativa E

A "forma livre" não poderia sofrer pressões quer do organismo social, quer da opinião pública. É exatamente para escapar desse determinismo que Brás Cubas adota a "forma livre".

(6)

TEXTO VI

No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho no meio do caminho tinha uma pedra.

Andrade, C. Drummond de. ‘‘Alguma Poesia’’.

In Reunião – 10 livros de poesia.

Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 1969.

Questão 13

O texto VI suscitou, desde sua publicação em 1930, muita polêmica na literatura brasileira, provocando adesões e repulsas entusiásticas.

É, contudo, um texto com posição marcada na produção de Carlos Drummond de Andrade.

Da leitura dele pode-se entender que

a) não chega a ser propriamente um poema, porque um simples jogo verbal e lúdico não faz despertar vibrações intelectuais de poesia.

b) é um texto de forma aparentemente sim- ples, mas o esquema de repetição, aí, quase absoluta, o descarta do universo poético.

c) faz uso irreverente de modismos da lingua- gem coloquial, marca-se pela repetição, e re- vela, como poema, consciência da realidade lingüística brasileira.

d) o uso do verbo ter por haver constitui um erro gramatical e impede o texto de realizar- se como poema.

e) a estrutura prosaica da composição e a au- sência de recursos imagéticos prejudicam a organização poética do texto.

alternativa C

O coloquialismo e a consciência de estar infringin- do as regras poéticas pela repetição contínua re- velam a adesão de Drummond à liberdade de ex- pressão do movimento modernista.

Questão 14

As alternativas abaixo destacam recursos de linguagem que dão expressividade ao texto em questão. Contudo, uma delas se constitui em vício de linguagem. Indique-a.

a) Quiasmo ou ordenação cruzada, presente em No meio do caminho tinha uma pedra / tinha uma pedra no meio do caminho.

b) Metáfora, expressa nas palavras caminho e pedra.

c) Hipérbato, em No meio do caminho tinha uma pedra.

d) Anáfora, em Nunca me esquecerei.

e) Solecismo, em Tinha uma pedra no meio do caminho.

alternativa E

Solecismo consiste em um vício de linguagem no qual se observa um "erro", em relação ao uso da língua culta ou padrão, exemplificado na utilização do verbo ter (coloquial) por haver (culto).

Questão 15

Dos enunciados abaixo, indique aquele que não condiz com as características de Fabiano, personagem de Vidas Secas, obra de Gracilia- no Ramos.

a) Era vaqueiro, via-se mais como bicho do que como homem, as pernas faziam dois ar- cos, os braços moviam-se desengonçados. Pa- recia um macaco.

b) Vivia longe dos homens, só se dava bem com animais, tinha um vocabulário pequeno e falava uma língua cantada, monossilábica e gutural.

c) Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos, vivia em terra alheia e cuidava de animais alheios.

d) Era bruto, nunca havia aprendido, não sa- bia explicar-se. Violento, não respeitava o go- verno e odiava Seu Tomás da bolandeira, ho- mem que falava bem, lia livros e sabia onde tinha as ventas.

e) Tinha vindo ao mundo para amansar bra- bo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão, cortar mandacaru e ense- bar látegos.

(7)

alternativa D

Embora bruto, Fabiano conseguia ter consciência (e raiva) de suas atitudes e de seus impropérios, odiava o patrão (símbolo do proprietário explora- dor), odiava o governo (representado pela opres- são do soldado amarelo), mas tinha respeito pela cultura, pela voz mansa e pela falta de "mando"

de Seu Tomás da Bolandeira.

TEXTO VII Antes de sair de casa aprendi a ladainha das vilas que vou passar na minha longa descida.

Sei que há muitas vilas grandes, cidades que elas são ditas;

sei que há simples arruados, sei que há vilas pequeninas, todas formando um rosário cujas contas fossem vilas, todas formando um rosário de que a estrada fosse a linha.

Devo rezar tal rosário até o mar onde termina, saltando de conta em conta, passando de vila em vila.

Vejo agora: não é fácil seguir essa ladainha;

entre uma conta e outra conta, entre uma e outra ave-maria, há certas paragens brancas, de planta e bicho vazias, vazias até de donos, e onde o pé se descaminha.

Não desejo emaranhar o fio de minha linha nem que se enrede no pêlo hirsuto desta caatinga.

Pensei que seguindo o rio eu jamais me perderia:

ele é o caminho mais certo, de todos o melhor guia.

Mas como segui-lo agora que interrompeu a descida?

Vejo que o Capibaribe, como os rios lá de cima, é tão pobre que nem sempre pode cumprir sua sina e no verão também corta, com pernas que não caminham.

Tenho de saber agora qual a verdadeira via entre essas que escancaradas frente a mim se multiplicam.

Mas não vejo almas aqui, nem almas mortas nem vivas;

ouço somente à distância o que parece cantoria.

Será novena de santo, será algum mês-de-maria;

quem sabe até se uma festa ou uma dança não seria?

Melo Neto, J. Cabral de. Morte e Vida Severina.

R.Janeiro: Ed. Sabiá, 1967.

Questão 16

Do trecho em questão, que integra o poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, pode-se afirmar que

a) revela convicção religiosa, justificada pela presença das palavras ladainha, rosário, ave- maria.

b) utiliza a palavra rosário como metáfora para representar a seqüência de lugares por onde o retirante deve passar em sua cami- nhada.

c) expressa-se em linguagem figurada, o que dificulta ao leitor o entendimento do texto.

d) indica que o retirante se perdeu no emara- nhado dos caminhos porque abandonou deli- beradamente o curso do rio, seu guia natural.

e) apresenta linguagem simples dominada pela objetividade da informação e desprovida de características poéticas.

alternativa B

Os versos "(...) todas formando um rosário/cujas contas fossem vilas (...)" e "(...) Devo rezar tal ro- sário/até o mar onde termina (...)" evidenciam a metáfora criada por João Cabral de Melo Neto.

TEXTO VIII

NOSSO PAI era homem cumpridor, ordeiro, positivo; e sido assim desde mocinho e meni- no, pelo que testemunharam as diversas sen- satas pessoas, quando indaguei a informação.

Do que eu mesmo me alembro, ele não figura-

(8)

va mais estúrdio nem mais triste do que os ou- tros, conhecidos nossos.

Só quieto. Nossa mãe era quem regia, e que ralhava no diário com a gente – minha irmã, meu irmão e eu. Mas se deu que, certo dia, nosso pai mandou fazer para si uma canoa.

Rosa, João Guimarães. Primeiras Estórias.

R.Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1988.

Questão 17

O trecho acima é do conto ‘‘A terceira margem do rio’’, escrito por João Guimarães Rosa.

Considerando o conto como um todo, é incor- reto afirmar-se dele o seguinte:

a) insere-se no livro Primeiras Estórias, con- junto de contos de temática variada e de lin- guagem que, sem deixar de apresentar recur- sos de estilo, revela aproveitamento do colo- quial e da fala popular.

b) fala de um homem refugiado em uma ca- noa no meio do rio, onde em absoluto silêncio, resiste ao tempo.

c) aborda o tema da loucura, presente tam- bém em outras narrativas que compõem o li- vro, entre as quais Sorôco, sua mãe, sua filha.

d) sugere, no diz-que-diz das pessoas, que as razões do desatino da personagem estão liga- das à doideira, ao pagamento de promessa, à lepra ou a um aviso semelhante ao de Noé so- bre o fim do mundo.

e) revela que o filho, narrador do conto, acaba tendo o mesmo final triste do pai, já que o substitui nas vagações rio afora.

alternativa E

No conto "A terceira margem do rio", o filho, ao ter a oportunidade de assumir o lugar do pai, acovar- da-se e foge. Assim, ele não substitui o pai nas vagações rio afora.

Questão 18

Do conjunto dos contos que constitui Primei- ras Estórias, selecionamos ‘‘As margens da alegria’’. É possível afirmar que o enredo des- ta narrativa se resume a

a) viagem de um menino feita em estado de sonho.

b) clima mágico que envolve Nhinhinha cujos pensamentos se fazem milagrosamente reali- dade.

c) história de duas loucas que cantam e cuja canção contagia o povoado.

d) situação de meninos que, fazendo teatro, inventam palavras de uma história nunca ou- vida.

e) êxtase do amor que se transfunde na sen- sação de ofuscamento que vem da matéria branca, o polvilho.

alternativa A

"As Margens da Alegria", conto que inicia a obra Primeiras Estórias, representa uma viagem feita pela personagem o Menino. Segundo o narrador,

"era uma viagem inventada no feliz", sugerindo todo um clima de sonho para metaforizar o mundo novo que se descortina aos olhos do menino.

Referências

Documentos relacionados

Entretanto muitas vezes pode vir a se desviar da base arquetípica instintual, opondo-se a ela, ou seja, uma psicoterapia analítica iria contribuir para esse processo

Como em muitas outras cidades, Cachoeira abrigou um sentimento de repulsa à escravidão e ao se inserir no movimento cultural e político em favor da liberdade

“Procura da Poesia” está estruturado, segundo Simon (1978), em três partes: a primeira seria constituída por negações que definem o que não é poesia, na qual a arte é

Neste momento, é importante a atenção às regras de execução abaixo para garantirmos o sucesso da transição para o novo portfólio.. NUNCA abastecer no mesmo PDV o mesmo sabor

• Caso a presente proposta não mereça acolhimento, propõe-se que, no mínimo, seja estipulado – à semelhança do que já se encontra previsto na presente Proposta

Java EE esten- de a Java Platform, Standard Edition (Java SE), fornecendo uma API para mapeamento objeto-re- lacional, arquiteturas multicamada e distribuídas e web-services.

Assim, para levar a pedra preta até o canto superior esquerdo do tabuleiro, com o menor número de movimentos possível, Joãozinho deve andar com a pedra preta sete casas para cima

O argumento de Russell contra as teorias da coerência, explicado mais longamente, seria então o seguinte: a noção de coerência deriva da noção lógica de consistência,