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Componentes com actividade fisiológica dos alimentos de origem animalPhysiologically active components from animal food sources

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Academic year: 2021

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Resumo: Alimentos funcionais são todos aqueles que, por possuírem componentes com actividade fisiológica, apresentam benefícios para a saúde para além da sua função nutritiva básica. Muito embora a grande maioria das substâncias naturais promotoras da saúde sejam de origem vegetal, conhecem-se igualmente vários componentes com actividade fisiológica nos alimentos de origem animal, devendo o seu papel potencial na melhoria da saúde merecer a nossa atenção. O presente trabalho constitui uma revisão da literatura sobre os componentes alimentares de origem animal que têm sido relacionados com benefícios para a saúde humana, de modo a contribuir para a divulgação deste novo tópico junto dos médicos veterinários e de outros cientistas dos alimentos. Estes componentes alimenta- res, cujos benefícios potenciais para a saúde humana e a respectiva evidência científica se descrevem, incluem: o cálcio, os probióticos, as proteínas do soro e os péptidos do soro, dos produtos lácteos; os ácidos gordos n-3, do peixe; o ácido linoleico conjugado, das carnes de bovino e de ovino; os esfingolípidos, dos ovos; e, por último, os nutrientes condicio- nalmente essenciais L-carnitina, coenzima Q10, ácido α-lipóico, colina e taurina, amplamente difundidos nos produtos animais.

Apesar do estudo dos alimentos funcionais se encontrar apenas no seu início, acumulam-se os indícios científicos de que os alimentos funcionais de origem animal podem contribuir signi- ficativamente para a melhoria da saúde humana.

Palavras-chave: alimentos funcionais, componentes com acti- vidade fisiológica, produtos lácteos, peixe, carne, ovos.

Summary: Functional foods are foods that, by virtue of their physiologically active components, provide health benefits beyond basic nutrition. Although the vast number of naturally occurring health-enhancing substances are of plant origin, there are also a number of physiologically active components in animal products that deserve attention for their potential role in health promotion. The aim of this paper was to review the literature for those animal food components that have been linked with human physiological benefits, in order to contribute for the dissemination of this new topic among veterinarians and other food scientists. These components, which potential human health benefits and their scientific evidence are described, include: calcium, probiotics, whey proteins and whey peptides, from dairy products; n-3 fatty acids, from fish;

conjugated linoleic acid, from beef and lamb meat;

sphingolipids, from eggs; and the conditionally-essential nutrients L-carnitine, coenzyme Q10, α-lipoic acid, choline and taurine, widely diffused in animal products. In spite of the infancy of functional foods field, increasing evidence supports

the observation that functional foods from animal sources may enhance human health.

Keywords: functional foods, physiologically active com- ponents, dairy products, fish, meat, eggs.

Introdução

Nos últimos tempos, tem-se verificado um interesse crescente dos consumidores no efeito benéfico para a saúde de determinados alimentos, contendo compo- nentes com actividade fisiológica/biológica para além dos nutrientes, chamados alimentos funcionais, ali- mentos desenhados ou nutracêuticos (Hasler, 1998a).

Em sentido lato, todos os alimentos são funcionais na medida em que apresentam aroma, sabor e valor nutri- tivo. Nas últimas duas décadas, no entanto, o termo funcional aplicado a alimentos adquiriu um novo significado, mais restrito: o de fornecer um benefício fisiológico adicional para além de satisfazer as neces- sidades nutritivas básicas (Hasler, 1998b).

A resposta da indústria alimentar ao interesse dos consumidores por alimentos mais saudáveis originou um enorme aumento dos alimentos funcionais actual- mente disponíveis no mercado, representando estes, uma percentagem crescente de todos os novos produ- tos desenvolvidos (Food Institute, 1999; Brody et al., 2000). Contudo, estes produtos funcionais devem ter alegações de saúde pré-aprovadas pelas entidades na- cionais competentes (por exemplo, nos E.U.A. compe- te à Food and Drug Administration (FDA)), as quais são suportadas pelos dados científicos disponíveis e pela concordância generalizada dos investigadores das áreas da alimentação e da nutrição. Só após aprovação por estas entidades é que os produtos podem aparecer no mercado com a designação de funcional, devendo igualmente apresentar na rotulagem informação rigo- rosa sobre as alegações de saúde aprovadas.

Os profissionais de saúde, baseados na crescente evidência científica, têm vindo a reconhecer o papel dos componentes alimentares com actividade fisioló- gica na melhoria da saúde (ADA, 1995; Howard e Kritchevsky, 1997). Os indícios científicos para os

Componentes com actividade fisiológica dos alimentos de origem animal Physiologically active components from animal food sources

José A. Mestre Prates* e Cristina M. R. Pereira Mateus

Secção de Bioquímica, Faculdade de Medicina Veterinária - CIISA, Universidade Técnica de Lisboa.

Rua Professor Cid dos Santos, Pólo Universitário do Alto da Ajuda, 1300-477 Lisboa, Portugal.

* Correspondente: e-mail: japrates@fmv.utl.pt;

Tel.: 351 21 365 28 00; Fax: 351 21 365 28 82.

CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

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alimentos funcionais, bem como para os seus compo- nentes com actividade biológica, podem ser obtidos com base em quatro abordagens distintas: a) ensaios clínicos; b) experiências em animais; c) estudos laboratoriais in vitro; d) e estudos epidemiológicos.

Muitos dos indícios científicos obtidos para os alimen- tos funcionais foram baseados em ensaios clínicos mal delineados; no entanto, as indicações conseguidas com outros tipos de investigação científica são substanciais para vários alimentos funcionais e respectivos compo- nentes com actividade fisiológica. Segundo Hasler (1998a), o potencial dos alimentos funcionais para mitigar a doença, promover a saúde e reduzir os custos dos cuidados de saúde pode mesmo vir a ser mais significativo do que o próprio valor de mercado dos alimentos funcionais.

A posição da American Dietetic Association (ADA, 1999), dos E.U.A., é de que os alimentos funcionais, incluindo os fortificados e os enriquecidos, têm um efeito potencialmente benéfico para a saúde, quando consumidos regularmente e em níveis efectivos como parte integrante duma dieta variada. A ADA (1999) refere também que o conhecimento do efeito dos componentes alimentares com actividade fisiológica, quer de origem vegetal (fitoquímicos), quer de origem animal (zooquímicos), modificou o modo de encarar o papel da dieta na saúde. O desenvolvimento dos ali- mentos funcionais tem permitido à ciência da nutrição evoluir do tratamento de síndromes de deficiência para a redução do risco de contrair doenças. No entanto, o potencial efeito benéfico de cada alimento funcional deve ser sempre suportado por estudos científicos completos, de modo a garantir a sua integração eficaz e segura numa dieta variada.

Os alimentos não podem pois continuar a ser avalia- dos apenas em termos da sua composição em macro-e micronutrientes, mas terão igualmente que ser caracte- rizados em termos de componentes com actividade fisiológica (ADA, 1999), também designados como novos nutrientes por alguns autores (ver e.g. Hendrich et al., 1994; Challem, 1999). Adicionalmente, os resul- tados da investigação na área emergente dos alimentos funcionais deverão ser mais ampla e efectivamente comunicados à comunidade científica e aos consumi- dores, de modo a poder contribuir significativamente para a melhoria da saúde pública (Fineberg e Rowe, 1998). Muito embora a grande maioria das substâncias naturais promotoras da saúde humana sejam de origem vegetal (para revisão, ver e.g. Kuhn, 1998), existem igualmente vários componentes com actividade fisio- lógica nos alimentos de origem animal com um poten- cial muito grande na optimização da saúde. O objecti- vo deste trabalho consistiu em rever a literatura para os componentes alimentares de origem animal com um possível efeito benéfico para a saúde humana, de modo a contribuir para a disseminação deste novo tópico junto dos médicos veterinários e de outros cientistas dos alimentos.

Definição de alimentos funcionais

O termo alimentos funcionais apareceu pela primeira vez no Japão, na década de 1980, para designar alimen- tos processados contendo ingredientes que mentoravam funções corporais determinadas para além do seu papel nutritivo. Presentemente, o Japão é o único país com um regulamento específico para aprovação de alimentos funcionais (Arai, 1996). Nos E.U.A., bem como na Europa, a categoria de alimento funcional não é ainda reconhecida legalmente. Apesar disso, muitas organiza- ções propuseram já definições para esta nova e emergen- te área das ciências da nutrição e da alimentação. O International Food Information Council (IFIC) define alimentos funcionais como “alimentos que fornecem benefícios para a saúde para além da nutrição básica”

(IFIC, 1998). Esta definição é semelhante à do Inte- rnational Life Sciences Institute (ILSI), dos E.U.A., que considera os alimentos funcionais como “alimentos que, por possuírem componentes com actividade fisiológica, fornecem benefícios para a saúde para além da nutrição básica” (Clydesdale, 1999). O Institute of Medicine of the National Academy of Sciences (IMNAS), também dos E.U.A., limita alimentos funcionais àqueles “cuja concentração de um ou mais ingredientes foi manipulada ou modificada de modo a incrementar a sua contribuição para uma dieta saudável” (IMNAS, 1994).

De acordo com as definições menos restritivas, alimentos não modificados tais como o peixe e a carne de vaca representam os exemplos mais simples de alimentos funcionais, uma vez que são ricos nos com- ponentes com actividade fisiológica ácidos gordos n-3 e ácido linoleico conjugado, respectivamente. Os ali- mentos modificados, concretamente aqueles cujo teor em componentes com actividade fisiológica foi deliberadamente aumentado, quer com fitoquímicos, quer com zooquímicos, são igualmente alimentos fun- cionais. Adicionalmente, a biotecnologia alimentar continuará certamente a ter um papel importante no desenvolvimento de novos alimentos funcionais.

Muito embora a designação de alimentos funcionais possa não ser o descritor ideal para esta categoria alimentar emergente, o IFIC demonstrou ser esta de- signação mais prontamente reconhecida e preferida pelos consumidores, relativamente a outros termos similares, tais como nutracêuticos ou alimentos dese- nhados (Schmidt et al., 1997). O uso generalizado e a aceitação do termo alimentos funcionais por cientistas, comunicação social e consumidores, torna conveniente mantê-lo em vez de o substituir por outro cientifica- mente mais apropriado, já que essa nova terminologia poderia aumentar ainda mais a confusão dos consumi- dores (ADA, 1999).

Produtos lácteos

Os produtos lácteos são comprovadamente alimen-

tos funcionais. Eles constituem, com efeito, uma das

melhores fontes de cálcio, um nutriente essencial que

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pode prevenir a osteoporose e, possivelmente, reduzir o risco de cancro do cólon. A National Academy of Sciences, dos E.U.A., aumentou recentemente os valo- res diários recomendados de ingestão de cálcio para a maioria dos grupos etários. No entanto, para além do cálcio, a investigação recente tem-se focado especifi- camente noutros componentes dos produtos lácteos, particularmente dos produtos lácteos fermentados, co- nhecidos como probióticos. Por probióticos entendem- se os “alimentos com microrganismos vivos que pro- duzem benefícios no animal hospedeiro, através da melhoria do balanço microbiano intestinal” (Fuller, 1994). Mais recentemente, Salminen et al. (1999) alargaram este conceito também a microrganismos não-viáveis no intestino, a saber: “preparações de células microbianas, ou de componentes de células microbianas, com efeito benéfico na saúde e no bem- estar do animal hospedeiro”.

O número de espécies bacterianas que colonizam o tracto gastro-intestinal humano encontra-se estimado em mais de quatrocentas. Estas espécies bacterianas podem ser classificadas em duas categorias, a saber:

benéficas (e.g. Bifidobacterium e Lactobacillus) e pre- judiciais (e.g. Enterobacteriaceae e Clostridium spp.).

De entre os microrganismos benéficos tradicionalmen- te encontrados nos alimentos fermentados, as bactérias produtoras de ácido láctico são as que têm despertado maior interesse (Sanders, 1994). Ainda que uma gran- de variedade de efeitos benéficos tenha sido atribuída aos probióticos, as suas acções biológicas que desper- taram maior interesse foram as anti-cancerígenas, as hipocolesterolémicas e as antagónicas dos agentes patogénicos intestinais (Mital e Garg, 1995).

O possível efeito hipocolesterolémico do leite fer- mentado foi descoberto há mais de 30 anos em estudos realizados na tribo africana Maasai (Mann et al., 1964). Os Maasai apresentam níveis baixos de colesterol plasmático e de doença coronária apesar da sua dieta ser muito rica em carne. A explicação para este efeito protector parece estar relacionada com o seu consumo diário de 4 a 5 L de leite fermentado! No entanto, apesar de vários ensaios clínicos em humanos terem avaliado este efeito hipocolesterolémico dos produtos lácteos fermentados, os seus resultados não são completamente esclarecedores. Estes resultados foram complicados com dimensões de amostras pouco adequadas, pelo facto da ingestão de nutrientes e do consumo de energia não terem sido controlados, bem como pela variação do nível basal de lípidos sanguíne- os.

O papel dos probióticos na redução do risco de cancro, particularmente de cancro do cólon, encontra- se muito melhor suportado cientificamente (Mital e Garg, 1995). Este efeito pode dever-se ao facto das bactérias referidas anteriormente modificarem a activi- dade de enzimas fecais (e.g. α-glucuronidase, azoredutase e nitroredutase), as quais parecem estar implicadas no desenvolvimento do referido cancro do

tubo digestivo. Relativamente menos atenção tem sido atribuída ao efeito do consumo de produtos lácteos fermentados sobre o cancro da mama, ainda que uma relação inversa tenha sido encontrada nalguns estudos (Talamini et al., 1984; van’t Veer et al., 1989).

Para além dos probióticos, existe actualmente um interesse crescente nos glúcidos não-digeríveis fer- mentados pela microflora benéfica do intestino. Estes pré-bióticos, definidos por Gibson e Roberfroid (1995) como “componentes alimentares não-digeríveis bené- ficos para o hospedeiro por estimulação selectiva do crescimento e/ou da actividade dum número limitado de bactérias do cólon”, incluem amidos, fibras dieté- ticas, outros açucares não absorvidos e oligossacáridos (Gibson et al., 1996). De entre os pré-bióticos, é aos oligossacáridos que tem sido atribuído o maior número de benefícios para a saúde (Tomomatsu, 1994). Os oligossacáridos são glúcidos compostos por três a dez monossacáridos, unidos entre si por ligações glicosí- dicas. Estes compostos com acção pré-biótica encon- tram-se naturalmente no leite e no mel e em muitos frutos e vegetais, incluindo a banana, o alho, a cebola e a alcachofra. Relacionado com os conceitos de pré- e probiótico encontra-se o de simbiótico, que se refere à associação destes dois tipos de componentes com actividade fisiológica num mesmo alimento (Gibson e Roberfroid, 1995). Muitos produtos alimentares sim- bióticos encontram-se já presentemente disponíveis no mercado Europeu.

Mais recentemente, relatou-se que as proteínas do soro do leite coalhado tinham uma actividade anti- cancerígena nos humanos (McIntosh et al., 1998).

Demonstrou-se, com efeito, que estas fontes proteícas (e.g. α-lactalbumina e β-lactoglobulina) são eficazes no retardamento do cancro do cólon em ratos jovens, relativamente a outras proteínas da dieta (carne e soja), o que constitui a base científica para a sua utilização como ingredientes de alimentos funcionais. A adição de proteínas do soro do leite coalhado a alimentos de base, segundo ensaios efectuados com painéis de provadores, não diminui geralmente a qualidade orga- noléptica desses alimentos de base. Uma área de investigação muito recente tem sido a da sequenciação dos péptidos com actividade biológica do soro do leite coalhado (e.g. péptidos opiáceos e péptidos inibidores da enzima conversora da angiotensina I), os quais se tornam activos durante a digestão no intestino e são importantes para a secreção de hormonas intestinais, para o reforço da resposta imunitária e no controlo da hipertensão arterial (Barth e Behnke, 1997; Leppälä, 2001).

Pescado

Os ácidos gordos n-3, ou ácidos gordos ómega-3

(ω3), representam uma família importante de ácidos

gordos poli-insaturados (PUFA) derivados principal-

mente do óleo de peixe. Os principais PUFA da família

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n-3 são o ácido α-linolénico (C18:3 n-3), o ácido icosapentaenóico (EPA; C20:5 n-3) e o ácido doco- sahexaenóico (DHA; C22:6 n-3). O ácido α-linolénico é um ácido gordo essencial, com um papel fundamen- tal nas funções do cérebro e da retina. O Canadian Recommended Nutrient Intake (CRNI) definiu a ingestão diária recomendada para os PUFA n-3 em 0,5% da energia total da dieta (citado por Hasler, 1998a). Outra classe importante de PUFA são os da família n-6, também designados ácidos gordos ómega- 6 (ω6), à qual pertencem o ácido linoleico (C18:2 n-6) e o ácido araquidónico (C20:4 n-6). O ácido linoleico é também um ácido gordo essencial, com um papel importante no desenvolvimento e na reprodução. Os PUFA das famílias n-3 e n-6 são sintetizados apenas pelas plantas, não sendo possível nos animais a con- versão metabólica entre as duas famílias destes ácidos gordos. Foi demonstrado que a dieta do tipo ocidental é relativamente deficiente em ácidos gordos n-3, o que está bem reflectido na razão n-6:n-3 estimada em 10- 25:1, atendendo a que o homem evoluiu com base numa dieta de razão 1-2:1 (Simopoulos, 1991). Este facto levou os investigadores a estudarem o papel dos ácidos gordos n-3 em várias doenças - particularmente no cancro e nas doenças cardiovasculares (CVD) - e mais recentemente, na fase inicial do desenvolvimento humano (Simopoulos, 2000).

O papel protector dos ácidos gordos n-3 nas CVD foi sugerido pela primeira vez por Bang and Dyerberg (1972), com base na observação de que os esquimós tinham taxas baixas destas doenças apesar da sua dieta conter um teor elevado de gordura. O efeito cardio- protector associado ao consumo de peixe foi encontra- do nalgumas investigações (e.g. Krumhout et al., 1985) mas não noutras (e.g. Ascherio et al., 1995). No entanto, estes resultados negativos podem ser explica- dos pela circunstância dos ácidos gordos n-3 baixarem o nível plasmático de triglicéridos (25-30%) mas não o de colesterol-LDL. Na realidade, uma revisão recente da literatura sobre 72 ensaios clínicos controlados com placebo mostrou que os ácidos gordos n-3 elevam mesmo a concentração plasmática de colesterol-LDL (Harris, 1997).

Apesar de não estar inequivocamente demonstrado que o consumo de grandes quantidades de peixe reduz o risco de CVD em adultos saudáveis, o consumo diário de pelo menos 35 g mostrou reduzir o risco de morte por enfarte do miocárdio (Chicago Western Electric Study; Daviglus et al., 1997). Foi igualmente encontrada uma relação significativa entre a ingestão duma refeição semanal de peixe e a redução do risco de mortalidade cardiovascular total em mais de 20.000 médicos dos E.U.A. acompanhados durante 11 anos (Albert et al., 1998).

A protecção das CVD pelos PUFA n-3 e o seu favorecimento pelos PUFA n-6 parecem estar relacio- nados com a biossíntese diferencial de eicosanóides (prostaglandinas, tromboxanos, leucotrienos e lipo-

xinas) a partir destas duas famílias de ácidos gordos (Simopoulos, 2000). Com efeito, os eicosanóides for- mados a partir dos PUFA n-6 (e.g. prostaglandina E

2

, tromboxano A

2

e leucotrieno B

4

) são biologicamente mais activos do que os biossintetizados a partir dos PUFA n-3 (e.g. prostaglandina I

3

, tromboxano A

3

e leucotrieno B

5

). Quando formados em grande quanti- dade, os eicosanóides derivados dos PUFA n-6 podem contribuir para a formação de trombos e de ateromas, para o desenvolvimento de problemas alérgicos e inflamatórios, bem como para a proliferação celular.

Por isso, uma dieta relativamente rica em ácidos gordos n-6 (a razão óptima n-6:n-3 é de 1-2:1) pode originar um estado fisiológico pró-trombótico, pró- agregatório, pró-inflamatório e vasoconstritivo. Por outro lado, sabe-se também que alguns ácidos gordos são segundos mensageiros em vias importantes de transdução de sinal (Graber et al., 1994) e que alguns PUFA podem mesmo alterar rápida e directamente a transcrição de genes específicos (Clark e Jump, 1994).

Carnes

As carnes de bovino e de ovino, devido à fracção lipídica que as caracteriza, têm sido associadas a alimentos pouco saudáveis. Com efeito, no rúmen os lípidos tendem a ser hidrogenados devido à acção dos microrganismos ruminais, o que conduz à formação de lípidos saturados e de ácidos gordos trans-mono- insaturados (trans-MUFA), que depois se depositam nos tecidos desses animais (Demeyer e Doreau, 1999).

No entanto, têm-se vindo a acumular os indícios científicos de que não são estas carnes em si mesmas que constituem um factor de risco para as doenças características do estilo de vida Ocidental, mas sim o teor excessivo e o tipo de gordura que elas geralmente apresentam (rica em ácidos gordos saturados e trans- MUFA). Com efeito, os resultados obtidos por Mann (2000) indicam que dietas ricas em carne vermelha magra podem efectivamente diminuir a colesterolemia, contribuir significativamente para o teor dos ácidos gordos n-3 tissulares e constituir uma boa fonte de ferro, zinco e vitamina B

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. O referido autor concluiu que a carne magra é saudável e benéfica em qualquer dieta equilibrada, desde que seja consumida como parte integrante duma dieta variada.

Os valores da razão entre os PUFA e os ácidos

gordos saturados das carnes de bovino e ovino (0,11 e

0,15) são inferiores aos recomendados para a dieta

humana (0,45) (Wood e Enser, 1997). É, no entanto,

possível reduzir o teor relativo de ácidos gordos satu-

rados e de trans-MUFA nas carnes dos ruminantes,

considerados prejudiciais para a saúde humana, au-

mentando a proporção de PUFA na dieta dos respecti-

vos animais (Geay et al., 2001). Por outro lado, a razão

de ácidos gordos n-6:n-3, se bem que também seja

dependente da dieta, é normalmente mais favorável na

carne dos ruminantes (1 a 2) do que na carne de suíno

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(7), devido ao facto do ácido α-linolénico representar mais de metade do teor de ácidos gordos das forragens frescas (Geay et al., 2001). Contudo, há que ter em consideração que uma grande parte dos PUFA da dieta dos animais ruminantes são hidrogenados no rúmen, pelo que o teor de ácidos gordos saturados da carne de bovino (até 50%) pode ser superior ao da carne de suíno (cerca de 40%).

Adicionalmente, um ácido gordo com propriedades anti-cancerígenas, o ácido linoleico conjugado (CLA), foi isolado pela primeira vez da carne de vaca grelhada (Ha et al., 1987). O CLA consiste, na realidade, numa mistura de isómeros geométricos e posicionais do ácido linoleico (C18:2 n-6), intermediários da biohidrogenação deste PUFA no rúmen, nos quais as duplas ligações se encontram em posição conjugada.

Encontram-se descritos doze isómeros do CLA como constituintes naturais dos alimentos (Yang et al., 2000). O CLA é caso único, na medida em que se encontra principalmente na gordura dos animais rumi- nantes (e.g. carnes de bovino e de ovino, e produtos lácteos). A gordura da carne de vaca contém de 3,1 a 8,5 mg CLA/g, representando os isómeros 9-cis e 11- trans de 57 a 85% do valor global de CLA (Decker, 1995). No entanto, o teor de CLA na carne dos ruminantes e no seu leite pode ser manipulado através da dieta administrada aos animais (Dhiman et al., 1999; Mir et al., 1999 e 2000). Outro aspecto interes- sante do CLA consiste no facto do seu teor aumentar com o tratamento térmico e com outros tipos de processamento dos alimentos. Este aspecto tem um significado importante e curioso, uma vez que vários compostos com actividade mutagénica e cancerígena têm sido identificados precisamente em carnes cozi- nhadas. A este propósito, é de referir que um estudo recente de revisão da evidência epidemiológica, efec- tuado por Norat e Riboli (2001), sugere que o consumo de carne vermelha e de carne processada está associa- do a um ligeiro aumento do risco de cancro colo-rectal.

Demonstrou-se, nos últimos anos, que o CLA supri- me efectivamente tumores do estômago no murganho, tumores do cólon no rato e a carcinogénese mamária nesta última espécie animal (Ip e Scimeca, 1997; Ip e Banni, 1999). No modelo do tumor mamário, o CLA mostrou-se efectivamente anti-cancerígeno quando in- cluído na dieta de 0,1 a 1%, o que se encontra acima do valor médio estimado para o consumo de CLA nos E.U.A. (cerca de 1 g CLA/pessoa/dia). Deste modo, tem-se tentado aumentar a concentração do CLA no leite de vaca, através da modificação da dieta fornecida aos animais (Kelly et al., 1998; O’Shea et al., 1998).

Estes resultados de anti-cancerigénese não são devidos à substituição do ácido linoleico nas células, o que sugere mecanismos específicos para a modulação do desenvolvimento de tumores pelo CLA.

Os isómeros CLA apresentam também um efeito protector na doença aterosclerótica, numa concentra- ção semelhante à que se encontra nos alimentos

(Cannella e Giusti, 2000). Este efeito pode estar relaci- onado com as propriedades antioxidantes do CLA, que foram demonstradas não apenas in vitro mas também in vivo (Kritchevsky, 2000). Paralelamente, um efeito hipolipémico foi obtido em coelhos através da suplementação das suas dietas com CLA (Pariza, 1999). Segundo o mesmo autor, encontram-se em curso estudos de avaliação do efeito protector do CLA sobre as doenças cardiovasculares em humanos.

Mais recentemente, alguns estudos têm sugerido que o CLA é também capaz de modificar a composição corporal, parecendo desempenhar um papel importante como agente redutor de peso. De facto, murganhos alimentados com uma dieta suplementada com 0,5%

de CLA reduziram a gordura corporal em 60% e aumentaram a massa corporal magra em 14%, relativa- mente a animais controlo (Park et al., 1997). Resulta- dos semelhantes, com repartição da massa corporal através da suplementação da dieta com CLA, foram obtidos também em suínos (Pariza, 1999) e em huma- nos (Vessby e Smedman, 1999; Blankson et al., 2000).

Estes efeitos de emagrecimento são possivelmente mediados pela diminuição da deposição de gordura e pelo aumento da lipólise, nos adipócitos.

Ovos

Os ovos não têm sido tradicionalmente encarados como alimentos funcionais devido, principalmente, à preocupação relativa aos seus efeitos adversos nos níveis plasmáticos de colesterol. No entanto, sabe-se actualmente que a relação entre o colesterol fornecido pela dieta e o nível de colesterol plasmático é muito baixa, em adultos saudáveis, e que a ingestão de um ou mais ovos por dia não afecta negativamente o nível de colesterol plasmático (Chizzolini et al., 1999; Hasler, 2000). Por outro lado, os ovos são uma excelente fonte dietética de muitos componentes essenciais (e.g. prote- ínas, vitaminas B

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e K, selénio, esfingolípidos, colina e PUFA n-3) e não-essenciais (e.g. luteína e zeaxantina), com um papel importante na promoção da saúde. A luteína e a zeaxantina são antioxidantes carotenóides que parecem estar relacionados com uma redução do risco de degenerescência macular na velhice, a qual é uma das principais causas de cegueira irreversível (Hasler, 2000). Por estas razões, Hasler (2000) refere que o ovo desempenhará no futuro um papel importan- te no campo dos alimentos funcionais.

As principais fontes alimentares de esfingolípidos,

contendo algumas milimoles por quilograma de ali-

mento edível, são os ovos, os produtos lácteos e os

grãos de soja (Vesper et al., 1999). Não se conhecem

exigências nutricionais para os esfingolípidos, muito

embora eles sejam hidrolisados no tracto gastro-intes-

tinal em produtos importantes para a regulação do

crescimento, diferenciação, apoptose e outras funções

celulares (e.g. ceramidas e bases esfingóides). Estudos

realizados em animais mostraram que a suplementação

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da sua dieta com esfingolípidos inibe a cancerigénese do cólon, reduz o colesterol-LDL plasmático e eleva o colesterol-HDL, o que sugere de facto que os esfingo- lípidos representam um componente funcional dos alimentos (Vesper et al., 1999).

Por modificação da dieta das galinhas é possível obter ovos enriquecidos com PUFA n-3 (Simopoulos, 1999). Três ovos enriquecidos com PUFA n-3 forne- cem aproximadamente a mesma quantidade de ácidos gordos n-3 do que uma refeição de peixe. Verificou-se experimentalmente que os níveis plasmáticos de colesterol total e de colesterol-LDL não aumentam significativamente em indivíduos alimentados diaria- mente com quatro ovos enriquecidos com PUFA n-3 durante quatro semanas (Lewis et al., 2000). O nível de triglicéridos plasmáticos diminui com a incorporação na dieta de ovos enriquecidos com PUFA n-3. Os ácidos gordos n-3 podem influenciar as dimensões da partícula de LDL, convertendo-a numa partícula me- nos aterogénica. Constatou-se ainda que a agregação plaquetária diminui significativamente em indivíduos que consomem ovos enriquecidos com PUFA n-3. Por último, é de referir que todos os estudos efectuados até ao momento sobre o consumo de ovos enriquecidos com PUFA n-3 sugerem apenas efeitos benéficos para a saúde.

Generalidade dos alimentos de origem animal

Vários compostos químicos amplamente difundidos nos alimentos de origem animal têm sido sugeridos como possíveis componentes com actividade fisiológi- ca. Dentro destes, os nutrientes essenciais em determi- nadas condições fisiológicas (condicionalmente essen- ciais), também designados substâncias semelhantes a vitaminas (“vitamin-like”), L-carnitina, coenzima Q

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, ácido α -lipóico, colina e taurina, têm merecido uma atenção crescente nos últimos tempos.

A L-carnitina, trimetilbetaína do γ -amino −β -hidro- xibutirato, é sintetizada quase exclusivamente no fíga- do dos animais vertebrados e existe em grande quanti- dade nos alimentos de origem animal (Rebouche e Seim, 1998; Zeyner e Harmeyer, 1999). O músculo esquelético constitui o principal reservatório de L- -carnitina do organismo, com uma concentração apro- ximadamente 200 vezes superior à do plasma sanguí- neo. A L-carnitina desempenha um papel biológico fundamental no transporte de ácidos gordos de cadeias média (C12-C14) e longa (C16-C24) através da mem- brana mitocondrial, para sofrerem β -oxidação no inte- rior da mitocôndria, na formação dos corpos cetónicos e na termogénese (Woollard, 1999). A L-carnitina parece ser um nutriente essencial na infância e noutras situações em que as necessidades energéticas são parti- cularmente elevadas, como por exemplo durante a gravidez e em situações de aleitamento materno (Giovannini et al., 1991; Owen et al., 2001).

A L-carnitina e a colina são possíveis agentes ergogénicos (Kanter e Williams, 1995). A suplemen- tação da dieta humana com colina reduz a excreção urinária de L-carnitina (Dodson e Sachan, 1997). A L- carnitina favorece a oxidação lipídica com o consequente aumento do VO

2

max e diminuição do lactato acumulado durante o exercício físico. A suplementação da dieta com colina parece impedir a diminuição da produção de acetilcolina durante o exercício físico, prolongando assim a capacidade de desenvolver trabalho muscular intenso. A suple- mentação da dieta humana com L-carnitina parece ter igualmente um efeito imunomodulador (Mast et al., 2000) e, juntamente com o ácido α-lipóico, parece também retardar o envelhecimento (Ames, 1998). No entanto, são necessários mais estudos para uma melhor avaliação dos possíveis efeitos da suplementação oral de L-carnitina sobre o metabolismo energético, a fun- ção cardíaca e o desempenho físico em repouso e em actividade, de modo a conhecer melhor as condições em que a L-carnitina pode ser benéfica (Zeyner e Harmeyer, 1999).

A coenzima Q

10

, ou ubiquinona, é uma substância condicionalmente essencial que desempenha um papel crucial na formação da energia celular e na eliminação de radicais livres do corpo humano (Overvad et al., 1999; Hojerova, 2000). Contudo, após os 35 a 40 anos de idade, o organismo começa a perder a capacidade de sintetizar a coenzima Q

10

, pelo que se pode desen- volver a sua deficiência. Na verdade, os factores responsáveis pela instalação da deficiência em coen- zima Q

10

não estão apenas relacionados com o enve- lhecimento, mas também com dietas desequilibradas, stress e infecções. Nestas circunstâncias, a suple- mentação da dieta com coenzima Q

10

pode ser muito útil para o organismo (Hojerova, 2000). Por outro lado, encontram-se descritos efeitos cardiovasculares benéficos com dietas suplementadas simultaneamen- te com coenzima Q

10

, L-carnitina e taurina (Kendler, 1997).

O ácido α-lipóico, que desempenha um papel essen- cial como cofactor das reacções catalisadas pela piru- vato desidrogenase e pela α-cetoglutarato desidro- genase, tem recebido ultimamente uma atenção consi- derável como antioxidante (Packer et al., 1995). O α- lipoato, ou a sua forma reduzida (dihidrolipoato), reagem com espécies de oxigénio reactivo, tais como os radicais superóxido, os radicais hidroxilo, o ácido hipocloroso, os radicais peroxilo e o oxigénio singleto.

Para além da sua actividade antioxidante, o dihidro-

lipoato pode exercer também uma acção pró-oxidante,

através da redução do ferro férrico a ferroso. A admi-

nistração de α-lipoato mostrou ser benéfica numa série

de modelos de stress oxidativo, tais como lesões de

isquémia-reperfusão, diabetes mellitus, formação de

cataratas, activação do vírus da imunodeficiência ad-

quirida humana, neurodegeneração e lesões provo-

cadas por radiações electromagnéticas (Packer et al.,

(7)

1995). Para além destes efeitos, e segundo o mesmo autor, o α-lipoato pode ainda funcionar como regula- dor de oxidação-redução de várias proteínas, como por exemplo a mioglobina, a prolactina, a tioredoxina e o factor de transcrição NF-kappa B.

A colina desempenha um papel importante no meta- bolismo dos grupos metilo e do transporte lipídico, sendo igualmente um componente estrutural de vários compostos biológicos importantes, nomeadamente de três fosfolípidos de membrana (lecitina, esfingomi- elina e plasmalogénio), do neurotransmissor acetil- colina e do factor activador das plaquetas (Canty e Zeisel, 1994). Muito embora a colina seja um nutriente essencial para várias espécies animais, não é actual- mente considerada essencial para os humanos. Contu- do, estudos clínicos recentes mostraram que a colina é essencial para uma função hepática normal (Hasler, 2000). Para além destes resultados, estudos de biologia celular e molecular forneceram indícios muito fortes de que alguns fosfolípidos desempenham um papel fundamental na formação de segundos mensageiros para a transdução de sinal ao nível da membrana celular. Estes dados recentes podem, só por si, ser suficientes para considerar a colina um nutriente es- sencial também para os humanos (Canty e Zeisel, 1994). Outros autores, como por exemplo Kanter e Williams (1995), têm sugerido que a colina é um agente ergogénico. Os efeitos benéficos da colina na função cognitiva, particularmente no desenvolvimento embrionário precoce, encontram-se presentemente em estudo (Hasler, 2000).

Os estudos clássicos de balanço azotado mostraram existir, nos humanos adultos saudáveis, os seguintes oito aminoácidos essenciais: isoleucina, leucina,

lisina, metionina, fenilalanina, treonina, triptofano e valina. Contudo, vários estudos posteriores têm sugeri- do o carácter essencial também da taurina (Laidlaw e Kopple, 1987). Por outro lado, foram recentemente relatados efeitos cardiovasculares benéficos com die- tas suplementadas com este nutriente condicionalmen- te essencial (Kendler, 1997).

Segurança alimentar

Ainda que o aumento da disponibilidade de alimen- tos saudáveis na dieta, incluindo os alimentos funcio- nais, seja fundamental para assegurar uma população mais saudável (ADA, 1995), existe um aspecto crítico de segurança que é necessário ter em consideração.

Com efeito, as doses óptimas da generalidade dos componentes com actividade fisiológica actualmente sob investigação são ainda desconhecidas. Deste modo, a doutrina de Paracelso (século XV), segundo a qual «todas as substâncias são venenos [...] a dose certa diferencia o veneno do remédio», é ainda mais perti- nente hoje em dia, dada a enorme proliferação de suplementos dietéticos a que se tem assistido nos últimos tempos. Assim sendo, é necessário ponderar cuidadosamente os benefícios e os riscos, quer para os indivíduos, quer para as populações em geral, do consumo generalizado e frequente de alimentos funci- onais. No entanto, para que a razão benefício/risco possa ser maximizada torna-se fundamental conhecer, não apenas a eficácia, mas também a toxicidade dos componentes com actividade fisiológica dos alimentos funcionais.

Por outro lado, o conceito de segurança alimentar tem que se expandir de modo a passar a abranger

Quadro 1 - Componentes com actividade fisiológica putativa dos alimentos de origem animal e seus possíveis benefícios para a saúde humana. CVD significa doenças cardiovasculares.

ALIMENTOS DE COMPONENTES COM BENEFÍCIOS SUGERIDOS

ORIGEM ANIMAL ACTIVIDADE FISIO- PARA A SAÚDE HUMANA

LÓGICA PUTATIVA Produtos lácteos:

- produtos lácteos Cálcio Reduz risco de osteoporose e cancro do cólon

- produtos lácteos fermentados Probióticos Vários benefícios

- proteínas do soro Proteínas Reduz risco de cancro do cólon

- péptidos do soro Péptidos Estimula o sistema imunitário

Pescado:

- óleo de peixe Ácidos gordos n-3 Reduz risco de cancro e de CVD

Carnes:

- bovino e ovino Ácido linoleico conjugado Reduz risco de cancro, de CVD e obesidade Ovos:

- ovos Esfingolípidos Reduz colesterol e risco de cancro do cólon

- ovos com ácidos gordos n-3 Ácidos gordos n-3 Reduz risco de cancro e de CVD Alimentos de origem animal:

- alimentos de origem animal L-Carnitina Vários benefícios

- alimentos de origem animal Coenzima Q10 Agente ergogénico e antioxidante - alimentos de origem animal Ácido α-lipóico Antioxidante

- alimentos de origem animal Colina Agente ergogénico e desenvolvimento

(8)

também os efeitos dos alimentos sobre a optimização da saúde (Simopoulos, 2000). Assim sendo, deve a segurança alimentar passar a considerar também a composição nutricional dos alimentos (e.g. razão PUFA n-6:n-3) e as alterações de nutrientes decorren- tes de determinados processos domésticos e industriais (e.g. formação de ácidos gordos trans-MUFA durante a hidrogenação de PUFA).

O Quadro 1 apresenta os componentes com activida- de fisiológica putativa dos alimentos de origem ani- mal, descritos em pormenor no texto, e os seus possí- veis benefícios para a saúde humana. No Quadro 2 referem-se alguns alimentos funcionais de origem ani- mal com alegações de saúde submetidas ou aprovadas pela FDA, os seus componentes com actividade fisio- lógica, os seus potenciais benefícios para a saúde humana e o tipo de suporte científico desses efeitos promotores da saúde.

Conclusões

Os indícios científicos de que os alimentos funcio- nais de origem animal contribuem significativamente para a melhoria da saúde humana, devido aos seus componentes com actividade fisiológica (zooquí- micos), têm aumentado muito rapidamente nos últimos tempos. Estes componentes com actividade fisiológica putativa incluem: o cálcio, os probióticos, as proteínas do soro e os péptidos do soro, dos produtos lácteos; os ácidos gordos n-3, do peixe; o ácido linoleico conjuga- do, das carnes de bovino e de ovino; os esfingolípidos,

dos ovos; e, por último, os nutrientes condicionalmen- te essenciais L-carnitina, coenzima Q

10

, ácido α- lipóico, colina e taurina, amplamente difundidos nos produtos animais.

No entanto, há que referir que o estudo dos alimen- tos funcionais se encontra apenas no seu início. Para além disso, vários factores dificultam o estabelecimen- to duma relação científica forte entre a ingestão do alimento funcional e a obtenção do efeito promotor da saúde. Estes factores incluem a complexidade da subs- tância alimentar, as possíveis alterações metabólicas compensatórias resultantes da alteração da dieta, bem como a falta de marcadores biológicos fidedignos do desenvolvimento das patologias. Assim sendo, é ne- cessário continuar a investigar os possíveis benefícios para a saúde humana de todos aqueles alimentos cuja relação dieta-saúde não se encontra ainda suficiente- mente fundamentada.

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Quadro 2. Alguns alimentos funcionais de origem animal com alegações de saúde submetidas ou aprovadas pela FDA, seus componentes com actividade fisiológica e potenciais benefícios para a saúde humana. Adaptado de ADA (1999).

ALIMENTOS COMPONENTES POTENCIAIS SUPORTE ALEGAÇÕES

FUNCIONAIS ACTIVOS BENEFÍCIOS CIENTÍFICO DE SAÚDE

Alimentos magros Pobreza em gordura total Reduz risco de cancro; Ensaios clínicos Aprovada pela FDA numa dieta pobre ou em gordura saturada Reduz risco de Ensaios clínicos

em gordura (e.g. carne, doença cardíaca

peixe e lacticínios)

Leite (magro) Cálcio Reduz risco Ensaios clínicos Aprovada pela FDA

de osteoporose

Produtos lácteos Probióticos Reduz Estudos Submetida à FDA

fermentados colesterolemia; epidemiológicos;

Reduz risco Estudos

de cancro; epidemiológicos;

Controla patogénicos Ensaios clínicos intestinais

Peixe Ácidos gordos n-3 Reduz risco Estudos Submetida à FDA

(>180 g/semana) de doença cardíaca epidemiológicos

(peixe) e ensaios clínicos (ácidos gordos n-3)

Carnes de bovino Ácido linoleico Reduz risco de Estudos em animais Submetida à FDA e ovino e lacticínios conjugado tumores mamários

Ovos com ácidos Ácidos gordos n-3 Reduz colesterolemia Ensaios clínicos Submetida à FDA gordos n-3

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Resumo: O autor faz, sumariamente a história do Laboratório Central de Patologia Veterinária de Angola, o qual foi um dos mais importantes centros de investigação veterinária em África.

Nele trabalharam mais de uma dezena de médicos veterinários portugueses e estrangeiros. A sua construção, iniciada em 1927 sofreu diversas vicissitudes, conforme as tendências dos muitos Governadores Gerais que por Angola passavam. A sua localiza- ção geográfica permitia facilidades de comunicação com todo o país e o estrangeiro. Construído com a largueza correspondente à extensão geográfica que servia, nele se centralizavam a prepara- ção das vacinas e o apoio à identificação da patologia animal da Colónia. As suas publicações, incluindo teses de doutoramento atingiram várias centenas. Foi destruído pela guerra civil que tam- bém destruiu Angola.

Summary: The author writes the history of the Nova Lisboa Labo- ratories, one of the most important veterinary research institutions in Africa. The buildings were started in 1927 but its construction, for political reasons delayed as far as 1950. Built in the high lands of the Angolan central plateau, communications were easily made with all the country, by railway, by air or road. Its action was decisive for the preparation of vaccines and knowledge of the animal pathology of the colony. Some hundreds of papers were presented to congresses or published in Portuguese, French and English, including some PhD. Thesis. It was completely destroyed by the civil war that also destroyed Angola.

Apresentação

A História do Laboratório Central de Patologia Vete- rinária de Angola (L.C.P.V.), também conhecido por “La- boratórios de Nova Lisboa” (“Nova Lisboa Laboratories”), encontra-se dispersa e é quase desconhe- cida. Actualmente só existem ruínas mas ele existiu, re- presenta um marco importante na História de Angola e um atestado da capacidade profissional de quantos o pro- jectaram e desenvolveram.

Servir-nos-á, à laia de introdução, a opinião do Dou- tor Raymond A. Alexander, então Director do Instituto de Investigação Veterinária em Onderstepoort, que em 2 de Agosto de 1958, numa entrevista ao jornal “A Pro- víncia de Angola”, afirmou: «… Maior surpresa do que a causada pela cidade [referia-se a Nova Lisboa, que elo- giou] foi a surpresa que a visita aos realmente perfeitos laboratórios de veterinária nos proporcionou. Muitas coisas que vi, me fizeram lembrar os meus laboratórios

de Onderstepoort, e em muitos aspectos se verificam mesmo melhoramentos em relação a eles». E o jornalis- ta comenta que se devia salientar essa afirmação «…sa- bendo-se que os laboratórios de Onderstepoort, que o Doutor Alexander dirige, são considerados como um dos maiores centros de investigação científica de todo o mundo». Mas o Prof. Alexander continuou: «Não são os edifícios que categorizam os laboratórios, mas sim o seu equipamento, cujas características de actualidade indi- cam uma cuidadosa atenção no planejamento das pes- quisas relacionadas com os mais importantes problemas.

Na nossa opinião, para qualquer reunião científica a re- alizar nada mais é necessário do que uma ida a Nova Lisboa, com o seu clima estimulante, as suas boas aco- modações e as excepcionais facilidades de carácter téc- nico e científico que proporciona...» e conclui «…dese- jo agradecer ao Governo a oportunidade e o privilégio que nos concedeu de visitarmos uma cidade e um Insti- tuto de que os portugueses têm razão para se mostrar orgulhosos». Acrescentemos que ao “Veterinary Research Institute” em Onderstepoort, dirigido pelo Prof.

Raymond Alexander, deviam os médicos-veterinários dos Laboratórios de Nova Lisboa a sua especialização pro- fissional. Aliás, nesses tempos, o Instituto de Onderstepoort era a “Meka” de quantos médicos-veteri- nários trabalhavam em África e continua sendo uma re- ferência mundial na área das Ciências Veterinárias.

Os primórdios

Como já escrevemos a constituição de Serviços Vete- rinários em Angola foi lenta e difícil. O Governo central entendia que o estudo da produção animal era muito caro e que, além disso, já se sabia tudo nessa matéria. Seria apenas necessário transferir para Angola os conhecimen- tos obtidos em outras regiões. A investigação agrícola era muito mais barata e podia ser feita em Lisboa onde se criou um “Jardim do Ultramar” cuja função, entre outras, era cultivar plantas e produzir sementes destina- das à agricultura tropical. Nada se sabia de Pecuária Tro- pical, nada se sabia de Patologia Animal Tropical, (em especial da que respeitava às Colónias Portuguesas) mas o Ministro dos Negócios da Marinha e Ultramar enten-

A história do Laboratório Central de Patologia Veterinária de Angola The history of the Nova Lisboa Laboratories, Angola

António Martins Mendes

Faculdade de Medicina Veterinária, UTL, Rua Professor Cid dos Santos 1300-477 Lisboa

CIÊNCIAS CIÊNCIAS CIÊNCIAS CIÊNCIAS

CIÊNCIAS VETERINÁRIAS VETERINÁRIAS VETERINÁRIAS VETERINÁRIAS VETERINÁRIAS

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dia que, em caso de necessidade, o médico, o agrónomo ou mesmo o regente agrícola ou o ferrador substituiriam o médico-veterinário. Além disso a situação excêntrica da capital angolana, a mais de mil quilómetros das regi- ões pecuárias do Sul sustentava facilmente essa menta- lidade. Claro que essas convicções oficiais deram ori- gem a erros de diagnóstico , que chegaram até aos nos- sos dias e a ideias “lapidares” sobre a etiopatogenia da Peripneumonia Contagiosa, mas isso não importava pois a quase totalidade dos criadores de gado eram campone- ses que viviam no Sul de Angola e lutavam contra os portugueses, opondo-se à conquista das suas terras.

O escasso número de médicos-veterinários civis que eram enviados para Angola, completamente desenquadrados e entregues a si próprios, colocados sob as ordens de quem nada sabia de Medicina Veterinária pouco podiam fazer, a braços com uma patologia que desconheciam em muitos aspectos, num ambiente cien- tífico primitivo, pugnavam pela fundação de um labora- tório que lhes desse algum apoio, mas sem qualquer re- sultado.

O primeiro Governador Geral que se interessou pela defesa da pecuária de Angola foi o Governador Geral Major José Mendes Ribeiro Norton de Matos mas o seu trabalho ficou prejudicado pelo deflagrar da I Guerra Mundial. Não obstante, mesmo durante o seu governo a dinamização do que chamavam “Serviços Veterinários”

consistia em transferir, alternadamente, entre Benguela e Luanda os dois únicos veterinários existentes. É certo que em 1909 foi criado o Laboratório Agronómico de Luanda mas, em 1916 o Prof. Monteiro da Costa consi- derava a Secção Veterinária desse laboratório como uma

“anedota” por insuficiência de espaço, de equipamento e de pessoal auxiliar.

A entrada de Portugal na I Grande Guerra, em 1916, com o destacamento para Angola de algumas dezenas de médicos-veterinários militares viria a confirmar a ne- cessidade de “Serviços de Pecuária” organizados e au- tónomos, pois a colonização aumentava e com ela cres- cia a pressão da opinião pública que exigia mais atenção à saúde e ao melhoramento dos animais. Assinada a paz ,a criação e a autonomia dos Serviços Veterinários, ou Pecuários, como se dizia na época, foi ainda obra do

grande reformador da administração angolana, o Alto- Comissário da República e agora General Norton de Matos no ano de 1922. Foi seu primeiro Director o Dou- tor Artur Elviro de Moura Coutinho de Almeida d’ Eça, que teve a sorte de contar com um grupo excepcional de pioneiros que o ajudaram e secundaram. Data de 1923 a primeira orgânica dos Serviços Pecuários de Angola.

Nesse mesmo ano, o Sul da colónia foi invadido por uma epizootia de Carbúnculo Sintomático, vinda do en- tão Sudoeste Africano (actual Namíbia), que foi progre- dindo em território virgem e sem defesas. Na luta que se travou os veterinários demonstraram a sua competência profissional, a sua capacidade de adaptação à vida no mato e deram «… num trabalho fundamentalmente téc- nico, um dos melhores passos de política indígena, que muito honra os Serviços de Pecuária da Colónia». Tra- tou-se, de facto, de uma epizootia de carbúnculo sinto- mático e não de peripneumonia contagiosa como já vi- mos escrito. A actuação dessa Missão Veterinária da Huíla, chefiada pelo Dr. António Lebre e constituída pelos Drs. Augusto Lourinho, Carlos Carneiro e Abel Pratas demonstrou o valor profiláctico da vacina, con- vencendo os criadores e as autoridades. Enfim, tempos passados, quando ainda se vacinava em vez de matar e incinerar.

A morosidade dos transportes da época dificultava a chegada de vacinas em boas condições de conservação.

Por esse motivo, e por ser urgente o conhecimento da patologia animal, para que houvesse uma acção sanitá- ria eficaz, insistiu-se na construção de um Laboratório de Patologia Veterinária. A propósito deste assunto, es- crevia o Dr. Isidoro Martins dos Santos, em 1968: «…

Para conseguir os soros e as vacinas contra as principais

Vista aérea do LCVP (fotografia dos serviços de fotografia do LCPV)

enzootias grassantes estava-se na dependência dos La- boratórios da Metrópole ou do Estrangeiro e os forneci- mentos condicionados à chegada dos barcos a um ritmo de um em cada vinte e um dias e por vezes a prazos mais dilatados. [...] Sem se dispor dos soros e vacinas para se estruturar uma decidida assistência, sem um Laborató- rio de análise […] os poucos técnicos dispersos pela Pro- víncia estavam condenados à estática atitude de teste- munhas passivas de importantes razias nos gados». E

Fachada principal do LCPV (fotografia dos serviços de fotografia do LCPV)

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acrescenta: «Pessoalmente eu ainda passei por essas agru- ras».

O Doutor Almeida d’ Eça, conhecia as realidades tro- picais, e entendia que, sem o domínio do problema sani- tário não se poderia pensar no aumento da produção nem fazer melhoramento animal. Por isso insistia na monta- gem de um Laboratório de Patologia Veterinária. O tra- balho da Missão Veterinária da Huíla, acima referido, reforçou as suas razões. Em Março de 1926, foi manda- do estudar em Portugal e no estrangeiro, as bases em que assentaria a construção dessa instituição. Por felici- dade o Doutor Almeida d’ Eça, em Junho de 1916, fora preparador e mais tarde assistente da cadeira de

“Microbiologia Agrícola e Fermentações”, na Escola Superior de Medicina Veterinária. Neste lugar permane- ceu até Junho de 1919, quando foi contratado Chefe de Secção do Ministério das Colónias.

O regime de Altos Comissários representou para An- gola e Moçambique um período de grandes reformas ad- ministrativas, pela autonomia governativa que concedia, permitindo contrariar a ignorância e o desinteresse das autoridades do Terreiro do Paço, pelos problemas colo- niais.

Norton de Matos acreditava no futuro de Angola, nas suas potencialidades e não se submetia à mesquinhez que o Governo Central impunha. A sua “dimensão” era a da imensa Angola. Por isso foi demitido em 1923. À sua exoneração seguiu-se um período conturbado, por dificuldades diversas e com a nomeação de vários en- carregados do Governo. Mas foi precisamente a um des- tes, o Comandante Artur de Sales Henriques, sendo Di- rector dos Serviços Pecuários substituto o Doutor Ge- raldo Gomes Loureiro, que se ficou devendo a criação da “Missão Veterinária da Huíla”.

O regresso de Almeida d’ Eça a Luanda precedeu, de alguns meses, a nomeação e o desembarque (Setembro de 1927) do novo Alto Comissário: o Coronel de Enge- nharia António Vicente Ferreira que já exercera a profis- são em Angola e iria ser o continuador de Norton de Matos. Compreendeu o alcance político e técnico da ac- tuação da Missão Veterinária da Huíla, publicando le- gislação correctora das falhas verificadas, incluindo a construção do tão desejado Laboratório. Almeida d’ Eça faz-lhe justiça e escreve: «… se a Norton de Matos se ficou devendo a autonomia dos serviços Pecuários a Vicente Ferreira eles devem o impulso mais enérgico e mais importante que sofreram».

Almeida d’Eça regressara a Luanda e sem perder tem- po iniciara o projecto do Laboratório Central de Patolo- gia Veterinária, com o auxílio do engenheiro Sá Carnei- ro, dos Serviços de Obras Públicas, aprontando tudo para que o novo Alto Comissário autorizasse a sua tão neces- sária construção, como de facto veio a suceder em 7 de Dezembro do mesmo ano.

Localização

Foi o primeiro ponto discutido e o Dr. Almeida d’ Eça,

escreve: «Foi com Norton de Matos, que eu tive os pri- meiros sonhos deste Laboratório, mas então para o ins- talar em Luanda. Contudo, esse ex- Alto Comissário veio a concordar, comigo, na nova solução de antes colocar o laboratório em local mais central e mais perto das cria- ções então existentes. Pensou-se, por isso, em escolher Sá da Bandeira. Foi, porém com o Alto Comissário Vicente Ferreira, sendo Secretário Provincial de Agri- cultura o Dr. Torres Garcia que se definiu a localização no Huambo, solução que reunia melhores condições».

De facto a localização desse Laboratório na cidade planáltica, que Norton sonhara e estava em plena expan- são, confirmar-se-ia mais acertada. Exactamente como fora visionado, essa cidade, situada a mais de 1500 me- tros de altitude, quase no centro do grande quadrilátero que é Angola, veio a constituir um importantíssimo nó de comunicações terrestres e aéreas. A partir do Huambo era fácil comunicar: por avião, por estrada ou por cami- nho de ferro, com qualquer ponto da Colónia ou do es- trangeiro.

O diploma legislativo nº 631, publicado pouco depois da chegada de Vicente Ferreira a Angola, além de auto- rizar a construção imediata do Laboratório Central de Patologia Veterinária incluía-a na Tabela da Despesa Ex- traordinária da Colónia. Depois, em Dezembro do mes- mo ano o Diploma Legislativo nº 661 considerava tra- tar-se de uma obra intimamente relacionada com o fo- mento pecuário da Colónia, para ser executada em três anos. O Artº. 4º deste diploma dizia: «A verba total des- tinada à construção do Laboratório é de 6.000 contos…», equivalente, a preços actuais, a cerca de 900 mil contos, um investimento extraordinariamente elevado para a época mas feito à medida do país que serviria.

Vicente Ferreira era um governante esclarecido, bem secundado pelo Dr. Torres Garcia. O Diploma aci- ma referido foi logo seguido de um outro que reorgani- zava, e aprovava as: «Bases orgânicas dos Serviços de Pecuária da Colónia de Angola […] tendo em vista o que da sua acção se deve esperar…», e terminava com a seguinte referência ao laboratório: «… entregando a téc- nicos, devidamente habilitados, determinados serviços e estudos, no combate das doenças dos gados será dada realização, à custa mesmo de sacrifícios, ao Laboratório Central de Patologia Veterinária, que se localizará em ponto da Colónia facilmente acessível e apropriado. A esse estabelecimento cabe o papel importante previsto em legislação anterior, da produção de vacinas e soros.

Agregado a ele serão criados pequenos laboratórios au- xiliares, mais propriamente, talvez, classificados gabi- netes de estudo, dos quais ficará já existindo o actual pequeno laboratório de Luanda…». De facto este viria a dar origem ao “Laboratório Regional de Luanda”.

Construção: fase I

Definida a localização do Laboratório na cidade do

Huambo, foi nomeada uma comissão, executiva, com

residência nessa cidade, composta: pelo Director dos Ser-

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