INSTITUTO FEDERAL GOIANO – CÂMPUS CERES LICENCIATURA PLENA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
ALINE REZENDE SILVA
LEVANTAMENTO DE ORNITOFAUNA EM CERES, GOIÁS, BRASIL
CERES – GO
2013
ALINE REZENDE SILVA
LEVANTAMENTO DE ORNITOFAUNA EM CERES, GOIÁS, BRASIL
SUELINO SEVERINO DA SILVA ORIENTADOR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres, como requisito obrigatório para a obtenção do diploma de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas.
CERES – GO
2013
Ficha catalográfica elaborada por Bárbara R. Bittencourt Sallaberry – CRB1/2719.
S586l Silva, Aline Rezende
Levantamento de ornitofauna em Ceres, Goiás, Brasil / Aline Rezende Silva ; orientação Suelino Severino da Silva. – 2013.
48 f.
Monografia (licenciatura) – Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres, Ceres/GO, 2013.
1. Aves. 2. Diversidade. 3. Cerrado. I. Silva, Suelino Severino da II. Título.
CDU- 598.2
Ao bom Deus que além de vida me proporcionou sabedoria e paciência pra que pudesse chegar até aqui; Aos meus pais: Gilmar de Castro Rezende e Maria de Fátima Silva Rezende;
minha irmã: Amanda Rezende Silva,
amigos, familiares e há alguém muito
especial que não está no nosso meio e
que pude aprender muito sobre ter
paciência, perseverança e fé em Deus,
minha prima Ângela Evandra da Silva
(in memorian), dedico.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus.
Ao Professor Suelino Severino da Silva por sua compreensão, orientação e dedicação ao trabalho.
A Professora Maria do Socorro Viana do Nascimento pelos equipamentos que foram utilizados durante a execução do trabalho.
Ao Professor Pedro Gomes Cruz pela ajuda na compreensão dos dados estatísticos.
A bibliotecária Bárbara R. B. Sallaberry pela ajuda com as normas e referências do trabalho.
Aos meus colegas Elvis Batista de Moraes, Fernando Yuri Silva dos Anjos e Alinni Alves Fernandes pela colaboração na execução do trabalho.
Ao meu namorado Igor Carvalho Souza que de muitas das vezes em horas de nervosismo foi quem me deu muita força, e conselhos que serviram para o meu crescimento.
Aos meus grandes colegas que considero amigos da primeira turma do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas: Angela Pereira Matos, Elvis Batista de Moraes, Erlany Patrícia de Medeiros, Géssica Fernanda Alves de Medeiros, Jenifer Jessi de Melo, Lais Marques, Luciane Ferreira Freitas Messias, Rafaela Andrade Durão, Rafaella Silveira de Sousa e Roberta Patrícia Reis.
A todos os meus professores do Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres pela motivação e conhecimento que adquiri nestes quatro anos.
Aos meus queridos pais que de forma especial me deram coragem, incentivo e
apoio e que os considero meus pássaros preferidos.
“Um dia enquanto São Francisco caminhava pelos bosques, os pássaros levantaram vôo das árvores onde se encontravam e foram até ele para cumprimentá-lo. Entoaram os trinados mais encantadores para demonstrar seu afeto. E ao perceber que São Francisco iria falar-lhes, pousaram na relva para escutá- lo.”
O Livro das Virtudes
Adaptado por James Baldwin
RESUMO
A Ornitofauna brasileira chega a aproximadamente 1.800 espécies de aves tornando o Brasil um destaque no que se refere à diversidade de aves. Com toda pressa do nosso dia e pela falta de hábito da observação faz com que as aves não sejam notadas nas áreas naturais da cidade, onde muitas espécies convivem diariamente conosco. Diante do fato e de que na região do estado de Goiás existem poucos levantamentos sobre a ornitofauna, o principal objetivo foi realizar um levantamento em duas áreas amostrais da cidade de Ceres- Goiás determinando a diversidade de aves na cidade como fonte de importância de determinar estes parâmetros. A pesquisa é de característica exploratória, com observação das aves em plena natureza, sendo utilizado o método de observação visual direta para registro das aves e de levantamento qualitativo por percursos em trilha. O bioma Cerrado é considerado rico em diversidade de espécies de aves, com sua paisagem diversificada e conhecida pelas suas espécies exclusivas. As áreas amostrais foram divididas em A1 e A2 onde 48 espécies de aves ao total foram identificadas distribuídas em 27 famílias, sendo as famílias com mais espécies encontradas; Columbidae (n= 5), Psitacidae (n= 5), Tyrannidae (n= 4) e Thraupidae (n= 4). Com base nas áreas do presente estudo, as quantidades de espécies observadas e registradas indicam que a região possui importante papel na manutenção da avifauna local e que se deve preservar e contribuir para a conservação da avifauna no município e no Cerrado em geral.
Palavras-Chave: Aves. Diversidade. Cerrado.
ABSTRACT
The Brazilian Ornitofauna reaches approximately 1,800 species of birds making Brazil a highlight in relation to the variety of birds. With haste of our day and the lack of habit of observation causes the birds are not noted in the natural areas of the city , where many species live daily with us. And given the fact that in the state of Goiás region there are few surveys on ornitofauna , the main objective was to survey at two sites of the city of Ceres , Goiás determining the diversity of birds in the city as a source of importance to determine these parameters.
The research is exploratory in character , with observation of birds in natural surroundings , and used the method of direct visual observation to record the birds and qualitative survey by walking on trails . The Cerrado biome is considered rich in diversity of bird species , with its diverse landscape and known for its unique species . The sample areas were divided into A1 and A2 where 48 bird species were identified to the total distributed in 27 families , and families with more species found ; Columbidae ( n = 5 ) , Psitacidae ( n = 5 ) , Tyrannidae ( n = 4 ) and Thraupidae (n = 4). Based on the areas of this study , the quantities of species observed and recorded indicate that the region has an important role in maintaining the local avifauna and that it must preserve and contribute to the conservation of birds in the county and the Cerrado in general.
Keywords : Birds . Diversity . Cerrado .
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ... 12
1.1- Objetivos ... 13
1.1.1- Objetivo Geral ... 13
1.1.2 Objetivos Específicos ... 13
2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 14
2.1- Cerrado: Contexto geográfico e sua ornitofauna ... 14
2.2- Diversidade de Ornitofauna ... 15
2.3- Importância das Aves ... 18
2.4- Métodos de levantamento para Aves ... 20
a) Levantamentos qualitativos ... 20
b) Levantamentos quantitativos ... 21
3 - MATERIAL E MÉTODO ... 22
3.1 - Área de Estudo ... 22
3.2 - Desenvolvimento ... 22
3.3 - Análise de Dados... 23
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 24
5 - CONCLUSÃO ... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 36
APÊNDICES ... 40
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1: Distribuição do número de espécies de aves no município de Ceres- GO por local de ocorrência com 52 horas de observação em campo durante os meses de Abril á Junho de 2013. ... 27
FIGURA 2: Indivíduos distribuídos de acordo com família. ... 32
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Lista de espécies identificadas no município de Ceres. ... 25
TABELA 2:
Dados de freqüência relativa por áreas amostrais de ocorrência do município de Ceres- GO entre Abril e Junho de 2013. Freq A1 e Freq A2 representam a freqüência das espécies observadas (n = 48)..... 29
12 1 INTRODUÇÃO
A grande Ornitofauna brasileira chega a aproximadamente 1.800 espécies de aves, tornando o Brasil um destaque no que se refere à diversidade de aves. Com o estresse do nosso dia e pela falta de hábito em observar em volta faz com que as aves não sejam notadas nas áreas naturais da cidade, onde muitas espécies convivem diariamente conosco. As aves participam de diversos processos ecológicos, ajudando na regeneração da vegetação nativa, dispersando sementes e até mesmos sendo polinizadores. Sua variedade em cores, formas e tamanhos embelezam o ambiente e seus cantos melodiosos alegram a quem gosta de apreciá-las.
O Cerrado abriga um verdadeiro tesouro natural, é um dos biomas brasileiros mais ricos em aves (GWYNNE et al, 2010) e é o segundo maior bioma brasileiro, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Ocupa 21%
do território nacional e é considerada a última fronteira agrícola do planeta (BORLAUG, 2002). Considerado um dos principais biomas ou domínios fitogeográfico nacional, por sua expansão territorial e sua fauna e flora única.
O presente estudo tem como objetivo principal o levantamento de Ornitofauna em duas áreas amostrais distintas, e determinar a diversidade de aves na região, como fonte de conhecimento da avifauna local em duas áreas amostrais, sendo uma área urbana e outra rural da cidade.
As razões pelas quais foi escolhido o tema da pesquisa foram para que se
possa obter um diagnóstico estimativo da Ornitofauna da cidade de Ceres –
Goiás, assim como alguns estudos feitos nas proximidades da região e no
bioma Cerrado, pela interação que exercem na região, sua importância para o
ecossistema, beleza que trazem com suas cores e cantos melodiosos para
quem é apreciador de aves. Um levantamento realizado em duas principais
adjacências da cidade faz com que se tenha um prévio conhecimento da
diversidade de espécies que podem ser encontradas na região, com o intuito
de obter a composição de espécies de aves da cidade e índices de similaridade
de algumas que podem ser localizadas nas áreas que foram pré-destinadas ao
13 levantamento. Quando realizada certa comparação entre duas áreas, nos permite conhecer diferenças na diversidade de aves encontradas em uma área urbana com uma área rural, ambas com baixos graus de antropização, estabelecendo ou não semelhanças em diversidade e frequência de espécies dentre elas.
Os métodos a serem empregados em levantamentos de aves silvestres de forma a cumprir os objetivos propostos por um estudo ecológico dependem, em grande parte, de fatores como o reconhecimento da área de estudo em nível de paisagem e conhecimento prévio das condições ambientais da área a ser estudada, principalmente em períodos chuvosos, de secas e as variações sazonais de temperatura. Uma vez observados estes aspectos, deve-se partir para a adoção de métodos de levantamento adequados à utilização na região que será estudada (ZANZINI ; ALEXANDRINO, 2008).
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Realizar o levantamento das espécies de aves do município de Ceres, Goiás; e identificar a composição de espécies da região estudada, descrevendo a comunidade de aves da cidade através de contato visual.
1.1.2 Objetivos específicos
Identificar indivíduos por espécie e famílias;
Obter a frequência de espécies das áreas estudadas;
Quantificar índice de diversidade e similaridade das áreas estudadas com o fim
de observar semelhanças;
14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Cerrado: contexto geográfico e sua ornitofauna
O Bioma Cerrado brasileiro é conhecido por todo o mundo por ser a maior Savana da região neotropical, constituindo um mosaico de formações e variações vegetais que vão desde as abertas do Brasil Central que é o campo limpo, campo sujo, cerrado sentido restrito e campo rupestre, às formações de florestas, Mata de galeria, “cerradão” e mata mesofítica (RIZZINI, 1997;
RIBEIRO; WALTER, 1998) citado por (BENITES; MAMEDE, 2008). É o segundo maior bioma brasileiro, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Ocupa 21% do território nacional e é considerado a última fronteira agrícola do planeta (BORLAUG, 2002), ainda um dos principais biomas ou domínios fitogeográficos nacional, por sua expansão territorial e sua fauna e flora única (EITEN, 1977; RIBEIRO et al., 1981).
O bioma Cerrado segundo Silva e Santos (2005), ocupa uma posição central na América do Sul e, por isso, limita-se como todos os maiores biomas de terras baixas do continente.
A estimativa que se tem de espécies existentes no bioma do Cerrado pode chegar a 33% da diversidade biológica do país em mais de 395.800 espécies, descrevendo um valor de 837 espécies para ornitofauna brasileira (BENITES; MAMEDE, 2008). A avifauna é rica, mas a taxa de endemismo é relativamente baixa. Apesar de determinada riqueza, os dados apontam para espécies que estão ameaçadas de extinção, segundo a lista oficial brasileira, são 23 espécies de aves para o bioma Cerrado (IBAMA, 2003).
O desmatamento resultou na transformação de amplas áreas de floresta
primária em mosaicos de pastagem e fragmentos florestais, tendo sérias
conseqüências para a biodiversidade (BIERREGAARD et al., 1992). Como
agravante, o desmatamento exerce grande pressão sobre os fragmentos que
ainda restam, comprometendo-os de forma irreparável. Tal situação deve ser
considerada extremamente problemática, tendo em vista o acentuado grau de
modificação dos ambientes naturais na região, cuja história de antropização
15 resume-se, com maior importância, às últimas cinco décadas de colonização.
Nesse período, mais de 90% das florestas originais foram substituídas por pastos e áreas de agricultura, intercaladas por remanescentes que raramente alcançam 100 hectares (ha). Estes efeitos se concretizam em várias mudanças na estrutura e dinâmica da comunidade vegetal, na diversidade e abundância da fauna e nas interações entre ambas, como as causadas pela infestação de cipós, que aumentam a colonização por espécies exóticas e invasoras, interrupção do fluxo gênico e aumento da mortalidade de animais e plantas (LOVEJOY; BIERREGAARD, 1990).
Esse processo gerou diversos casos de extinções locais das espécies mais sensíveis de aves, bem como de ampliação da distribuição de espécies colonizadoras, acompanhando a gradativa predominância de ambientes abertos em detrimento dos habitats florestais (STRAUBE; BORNSCHEIN, 2000).
A perda global da diversidade biológica afeta o bem estar de animais e pessoas. A destruição e fragmentação de habitats, a extinção de espécies, o tráfico ilegal, a importação e exportação de animais silvestres, a criação em cativeiro de espécies nativas e exóticas, a manutenção de aves silvestres como animais de companhia, entre outros impactos, conduziram à alteração de transmissão de doenças, à acumulação de contaminantes tóxicos e à invasão de espécies exóticas. (ALLGAYER et al., 2003, p.14)
2.2 Diversidade de Ornitofauna
O Brasil é um dos países que está no topo da lista de países que possuem grande biodiversidade e conservação de espécies, possuindo ecossistemas naturais e processos biológicos que tornam o planeta cada vez melhor para se habitar. Está entre os países chamados de megadiversos pela riqueza que possui em espécies nativas (LEWINSOHN; PRADO, 2005).
O CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos) – um “fórum
destinado à discussão da classificação, nomenclatura e distribuição das aves
brasileiras” – foi criado em abril de 1999 e reconhecido em 2004 como Grupos
de Estudos da SBO – Sociedade Brasileira de Ornitologia (CBRO, 2013).
16 O Brasil possui aproximadamente 1.800 espécies de aves, representando 20% das espécies existentes no mundo todo. Tornando o terceiro país em diversidade ficando somente atrás da Colômbia e do Peru, mas infelizmente sendo o primeiro país com número significativo de espécies em extinção. Uma das principais causas da extinção são o contrabando e comércio ilegal de aves, a destruição e poluição de seu habitat natural. É um país privilegiado pela sua avifauna, à grande riqueza de espécies, sendo uma das maiores do mundo. O bioma Cerrado é considerado rico em diversidade de espécies de aves, com sua paisagem diversificada e conhecida pelas suas espécies exclusivas. O Taoniscus nanus (inhambu-carapé), o Pseudocolopteryx sclateri (tricolino-de- dorso-cinza) e o Myiobius atricaudus (assanhadinho) são algumas espécies que só existem nesse bioma (GWYNNE et al., 2010).
Com a diminuição da biodiversidade nas últimas décadas, houve uma redução drástica de algumas espécies da fauna como a arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus) considerada o maior psitacídeo do mundo, com uma plumagem azul-cobalto e superfície inferior escura, com a exceção de anéis dourados, chegando a pesar 1,3 kg e a medir 1m de comprimento, sendo uma ave altamente social, provocado por diversos fatores como comércio ilegal, alteração ou destruição de habitat e uso de penas por populações indígenas. Na década de 90 sua extinção não era uma possibilidade, mais sim uma realidade que foi evitada pelos esforços do Projeto Arara Azul, uma iniciativa da bióloga Neiva Maria Robaldo Guedes que vem lutando desde então para realização de trabalhos de estudo e conservação (GUEDES et al, 2006).
Diante de espécies extintas por causas de atividades antrópicas que provocam redução da diversidade e perda de potencialidades naturais, acaba- se tornando caso de urgência o desenvolvimento de pesquisas que visem inventariar e quantificar a riqueza de espécies e elaborar atividades de manejo e estratégias que têm como objetivo a conservação da paisagem (GARCIA;
FARIA, 2009).
Poder organizar uma lista das espécies de aves em determinada região,
cidade, município, estado ou um país é a principal parte dos objetivos dos
17 maiores e importantes ornitólogos do mundo, tias como: Philip Sclater, Tommaso Salvadori, Richard Sharpe e outros que se deram ao trabalho de buscar o conhecimento da diversidade de ornitofauna de uma determinada região. Entretanto, conhecer a diversidade sendo ela regional ou não, é considerada uma das atividades mais gratificantes para os ornitólogos, servindo como um alicerce para estudos diversos como biogeografia e a ecologia de comunidades (SILVEIRA; OLMOS, 2007).
Em termos de conservação de uma dada região, são de grande importância que se conheça as espécies presentes e as interações que estabelecem entre elas, pois se sabe que a integridade do meio depende da diversidade e equilíbrio das espécies presentes no ambiente (MOREIRA;
2010).
O conhecimento da diversidade de aves brasileiras começou muito tardiamente, sendo este país um dos últimos das Américas a ter a sua natureza explorada de maneira mais consistente e organizada.
As restrições impostas pela Coroa Portuguesa à entrada de pesquisadores estrangeiros no Brasil só foram relaxadas a partir da fuga da família real para o Rio de Janeiro, no começo do século XIX.
Até então, muito do que se conhecia sobre a avifauna brasileira derivava principalmente dos textos de J. Marcgrave (1648 - 1942), largamente aproveitados por Carolus Linnaeus em suas edições do Systema Naturae (Papavero 1971; Vanzolini 1996) ou então do trabalho do primeiro zoólogo brasileiro, Alexandre Rodrigues Ferreira (1756-1815) cujas coleções feitas no Brasil, entre 1783 e 1792, foram saqueadas do Museu da Ajuda para Paris por tropas napoleônicas em 1808 e estudadas principalmente por Etienne Geofforoy Saint- Hilaire (SILVEIRA; OLMOS, 2007, p. 289).
Foi apresentado uma síntese sobre a diversidade de avifauna do
Cerrado. Sendo registradas 837 espécies de aves no bioma, distribuídas em 64
famílias. Dentre elas, 759 que corresponde a 90,7% se reproduzem dentro do
bioma, e 26 correspondente a 3,1% são migrantes do hemisfério norte, 12
(1,5%) são migrantes do sul da América do Sul, e (0,9%) são respectivamente
migrantes altitudinais das montanhas do sudeste brasileiro e 32 que
corresponde a 3,8% possuem o status desconhecido (SILVA; SANTOS, 2005).
18 2.3 Importâncias das Aves
Segundo Menezes et al (2005) as aves possuem uma extensa distribuição geográfica e estão presentes em todos os diversificados ambientes.
“As aves são vertebrados bastantes conspícuos e importantes aos seres humanos. A endotermia permitiu a estes vertebrados um grande sucesso em relação aos mais variados habitats, dependendo da espécie, tanto no período diurno quanto noturno” (MENEZES, ALBUQUERQUE, CAVALCANTE; 2005, p.
2) citando (SOUZA, 2001).
A observação de aves além de ser um passatempo para naturalistas e ornitológos vem ganhando interesse nos últimos anos. Cada ave que é corretamente identificada representa uma satisfação interior que logo atrai curiosidade sobre os seus hábitos, onde vive como é o seu ninho, etc. Mesmo aparecendo em vários lugares, às aves se concentram em alguns locais específicos por um motivo ou outro, sendo esses pontos áreas de maior interesse para quem admira e observa as aves com freqüência (ANTAS;
CAVALCANTI; CRUZ, 2009).
De acordo com Gwynne et al.,(2010) a observação de aves pode ser em qualquer lugar, mesmo em cidades, perto de onde se mora, em casa, no bairro e em parques próximos. A melhor época para se observar aves no Brasil Central são nos meses de Setembro e Outubro onde as aves são mais ativas por ser um período reprodutivo.
As aves atuais constituem uma classe com cerca de 9.900 espécies no mundo, agrupadas em 155 famílias reunidas em 27 ordens principais. Na América do Sul ocorrem 3.200 espécies (LEWINSON; PRADO, 2005).
A importância das aves frugívoras na recuperação de áreas degradadas
vem ganhando destaque em estudos realizados em áreas de pastagens (UHL
et al., 1991), de mineração e de barragens de rejeito (ANDRADE et al., 2000),
de desmatamento (SILVA, 1996) e de reflorestamento com eucalipto (MELO,
1997). Ao depositarem as sementes de espécies nativas em áreas antrópicas,
as aves contribuem para o processo de recomposição vegetal em áreas
19 degradadas. Quanto mais próxima uma área a ser recuperada estiver de uma área com vegetação nativa, mais rápida e intensa será a chegada de sementes trazidas pelos agentes dispersores, como as aves.
A ganância dos humanos pelo poder é responsável pelas principais causas agressivas ao Planeta, destruindo e degradando os habitats naturais, e uma das diversas maneiras de se amenizar esse prejuízo em relação a estudos das aves é pelo conhecimento da sua biodiversidade. A diversidade de aves em determinado hábitat é um indicativo do estado de conservação dessa área, pois as maiorias das espécies de aves são bastante exigentes e necessitam de uma quantidade significativa de recursos para se alimentarem, reproduzirem, obterem abrigo e proteção, sendo assim, o conhecimento da ornitofauna é subsídio para sugerir medidas de preservação ou conservação de um ambiente (MENEZES, ALBUQUERQUE, CAVALCANTE, 2005).
Lembra-nos que nós, humanos, também somos capazes de consertar o problema, de desfazer o errado, de melhorar nosso mundo. Que é dever de todos promover a preocupação com o meio ambiente e, de forma pragmática, lutar contra a violência dos que promovem e alimentam o comércio e o tráfico de animais silvestres; que é imprescindível lutar pela preservação das matas, florestas e os cursos d’água; que é preciso ampliar as áreas protegidas, inclusive para soltura e reintegração de indivíduos aos seus hábitats (IBAMA, 2009 p.6).
O levantamento de aves silvestres constitui um procedimento
indispensável a ser executado, possuindo tamanha importância quando o
objetivo é a necessidade de se conhecer a riqueza de espécies de um
determinado local que seja escolhido para o estudo, procedendo às análises e
diagnósticos, sendo possível elaborar estudos ambientais e estabelecer
melhores maneiras para se monitorar e manejar algumas espécies. O
levantamento da fauna de aves constitui, basicamente, uma amostragem da
riqueza de espécies e abundância de indivíduos que ocorrem em uma
determinada área de estudo; e como todo procedimento encontra-se sujeito a
erros que podem ser decorrentes de vários fatores como nos métodos
20 empregados na amostragem e a erros relacionados ao pesquisador (ZANZINI;
ALEXANDRINO, 2008).
2.4 Métodos de Levantamento para Aves
Conforme Faria (2008) os primeiros trabalhos com relação à ornitofauna regional foram realizados por Sanethlage (1928), Sick (1958) e Ruschi (1959).
Um estudo realizado por Zanzini e Alexandrino (2008) relata sobre alguns métodos eficazes empregados em levantamentos de aves silvestres.
Antes de se escolher qual método utilizar deve-se primeiramente observar aspectos da área a serem estudadas, principalmente as épocas chuvosas e secas. Assim como relata os autores, os métodos de levantamento apresentados a seguir são adequados à utilização em regiões tropicais e podem ser classificados em:
a) Levantamentos Qualitativos
Nesse método de levantamento têm como principal objetivo, a necessidade de obter uma (check list), ou seja, uma listagem mais completa possível, de espécies de aves decorrentes da área de estudo. Sendo necessários dados estimativos de riqueza e similaridade de espécies entre vários ambientes estudados. Neste tipo de levantamento consistem em vistorias periódicas em locais previamente selecionados dentro da área de estudo, para identificação das espécies através de contato visual e, ou auditivo. As observações podem ser realizadas a olho nu ou mediante o emprego de binóculos e devem ser realizados no período das 06h00min ás10h00min horas e das 14h00min ás 18h00min horas, períodos adequados ao registro de uma maior quantidade de espécies de aves. A parte de identificação e registro das aves observadas pode ser feitos através da experiência do observador, por fotografias no momento da observação e por guias de campo.
Neste tipo de levantamento devem ser percorridas trilhas ou locais
definidos para o estudo, o pesquisador deverá caminhar a passos lentos ao
21 longo da trilha, identificando e anotando em uma caderneta de campo todas as espécies de aves com as quais mantiver o contato visual e, ou auditivo.
b) Levantamentos Quantitativos
Em levantamentos quantitativos o objetivo e a obtenção de estimativas de abundância de espécies de aves silvestres, que ocorrem na determinada área de estudo. Os métodos da amostragem em pontos fixos são normalmente realizados em trilhas já implantadas ou preexistentes e fornecem um valor estimado de abundância, riqueza e diversidade, com baixo custo operacional, mas com desvantagem quando o pesquisador não esta altamente treinado na identificação de vocalizações; espécies que vocalizam e se deslocam pouco não são detectadas. Com a utilização da amostragem por pontos fixos pode-se proceder ao cálculo do Índice Pontual de Abundância (IPA) muito empregado em levantamentos quantitativos da fauna de aves silvestres onde que, no cálculo do Índice Pontual de Abundância, cuja fórmula IPA= nci/A, onde IPA:
índice pontual de abundância, nci= número de contatos com a i-ésima espécie, A= número total de amostras. Cada ponto fixo é considerado uma unidade amostral.
O método de amostragem com redes de neblina possibilita a
identificação das espécies capturadas permitindo maior facilidade de
padronização do esforço amostral pela captura das aves, sendo considerada
uma técnica de alto custo e que pode causar injúrias ou mesmo mortalidade de
algumas aves, ressaltando que qualquer tipo de captura da fauna silvestre só
pode ser realizado com autorização expressa do IBAMA.
22 3 MATERIAL E MÉTODO
3.1 Área de Estudo
A coleta de dados foi realizada em duas áreas da cidade de Ceres localizada à latitude: -15.3136, longitude: - 49.6033, 15º 18’ 49” Sul, 49° 36’ 12”
Oeste com altitude de 630m situada no Vale de São Patrício às margens do rio das Almas do interior do Estado de Goiás, localizado dentro do bioma Cerrado.
De acordo com a classificação de köppen “o clima dessa região é do tipo AW.
Isso significa que sua característica principal é ser tipicamente tropical quente e semi-úmido” ( KOTTEK et al., 2006, p. 259).
Sua população em 2012 foi estimada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística) de 20.924 habitantes distribuídos em 213 km ² de área.
A pesquisa foi de característica exploratória, com observação das espécies em plena natureza (SEVERINO, 2001) A região é pobre em estudos feitos com a comunidade de aves. E segundo Menezes et al., (2005), a diversidade de aves em um determinado hábitat é um indicativo do estado de conservação do mesmo, sendo que em áreas antrópicas a abundância e riqueza de espécies ficam comprometida, já em locais mais arborizados de vegetação nativa possuem uma diversidade cuja abundancia e riqueza são relativamente maiores em espécies de aves presentes.
3.2 Desenvolvimento
O presente estudo foi desenvolvido no período pós chuvoso dos meses
de Abril a Junho do ano de 2013 com conclusão dos dados no mês de agosto
do ano de 2013 totalizando 52 horas de observação em campo. Foi usado
como referência a área (A1) do Parque Municipal de Educação Ambiental da
Secretária do Meio Ambiente localizado em 15º 18’ 10.79”S/49° 35’ 54.05”O,
em zona urbana e área (A2) reserva do Instituto Federal Goiano – Câmpus
Ceres localizado em 15º 21’ 06.25”S/49º 35’ 43.04”O, que se trata de uma zona
23 rural, obtendo-se a identificação e possíveis fotografias das espécies observadas durante a execução do levantamento. A escolha dessas áreas está relacionada à grande vegetação composta por árvores de porte grande que de muitas vezes servem de abrigo, local de reprodução e oferece alimentos a avifauna local.
A avaliação foi relacionada ao número de espécies registradas pelo método de observação visual direta (RODRIGUES et al., 2005) e de levantamento qualitativo por percursos em trilhas (ZANZINI; ALEXANDRINO, 2008), sendo de dois dias por semana nos horários de 6:00 ás 8:00 da manhã, período de atividade da maioria das aves, com auxílio de binóculo (8x40mm), câmera digital fotográfica 14.2 Mp e 16.1Mp e dois livros guias de identificação de aves “Aves comuns do planalto central” ,Aves do Brasil: Pantanal e Cerrado“
e a lista do CBRO – Conselho Brasileiro de Ornitologia. As sequências de nomenclaturas seguiram padronizadas pela lista de Aves do Brasil organizada pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2013).
3.3 Análise de Dados
A frequência foi calculada para as espécies observadas, que foi obtida pelo número de indivíduos da espécie/pelo número total de indivíduos observados x 100. O cálculo da diversidade de espécies utilizou-se o índice de Simpson através da fórmula Ds= [ni(ni-1)/N(N-1)] onde Ds: índice de diversidade de Simpson, ni: número de indivíduos da mesma espécie na amostra, N: número total de indivíduos na amostra, para comparar a existência ou não de diferença significativa entre os valores de diversidade das áreas amostradas, sendo utilizado o teste t para as hipóteses. Diante disso a aplicação de um teste de hipótese destinado a verificar diferenças estatísticas pode se constituir em mais uma importante ferramenta na análise (ZANZINI;
ALEXANDRINO, 2008).
Uma comunidade de espécies com maior diversidade terá uma menor
dominância, dá a probabilidade de um de dois indivíduos retirados ao acaso de
uma grande e infinita comunidade pertencer a espécies diferentes. O valor
estimado do índice de Simpson varia de 0 (zero) a 1 (um), sendo que para
24 valores próximos de 1 (um), a diversidade é considerada maior pelo inverso 1- D dada pela fórmula Ds= 1- [ni(ni-1)/N(N-1) .Para as comparações de diversidade a plataforma utilizada foi o PAST (Paleontological Statistic version 3.0).
As comparações de similaridade dos locais amostrados foram feitas mediante do índice de Jaccard dado pela fórmula Sj = c/(a+b)-c onde Sj: índice de similaridade de Jaccard, a: número total de espécies presentes na amostra
“a”, b: número total de espécies presentes na amostra “b”, c: número total de espécies comuns às amostras “a” e “b”; e Sorensen dado pela fórmula Ss = 2c/(a+b) onde Ss: índice de similaridade de Sorensen, a: número total de espécies presentes na amostra “a”, b: número total de espécies presentes na amostra “b”, c: número total de espécies comuns às amostras “a” e “b”, e para confirmação dos dados a plataforma KREBS (Ecological Methodology) (MAGURRAN, 1988).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas 48 espécies de aves distribuídas em 27 famílias nas áreas de estudo (Tabela 1). As famílias com o maior número de espécies foram: Columbidae (n= 5), Psitacidae (n= 5), Tyrannidae (n= 4) e Thraupidae (n= 4).
Sick (2001) ressalta que representantes de Tyrannidae são representantes dominantes no bioma Cerrado, assim como no levantamento na área urbana de Anapólis-GO segundo Pereira e Silva (2009) em que as famílias com maior quantidade de espécies foram Tyrannidae (n= 34), Trochilidae (n= 15), Thraupidae e Emberizidae (n= 11), Columbidae e Picidae (n= 10) e Accipitridae (n= 8). Já o presente estudo realizado na cidade de Ceres- GO a família Tyrannidae obteve menos número de espécies comparados a Columbidae e Psitacidae, ambos com cinco espécies que em número foram os mais destacados na região.
Com base em dados obtidos relacionados à composição de espécies,
são comparados aos de Pereira e Silva (2009), onde o levantamento foi
realizado na área urbana da Cidade de Anapólis que em número de espécies
25 registradas 203 espécies, 102 (50%) ocorreram cujas áreas possuem estrutura vegetal nativas, ou seja, que apresentam baixo grau de ação antrópica; 37 (18%) foram registradas em áreas cuja ação antrópica é elevada e 64 (32%) tanto em áreas remanescentes vegetais como em áreas com alta ação antrópica. Dentre os métodos utilizados pelo estudo na área urbana da cidade de Anapólis, a observação visual direta foi à responsável pela detecção do maior número de espécies registradas. Neste mesmo estudo pode ser confirmada uma tendência para o bioma Cerrado em que áreas com baixo grau de ação antrópica apresentaram maior ocorrência de espécies de aves (PEREIRA; SILVA, 2009).
A tabela refere às aves identificadas no município de Ceres nos meses de Abril a Junho de 2013 de acordo com família, espécie, nome comum da espécie, número de indivíduos da mesma espécie e área de ocorrência pelo registro visual direto onde A1 é referente ao Parque Municipal de Educação Ambiental da Secretária do Meio Ambiente e A2 a reserva do Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres.
Tabela 1: Lista de espécies identificadas no município de Ceres.
Família Espécies Nome comum
Número de
Indivíduos Ocorrência Threskiornithidae
Mesembrinibis
cayennensis Cororo 1 A1
Cathartidae Coragyps atratus Urubu preto 31 A1, A2
Accipitridae Buteo magnirostris Gavião carijó 2 A1, A2
Charadriidae Vanellus chilensis Quero quero 3 A1
Columbidae Columba picazuro Pomba da asa branca 48 A1, A2 Scardafella
squammata Fogo apagou 1 A1
Claravis pretiosa Pomba do espelho 12 A2
Columba Lívia Pombo doméstico 24 A2
Columbina talpacoti Rolinha roxa 21 A1, A2
Psittacidae Ara ararauna Arara Canindé 34 A2
Aratinga
leucophthalmus Perequitão maracanã 22 A1, A2
Aratinga áurea Perequito - rei 12 A1
Amazona aestiva Papagaio verdadeiro 6 A1, A2
Brotogeris chiriri Periquito de asa amarela 119 A1, A2
Cuculidae Piaya ayana Alma de gato 1 A1
Trochilidae Thalurania furcata Beija flor de barriga violeta 2 A1, A2
Glaucis hirsuta Beija flor besourão 1 A1
Eupetomena Beija flor tesoura 3 A1, A2
26
macroura
Momotidae Momotus momota Udu coroado 1 A1
Galbulidae Galbula reficauda Ariçamba de calda ruiva 1 A1
Ramphastidae Ramphastos toco Tucanuçu 27 A1, A2
Pteroglossus
castanotis Araçari castanho 3 A1
Picidae Dryocopus lineatus Pica pau de faixa branca 1 A1
Furnariidae Furnarius rufus João de barro 34 A1, A2
Tyrannidae
Myiodinastes
maculatus Bentevi rajado 1 A1
Pitangus
sulphuratus Bentevi verdadeiro 2 A1, A2
Elaenia flavogaster Maria é dia 1 A1
Tyrannus
melancholicus Suiriri comum 1 A1
Hirundinidae Progne chalybea Andorinha grande 6 A1, A2
Troglodytidae Troglodytes aedon Corruíra de casa 1 A1
Turdidae Turdus leucomelas
Sábia de cabeça cinzenta ou
sábia barranco 3 A1
Polioptilidae Polioptila dumicora Balança rabo de mascara 3 A1 Vireonidae
Cyclarhis
gujanensis Pitiguari 1 A1
Vireo olivaceus Juruviara ativa 1 A1
Icteridae Cacicus cela Japim xexeu 2 A1
Gnorimopsar chopi Pássaro preto 23 A1, A2
Icterus cayanensis Encontro ou Inhapim 1 A1
Coerebidae Coereba flaveola Cambacica 2 A1
Thraupidae Thraupis sayaca Sanhaço cinza 2 A1
Nemosia pileata Saira do chapeu preto 2 A1
Eucometis
penicellatus Pipira da taoca 1 A1
Paroaria coronata Cardeal 2 A2
Mimidae Mimus saturninus Sábia do campo 11 A2
Cariamidae Cariama cristata Seriema 5 A2
Parulidae
Basileuterus
leucophrys Pulapula 9 A2
Emberizidae
Emberizoides
herbicola Canário do brejo 2 A2
Sicalis flaveola Canário da terra 5 A2
Cuculidae Brotophaga ani Anu preto 15 A2
A1 é referente ao Parque Municipal de Educação Ambiental da Secretária do Meio Ambiente e A2 a reserva do Instituto Federal Goiano – Câmpus Ceres.
Entre as espécies registradas no levantamento feito na área urbana de
Anápolis-GO em 2009, observa-se uma semelhança em espécies encontradas
onde são elas: Mesembrinibis cayennensis, Coragyps atratus, Buteo
magnirostris, Cariama cristata, Columbina talpacoti, Claravis pretiosa, Columba
27 lívia, Aratinga leucophthalmus, Amazona aestiva, Brotogeris chiriri, Aratinga áurea, Thalurania furcata, Piaya ayana, Ramphastos toco, Sicalis flaveola, Emberizoides herbicola, Icterus cayanensis, Gnorimopsar chopi, Turdus leucomelas, Furnarius rufus, Elaenia flavogaster (PEREIRA; SILVA, 2009).
Dentre as espécies observadas no presente estudo na cidade de Ceres- GO, a área 1 (A1) corresponderam a 60% das aves registradas, sendo que na área 2 (A2) constam 40% . A figura 1 oferece um gráfico onde se observa a diferença em porcentagem de espécies observadas pelo registro visual direto.
O gráfico permite visualizar que as amostras se diferenciam em percentual de 20%, onde estão distribuídos valores ao número de espécies por área de ocorrência.
Figura 1: Distribuição do número de espécies de aves no município de Ceres- GO por local de ocorrência com 52 horas de observação em campo durante os meses de Abril á Junho de 2013.
Legenda: A1 corresponde ao Parque Municipal de Educação da Secretária do Meio Ambiente, A2 as dependências do Instituto Federal Goiano – Campus Ceres.
Ocorreram trinta e oito espécies na A1, sendo que vinte e quatro foram exclusivas da área, enquanto que na A2 ocorreram vinte e cinco espécies com dez espécies exclusivas. A maioria das espécies identificadas pode ser observada nas duas áreas. A A2 se localiza em zona rural e A1 localizada na zona urbana, onde ambas as vegetações se assemelham, oferecendo recursos às aves, que em virtude de apresentarem áreas preservadas, oferecem alimento e abrigo às espécies encontradas, corroborando com os resultados
60%
40%
A1 A2
28 obtidos na A1, no período de observação apresentou maior número de espécies que na A2. Pereira e Silva (2009) fazem esta relação a estudo de aves em matas também realizados na área urbana de Anápolis, onde obtiveram maior número de espécies registradas em áreas cuja estrutura e composição vegetal são pouco fragmentadas, em relação às áreas onde a ocupação humana predomina.
A ornitofauna de determinada área é extremamente sensível às alterações nas estruturas e composições do habitat, sendo, portanto importante indicadora de estresse nos ecossistemas, inclusive no ecossistema urbano (MOREIRA, 2010).
Na A2 houve a ocorrência de uma espécie em especial, Paroaria coronata (Cardeal) que chamou atenção por ser um Thraupidae pouco encontrado nessa região e em regiões do bioma que se tem levantamentos registrados.
O índice de diversidade de Simpson dado por espécie nas áreas amostradas proposto por Zanzini e Alexandrino (2008) foi de 0,902011 para (A1) e 0,908685 para (A2) não apresentando pelo teste t (P <= 0,001808) diferença significativa para as duas áreas, até por que ambas as áreas amostradas, aparentam uma diversidade semelhante de espécies. O valor estimado do índice de Simpson varia de 0 (zero) a 1 (um), sendo que para valores próximos de 1 (um), a diversidade é considerada maior.
Enquanto que nos índices de similaridade propostos por Magurran
(1988) e por Zanzini e Alexandrino (2008) os valores obtidos entre as áreas
amostrais foram para o índice de Jaccard (0,649) e para Sorensen (0,788),
apresentando uma considerável similaridade entre as áreas, são métodos
muito empregados em ecologia de comunidades, ambos índices apresentam
as mesmas propriedades. Os índices variam entre 0 (semelhança nula, ou seja,
comunidades totalmente diferentes quanto à composição de espécies) e 1
(semelhança máxima, onde as comunidades são totalmente semelhantes
quanto à composição de espécies). Contudo, quando muitas espécies
encontram-se presentes na comunidade, mas não encontram-se presentes em
uma amostra dessa comunidade, é mais recomendável o uso do índice de
29 Sorensen do que o de Jaccard (KREBS, 1989). Com apenas 52 horas de observação, sugere-se que provavelmente em um estudo mais aprofundado com período de tempo maior de observação.
A tabela 2 traz dados relacionados à abundância relativa das espécies observadas pela área de ocorrência, com o objetivo de analisar a freqüência de espécies que foram encontradas em ambas as áreas amostrais, tendo como valores muito significativos, as espécies Brotogeris chiriri (periquito da asa amarela), Columba picazuro (pomba da asa branca), Columbina talpacoti (rolinha roxa) e Coragups atratus (urubu preto). Também foi possível observar espécies com valores significativos de ocorrência, mas que foram freqüêntes em apenas uma das áreas como Ara Ararauna (arara canindé) e Furnarius rufus (João de barro). Outro estudo realizado no bioma Cerrado, na Estação Ecológica do Panga em Uberlândia – MG obteve-se em um total de 224 horas de observação de 220 espécies ondeTurdus leucomelas a mais freqüente, seguida pela Leptotila verreauxi, Cyclarhis gujanensis e Ramphastos toco;
onde 55% foram preferencialmente florestais, 40% campestres e somente uma espécie exclusivamente campestre (Cariama cristata) (ALTEFF, 2009).
Tabela 2: Dados de freqüência relativa por áreas amostrais de ocorrência do município de Ceres- GO entre Abril e Junho de 2013. Freq A1 e Freq A2 representam a freqüência das espécies observadas (n = 48).
Espécie Freq A1 Freq A2
Amazona aestiva
0,79 1,04
Ara ararauna
0,00 8,83
Aratinga áurea
3,94 0,00
Aratinga leucophthalmus
0,79 5,19
Basileuterus leucophrys
0,00 2,34
Brotogeris chiriri
28,35 21,56
Brotophaga ani
0,00 3,90
30
Buteo magnirostris
6,30 0,26
Cacicus cela
0,79 0,00
Cariama cristata
0,00 1,30
Claravis pretiosa
0,00 3,12
Coereba flaveola
3,15 0,00
Columba Lívia
0,00 6,23
Columba picazuro
1,57 10,39
Columbina talpacoti
9,45 4,42
Coragyps atratus
1,57 6,75
Cyclarhis gujanensis
0,79 0,00
Dryocopus lineatus
0,79 0,00
Elaenia flavogaster
0,79 0,00
Eucometis penicellatus
0,79 0,00
Eupetomena macroura
0,79 0,52
Emberizoides herbicola
0,00 0,52
Furnarius rufus
0,79 7,53
Galbula reficauda
0,79 0,00
Glaucis hirsuta
2,36 0,00
Gnorimopsar chopi
2,36 3,90
Icterus cayanensis
0,79 0,00
Mesembrinibis cayennensis
3,94 0,00
Mimus saturninus
0,00 2,86
Momotus momota
0,79 0,00
Myiodinastes maculatus
0,79 0,00
31
Nemosia pileata
0,79 0,00
Paroaria coronata
0,00 0,52
Piaya ayana
0,79 0,00
Pitangus sulphuratus
3,94 0,26
Polioptila dumicora
0,79 0,00
Progne chalybea
2,36 0,26
Pteroglossus castanotis
2,36 0,00
Ramphastos toco
0,79 6,23
Scardafella squammata
0,79 0,00
Sicalis flaveola
0,00 1,30
Thalurania furcata
1,57 0,26
Thraupis sayaca
6,30 0,00
Troglodytes aedon
0,79 0,00
Turdus leucomelas
1,57 0,52
Tyrannus melancholicus
1,57 0,00
Vanellus chilensis
1,57 0,00
Vireo olivaceus
0,79 0,00
Detectar todas as espécies em uma determinada área é complicado ou mesmo impossível, principalmente quando se considera algumas espécies migratórias, regionalmente raras ou vagantes e demandam maior tempo de amostragem para que possam ser identificadas (ALTEFF, 2009).
Algumas aves que puderam ser registradas através de fotografia durante o levantamento são representadas nos apêndices.
A figura 2 descreve a quantidade de indivíduos de acordo com as famílias as quais pertencem, observadas durante o levantamento ornitológico.
Observa-se de uma forma geral, que as famílias encontradas no município da
32 cidade de Ceres, com números mais significativos de indivíduos foram Columbidae e Psitacidae, que se destacam por se alimentarem de sementes e frutos, sendo o tipo de vegetação regional e por habitarem zonas tropicais e temperadas.
Os fatores considerados no trabalho foram somente referentes às áreas amostrais do estudo, não sendo caracterizados fatores relacionados a outros locais da cidade de Ceres, Go não citados no levantamento.
Figura 2: Indivíduos distribuídos de acordo com família.
Os indivíduos mais encontrados foram pertencentes às famílias Columbidae e Psittacidae, e também por serem as famílias que em número de espécies também foram as que mais se destacaram .
A família Columbidae são aves pertencentes à ordem Columbiformes, ocorrem 23 espécies da família Columbidae no Brasil, fazendo parte do grupo de animais mais bem conhecidos e se caracterizam pela grande capacidade de se adaptarem em diversos ambientes. A família Columbidae em questão possui importante papel em dispersão de sementes, já que seus hábitos alimentares são relacionados com a mesma; ocorrem de norte a sul do país habitando capoeiras, campos secos, campinas, fragmentos de matas, áreas abertas com
0 50 100 150 200 250
Threskiornithidae Cathartidae Accipitridae Charadriidae Columbidae Psittacidae Cuculidae Trochilidae Momotidae Galbulidae Ramphastidae Picidae Furnariidae Tyrannidae Hirundinidae Troglodytidae Turdidae Polioptilidae Vireonidae Icteridae Coerebidae Thraupidae Mimidae Cariamidae Parulidae Emberizidae Cuculidae