CAMPUS PAU DOS FERROS
ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL EM MOSSORÓ/RN.
Aluno (a): Luiz Paulo de Medeiros Farias Orientador (a): Prof. Jennef Carlos Tavares
PAU DOS FERROS – RN
2018
LUIZ PAULO DE MEDEIROS FARIAS
ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NAS HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL EM MOSSORÓ/RN.
Trabalho apresentado ao Conselho de Curso Bacharelado em Engenharia Civil da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, como requisito parcial do Trabalho de Conclusão de Curso.
Orientador: Prof. Jennef Carlos Tavares
PAU DOS FERROS/RN
2018
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar o dom da vida e poder seguir em frente lutando pelos meus objetivos.
A minha mãe Urbanira de Araújo Medeiros que é meu maior exemplo de vida, e o que tenho de mais valioso. Serei eternamente grato por tudo que faz por mim, pelos ensinamentos, companheirismo, sempre ao meu lado me dando força para nunca desistir dos meus objetivos, o meu muito obrigado.
Ao meu primo, Raull Ribas de Medeiros por sempre me estimular a estudar e pelas varias noites de estudos no tempo de ensino médio.
A minha irmã Mariana de Medeiros Farias por me dar referência do que é certo, companheirismo e amor, obrigado.
A minha avó, Dalvaci de Araújo Medeiros, minha segunda mãe, que sempre acreditou no meu potencial, não deixando me abater nas horas difíceis, sempre procurando tirar o melhor de mim e nem desistindo da minha pessoa, sorte a minha em tê-la ao meu lado, o meu muito obrigado.
A minha namorada Priscila Luana que me ajudou muito, sem ela não sei se conseguiria, muito obrigado.
Aos meus amigos Rodolpho Maia, Airton Félix e Francisco Carlos pelo companheirismo e convivência durante essa jornada.
Ao meu orientador Prof. Jennef Carlos Tavares, pela orientação, atenção e disponibilidade demostrada nesse trabalho.
Ao Prof. Me. José Daniel Jales Silva, na ajuda ao compor a banca me auxiliando para conclusão deste trabalho.
Ao
Eng. Felipe Correia de Paiva da Silva por compor a banca me auxiliando paraconclusão deste trabalho.
A todas aquelas pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para que esse
objetivo fosse alcançado meu muito obrigado.
RESUMO
Com a modernização das técnicas e dos materiais utilizados na construção civil, surgirão novos tipos de patologias. Patologia é uma ciência que estuda as anomalias relacionadas a problemas em obras de engenharia. Mesmo com o avanço da tecnologia, as manifestações patológicas estão sempre presentes nas construções, demostrando assim, que apesar de novos mecanismos, equipamentos e procedimentos que visem auxiliar durante a fase de planejamento e execução, os procedimentos primordiais de acompanhamento das obras, não é tão eficiente, ocasionando assim, em edificações mais sujeitas ao aparecimento de fenômenos patológicos. O trabalho tem como objetivo diagnosticar manifestações patológicas existentes nas residências construídas pelo programa Minha Casa Minha Vida, no bairro Sumaré na cidade de Mossoró/RN; assim como verificar as manifestações patológicas que ocorreram com maior frequência e como proceder para solucionar as mesmas. A metodologia utilizada no referido trabalho foi uma pesquisa em campo, associada com pesquisa na literatura, onde foram analisados e tabulados dados de 130 edificações, referente a aterros, revestimentos cerâmicos, esquadrias, pinturas, rachaduras, ataques biológicos e infiltração. Na pesquisa foram obtidos alguns resultados, onde pode-se observar os tipos de manifestações patológicas existentes, entre os quais, o que ocorreu com maior frequência com quase 40% do total foi relacionado a esquadrias, onde os mesmos surgiram devido aos recalques, já os problemas relatados com menor frequência com pouco mais de 2% foram relacionados a ataques biológicos.
Palavras-chave: Patologias; Minha Casa Minha Vida; Construção Civil.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Desempenho x vida útil...12
Figura 2: Metodologia de avaliação de desempenho...13
Figura 3: Trincas devido a recalques de fundações...19
Figura 4: Classificação das fissuras nas alvenarias...22
Figura 5: Fissuras verticais – principais tipologias e prováveis causas...22
Figura 6: Fissuras inclinada – principais tipologias e prováveis causas...23
Figura 7: Fissuras horizontais – principais tipologias e prováveis causas...23
Figura 8: Eflorescência nas edificações...25
Figura 9: Manchas de bolor ou mofo na fachada...26
Figura 10: Esquadrias após os recalques...29
Figura 11: Fachada de uma das 130 residências...30
Figura 12: Fluxograma das etapas para elaboração do projeto...32
Figura 13: Localização da cidade de Mossoró, no mapa do RN...33
Figura 14: Problemas com Aterro...34
Figura 15: Problemas com Revestimento Cerâmico...35
Figura 16: Problemas com Esquadrias...36
Figura 17: Problemas com Pintura...38
Figura 18: Problemas com Rachaduras...39
Figura 19: Ataques Biologicos...40
Figura 20: Problemas com Infiltração...41
Figura 21: Percentual de cada problema...42
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação quanto a abertura, segundo ABNT NBR 9575: 2010...21 Tabela 2: Valor estipulado de financiamentos por estado...28
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ... 10
1.1 OBJETIVOS ... 11
1.1.1 Objetivo geral ... 11
1.1.2 Objetivos específicos ... 11
2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 12
2.1 DESEMPENHO ... 12
2.2 PATOLOGIAS ... 14
2.3 SINTOMAS DAS PATOLOGIAS ... 17
2.4 PATOLOGIAS DESENVOLVIDAS DEVIDO A RECALQUES ... 18
2.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NOS REVESTIMENTOS ... 19
2.5.1 Fissuras ... 20
2.5.2 Classificação das fissuras de acordo com a abertura ... 21
2.5.3 Classificação das fissuras de acordo com a direção ... 21
2.5.4 Classificação das fissuras de acordo com a atividade ... 24
2.5.5 Trincas ... 24
2.5.6 Eflorescência ... 24
2.5.7 Umidade ... 25
2.6 PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS CERÂMICOS ... 26
2.7 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA ... 27
2.8 TIPOS DE RESIDÊNCIA CONSTRUÍDAS PELO PROGRAMA MCMV ... 28
2.8.1 Características das Patologias ... 29
3. METODOLOGIA ... 31
3.1 DELINIAMENTO DE PESQUISA ... 31
3.2 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO ... 33
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 34
4.1 PROBLEMAS COM ATERRO ... 34
4.2 PROBLEMAS COM REVESTIMENTO CERÂMICO ... 35
4.3 PROBLEMAS COM ESQUADRIAS ... 36
4.4 PROBLEMAS COM PINTURA... 37
4.5 PROBLEMAS COM RACHADURAS ... 38
4.6 PROBLEMAS COM ATAQUES BIOLÓGICOS ... 40
4.7 PROBLEMAS COM INFILTRAÇÃO ... 41
4.8 PROBLEMAS RELATADOS ... 41
5. CONCLUSÕES ... 44
REFERÊNCIAS ... 45
1. INTRODUÇÃO
As patologias nos dias atuais é um assunto bastante debatido e com uma grande relevância se compararmos a pouco tempo atrás. As patologias podem aparecer nas edificações devido a vários fatores, e esses fatores podem ter acontecido desde a fase de projeto até a fase de utilização do usuário, assim é necessário fazer um levantamento de informações, assim como uma análise do que ocasionou aquele determinado problema, a partir dessa etapa pode-se dar um diagnóstico e consequentemente ver as alternativas para cessar o problema.
Conforme Canovas (1988), patologia das construções é uma ciência, que estuda os mecanismos, sintomas, causas e origens dos defeitos em obras. Na maioria das vezes a patologia é diagnosticada pela sua visualização, porém existem casos mais complexos onde é necessário levantar todos os dados, desde a fase de projeto até a fase final, para identificar o que ocasionou a patologia. Identificando suas possíveis causas, quais reparos deveram ser realizados nas edificações e qual método irá sanar o problema e evitar que não se manifestem novamente.
Segundo Roscoe (2008) as manifestações patológicas mais frequentes são:
destacamentos, bolor (mofo), eflorescência e fissuras. Sendo as fissuras considerada como a mais frequente e mais presente na maioria dos elementos construtivos da edificação.
O Minha Casa Minha Vida, é um programa do Governo Federal que possibilita a compra do imóvel para pessoas de classe baixa e médio, onde a Caixa Econômica Federal financia a compra da edificação com baixa taxa de juros.
Com o avanço da tecnologia e a utilização de novos métodos construtivos, pode-se observar que as manifestações patológicas estão aparecendo cada vez mais frequente nas edificações. Estas, e em especial seus revestimentos, estão sujeitos a uma grande variedade de ações devidas a fenômenos de origem natural ou à própria utilização da construção. Segundo Masuero (2001) evidencia que a ação dos ventos, da chuva, da luz, do calor, das emissões gasosas, das vibrações e das variações térmicas e de umidade, são ações que podem originar danos e tendem a degradar gradativamente as edificações e/ou seus elementos construtivos.
O estudo das manifestações patológicas é de extrema importância, pois a partir do seu entendimento é que se pode tomar decisões sobre os reparos a serem feitos.
De uma maneira geral, todas as edificações sem a manutenção preventiva, estão
sujeitas ao aparecimento de manifestações patológicas. A escolha do tema para o trabalho se justifica pela falta de informação sobre o assunto para residências do programa Minha Casa Minha Vida na cidade de Mossoró/RN, assim o referente trabalho servirá de base para o reconhecimento e o tratamento de algumas manifestações patológicas.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Diagnosticar manifestações patológicas existentes nas residências construídas pelo programa do governo federal Minha Casa Minha Vida na cidade de Mossoró - RN.
1.1.2 Objetivos específicos
•
Verificar as manifestações patológicas que ocorreram com mais frequência.
•
Analisar as causas dessas manifestações patológicas.
•
Explicitar os procedimentos para minimização ou correção das patologias encontradas.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 DESEMPENHO
De acordo com a Globaltec (2016) o setor de construção civil é um dos que mais cresceram ultimamente, porém o ambiente que estão inseridos exige cada vez mais profissionais que se dediquem ao uso da tecnologia e a inovação tecnológica, precisando cada vez mais de profissionais adaptados a cenários de mudanças tecnológicas e aprendizagem contínua.
Segundo Tavares (2009) no Brasil, surgiu a necessidade de atender ao mercado civil de forma mais ampla e profissional, visando as necessidades e exigências dos clientes, devido as obrigações do dia-a-dia, que ocasiona na falta de tempo para acompanhamento das obras, o cliente passou a exigir um padrão maior de segurança, conforto e durabilidade dos projetos executados por profissionais da engenharia, o que resulta em selecionar cada vez mais, profissionais capacitados que executem tais funções, com um nível maior de capacitação e profissionalismo, procurando amenizar riscos futuros.
Para tanto, surgiu a Norma Brasileira Registrada NBR que é regulamentada pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE e visa normatizar um padrão dos processos, de acordo com suas especificidades e complexidades da matéria em análise, sendo aplicada desde os materiais a serem utilizados até a execução final do projeto. A Figura 1 mostra o gráfico de desempenho x vida útil.
Figura 1: Desempenho x Vida útil
Fonte: Google Imagens (2018)
A Engenharia Civil é uma área do conhecimento humano em constante evolução, seja em relação aos materiais utilizados para as construções, as técnicas construtivas, métodos e softwares, que vão se modernizando conforme o avanço tecnológico, com essa evolução constante o mercado moderniza as máquinas, os equipamentos e os softwares que são utilizados durante a elaboração e execução dos projetos das obras de engenharia.
Segundo Souza e Ripper (1998) mesmo com toda essa modernização, mudanças de técnicas, materiais e métodos, ainda existem muitas limitações na área de conhecimento do profissional de engenharia, onde essa falta de conhecimento ocasionadas por falhas involuntárias, imperícia, deterioração, irresponsabilidade e acidentes, levam algumas estruturas, considerando as finalidades a apresentarem desempenho insatisfatório.
Conforme Thomé (2016) é fundamental possuir conhecimento sobre as Normas Regulamentadoras - NRs e NBRs relacionadas ao mercado da construção civil, para que o resultado do trabalho cumpra com os padrões de qualidade, seguindo à risca as recomendações, métodos e parâmetros previstos na legislação brasileira.
Existem métodos de avaliação de desempenhos especificos, conforme mostra a Figura 2.
Figura 2: Metodologia de avaliação de desempenho
Fonte: ANTUNES (2010)
De acordo com a Figura 2 para ser possível adotar uma coerente metodologia
de desempenho deve-se considerar como parâmetro, as necessidades iniciais dos
usuários, como levantar os dados essenciais para que o projeto possa cumprir com o resultado esperado e que o mesmo esteja adaptado as condições de exposição que irá sofrer durante sua vida útil, tomando base desses requisitos iniciais o projeto irá ser realizado com embasamento específico, que atenda os critérios adequados para uma execução do projeto.
Segundo Antunes (2010) os principais objetivos da norma de desempenho são:
•
Estabelecer requisitos ou patamares mínimos, considerando quais são adequados para uso;
•
Parâmetros no mercado, de forma que viabilize contribuir com a redução da não conformidade;
•
Determinar responsabilidades claras, definindo assim, quem projeta, executa e opera;
•
Possibilidade de alcançar os objetivos diferenciados através do desempenho
Para tanto, deve-se utilizar e seguir os critérios da norma de desempenho e exercer um controle rígido sobre a execução do projeto. Desta forma, teremos edificações com menos problemas patológicos e consequentemente mais segurança e durabilidade.
2.2 PATOLOGIAS
Com a deterioração precoce nas edificações, surgiu a preocupação de compreender o que estava ocasionando tantas perdas nas edificações, surgiu então, a necessidade de estudar essas anomalias, descobrir suas origens, sintomas e quais os agentes causadores. Essa ciência da engenharia ficou definida como patologia das edificações. (VIEIRA, 2016)
Segundo Silva (2011) patologia nas edificações é o estudo de anomalias ou
problemas relacionados a construção civil, provocando alterações nas estruturas e
suas funcionalidades. As patologias podem ser adquiridas durante toda sua vida,
desde a execução da obra, término do projeto, ou ao longo de sua vida útil. A perda
de uma estrutura física de construção civil reflete em uma perda irreparável, tendo em
vista que remete em perdas financeiras e o comprometimento da estrutura física, pode
provocar acidentes que resultem em vítimas fatais.
Para Silva e Crepaldi (2017) patologias de construção é uma área da engenharia que estuda os problemas, anomalias e defeitos nas construções, visando identificar suas causas e propor medidas eficientes, buscando sanar os problemas encontrados ou diminuir os seus efeitos.
Patologia é a parte da engenharia que estuda os sintomas, mecanismos, causas e a origem dos problemas em construções civis. (HELENE, 1992)
Conforme Barros (2014) existem manifestações patológicas de diversas naturezas, podendo ocasionar no aparecimento de diversos tipos de manifestações patológicas, essas manifestações podem ocorrer em forma de eflorescências, fissuras, trincas, manchas e outros, essas doenças quando diagnosticadas devem ser reparadas urgentemente, pois se não reparadas, podem levar ao colapso das construções.
Existem diversos tipos de falhas que podem provocar o aparecimento de manifestações patológicas, sendo de suma importância a compreensão das etapas que devem ser seguidas, e métodos que devem ser adotados para que o resultado final do projeto atenda às necessidades básicas que foram planejadas durante o projeto.
Falhas de projeto compreendem operações de construção que foram mal executadas por falta de detalhamento, omissões ou equívocos de projeto, relativos aos materiais e às técnicas construtivas; Falhas de execução compreendem aqueles serviços que apresentam manifestações patológicas em razão da falta de controle dos serviços, omissão de alguma especificação que conste em projeto e falta de cumprimento da normalização técnica;
Falhas devido decorrentes do uso dizem respeito àqueles elementos que foram prejudicados pela falta das atividades necessárias à garantia do seu desempenho satisfatório ao longo do tempo;
Falhas provenientes da qualidade dos materiais compreendem aqueles elementos que independentemente da qualidade do seu projeto e ou execução encontram-se deteriorados. (FIESS; OLIVEIRA; BIANCHI;
THOMAZ, 2004)
Para Viegas (2008) após a emissão da NBR 6118/14, a durabilidade e os processos relativos a deterioração e corrosão passaram a ser mais estudados por alunos do curso de pós-graduação, devido a importância do tema para a área profissional.
O conhecimento e entendimento das patologias tem extrema importância na
construção civil, pois as mesmas podem trazer problemas apenas estéticos, assim
como podem levar a edificações a ruína. Na maioria das vezes, o aparecimento das manifestações patológicas acontece pelo tipo de material utilizado e pelo processo inadequado de execução, o conhecimento da norma, seria a forma mais viável e eficaz de prevenir o surgimento de patologias.
Segundo Medeiros e Helene (2008)
Para evitar a deterioração prematura, várias medidas preventivas podem ser adotadas, sendo o tratamento superficial do concreto uma das possibilidades.
Porém, neste campo, existe uma grande quantidade de produtos com desempenho distinto e muitas vezes vendidos como similares.
Ainda segundo a ABNT (2013) NBR 15575-1 as construções devem garantir uma série de requisitos para que a mesma, consiga apresentar segurança e durabilidade dos projetos executados. Dentre os quesitos mais relevantes estão os seguintes:
a) atender sua vida útil, mesmo com as ações provenientes da exposição ao sol e vento, e os demais fatores comuns;
b) não ruir ou perder a estabilidade;
c) fornecer segurança aos usuários sob ação de impactos, choques, vibrações e outras solicitações;
d) não provocar sensação de insegurança aos usuários;
e) não ser produzida em estados inaceitáveis de fissuração de vedação e acabamentos;
f) não prejudicar a manobra normal de partes móveis, como portas e janelas, nem repercutir no funcionamento normal das instalações em face das deformações dos elementos estruturais;
g) cumprir as disposições das ABNT NBR 5629, ABNT NBR 11682 e ABNT NBR 6122 relativamente às interações com o solo e com o entorno da edificação.
Portanto é de extrema importância o conhecimento dos materiais que serão
utilizados durante a construção, como também o acompanhamento rígido da
execução do projeto, podendo assim, contribuir para execução conforme a norma
técnica exige, como também, a verificação dos materiais utilizados, se os mesmos
seguem os padrões de qualidades exigidos para uma obra com menos aparecimentos
de patologias, proporcionando assim, uma maior segurança e durabilidade.
“A vida útil de qualquer edificação depende da qualidade do projeto, dos processos executivos, das condições de agressividade do meio e dos cuidados no uso e manutenção”. (SANTOS FILHO; SPOSTO; MELO, 2014, p. 52)
Para se obter o controle de qualidade do projeto é necessário que existam determinados parâmetros de referência para implementar o controle. Tais parâmetros podem ser representados por indicadores de consumo, limites dimensionais, número de elementos 10 e componentes construtivos, tipos de elementos, componentes e materiais, normas e critérios de dimensionamentos, métodos de execução, detalhes construtivos, ou outros que sejam considerados oportunos em função da especificidade do empreendimento. (OLIVEIRA, 2013 p. 9-10)
Para Thomaz e Helene (2000) os controles de execução das alvenarias estruturais devem seguir o modelo padrão de qualidade, visando atender aos quesitos de integridade, regularidade dimensional e resistência mecânica, os controles geométricos e disposições de armaduras, entre outros itens, de acordo com o direcionamento da Norma Técnica.
2.3 SINTOMAS DAS PATOLOGIAS
De acordo com Iantas (2010) mesmo com o grande número de evolução tecnológica no setor da construção civil, ainda é muito frequente a existência de edificações novas apresentando manifestações patológicas, que além de comprometer a estrutura física, ocasiona em perdas de recursos financeiros em reparos que poderiam ter sido evitados anteriormente.
Segundo Silva e Crepaldi (2017) os principais sintomas patológicos se apresentam de forma externa, geralmente de maneira singular, como trincas, fissuras e infiltrações, das quais, é possível identificar facilmente as suas características, origens, causas e os fenômenos envolvidos. As anomalias se manifestam após a execução do projeto, quanto mais rápido for identificado e feito os reparos necessários, mais fácil será de solucionar o problema.
Para Vieira (2016) é muito importante a identificação da origem das doenças
patológicas, é o primeiro passo a ser tomado, pois com base nele irá se obter um
tratamento corretivo adequado a manifestação patológica existente, identificando
assim o que ocasionou, quais medidas devem ser tomadas e quais os meios de
prevenção de novas patologias futuras.
Existem diversas causas que contribuem para o aparecimento de manifestações patológicas, entre as principais causas, podemos destacar: a) divergências entre projetos; b) utilização inadequada de materiais; c) detalhamento insuficiente ou inadequado; d) detalhes construtivos não realizados; e) erro de dimensionamento; f) falta de padronização das convenções; g) sobrecargas não previstas; h) não consideração de efeitos térmicos; i) especificação de concreto ineficiente e cobrimento inadequado. (SOUZA; RIPPER, 1998)
Portanto segundo Caporrino (2015), o principal meio para evitar as patologias é buscando a racionalização do processo, aplicando os seguintes princípios de construtibilidade.
•
Fazer um projeto bem detalhado, de forma clara para facilitar a interpretação da equipe que irá executar;
•
Haver comunicação entre as equipes, principalmente de execução e projeção;
•
Implementar técnicas novas usadas conforme a necessidade;
•
Qualificação e treinamento das equipes de projeto e execução;
•
Seguir Norma Brasileira Regulamentadora (NBR);
•
Ter controle de qualidade;
•
Alinhamento com suprimentos;
•
Rigoroso gerenciamento de obra e projeto.
Assim, seguindo os itens acima citados, podemos ter um maior controle das manifestações patológicas existentes nas edificações, assim como uma maior segurança e durabilidade.
Com a evolução dos sistemas construtivos e dos sistemas computacionais, as estruturas foram ficando mais esbeltas e, consequentemente, mais deformáveis. Entretanto, as vedações foram ficando mais frágeis (blocos de concreto ou cerâmico) e mais sujeitas ao aparecimento de sintomas patológicos, quando solicitadas além de sua capacidade resistente.
(MONTEIRO, 2004 apud CAPORRINO, 2015, p. 22)
2.4 PATOLOGIAS DESENVOLVIDAS DEVIDO A RECALQUES
O estudo das patologias geradas por recalque de fundações a partir de suas
manifestações características e causas prováveis possibilita um conhecimento mais
aprofundado de seus mecanismos de formação e de suas possíveis medidas de terapia e prevenção.
Muitas são as causas que podem originar as patologias das fundações, ao longo dos anos as edificações estão sujeitas a esforços por adensamento, acréscimo de cargas ou até por vibrações geradas no solo. Como estes problemas não são tão simples de serem observados, comumente só é percebido em estágios avançados dificultando a resolução (HELENE, 2003).
Recalque absoluto é quando um elemento da fundação se desloca verticalmente, já a diferença entre o recalque absoluto de dois elementos é denominado recalque diferencial. (ALONSO, 1991)
Segundo Helene (2003), os fenômenos patológicos geralmente apresentam manifestação externa característica, a partir da qual se pode deduzir a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos envolvidos. Estas características ficam mais evidente de acordo com os cuidados ignorados no projeto, execução ou na utilização.
Sendo algumas patologias mais críticas a estrutura, como por exemplo, a das fundações.
Conforme mostra a Figura 3 as trincas devido a recalques de fundações são tipos de manifestações patológicas existentes na alvenaria estrutural.
Figura 3: Trincas devido a recalques de fundações.
Fonte: Thomaz (1990)
2.5 MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NOS REVESTIMENTOS
Para Antunes (2010) podemos considerar manifestações patológicas nos
revestimentos como situações em que o sistema de revestimento, não apresenta o
desempenho esperado, deixando assim de atender as necessidades dos usuários.
Uma manifestação patológica acontece com a queda de desempenho, diante dos erros de planejamento, execução e uso, que podem ou não ser cumulativos.
Silva Lapa (2008) considera as manifestações patológicas como anomalias, podendo ser identificadas pelos próprios usuários das edificações. Na maioria dos casos, as edificações, não apresentam sintomas de enfermidades, porém quando esse sintoma se torna visível, geralmente, a doença já está em estado de desenvolvimento.
“As várias formas de manifestações patológicas existentes não se vinculam a apenas uma causa, normalmente são resultantes da atuação simultânea de diversos fatores promotores de degradação”. (ANTUNES, 2010, p.13)
Dentre as manifestações patológicas mais comuns nos revestimentos, podemos citar fissuras, trincas, eflorescência e umidade.
2.5.1 Fissuras
De acordo com Santos (2014) as fissuras ocorrem devido a distorções na estrutura, que ocasiona em deformações específicas na parede. Essa tração contribui para o aparecimento de fissuras típicas de recalque de fundação.
As fissuras apresentam-se geralmente como estreitas e alongadas aberturas na superfície de um material. Elas são superficiais e de menor gravidade, como fissuras na pintura, na massa corrida ou no cimento queimado, não provocando problemas estruturais. Mas isso não significa que elas não mereçam atenção, já que toda rachadura começa como uma fissura, por isso é importante ficar atento e observar se há evolução do problema ao longo do tempo, ou se a fissura permanece estável (VELOSO, 2014).
Classificar as fissuras de acordo com suas características como abertura, atividade, e direção, é uma etapa muito importante no processo de recuperação, pois contribui na investigação de suas causas.
De acordo com Lordsleem Jr. (1997) é de extrema importância conhecer a
posição, tipo, disposição e movimentação da fissura na alvenaria, pois irá auxiliar na
análise da estabilidade da parede, na verificação da sua interação com o
revestimento, na determinação da provável origem e se é possível intervir no problema.
De acordo com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura dos Transportes) as trincas e fissuras são inevitáveis, pois são fenômenos relacionados ao concreto armado, e podem se manifestar em três fases da vida: fase plástica, fase de endurecimento e fase de concreto endurecido.
Conforme Duarte (1998) as fissuras são causadas por vários fatores, tendo como suas principais causas: excesso de carregamento sobre paredes, variações de temperaturas, retração de blocos ou concretos, deformação de elementos da estrutura na parede, recalque das fundações e reações químicas.
2.5.2 Classificação das fissuras de acordo com a abertura
Segundo Lordsleem Jr. (1997), classificar as fissuras de acordo com a amplitude da abertura indica a gravidade do problema, ajuda na identificação da causa e limita a utilização dos sistemas de recuperação.
Como mostra a Tabela 1 as trincas são classificadas conforme a sua abertura, podendo elas ser de fácil recuperação, ou impossível de reverter o dano a estrutura.
Tabela 1: Classificação quanto a abertura, segundo ABNT NBR 9575: 2010
Fonte: NBR 9575 : 2010
2.5.3 Classificação das fissuras de acordo com a direção
Eldridge (1982 apud LORDSLEEM JR., 1997), classifica as fissuras segundo sua direção em:
•
Vertical;
•
Horizontal;
•
Denteada;
•
Diagonal ou em degraus.
As Figuras 4, 5, 6 e 7 apresentam os tipos de fissuras, classificando-as de acordo com sua direção.
Figura 4: Classificação das fissuras nas alvenarias, de acordo com Eldridge (1982)
Fonte: Eldridge (1982 apud LORDSLEEM Jr, 1997)
Magalhães (2004), afirma que “por sua simplicidade a utilização da classificação das fissuras de acordo com sua direção é adequada para análise prévia de fissuras, como parte de um processo de diagnóstico”.
Figura 5: Fissuras verticais – principais tipologias e prováveis causas
Fonte: Caderno Técnico Alvenaria Estrutural
Figura 6: Fissuras inclinada – principais tipologias e prováveis causas
Fonte: Caderno Técnico Alvenaria Estrutural
Figura 7: Fissuras horizontais – principais tipologias e prováveis causas
Fonte: Caderno Técnico Alvenaria Estrutural
2.5.4 Classificação das fissuras de acordo com a atividade
De acordo com Piancastelli (1997) as classificações das fissuras, segundo a sua atividade, são denominadas: “ativa” quando apresentam variações de abertura ao longo do tempo, e são “passivas” quando não apresentarem variações de abertura ao longo do tempo.
2.5.5 Trincas
Veloso (2014) diz que as trincas são aberturas mais profundas e acentuadas, sendo bem mais perigosas do que fissuras, pois apresentam ruptura dos elementos e por isso podem afetar a segurança de casas ou prédios. O mesmo autor ainda cita que as rachaduras têm as mesmas características das trincas em relação à
“separação entre partes”, mas são aberturas grandes, profundas e acentuadas.
Apesar de ter as mesmas características que as trincas, as rachaduras requerem solução urgente.
A norma ABNT NBR 15575-2 (2013) classifica trincas como sendo as fissuras com abertura maior ou igual a 0,6 mm.
2.5.6 Eflorescência
Eflorescências são formações de sais nas alvenarias, são identificadas por ocasionarem manchas de cor branca que se apresentam pela umidade. São muito comuns em blocos estruturais e revestimento. (ANTUNES, 2010)
De acordo com Verduch e Solana (2000)
Chamamos eflorescências os depósitos salinos que se formam nas argilas e nos tijolos crus. Estas eflorescências se formam em cru pela intervenção da água como agente mobilizador dos sais, e podem se consolidar e se tornar permanentes por cocção a temperatura elevada. As eflorescências são defeitos dos tijolos que se originam durante sua fabricação, e que permanecem depois praticamente inalterados, durante toda sua vida. As eflorescências são, portanto, anomalias permanentes da constituição superficial dos tijolos.
Quando localizadas entre o reboco e a parede, as eflorescências forçam um
plano capilar, por onde sobe a umidade, que aumenta a força de repulsão ao reboco.
De acordo com Souza (2008) as eflorescências alteram a aparência da superfície, onde são depositadas e em determinados casos seus sais podem ser agressivos, causando desagregação profunda da estrutura. As eflorescências são originadas por três fatores: a presença de sais solúveis nos materiais, a presença de água e a pressão hidrostática, que faz com que a migração da solução ocorra, indo para a superfície.
As eflorescências representam uma manifestação patológica relacionada a presença de sais nas alvenarias conforme mostra a Figura 8.
Figura 8: Eflorescência nas edificações
Fonte: Adaptado de Gill, 2008
Portanto, as eflorescências são manifestações patológicas ocasionadas por sais nas alvenarias, ocasionando assim desagregação do revestimento.
2.5.7 Umidade
A umidade é um fenômeno que pode ocorrer através da capilaridade. De acordo com Souza (1985), a umidade nas construções é considerada um dos problemas com maior índice de dificuldade para ser corrigido, dentre as manifestações patológicas. Essa dificuldade está relacionada à complexidade dos fenômenos envolvidos e à falta de estudos e pesquisas.
De acordo com Torres Filho (2017) a umidade é a porta de entrada dos agentes
nocivos no interior do concreto, causando assim a manifestação patológica. Para a
degradação do material os agentes nocivos devem estar dissolvidos em soluções.
Algum dos exemplos de umidade que ocasionou manchas ou mofo nas alvenarias está representado na Figura 9.
Figura 9: Manchas de bolor ou mofo na fachada
Fonte: Thomaz (1995)
Para Antunes (2010) os principais causadores pela de umidade presentes em revestimentos são: abosrção de umidade por obra; abosrção de água por capilaridade;
absorção de água por infiltração; absorção de água por condensação; e umidade acidental.
2.6 PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS CERÂMICOS
Segundo Campante e Sabbatini (2001), a maioria das ocorrências de manifestações patológicas em revestimento cerâmico pode ser atribuída à falta de compreensão das interfaces entre seus diversos componentes. Essa falta de compreensão está ligada às deficiências no conhecimento técnico de toda cadeia produtiva, destacando:
•
Assentadores despreparados e sem treinamento;
•
Fabricantes de materiais não preocupados com garantia, assistência técnica e informações de uso para seus produtos;
•
Projetista desconhecedores de suas responsabilidades;
•
Incorporadores não atentos ao real valor atribuindo a relação entre custos de recuperação da manifestação patológica e o valor do bem a ser recuperado.
2.7 PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA
Na década de 1990, iniciou-se o processo de estímulo ao mercado imobiliário, voltado para construção de moradias que atendessem as classes médias e alta, a produção de moradias voltadas para a classe média aumentou relativamente com as mudanças institucionais e instrumentos financeiros que possibilitaram uma garantia para os investidores do setor habitacional. (CARVALHO; STEPHAN et. al. SHIMBO, 2011; CARDOSO E ARAGÃO, 2011).
O Programa minha casa minha vida é uma iniciativa do Governo Federal que possibilitou condições de financiamento, para famílias de baixa renda (em média renda até R$ 6500,00), viabilizando a construção de moradias nas áreas urbanas. O projeto conta com diversos parceiros, como Estados, Municípios, empresas e entidades sem fins lucrativos. Possibilitando assim, o sonho da casa própria, para todos que não teriam como financiar um imóvel.
O Programa Minha Casa Minha Vida está ligado à Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades, que coordena a concessão de benefícios junto à Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, governos e entidades locais.
•
1ª Fase do MCMV: A Fase 1 teve início em 2009 e seu objetivo principal era popularizar a aquisição de unidades habitacionais em todo território brasileiro.
Com meta de construir 1 milhão de habitações, o Governo apresentou as condições do programa e cadastrou os interessados tanto em comprar quanto construir imóveis com o benefício do MCMV.
•
2ª Fase do MCMV: A fase iniciou durante o ano de 2011 e tinha como
meta construir 2 milhões de novas unidades com um investimento de R$125,7 bilhões
até o final de 2014. Desse valor, R$ 72,6 bilhões vieram do Orçamento Geral da União
e do FGTS e outros R$ 53,1 bilhões diretamente dos empréstimos. Nessa fase
também se iniciou a participação do Banco do Brasil no Programa.
•
3ª Fase: Foi iniciada em 2016 a terceira fase do Programa Minha Casa Minha Vida, que pretende contratar mais 2 milhões de unidades habitacionais até 2018 com um investimento de R$ 210 bilhões. Desse montante, R$ 41,2 bilhões virão do Orçamento Geral da União.
São consideradas como Casas Populares as residências unifamiliares construídas com mão-de-obra assalariada, sujeitas à matrícula no cadastro do INSS.
Esse é o tipo de imóvel mais comum no Minha Casa Minha Vida. Outra característica das casas populares é possuir área total de até 70 m².
2.8 TIPOS DE RESIDÊNCIA CONSTRUÍDAS PELO PROGRAMA MCMV
Cohab é uma companhia de habitação, são as empresas acionistas das prefeituras. Os imóveis construídos pelo Programa Minha Casa Minha Vida, são de empresas credenciadas a COHAB. As residências construídas pelo Cohab são financiadas pela instituição financeira Caixa Econômica Federal, seguindo os planos habitacionais do governo.
O financiamento depende do estado ou cidade onde será construído o imóvel.
Para a aplicação do recurso o governo leva em consideração a quantidades de habitantes na cidade, e o valor máximo permitido para financiamento do programa Minha casa minha vida, conforme Tabela 2.
Tabela 2 – Valor estipulado de financiamento por Estado
Fonte: Sienge, 2018.
De acordo com o
Software de construção civil Sienge (2015) os tipos deresidências construídas pelo programa minha casa minha vida são:
•
Casas populares
•
Apartamentos
•
Kitnets
2.8.1 Características das Patologias
Mediante o estudo realizado, foi observado que as patologias que ocorreram com mais frequência, representando um percentual de quase 40% nas residências construídas pelo programa Minha Casa Minha Vida estão relacionadas aos problemas com esquadrias, que foram ocasionados pelos recalques, devido a não compactação adequada do solo. Na Figura 10 pode-se observar que o espaçamento entre a face da porta e a face da caixa da porta não está uniforme, mostrando que mesma apresentou um deslocamento em relação a sua posição inicial.
Figura 10: Esquadrias após os recalques
Fonte: Autoria própria.
Já na Figura 11 observar-se a fachada de uma das 130 edificações
entrevistadas no bairro Sumaré na cidade de Mossoró.
Figura 11: Fachada de uma das 130 residências.
Fonte: Autoria própria
3. METODOLOGIA
Para elaboração do referente trabalho foi feita pesquisas na literatura em artigos técnicos, artigos científicos, dissertações, teses, revistas e monografias, bem como a seleção de autores que colaboraram com o estudo, contemplando um embasamento teórico contribuindo significativamente com as conclusões apresentadas neste trabalho. O estudo realizado é caracterizado como pesquisa de campo de caráter quantitativa e exploratória.
Na realização do mesmo, foi analisada a NBR 15575 (2008) que discorre sobre os procedimentos de desempenhos a serem utilizados durante o processo de estruturação do projeto e execução do projeto.
De acordo com Fonseca (2002) a pesquisa quantitativa se centra na objetividade. A mesma recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente dessa forma melhor pode-se conhecer sobre as manifestações patológicas que estão situadas nessas edificações.
Segundo Lakatos (2003) exploratórios são investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade:
desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos.
3.1 DELINIAMENTO DE PESQUISA
A pesquisa foi realizada com dados coletados durante um período de dois anos,
mediante a investigação sistemática de 130 edificações, em busca de possíveis
manifestações patológicas nesses empreendimentos. A área estudada pertence a um
conjunto habitacional construído pelo projeto Minha Casa Minha Vida no bairro
Sumaré na cidade de Mossoró/RN a fim de colher informações importantes e obter
características relevantes para o trabalho realizado.
Dentre as edificações analisadas, foram analisados diversos problemas patológicos, entre os quais podemos citar: problemas com aterro, com revestimento cerâmico, com esquadrias, pintura, rachaduras, ataques biológicos e infiltrações.
Com a pesquisa obtida em campo foi possível codificar informações, fazer tabulação de dados, analisar e interpretar dados coletados, para tanto, foi necessário a utilização do programa
Microsoft Excel. A pesquisa realizada é de caráterquantitativo e exploratório.
Desta forma foi compatibilizado as informações teóricas com a pesquisa feita em campo e chegou-se a um resultado final que indica mais aproximação do problema real levando em consideração todas as informações colhidas.
O método adotado para a realização da pesquisa, consiste em elaboração de etapas de trabalho, conforme ilustrado na Figura 12.
Figura 12: Fluxograma das etapas para elaboração do projeto
Fonte: Autoria própria.
É importante ressaltar que os dados da pesquisa feita em campo, foram fornecidos pela própria empresa construtora, na qual está localizada no município de Mossoró-RN. Por está razão o fluxograma apresenta primeiramente a pesquisa de campo, para após ser feita a pesquisa na literatura.
3.2 CARACTERÍSTICAS DA ÁREA DE ESTUDO
Mossoró é um município brasileiro localizado no interior do estado do Rio Grande do Norte, situado no oeste Potiguar, Região Nordeste do país. Ocupa uma área de aproximadamente 2 100 km², sendo o maior município do estado em área, estando distante 281 quilômetros da capital estadual, Natal. Em 2017 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estimou a quantidade de habitantes em 295 619.
A localização da cidade de Mossoró está representada no mapa do Rio Grande do Norte de acordo com a Figura 13.
Figura 13: Localização da cidade de Mossoró, no mapa do RN.
Fonte: Google Imagens
O bairro Sumaré está localizado na zona leste que é considerada um dos
maiores territórios na cidade de Mossoró, é composto por dez bairros e vinte e um conjuntos. Nessa mesma localização estão as principais unidades de educação, como Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e o campus do Instituo Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).
O bairro Sumaré desde 2009 até os dias atuais está vivenciando um grande
crescimento, onde tudo começou com os projetos do programa Minha Casa Minha
Vida e com o lançamento de dezenas de projetos de várias empresas e construtores.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 PROBLEMAS COM ATERRO
É comum às edificações apresentarem patologias devido a recalques diferenciais, principalmente nas áreas onde foi inserido aterro, seja por mal compactação do terreno, ou por outro motivo qualquer. No conjunto habitacional localizado em Mossoró/RN pode-se observar esse tipo de problema, causando patologias nas alvenarias.
Conforme dados coletados na pesquisa, o percentual de problemas com aterro representa 9,23%, como destacado na Figura 14.
Figura 14 – Problemas com Aterro
Fonte: Autoria própria.
Analisando a Figura 14, pode ser observado que das 130 habitações que foram avaliadas, 12 tiveram problemas com aterro, onde o mesmo cedeu, causando diversos problemas patológicos, dentre eles, podemos citar, trincas e fissuras como os mais comuns devido ao movimento da estrutura.
Uma das soluções que pode ser tomada visando solucionar esse tipo de
problema antes da fase de execução e ter um controle de compactação do solo, assim
como realizar estudo prévio do local onde será construída a edificação. Mas se a
edificação apresentar esse tipo de problema após sua construção é necessário fazer um tratamento para a vedação e estabilização dessas fissuras e trincas.
4.2 PROBLEMAS COM REVESTIMENTO CERÂMICO
O descolamento é o problema mais comum nesse tipo de revestimento, esse tipo de patologia acontece por vários motivos, podemos destacar os principais sendo:
•
Dosagem inadequada da argamassa de assentamento.
•
Técnica de assentamento incorreta.
•
Presença de outras patologias, como umidade provocada por vazamentos e infiltrações nas paredes onde estão assentadas a cerâmica.
O problema relacionado a revestimento cerâmico representa 3,85% dos problemas ocasionados por manifestações patológicas, o mesmo está representado na Figura 15.
Figura 15 – Problemas com revestimento cerâmico
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 15 pode-se interpretar que apenas 5 residências apresentaram
problemas com piso cerâmico, onde provavelmente esses problemas foram causados
na fase de execução.
Para corrigir o esse tipo de problema, deve-se primeiramente ser sanada outras patologias causadoras, como umidade, vazamento e etc. Em seguida deve-se remover o revestimento comprometido e reassentá-lo obedecendo o seguinte procedimento.
•
Limpar bem a superfície para que fique livre de graxas e poeira.
• Verificar o estado do emboço, se não tiver em bom estado remover o emboço nessas áreas e refaze-lo antes de assentar o revestimento.
4.3 PROBLEMAS COM ESQUADRIAS
Problemas com esquadrias são muito comuns nas edificações, a existência desse tipo de problema, ocorre principalmente naquelas onde tem alto índice de recalque diferencial, mas também pode ocorrer por motivo de mau dimensionamento da estrutura. Na Figura 16 apresenta-se problemas com portas, portões e janelas.
Figura 16 – Problemas com Esquadrias
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 16 pode-se observar que um elevado número de residências
apresentaram problemas com esquadrias, esses problemas foram possivelmente
decorrentes de recalques acontecidos nas áreas onde foi inserido aterro, retirada de
escoramento antes do tempo previsto em projeto, assim as vergas tiveram grandes deformações fazendo com que as portas e janelas fossem impedidas de abrir e fechar normalmente ou até mesmo tivesse os vidros trincados, esses casos podem ter sido devido ao escoramento que foi retirado antes do previsto.
Uma solução para esse tipo de problemas nas portas pode ser com o uso da plana, ferramenta usada para diminuir a seção do elemento de madeira, já no caso das janelas, a solução mais viável seria fazer a substituição do elemento por um de seção menor.
4.4 PROBLEMAS COM PINTURA
Revestir paredes com uma camada de tinta, além de transformar visualmente o ambiente, proporciona uma série de benefícios, como resistência, durabilidade, valorização e higiene. Contudo, é necessário conhecer o produto que será utilizado para que a solução não vire um problema, já que existe uma tinta diferente para cada tipo de superfície. Além do produto utilizado, deve-se tomar alguns cuidados para que não ocorra o aparecimento de patologias.
Algumas das patologias que ocorrem na pintura, pode-se citar como os principais:
▪
Aparecimento de bolhas: decorrente do uso de massa corrida PVA em superfícies externas.
▪
Descascamento: ocorre quando se aplica a tinta em superfícies pulverulentas ou que tiveram aplicação de cal, dificultando sua aderência na base.
▪
Enrugamento: ocorre quando há uma excessiva quantidade de tinta numa demão ou quando não é respeitado o tempo de secagem correto entre demãos.
A Figura 17 mostra o percentual de edificações que apresentaram problemas
com pintura.
Figura 17 – Problemas com Pintura
Fonte: Autoria própria.
Como se pode ver no gráfico, 7.69%, o que corresponde a 10 unidades das 130 habitações pesquisadas tiveram problemas com a pintura da residência, também é perceptível a semelhança nos percentuais de problemas com pintura e fissuras, então, pode-se concluir que muitas pessoas que citaram problemas com fissuras também citaram problemas com a pintura, pois uma coisa está ligada diretamente com a outra.
Uma medida para corrigir esse tipo de problema é fazendo a impermeabilização principalmente dos elementos em contato com o solo e fazendo correção de outras patologias que estão ocasionando o problema, assim como fazer manutenção preventiva.
4.5 PROBLEMAS COM RACHADURAS
Na Figura 18 está incluso fissuras, trincas e rachaduras, pode-se diferenciar cada um desses problemas de acordo com a Tabela 1, apresentada no capitulo 2.
Também na Figura 18 pode-se observar um considerado número de edificações com
esse tipo de manifestações. Essas patologias pode ser apenas um problema
superficial que irá implicar na estética e aparência de sua parede, mas em outros
casos podem ser um aviso de problemas estruturais graves, e necessitando de reparos urgentemente.
Esses tipos de patologias foram desencadeados, provavelmente, pelos recalques existentes, outro motivo que pode ter levado ao aparecimento dessas patologias é o mau dimensionamento das estruturas.
Figura 18 – Problemas com Rachaduras
Fonte: Autoria própria.
Para tentar eliminar problemas dessa natureza de pequena grandeza, sugere- se:
▪
Para pequenas fissuras, a solução tradicional é retocar o reboco usando argamassa ou massa acrílica, mas as fissuras podem reaparecer.
▪
Para pequenas trincas, formar, sobre ela, um “V”, com uma ferramenta chamada abre-trinca, ultrapassando 10cm em cada extremidade.
Limpar a superfície e aplicar fundo preparador de paredes.
Preencher a fenda com sela-trinca ou argamassa e colocar uma tela de poliéster.
4.6 PROBLEMAS COM ATAQUES BIOLÓGICOS
Os problemas biológicos aqui citados são relacionados a cupins, os mesmos causam a biodeterioração que são mudanças indesejáveis produzidas por atividades normais de organismos vivos sobre as propriedades dos materiais. O cupim nas construções é motivo de grande preocupação e de prejuízos importantes.
A Figura 19 mostra o percentual das edificações que apresentaram problemas com ataques biológicos.
Figura 19 – Ataques Biológicos
Fonte: Autoria própria.
Na Figura 19 é perceptível que das 130 edificações uma pequena minoria das residências, apenas 3, houve o aparecimento de cupim, mostrando que a madeira utilizada apresenta boa qualidade.
Uma solução para que não haja esse tipo de ataques é utilizando uma madeira
de boa qualidade, assim como realizar manutenção preventiva aplicando tintas ou
vernizes periodicamente.
4.7 PROBLEMAS COM INFILTRAÇÃO
Na pesquisa bibliográfica foi apresentado o quanto é comum às edificações apresentarem problemas com infiltrações, a Figura 20 comprova a afirmativa.
As paredes de uma edificação precisam ser bem protegidas para evitar as famosas infiltrações de água provenientes da chuva ou outras fontes. A Figura 20 mostra o resultado da pesquisa de campo.
Figura 20 – Problemas com Infiltração
Fonte: Autoria própria.
Das 130 edificações averiguadas, observa-se que quase 25,38% delas apresentam problemas com infiltrações, onde as mesmas aparecem normalmente por causa das fissuras existentes nas alvenarias e nas peças estruturais, além disso é de extrema importância ressaltar que o não tratamento desse tipo de problema patológico pode ocasionar outros tipos de patologias, um exemplo dessas é a eflorescência.
4.8 PROBLEMAS RELATADOS
A Figura 21 deixa claro que os problemas que apareceram com mais frequência
no conjunto habitacional pesquisado em Mossoró/RN foram relacionados à recalques,
esses problemas podem levar as edificações á problemas mais graves, como problemas estruturais, sendo necessário fazer um reforço na sua estrutura para que a mesma não chegue a ruína.
Figura 21 – Percentual de cada problema
Fonte: Autoria própria.