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Demonstração do Valor Adicionado. Value Added Statement

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Demonstração do Valor Adicionado

Izabel Cristina Mazur Perussolo (UNICENTRO) cristina_mazur@hotmail.com Paulo Sérgio Bonato (UNICENTRO) paulo.bonato@uol.com.br

Resumo: Com as alterações na legislação, a Contabilidade se depara com uma nova demonstração, buscando exercer seu papel informativo e de tomada de decisões nas empresas usuárias. Trata-se da Demonstração do Valor Adicionado. Esta demonstração vem a descrever particularidades no sistema contábil brasileiro. Este estudo busca descrever como se elabora a Demonstração do Valor Adicionado e algumas de suas principais peculiaridades. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e bibliográfica, de caráter descritivo, que pretende refletir acerca desta nova exigência contábil.

Palavras-chave: Demonstrações contábeis; responsabilidade social; contabilidade; informação;

Stakeholders

Value Added Statement

Abstract: With changes in legislation, the accounting faced with a new proof, seeking to exercise their role of information and decision making in user companies. This is the Statement of Value Added. This demonstration comes to describe the particular accounting system in Brazil. This study attempts to describe how to prepare a Statement of Value Added and some of its main peculiarities.

This is a qualitative research and literature, descriptive, which reflects on this new accounting requirement.

Key-words: Accounting statements; social responsibility; accounting; information; Stakeholders

1 Introdução

Após os impactos iniciais causados pelas significativas alterações ocorridas na contabilidade pela promulgação da Lei 11.638/2007, e posteriormente pela Medida provisória 449/2008 convertida na Lei 11.941/2009, que alteraram a Lei 6.404/1976 (Lei das SA), é possível verificar que essa nova forma de apresentação da contabilidade trouxe muitos benefícios aos contabilistas, pois, apesar dos transtornos iniciais, acabou simplificando a forma de apresentação das demonstrações contábeis, implicando numa forma de harmonização das demonstrações contábeis.

De acordo com informação da KPMG (2008, p.01), a finalidade do Anteprojeto de Lei de reforma da Lei 6.404/76, elaborado pela Comissão de Valores Mobiliários em janeiro de 2000, era de introduzir: “[...] modernização e harmonização da lei societária em vigor com

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os princípios fundamentais e melhores práticas contábeis internacionais, visando a inserção do Brasil no atual contexto de globalização econômica”.

Uma das importantes alterações ocorridas após a promulgação da Lei 11.638/2007 foi quanto à obrigatoriedade da apresentação de algumas Demonstrações Contábeis, como no caso da Declaração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) que com o advento da Lei, deixou de ser obrigatória. Com a retirada desta declaração, passou-se então a ser exigida a apresentação da Declaração dos Fluxos de Caixa. Também se tornou obrigatória, para as Companhias Abertas, a elaboração e apresentação da Demonstração do Valor Adicionado (DVA), que, antes mesmo da obrigatoriedade já se consagrava como importante meio de demonstrar a forma de geração e distribuição da riqueza de uma empresa.

A Demonstração do Valor Adicionado apesar de relativamente nova no Brasil, é, segundo Iudícibus e Marion (2009) muito comum nos países da Europa Ocidental e procura evidenciar para quem a empresa está canalizando a renda obtida.

A partir de 2008 as Companhias Abertas no Brasil, viram-se obrigadas a apresentar a DVA, demonstração esta que é de grande valor, principalmente para os usuários externos da contabilidade, pois conforme destacam Tinoco e Moraes (2008, p. 08): “Esta demonstração evidencia de forma transparente o valor gerado pelas corporações, ou seja, a riqueza nova gerada a partir de sua atividade operacional e sua repartição aos segmentos beneficiários”.

Entre estes beneficiários, estão em grande parte, colaboradores das empresas que podem, por meio desta declaração, verificar, conforme citado por Iudícibus e Marion (2009), qual a fatia do bolo que está sendo distribuída para remunerar seus salários e encargos.

Moraes (2008) comenta que apesar de algumas empresas publicarem a Demonstração do Valor Adicionado, ainda no contexto do balanço social, antes da obrigatoriedade de sua publicação, muitas vezes o faziam sem a preocupação de torná-los instrumentos capazes de fornecer análises e avaliações da empresa na área sócio-ambiental.

A partir de agora, as empresas podem avaliar os reflexos da distribuição da riqueza de sua empresa e com certeza se iniciará uma maior reflexão sobre suas responsabilidades sócio- ambientais.

O presente estudo busca descrever como se estabelece e se conceitua a Demonstração do Valor Adicionado. Trata-se de uma pesquisaqualitativa e bibliográfica de caráter descritivo.

1.1 Contabilidade e Informação

Apesar da discussão sobre políticas de responsabilidade social nas empresas não ser necessariamente uma novidade, este assunto passa a ser cada vez mais atual após a configuração de obrigatoriedade da elaboração e divulgação da Demonstração do Valor Adicionado pelas Sociedades Anônimas de Capital Aberto.

De acordo com Rezende, Andrade e Oliveira (2011, p. 01):

No novo cenário, atuar de forma segura e rentável, com responsabilidade social e ambiental, nos mercados mundiais, fornecendo produtos e serviços adequados às necessidades dos clientes e contribuindo para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua, é a grande missão das principais organizações. [...] As empresas que vem atuando em diversas áreas no Brasil estão buscando praticar a responsabilidade social, pois a sociedade está cada vez mais cobrando a sua atuação social.

Rezende et al. (2005, p. 04) explica que os colaboradores e acionistas devem estar envolvidos com o comprometimento das empresas com a responsabilidade social,

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desenvolvimento sustentável e práticas de governança corporativa, pois: “Neste aspecto é que aparecem os elementos que conceituam e diferem as empresas que integrarão esse tipo de investimento”.

Complementando o exposto acima, Flores e Pinto (2002, p. 01), comentam sobre as empresas que tem procurado adaptarem-se às novas condições e exigências do novo mercado:

“As organizações procuram encontrar sua condição de empresas autossustentáveis, adaptando-se e se moldando as novas realidades, pois atitudes administrativas são geradoras das mudanças sociais, ambientais e ecológicas favoráveis ou desfavoráveis”.

Machado Filho (2002, p.109) ressalta que “no ambiente empresarial, a percepção de que o exercício da responsabilidade social pode trazer retornos à empresa é crescente, embora com pouca comprovação empírica”.

Moraes (2008) comenta sobre como se comporta uma empresa socialmente responsável:

A empresa socialmente responsável deve, em suas atividades, fazer muito mais que apenas cumprir as exigências legais. Ela deve ter um comportamento ético e ajudar a construir uma sociedade melhor. E isso vale para todos os públicos com que a empresa se relacione. Assim, deve também zelar pela segurança e saúde de seus funcionários, respeitar os direitos dos consumidores, ser transparente, não prejudicar o meio ambiente, estimular a cidadania das comunidades em que está inserida, manter relações éticas com governo e sindicatos, e divulgar de forma clara os meios que se utiliza para ser socialmente responsável.

De acordo com Ambrogi (2007), ao adotar uma postura ética a empresa exterioriza a sua vontade de demonstrar que seu objetivo não consiste apenas na otimização do lucro, mas sim, na busca de uma maximização da taxa de retorno em conjunto com funções sociais que buscam promover o bem-estar dos grupos sociais que com elas interagem, mediante a distribuição da riqueza por ela gerada.

A Demonstração do Valor Adicionado tem se mostrado um relatório de suma importância dentro da Contabilidade. Moraes (2008) comenta que não se pode deixar de ressaltar também a importância da elaboração e divulgação da DVA como ferramenta para tomada de decisões por conta das importantes informações contidas nesta demonstração.

Como descrito nas NORMAS TÉCNICAS DE CONTABILIDADE (2008, s/p), a NBC TG 09, que trata da Demonstração do Valor Adicionado, aprovada pelo Conselho Federal de Contabilidade: “A DVA deve proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis informações relativas à riqueza criada pela entidade em determinado período e a forma como tais riquezas foram distribuídas”.

Além disso, a Demonstração do Valor Adicionado trata-se de demonstração relativamente nova, com recente obrigatoriedade imposta pela Lei 11.638/2007 e que merece estudos mais aprofundados.

Ao analisar a DVA, podem-se observar os investimentos realizados em seus funcionários, considerando que funcionários motivados são sinônimos de maior produtividade, novas ideias e, portanto, mais crescimento e lucro para a empresa. Altos salários e benefícios, porém, não bastam para manter a motivação dos profissionais. Para estimular a paixão pelo trabalho, os departamentos de Recursos Humanos das grandes empresas estimulam desafios, projetam planos de carreira, investem em comunicação interna e capacitam gestores (MOTTA, 2010, p.641).

1.2 Demonstrações Contábeis

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Segundo o Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1) (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010) que trata da Apresentação das Demonstrações Contábeis: “As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade”. Com base no CPC 26 o conjunto completo de demonstrações contábeis inclui:

(a) balanço patrimonial ao final do período;

(b1) demonstração do resultado do período;

(b2) demonstração do resultado abrangente do período;

(c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período;

(d) demonstração dos fluxos de caixa do período;

(e) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações elucidativas;

(f) balanço patrimonial do início do período mais antigo, comparativamente apresentado, quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou procede à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis; e (g) demonstração do valor adicionado do período, conforme Pronunciamento Técnico CPC 09, se exigido legalmente ou por algum órgão regulador ou mesmo se apresentada voluntariamente.

A Lei das Sociedades por Ações estabelece como deve ser o processo de elaboração das demonstrações contábeis. Segundo Iudícibus e Marion (2009, p. 207), a diretoria deve elaborar ao fim de cada exercício social, com base na escrituração contábil, as seguintes demonstrações Contábeis:

a) Balanço Patrimonial.

b) Demonstração do Resultado do Exercício.

c) Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

d) Demonstração dos Fluxos de Caixa.

e) Demonstração do Valor Adicionado (apenas para as Cias. Abertas).

Cabe ressaltar que a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados pode ser subtituída pela Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido.

As demonstrações contábeis são também conhecidas por demonstrações financeiras.

Além das demonstrações financeiras há ainda as notas explicativas, que são uma complementação, parte integrante das demonstrações financeiras (MARION, 2008).

Quintana (2009, p. 47) destaca que:

As demonstrações contábeis devem exprimir com clareza a situação patrimonial da empresa e as mutações ocorridas em determinado período, tendo como principais objetivos: demonstrar e avaliar a situação econômica e financeira da empresa, atender o previsto na legislação; e servir como instrumento de informação para terceiros.

A função das demonstrações obrigatórias, assim como a de todos os outros relatórios gerenciais, é a de tornar clara a leitura e interpretação dos eventos registrados pela Contabilidade, facilitando a interpretação das variações demonstradas, de forma sintética, no Balanço Patrimonial e na DRE (CRUZ, ANDRICH e MUGNAINI, 2011).

Além da determinação legal de se elaborar as demonstrações contábeis elas também fornecem informações para a gestão de uma organização. Na visão do CRC PR (2011, p. 10), o objetivo das Demonstrações Contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica e também apresentar os resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados.

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As demonstrações contábeis geram determinado tipo de informação dependendo de quais usuários irão se utilizar delas. Assim a legislação colocou diferentes regras para cada tipo de empresa, pois um acionista, por exemplo, necessita de informações sobre como está sendo distribuída a riqueza da qual possui ações, informação essa que pode ser visualizada na Demonstração do Valor Adicionado. Essa informação já não é tão relevante para um micro ou pequeno empresário.

O objetivo das demonstrações Contábeis, apresentado no CPC 26 (R1) – Apresentação das Demonstrações Contábeis - é:

Proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2010).

Percebe-se então que as Demonstrações Contábeis não são só elaboradas para o fisco, masé importante instrumento para tomada de decisão tanto para os usuários internos como os usuários externos. De acordo com publicação do CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE (2011, p. 09):

As Demonstrações Contábeis são preparadas e apresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas.

Governos, órgãos reguladores ou autoridades fiscais, por exemplo, podem especificamente determinar exigências para atender a seus próprios fins. Essas exigências, no entanto, não devem afetar as Demonstrações Contábeis elaboradas segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo CFC.

As demonstrações contábeis deverão ser publicadas em duas colunas, de forma que os usuários da informação contábil possam comparar os valores com o ano anterior, proporcionando assim a análise das tendências futuras da organização (SCHMIDT, SANTOS e KLOECKNER, 2006). Elas devem ser elaboradas para os diversos usuários da contabilidade, denominados Stakeholders.

A respeito da Teoria dos Stakeholders, Deegan (2000 apud Guimarães e Santana, 2007) comenta que sua idéia principal é de que todas as partes interessadas nas atividades das organizações tem o mesmo direito de obter informações sobre as mesmas e não apenas um grupo específico. Para ele estas informações devem ser apresentadas na forma que os diversos grupos as solicitam, adequando-se às suas necessidades, extirpando a idéia de que apenas os grupos importantes para o funcionamento da empresa teriam o direito de receber informações de sua atividade.

Cruz, Andrich e Mugnaini (2011, p.21), definem os Stakeholders como “todos os envolvidos num processo, ou seja, é qualquer pessoa ou organização que esteja direta ou indiretamente envolvida num projeto” Para eles “a concepção de desempenho da empresa será diferente entre os diferentes stakeholders”.

Para Almeida et al. (2009) os Stakeholders são além dos acionistas, os colaboradores, funcionários, investidores, fornecedores e clientes, que buscam a informação contábil. Afirmam ainda que os Stakeholders buscam conhecimento de dados que sejam tangíveis, quantificáveis e verificáveis sobre o desempenho da organização em todas as áreas.

Neste sentido podemos perceber a grande importância da informação contábil para os usuários, em todos os âmbitos da empresa. Tinoco e Moraes (2008, p. 03) destacam a importância dessa informação:

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Entende-se ser essa informação de grande importância, já que permite a todos os analistas, trabalhadores, sindicalistas, pesquisadores e outros stakeholders (parceiros sociais) efetuarem comparações e extraírem conclusões sobre o desempenho da empresa no âmbito social.

A informação contábil, e suas demonstrações, da forma como são apresentadas após a internacionalização da Contabilidade e promulgação da Lei 11.638/07, tem se mostrado de suma importância, especialmente para análise por seus diversos Stakeholders.

1.3 A Demonstração do Valor Adicionado (DVA)

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) passou a ter caráter obrigatório de elaboração e apresentação pelas Companhias Abertas a partir da promulgação da Lei 11.638/07, mas mesmo antes de sua obrigatoriedade,algumas empresa já elaboravam e divulgavam a DVA (QUINTANA, 2009, p. 79).

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) surgiu na Europa e tem tido cada vez mais demanda internacional (MARION, 2012, p. 59). Para De Luca, et al. (2009, p. 30) a DVA está “estreitamente relacionada com o conceito de responsabilidade Social”.

Para Iudícibus e Marion (2009, p. 277) o conceito de Valor Adicionado ou Valor Agregado é muito comum nos países da Europa Ocidental e procura evidenciar para quem a empresa está canalizando a renda obtida.

No Brasil, desde 1980, a discussão sobre cálculo e divulgação da geração e distribuição da riqueza das empresas, por meio da DVA, vem sendo estimulada nos meios acadêmicos. Segundo De Luca et al. (2009, p.39): “Após a publicação do primeiro artigo sobre DVA pelo Prof Dr. Eliseu Martinsem 1989, cresceu significativamente o número de empresas que passaram a publicá-la mesmo antes da sua obrigatoriedade Legal” e ainda a partir de 1998, na publicação da Maiores e Melhores, dados relativos à DVA passaram a fazer parte do critério de avaliação para escolha das 500 melhores empresas do país.

Tinoco (2002, p. 67) cita as empresas pioneiras na publicação da DVA no país a Telebrás e algumas de suas controladas no ano de 1990, posteriormente a Companhia Municipal de Transportes Coletivos de São Paulo, no ano seguinte e em 1992 o BANESPA.

Destaca ainda que essas publicações foram feitas em jornais especializados, destinadas aos mais diferenciados usuários.

O Pronunciamento Técnico CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2010, p. 03), apresenta uma definição de Valor Adicionado:

Valor adicionado apresenta a riqueza criada pela empresa, de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade.

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é um relatório contábil que evidencia o quanto de riqueza uma empresa gerou e o quanto e de que forma essa riqueza foi distribuída (entre empregados, governo, acionistas, financiadores de capital) bem como a parcela da riqueza não distribuída (RIBEIRO, 2009, p. 409).

A DVA tem uma finalidade diferente das outras demonstrações contábeis. Enquanto a DRE está preocupada em evidenciar para os investidores o lucro da empresa, apresentando somente o Valor Adicionado que será canalizado para o proprietário a DVA evidenciar além do lucro dos investidores, também a quem pertence o restante da riqeza criada pela empresa (DE LUCA et al., 2009, p. 30).

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Ambrogi (2007, p. 65) ressalta que “é possível visualizar por meio do valor adicionado se a sociedade fornecedora dos elementos utilizados no processo de produção também está sendo beneficiada pela riqueza produzida”.

Iudícibus e Marion (2009, p. 277) salientam que o Valor Agregado nada mais é do que a subtração de todas as compras de bens e serviços do montante de Vendas de uma organização. Destacam ainda que “O valor agregado corresponde ao PIB da empresa. A soma de todos os Valores Agregados das empresas daria o PIB do país”.

Tinoco e Moraes (2008, p. 48) ressaltam a importância da DVA e as informações que são possíveis de se obter por meio desta demonstração:

Pode-se extrair da DVA, informações financeiras e sociais das empresas, percebendo-se como os resultados foram alcançados e como eles foram empregados em benefício da sociedade e de que forma essa riqueza gerada foi distribuída entre os elementos que contribuíram para sua geração.

O Pronunciamento Técnico CPC 09 – Demonstração do Valor Adicionado (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2010, p. 03) - explica que a distribuição da riqueza deve ser minimamente detalhada, entre os ítens, como apresentado a seguir:

(a) pessoal e encargos;

(b) impostos, taxas e contribuições;

(c) juros e aluguéis;

(d) juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos;

(e) lucros retidos/prejuízos do exercício.

O mesmo Pronunciamento ainda discorre sobre como deve ser apresentada a DVA:

em sua primeira parte, detalhadamente a riqueza criada pela entidade, como riqueza, insumos adquiridos de terceiros e valor adicionado recebido em transferência. A segunda parte apresenta como é distribuída esta riqueza: entre pessoal, impostos, taxas e contribuições, remuneração de capitais de terceiros e remuneração de capitais próprios.

Ribeiro (2009, p. 410) explica que no momento da elaboração da DVA, assim como ocorre com outras demonstrações, as contas de resultado que serão utilizadas para sua elaboração, que são todas aquelas que representam as despesas, custos e receitas, já estão devidamente encerradas. Ainda segundo ele, para elaboração da DVA também se utilizam contas patrimonias, que são:

[...] aquelas representativas das participações de terceiros (tributos sobre o lucro líquido, debenturistas, empregados, administradores etc.) bem como aquelas representativas da remuneração dos acionistas pelo capital investido (Juros e dividendos).

O Pronunciamento Técnico CPC 09, expõe que o total do ítem 08 (distribuição do valor adicionado) deve ser exatamente igual ao do ítem 7 (valor adicionado a distribuir). O exemplo acima é o modelo a ser utilizado por empresas em Geral, que é o objeto deste trabalho, porém, cabe ressaltar que existem modelos diferenciados para Instituições Financeiras Bancárias e para Seguradoras.

Os dados para elaboração da DVA são extraídos da Demonstração de Resultado e informações adicionadas referentes aos impostos e dividendos distribuídos. Inicialmente destacam-se as vendas de mercadorias, produtos e serviços, já deduzidas das devoluções.

Posteriormente, subtrai-se a provisão para créditos de liquidação duvidosa, e acrescentam-se outros créditos. Reduzindo-se despesas com matéria prima, custo das mercadorias, energia, entre outros, temos o valor adicionado bruto, do qual serão descontadas depreciação, amortização e exaustão para se chegar ao valor adicionado líquido produzido pela entidade.

Se houverem receitas financeiras ou resultado de equivalencia patrimonial, estes são somados

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ao valor adicionado líquido o que resulta no valor adicionado a distribuir. Então, é demonstrada a forma como foi distribuída a riqueza da entidade, entre pessoal, impostos, taxas e contribuições, remuneração de capital de terceiros e remuneração do capital próprio (DE LUCA, et al., 2009).

2 Considerações

Marion (2005) explica que os vários índices de análise das demonstrações contábeis, são importantes para determindos stakeholders. Os proprietários tem interesse no retorno sobre o investimento, buscando sempre o lucro, a maximização da riqueza. Quando se trata de empresas sem fins lucrativos, estas provavelmente buscam a redução de custos, aumento de receita com enfoque sempre na rentabilidade, para que as mesmas possam se manter. Os clientes se interessam por produtos com bom custo, qualidade, boas condições de pagamento, entre outros. Acomunidade deseja saber se a empresa está trabalhando de forma ética, sem violar leis e protegendo o meio ambiente, além de contribuir com a educação, obras assistenciais, entre outros. Já os funcionários querem poder trabalhar com boas condições, obter uma boa remuneração, incentivos, oportunidade de crescimento, além de assistência, planos de aposentadoria etc.

Essa parcela de investimento em funcionário é um dos índices mais interessantes a ser estudado na análise da DVA, juntamente com a rentabilidade do ativo. Observar como se apresentam tais dados aos usuários tem se tornado imperativo nas demonstrações do Valor Adicionado.

A elaboração desta demonstração na atualidade é entendida como de suma importância aos que utilizam a informação contábil como linha mestra em suas empresas.

Espera-se que este breve estudo se configure como ponto de partida para estudos posteriores que venham a refletir sobre as demonstrações contábeis, principalmente a Demonstração do Valor Adicionado.

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Referências

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