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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIA SOCIAIS E HUMANAS APLICADAS

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

CENTRO DE CIÊNCIA SOCIAIS E HUMANAS APLICADAS – CCSAH CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ANA GABRIELE RODRIGUES DE SANTIAGO

PROPENSÃO AO EMPREENDEDORISMO: O CASO DOS DISCENTES DE UMA IES NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE

MOSSORÓ

2019

(2)

ANA GABRIELE RODRIGUES DE SANTIAGO

PROPENSÃO AO EMPREENDEDORISMO: O CASO DOS DISCENTES DE UMA IES NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE

Monografia apresentada a Universidade Federal Rural do Semi-Árido como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Elisabete Stradiotto Siqueira, Prof. Dra.

MOSSORÓ

2019

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©Todos os direitos estão reservados à Universidade Federal Rural do Semi-Árido.O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade do (a) autor (a), sendo o mesmo, passível de sanções administrativas ou penais, caso sejam infringidas as leis que regulamentam a Propriedade Intelectual, respectivamente, Patentes: Lei nº 9.279/1996, e Direitos Autorais: Lei nº 9.610/1998. O conteúdo desta obra tornar-se-á de domínio público após a data de defesa e homologação da sua respectiva ata, exceto as pesquisas que estejam vinculas ao processo de patenteamento. Esta investigação será base literária para novas pesquisas, desde que a obra e seu (a) respectivo (a) autor (a) seja devidamente citado e mencionado os seus créditos bibliográficos.

Setor de Informação e Referência

O serviço de Geração Automática de Ficha Catalográfica para Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC´s) foi desenvolvido pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) e gentilmente cedido para o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (SISBI-UFERSA), sendo customizado pela Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (SUTIC) sob orientação dos bibliotecários da instituição para ser adaptado às necessidades dos alunos dos Cursos de Graduação e Programas de Pós-Graduação da Universidade.

S235p Santiago, Ana Gabriele Rodrigues de.

PROPENSÃO AO EMPREENDEDORISMO: O CASO DOS DISCENTES DE UMA IES NO INTERIOR DO RIO GRANDE DO NORTE / Ana Gabriele Rodrigues de Santiago. - 2019.

108 f. : il.

Orientadora: Elisabete Stradiotto Siqueira.

Monografia (graduação) - Universidade Federal

Rural do Semi-árido, Curso de

Administração, 2019.

1. Propensão ao empreendedorismo. 2.

Empreendedorismo . 3. Áreas do conhecimento. I.

Siqueira, Elisabete Stradiotto , orient. II.

Título.

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AGRADECIMENTOS

A Deus e aos bons espíritos que me guiaram e me instruíram.

À minha família, os maiores motivadores das minhas conquistas. Sou o resultado da confiança e da força de cada um de vocês.

À minha professora orientadora, Elisabete, que com muita presteza, paciência, sabedoria e dedicação me motivou, inspirou e guiou na elaboração deste trabalho.

Aos meus amigos, pelas longas conversas e constante estímulo, por tornarem esse caminho mais leve e me fazerem acreditar em toda a minha potencialidade.

À Banca Examinadora da qual tenho tanto carinho e admiração, pela à disponibilidade e pelas contribuições acerca do meu trabalho.

À Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA, que oportunizou minha formação de maneira satisfatória, propiciando oportunidades de desenvolvimento das minhas competências e habilidades. Em especial a todo o corpo docente do curso de Administração pela dedicação, conhecimentos e os ensinamentos compartilhados de grande valia na minha formação acadêmica, profissional e pessoal. Foram eles que me deram recursos e ferramentas para evoluir um pouco mais todos os dias .

Agradeço em especial aos professores: Elisabete Stradiotto Siqueira, Valdemar Siqueira

Filho, Liana Holanda Nepomuceno e Luciana Holanda Nepomuceno pelas vivências valorosas

através do PET: Programa de Extensão Tutorial - Gestão Social, no qual tanto aprendi e que

guardo com carinho, agradeço também aos colegas de projeto petianos e ex-petianos pelo

companheirismo e amizade, além da Universidade.

(6)

À professora Lilian Caporlíngua Giesta Cabral, pela oportunidade da minha participação no Projeto de Iniciação Científica, pelas as orientações e contribuições, juntamente com meus colegas de pesquisas por todo o companheirismo, amizade e aprendizado mútuo.

Às professoras Suely Xavier dos Santos, Alexsandra Batista Cândido Siqueira e Elisangela Cabral dos Santos, por serem profissionais e pessoas maravilhosas que me incentivaram e inspiraram através de seus exemplos.

A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito

obrigada.

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Muitas coisas não ousamos empreender por parecerem difíceis; entretanto, são difíceis porque não ousamos empreendê-las.

Sêneca

(8)

RESUMO

Dornelas (2007) afirma que o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais e gerando riqueza para a sociedade. As Instituição de Ensino Superior – IES, tem papel fundamental no processo de formação empreendedora, pois são os discentes dos cursos de graduação que poderão ocupar as vagas de emprego no mercado de trabalho ou serão donos de seus próprios empreendimentos e promotores de suas carreiras. Assim, este estudo se debruça sobre a temática do empreendedorismo, tomando como problema de pesquisa: os alunos dos cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas apresentam maior propensão ao empreendedorismo? Dessa forma interessa investigar a propensão ao empreendedorismo, comparando a percepção dos alunos de uma Universidade do interior do Rio Grande do Norte considerando as grandes áreas do conhecimento. O Estudo é de natureza descritiva, de cunho quantitativo, tendo como instrumento de pesquisa um questionário survey, distribuído através da lista de e-mail dos discentes recebendo 506 respondências, que constituíram a amostra deste estudo. A análise dos dados, utilizou-se de variáveis categóricas, frequências e percentuais. Já para as variáveis métricas em escala likert considerou-se: a análise da confiabilidade das perguntas do instrumento de pesquisa, a análise de qualidade das respostas obtidas e o devido tratamento estatístico dos dados que se deram por meio de técnicas com o auxílio do programa estatístico: SPSS. Como resultados do estudo os dados revelam que os respondentes possuem características empreendedoras. A área de Ciências Sociais Aplicadas apresenta propensão satisfatória ao ato de empreender. Nos quatro construtos a área atingiu um valor acima da média variando de 3,56 a 3,78 em uma escala de 0 a 5, o que representa uma certa tendência nos construtos alcançando o somatório de todas as variáveis de 99,40. A área que mais se destacou foi a de Ciências Humanas com um total de 116,46 pontos, a pontuação máxima que poderia ser alcançada era de 135 pontos. Por outro lado a área com perfil empreendedor menos evidente foi a de Ciências Biológicas com 93,5 pontos.

Palavras-chave: Propensão ao empreendedorismo, Empreendedorismo, Áreas do

conhecimento.

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ABSTRACT

Dornelas (2007) argues that the current moment can be called an era of entrepreneurship, because entrepreneurs are eliminating trade and cultural barriers and generating wealth for society. Higher Education Institutions (IES) play a fundamental role in the process of entrepreneurship training because it’s the students of undergraduate courses that will occupy positions in the labor market or will be owners of their own enterprises and promoters of their careers. Thus, this study focuses on the theme of entrepreneurship, taking as a research problem:

do students of Applied Social Sciences’ area have a greater propensity for entrepreneurship? In this way, it’s interesting to investigate the propensity for entrepreneurship, comparing the students' perception of an University of the interior of Rio Grande do Norte considering the great areas of knowledge. The study is of a descriptive nature, having as a research tool a survey questionnaire, distributed through the e-mail list of the students, which received 506 answers that were the sample of this study. Data analysis was performed using categorical variables, frequencies and percentages. As for the metric variables in likert scale, we considered: the reliability analysis of the questions of the research instrument, the quality analysis of the answers obtained and the due statistical treatment of the data that were given by means of techniques with the aid of the statistical program: SPSS. As results of the study the data reveal that the respondents have entrepreneurial characteristics. The area of Applied Social Sciences presents a satisfactory propensity to the act of undertaking. In the four constructs the area reached an above average value ranging from 3.56 to 3.78 on a scale of 0 to 5, which represents a certain trend in the constructs reaching the sum of all variables of 99.40 points. The area that most stood out was the Human Sciences with a total of 116.46 points, the maximum score that could be reached was 135 points. On the other hand, the area with a less evident entrepreneurial profile was Biological Sciences with 93.5 points.

Keywords: Propensity for entrepreneurship, Entrepreneurship, Areas of knowledge.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação gráfica do surgimento do empreendedorismo ao longo do

tempo segundo Dornelas (2005)...………….……….…...27

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Gênero... ………...…….…..…… 59

Gráfico 2 – Estado civil…...……...…..…………..………60

Gráfico 3 – Faixa etária…………...………... 60

Gráfico 4 – Relação de emprego...…..61

Gráfico 5 – Recebimento de auxílio permanência ou exercício de atividade remunerada na IES...…….…..…….63

Gráfico 6 – Natureza da empresa em que trabalha...…..…………..………64

Gráfico 7 – Renda inidividual..…...………... 65

Gráfico 8 – Renda familiar...….. 66

Gráfico 9 – Responsabilidade por mais da metade do sustento familiar ...….…..….… 67

Gráfico 10 – Quantidade de respondente da amostra por campus...…….………67

Gráfico 11 – Período que o respondente está cursando durante a aplicação do questionário ... 69

Gráfico 12 – Média do construto Comprometimento e Determinação em relação a grande área...…...74

Gráfico 13 – Média do construto Liderança em relação a grande área...76

Gráfico 14 – Média do construto Tolerância ao risco, ambiguidade e incerteza em relação a área...79

Gráfico 15 – Média Motivação e Superação em relação a grande área ...…...80

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Evolução da definição do termo empreendedorismo...…...…… 28

Quadro 2 – Autores e palavras chave de conceitos de Empreendedorismo... 34

Quadro 3 – Principais Características Empreendedoras (por vários autores) ... 44

Quadro 4 – Listas de cursos presenciais ofertados pela a IES analisada...………. 49

Quadro 5 – Construtos de características do perfil empreendedor de acordo com afirmações...52

Quadro 6 – Etapas de tratamento de análise dos dados utilizados na pesquisa ...54

Quadro 7 – Lista das áreas de avaliação do Colégio de Ciência da vida organizadas por grande área ...56

Quadro 8 – Lista das áreas de avaliação do Colégio de Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar organizadas por grandes área...56

Quadro 9 – Lista das áreas de avaliação do Colégio de Humanidades organizadas por grandes área ...57

Quadro 10 – Relação de emprego dos discentes distribuídos por área de curso...62

Quadro 11 – Distribuição da natureza da organização que o discente trabalha por área de conhecimento do curso ...65

Quadro 12 – Quantidade de respondentes da amostra por área de conhecimento...69

Quadro 13 – Resumo das características sociodemográficas dos respondentes em maioria ...70

Quadro 14 – Análise das variâncias dos construtos ...71

Quadro 15 – Resumo da pontuação das variáveis do perfil empreendedor por área do conhecimento...72

Quadro 16 – Resumo da pontuação das variáveis do perfil empreendedor por área do

conhecimento...82

(13)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Motivação dos empreendedores iniciais: taxas (em %) para oportunidade e

necessidade, proporção sobre a TEA (em %), estimativas (em unidades) e razão

oportunidade e necessidade – Brasil 2017 ...17

Tabela 2 – Quantidade de respondentes da amostra por curso...………...68

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA Analysis of variance

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior GEM Global Entrepreneuship Monitor

IES Instituição de Ensino Superior PIB

TEA TEE

Produto Interno Bruto

Total Early-Stage Entrepreneurial Activity - Taxa de Empreendedorismo Inicial Taxa de Empreendedorismo Estabelecido

TTE Taxa Total de Empreendedorismo

UFAL Universidade Federal de Alagoas

(15)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 16

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ... 22

1.1.1 Objetivo geral ... 22

1.1.2 Objetivos específicos... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 23

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO EMPREENDEDORISMO ... 23

2.2 CONCEITO DO EMPREENDEDORISMO E A INTENSIFICAÇÃO DOS ESTUDOS ... 30

2.3. CORRENTES TEÓRICAS ... 35

2.4 PERFIL EMPREENDEDOR ... 43

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 48

3.1 TIPO DE PESQUISA ... 48

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA DA PESQUISA ... 48

3.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ... 50

3.4 ABORDAGEM DA ANÁLISE DE DADOS ... 53

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS ... 58

4.1 DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS ... 58

4.2 ANÁLISE DAS VARIÁVEIS PESQUISADAS ... 70

4.2.1 Análise da confiabilidade das variáveis ... 70

4.2.2 ANOVA ... 71

4.2.2.1 Comprometimento e determinação ... 73

4.2.2.2 Liderança ... 75

4.2.2.3 Tolerância ao risco, incertezas ... 78

4.2.2.4 Motivação e superação ... 79

4.2.2.5 Somatório do Perfil empreendedor por Grande Área ... 81

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 84

REFERÊNCIAS ... 86

APÊNDICES ... 92

ANEXOS ... 107

(16)

1 INTRODUÇÃO

Este estudo se debruça sobre a temática do empreendedorismo, particularmente interessa investigar a propensão empreendedora fundamentada na perspectiva do perfil empreendedor, percebido pelos estudantes de graduação das diversas áreas de conhecimento de uma Instituição de Ensino Superior – IES pública no interior do Rio Grande do Norte.

A área de pesquisa de temáticas que se relacionam com o empreendedorismo é um campo emergente em pleno crescimento no qual ainda não existem teorias totalmente estabelecidas e que não é totalmente maduro, no entanto vem apresentando gradativa orientação interna. Entre os conceitos e classificações acerca da temática duas variáveis são repercutidas e apontadas como as principais razões de empreender (no que se refere aqui à abertura de um empreendimento): buscado por necessidade e motivado por oportunidade (OLIVEIRA, 2012;

SANTOS, 2008).

O empreendedorismo pode ter sua motivação tanto por meio da identificação de uma oportunidade ou impulsionado por fatores de necessidade, o primeiro é entendido por Dornelas (2008, p. 13), pelo fato do empreendedor “saber aonde quer chegar, criar uma empresa com planejamento prévio, ter em mente o crescimento que quer buscar para a empresa e visar a geração de lucros, empregos e riqueza”. Isto é, o empreendedor aqui detecta uma eminente oportunidade baseando-se em necessidades de mercado. Já o empreendedorismo por necessidade, pressupõe que a criação do próprio negócio, é ocasionado por falta de possiblidade que provenham o sustento, podendo ocorrer por uma alternativa ao desemprego (DORNELAS, 2007; OLIVEIRA, 2013). Portanto apresenta-se como um caminho alternativo para o enfrentamento dos problemas econômicos.

Essas variáveis são consideras também através de estudos do relatório Global Entrepreneurship Monitor - GEM

1

que é referência e promove uma avaliação anual do nível da atividade empreendedora

2

e foca-se no sujeito empreendedor. De acordo com o GEM o nível

1

GEM é um projeto de pesquisa sobre questões relacionadas ao empreendedorismo, tais como; as diferenças entre os países em termos de capacidade empreendedora; a contribuição do empreendedorismo para o crescimento econômico e tecnológico; relações entre riquezas de oportunidades empreendedoras e a capacidade dos indivíduos de explorar novas oportunidades e o potencial dos governos para promover o empreendedorismo. Desta maneira, o GEM avalia o impacto da atividade empreendedora no PIB e na geração de emprego nos países, possibilitando que agentes políticos e a iniciativa privada possam usar seus resultados como subsídio para desenvolver programas e adotar uma política incentivadora e favorável ao crescimento deste segmento. É realizada no mundo inteiro e coordenada por especialistas da Babson College e da London Business School (Natsume, 2004, p. 7).

2

Atividade empreendedora é entendida de acordo com o GEM (2017) como o ato de empreender, quer seja na

criação ou aperfeiçoamento de um novo negócio, ou na manutenção de um negócio já estabelecido.

(17)

nacional de empreendedorismo vem crescendo. O relatório do ano de 2017 apresenta dados pertinentes da taxa de empreendedorismo total (TTE) que é formada por todos os indivíduos que estão envolvidos com uma atividade empreendedora.

Em 2017, no Brasil, a TTE indicada foi de 36,4%, o que significa que de cada 100 brasileiros 36 deles estavam conduzindo alguma atividade empreendedora, quer seja na criação ou aperfeiçoamento de um novo negócio, ou na manutenção de um negócio já estabelecido. Em números absolutos isso representa dizer que é de quase 50 milhões o contingente de brasileiros que já empreendem e/ou realizaram, em 2017, alguma ação visando a criação de um empreendimento em um futuro próximo.

Desde meados dos anos 2000 o GEM acompanha a performance do empreendedorismo no Brasil, e evidencia que nos últimos anos a taxa por oportunidade vem alcançando um constante crescimento em relação ao empreendedorismo por necessidade, o que não se dava nos primeiros anos do relatório em 2000 e 2001. O último levantamento realizado em 2017 indicou que: “O patamar de empreendedorismo por necessidade ainda está significativamente acima da proporção registrada em 2014 (29%), ano anterior à agudização da crise econômica brasileira expressa (GEM, 2017, p. 9)”. Contudo a taxa de empreendedorismo por oportunidade se mostra maior que a taxa de empreendedorismo por necessidade (tabela 1) o que se justifica em uma pequena melhora no cenário de mercado de trabalho formal.

Tabela 1 – Motivação dos empreendedores iniciais: taxas (em %) para oportunidade e necessidade, proporção sobre a TEA (em %), estimativas (em unidades) e razão oportunidade e necessidade – Brasil 2017

Fonte: GEM (2017)

A tabela 1 apresenta as taxas que indicaram que os empreendedores iniciaram seus

empreendimentos por necessidade foram 8,1%, e a Taxa de Empreendedorismo Inicial - TEA

um percentual de 39,99%, enquanto que o empreendedorismo por oportunidade indica maior

representatividade no estudo apresentando uma taxa de 12,1% e percentual de 59,4%. Em

resumo: “59,4% dos empreendedores iniciais empreenderam por oportunidade e 39,9% por

necessidade” (GEM, 2017, p. 9). Os percentuais mostram uma diferença relativamente pequena

em relação motivação da abertura do negócio, contudo a taxa de empreendimentos motivados

pela necessidade ainda se mostra alta.

(18)

Diante disso, considerando as taxas de empreendedorismo, um dos aspectos levados em conta para o fato do Brasil ser um país que apresenta alto índice de condução de atividade empreendedora, é fundamentado, por um lado, na ausência de empregos, pois o mercado de trabalho não consegue absorver todos os alunos que concluem seus cursos de graduação, mas por outro lado pelo fato do empreendedorismo ser também evidenciado como uma característica do indivíduo.

A maioria das empresas exigem de seus funcionários para destacar-se em um mercado cada vez mais competitivo, possuir um perfil empreendedor que promova a capacidade de inovar continuamente, trazendo ideias que revolucionam a maneira de administrar as decisões e principalmente fomente o sucesso da organização. Os empregos e a geração de renda criados a partir da abertura de novas empresas tornam o empreendedorismo um destacado fenômeno socioeconômico, o que desperta o interesse de governos e sociedades que buscam alternativas de políticas públicas com vistas a combater o desemprego e gerar crescimento econômico (SANTOS, 2017; ROCHA e FREITAS, 2014).

Outro argumento motivador é que o empreendedorismo é um importante impulsionador da economia de um país, por meio da geração de impostos e outras taxas. Aliado a esse fato cresceu também o incentivo da formação de novos empreendedores tanto pela mídia, quanto por empresas que oferecem cursos na área de gestão, focados principalmente em gerentes, administradores ou pessoas que querem abrir o próprio negócio, para que possam aprimorar suas habilidades empreendedoras (FATURRI, 2013).

Nesse sentido destacam-se também as Instituições de Ensino Superior – IES, como um dos veículos responsáveis pelo processo de disseminação de informações sobre o empreendedorismo. O papel das IES como elemento de apoio na capacitação, é apontado por Martins e Honório (2017) que destacam que as Instituições também são incumbidas pela qualidade do empreendedorismo brasileiro, juntamente com políticas públicas que fomentem o movimento. Contudo, afirmam que é escasso o investimento de recursos na educação e salientam a importância da educação empreendedora, tendo em vista seu papel estratégico fundamental para o desenvolvimento do campo econômico e social.

Dornelas, Spinelli, Adams (2014) aprofundam esse posicionamento, afirmando que o ensino do empreendedorismo no nível universitário no Brasil já integra grande parte dos cursos de graduação, pois há pelo menos uma disciplina dedicada ao tema com ementas que costumam abordar desde as áreas de contabilidade e finanças a marketing e tecnologia da informação.

Consideram também que o aumento do número de publicações na área tem sido considerável

nos últimos anos.

(19)

Sobre a construção e propagação dos conhecimentos sobre empreendedorismo nas IES, destaca-se a inovação. Inovação não apenas no sentido de criação de novos negócios ou novas formas de capitalização de recursos financeiros, porém e, principalmente, inovação na maneira de abordar o empreendedorismo substituindo o foco da formação de bons empregados para grandes empresas apenas para indivíduos empreendedores de seus próprios negócios e das próprias carreiras (GIOVANELA, 2010).

Por outro lado o empreendedorismo não se limita a área de gestão, diversas abordagens da literatura apontam o empreendedorismo como um fenômeno complexo e que é tema de estudo em várias áreas de conhecimento, Giovanela (2010, p. 70) afirma: “O empreendedorismo tem a particularidade de reunir idéias advindas de especialistas de ciências comportamentais, econômicas, administrativas e humanas criando intercâmbios e práticas multidisciplinares” desta forma não estaria então restrito a determinada áreas de conhecimento dentro das IES ou tão somente a disciplinas específicas.

Em outra perspectiva observa-se que os cursos de graduação através do ensino do empreendedorismo no nível universitário, não se reflete diretamente no cenário organizacional se considerarmos os dados do SEBRAE (2017) que indicam que a Taxa de Empreendedores Estabelecidos - TEE no Brasil durante o período de 2014 a 2016 em sua maioria tinham somente até o segundo grau incompleto. Esses dados podem indicar que o Ensino Superior por si só não proporciona maiores índices de acesso ao empreendedorismo através da fomentação do ato de empreender aos alunos, levando em conta que as motivações para o ato advém de diversos fatores.

Nessa perspectiva, estudos recentes têm apontado para a necessidade de tratar do empreendedorismo com mais profundidade e inerente a isso uma temática vem se destacando nos últimos anos nos estudos acadêmicos: A propensão ao empreendedorismo. No entanto

“ainda são escassas pesquisas que reconheçam a propensão ao ato de empreender como uma predisposição do indivíduo para a criação de novos negócios” (BRAUM, NASSIF, 2017, p. 1).

“O espírito empreendedor está relacionado com um conjunto de características

encontradas num indivíduo, estando estas associadas a uma maior probabilidade de sucesso na

ação empreendedora” (ABREU e NASSIF, 2017, p. 11). Nesse contexto as pesquisas na área

que tomam como suporte teórico a vertente comportamental, consideram ser possível incentivar

características pessoais que conduzam à maior propensão a empreender. Em outra abordagem

o conjunto que compõe o instrumental necessário ao empreendedor é visto como uma

consequência do processo de aprendizado de alguém capaz de atitudes definidoras de novos

contextos (FARAH, CAVALCANTI, MARCONDES, 2008).

(20)

A propensão citada pelos autores supracitados é formada por variáveis, entre elas é possível citar: a inovação e a proatividade, cada uma delas exerce uma influência de forma diferente. As motivações individuais, incluindo a necessidade de realização também impactam no processo de decisão do indivíduo executar atividades empreendedoras. Além desses, outros fatores que também se destacam e que são indicados pela literatura na influência da propensão a empreender são: a cultura, fatores ambientais, políticos, econômicos e educacionais do meio que está imerso o indivíduo (BARBOSA, 2015).

Desse modo Abreu, Abreu e Menut (2012) alegam que os estudos nesta área são desenvolvidos em grande parte detendo-se a identificar e traçar um perfil do ser empreendedor.

Em conformidade Santos (2008) afirma que análise das características empreendedoras como também dos traços da personalidade, podem propiciar a identificação do potencial a empreender de um estudante.

Alguns dos estudos nesse sentido abordam a propensão aliada às características do indivíduo, como exemplo o estudo de Silva (2016) desenvolvido em uma IES pública, que se detém a pesquisar à iniciativa empreendedora dos alunos, através das principais características que foram delineadas por autores da área. Um outro estudo semelhante desenvolvido por Menut, Menut e Abreu (2012), objetivava analisar as características empreendedoras dos pesquisados para definir a propensão ao empreendedorismo dos estudantes em análise, intitulado de: Propensão dos estudantes africanos da UFAL ao empreendedorismo.

Uma pesquisa realizada em 2014 em uma IES no estado do Ceará com o intuito de analisar a abordagem do empreendedorismo nos cursos de graduação, analisou diversos cursos das áreas de conhecimento e identificou que o ensino de empreendedorismo ainda tem o foco voltado para o curso de Administração, apesar de o tema estar surgindo em outras áreas de estudo (SOUZA, CARNEIRO e ROLIM, 2015).

Assim, levando em conta uma perspectiva de formação empreendedora destinada para estudantes universitários, vem sendo desenvolvidos modelos confiáveis de medição do perfil de alunos por meio de suas características pessoais que objetive captar diferentes manifestações da propensão empreendedora presentes entre grupos distintos de estudantes.

Nesse contexto, pesquisas têm sido realizadas também com estudantes brasileiros tratando o perfil empreendedor (ROCHA e FREITAS, 2014).

A relevância de se abordar características empreendedoras nas pesquisas é também

defendida por Dolabela (2008) justificando que o estudo do perfil de empreendedores tem

sido de grande valia para a educação. Silva (2016) corrobora salientando que evidências

empíricas indicam que com o crescimento da atividade empreendedora aumenta também o

(21)

número de: novos empreendimentos, criação de empregos, e ainda, diversificação de produtos.

Devido à importância das pesquisas acadêmicas que objetivam entender o fenômeno do empreendedorismo e se existem entre esses indivíduos empreendedores algumas características recorrentes que os diferem dos demais sujeitos, algumas pesquisas ocuparam- se a estudar quais são as principais aptidões que esses sujeitos com capacidade de empreender possuem (SILVA, 2016). Tomando o Ensino Superior como fomentador da educação empreendedora, nesse contexto, as IES têm como papel divulgar o conhecimento e disseminar a cultura empreendedora, a fim de garantir o melhor desenvolvimento daqueles que se interessam por essa prática (SOUZA, CARNEIRO e ROLIM, 2015).

Santos (2008) destaca a importância social e econômica atrelada ao fato de que ao auxiliar a identificação de empreendedores potenciais, é possível criar as condições iniciais para que sejam encetadas ações que visem a promover o desenvolvimento desse potencial e estimulem futuras criações de negócios, gerando empregos, renda e desenvolvimento econômico. Destaca-se também a importância de desenvolver o empreendedorismo dentro da Instituição de Ensino não tão somente com a abordagem da abertura de empreendimentos, mas na disseminação do empreendedorismo através de atitudes comportamentais que podem refletir na carreira profissional dos estudantes.

Dessa forma, faz-se necessário estudar e pesquisar a propensão ao empreendedorismo, em virtude do empreendedor ser considerado um elemento de destaque para a geração e expansão dos negócios e, consequentemente, para promoção do desenvolvimento regional. Portanto, este estudo busca identificar a propensão empreendedora através de um instrumento que mensura as características do perfil de um empreendedor. É no âmbito dessas questões que o presente estudo pretende inserir-se, detendo-se a identificar a propensão ao empreendedorismo percebido pelo os alunos de uma IES no interior do Rio Grande do Norte, considerando as grandes áreas do conhecimento e comparando a propensão entre essas áreas.

Diante do exposto, mostra-se oportuna a análise da propensão a empreender

considerando características que são definidas pela literatura como inerentes ao empreendedor,

para daí confrontar o pressuposto de que cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas,

apresentam maior índice de discentes inclinados ao empreendedorismo, tendo em vista a oferta

de disciplinas relacionadas ao tema predominarem em cursos dessa área. A temática do

empreendedorismo nas IES geralmente é vinculada a processos de gerenciamento e inovação

(22)

que em geral são abordados em cursos que estabelecem interface com a gestão, como administração, contabilidade, engenharia de produção, por exemplo.

Nesse sentido os discentes desses cursos potencialmente poderiam ter maior propensão ao empreendedorismo. No entanto, considerando que o empreendedorismo se relaciona com a inovação, tal questão não estaria ausente de outras áreas. Neste sentido, esta pesquisa indaga se essa propensão se modifica nas grandes áreas do conhecimento e questiona: os alunos dos cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas apresentam maior propensão ao empreendedorismo?

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

Tal item expõe os objetivos traçados que esta pesquisa se propõe.

1.1.1 Objetivo geral

Desenvolver uma análise sobre propensão ao empreendedorismo, comparando a percepção dos alunos de uma Universidade do interior do Rio Grande do Norte considerando as grandes áreas do conhecimento.

1.1.2 Objetivos específicos

● Identificar se os discentes da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) possuem propensão satisfatória ao ato de empreender.

● Traçar um perfil sociodemográfico dos respondentes do estudo.

● Analisar as diferenças na propensão ao empreendedorismo através das variáveis que compõem o perfil empreendedor de acordo com a literatura utilizada:

Comprometimento e determinação; Liderança; Tolerância ao Risco, Incertezas e

Ambiguidade; Motivação e Superação.

(23)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO EMPREENDEDORISMO

Mesmo que para muitos o campo de pesquisa em empreendedorismo seja relativamente novo, a evolução histórica indica as diversas modificações que o termo sofreu, influenciado pelo período e ideologias da época analisada. Contudo, antes mesmo da expressão possuir um conceito com delineamento mais claro, é possível detectar ações e atitudes empreendedoras que ocorreram no passado (FATURRI, 2013; VERGAS e SILVA, 2014; OLIVEIRA, 2012).

Em acordo Hisrich, Peters e Shepherd (2009, p. 26) afirmam que “o desenvolvimento da teoria do empreendedorismo é paralelo, em sua maioria, ao próprio desenvolvimento do termo”. Com isso para um melhor entendimento da evolução da abordagem este item expõe conceitos diversos que propõem permitir uma melhor compreensão do processo de evolução do termo em análise.

Desde a época primitiva, considerando a evolução humana, já se detectava atitudes empreendedoras por parte do homem, isso era notado nas ações que desempenhavam para assegurar a sobrevivência a partir de processos de inovação na produção de ferramentas diversas a serem utilizadas na facilitação da caça de animais. Já na idade média, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que gerenciava grandes projetos de produção.

Esse indivíduo não assumia grandes riscos, e apenas gerenciava os projetos utilizando os recursos disponíveis, geralmente provenientes do governo do país. Nesta época como exemplo de empreendedores aponta-se os clérigos, que eram encarregados de obras arquitetônicas (DORNELAS, 2005; CUSTÓDIO; TÓFOLI; NOGUEIRA, 2011).

Os empreendedores até então não corriam riscos, apenas administravam os referidos projetos. Percebe-se que o empreendedorismo não é um tema recente e que o seu surgimento emergiu com o aparecimento de ações inovadoras na era primitiva e se relacionava com o processo de gestão na idade média.

Posteriormente no século XVI os europeus desbravaram o mundo, época esta que ficou conhecida como o período das grandes navegações. As missões empreendedoras pelos continentes do mundo foram fruto de ações em que a eficácia do trabalho humano cresceu de tal forma que surgiu o mercantilismo para dar vazão ao acúmulo da produção de mercadorias e alimentos, sendo essas missões uma das sementes do empreendedorismo (CUSTÓDIO;

TÓFOLI; NOGUEIRA, 2011). Com o advento do mercantilismo, considerando as exportações,

(24)

o empreendedorismo se evidenciava através das competições comerciais. Nessa linha histórica, as perspectivas em torno do empreendedorismo também foram sendo delineadas conceitualmente.

Observa-se que as primeiras definições a respeito do assunto mostravam o empreendedor como um indivíduo que coordenava edificações, como um administrador que ainda não corria riscos (FRANCO; GOUVÊA, 2016, p. 161).

No século XVII o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao início da industrialização que ocorria no mundo (DORNELAS, 2005, FILION, 1999). A reemergente ligação do risco com o empreendedorismo se desenvolveu também nesse século, pois o empreendedor passou então a ser aquele que arcava com os lucros ou perdas (HISRICH, PETERS e SHEPHERD, 2009).

Com a evolução do conceito atrelado ao risco, Leite (1995) relata a percepção de Cantillon acerca do empreendedorismo. Richard Cantillon, banqueiro e escritor parisiense, descreve sistematicamente o comércio nos princípios do século XVIII. Considera o termo

“empreendedor” como aquele que compra meios de produção a preços conhecidos, para combiná-los em um produto que espera vender por um preço ainda desconhecido; compromete- se com os custos, mas seu lucro é ainda incerto, arcando com o risco.

Observa-se que no século XVII o empreendedor é associado a um ator social de negociações com o governo, arcando com o risco dessas transações, da mesma maneira, Leite (1995), munido de forte inspiração de Cantillon, associa o risco ao empreendedor, mas já dota seu conceito de certa amplitude, ao associar o empreendedor com a venda de meios de produção.

Na concepção da época eram desconsiderados os fatores sociais ao ato de empreender, associando o empreendedor a uma abordagem meramente econômica. Na metade do século XX estabeleceu-se a noção do empreendedor como inovador. Entendida como o sujeito que possuí a capacidade de criar como também a capacidade de inovar na oferta de produtos e serviços buscando a satisfação dos clientes de maneira criativa e satisfatória (CUSTÓDIO; TÓFOLI;

NOGUEIRA, 2011). Essa proposição é reforçada por Franco e Govêa (2016) os autores

reconhecem que o empreendedorismo pode ter suas origens no período medieval, contudo,

afirmam que foi somente no âmbito da industrialização que seu significado se desenvolveu. Foi

um tempo de grandes mudanças, pois o trabalho, com inserção de tecnologias, passa a ser

industrializado e não mais artesanal. Foi nesse cenário que a imagem do empreendedor começa

a ser vinculada a questões de inovação.

(25)

Durante a década de 70 os estudos na área do empreendedorismo tomaram maior destaque fazendo com que as pesquisas ganhassem proporções ainda maiores. Em meados da década de 80, a área de estudos ganhou atenção dos pesquisadores de diversas disciplinas. Esta época foi caracterizada por grandes mudanças econômicas e sociais, em que novas tecnologias foram ganhando espaço e as mudanças foram ocorrendo na estrutura industrial. Este cenário contribuiu para a noção do empreendedor relacionado à percepção e exploração de novas oportunidades (FRANCO; GOVÊA, 2016).

A partir de então o final dos anos 80 marca uma virada, com a qual o empreendedorismo conquista uma maior valorização (FILION, 1999). Nesse ciclo, o empreendedorismo é relacionado com desenvolvimento econômico e marcado pela renovação tecnológica, pelos novos investimentos na economia e pela inovação no mercado (HALICKI, 2012). Desta forma Santiago (2009) aponta demais fatores que influenciaram o empreendedorismo no final do século XX:

Uma conjunção de fatores, com destaque para a automação e a aplicação intensiva dos avanços no campo da sociedade do conhecimento e nas formas de produção, favorece o aumento da produção, instalando-se, com efeito, um novo paradigma técnico-econômico que formata outro modelo de produção baseado no empreendedorismo. É, portanto, no final do século XX que começa a ganhar força o conceito de economia empreendedora, que, associado às demais determinações da Era do Conhecimento, criou uma valorização do profissional criativo, inovador e capaz de trabalhar para si mesmo, em pequenas unidades produtivas (SANTIAGO, 2009, p.

2).

Nesse cenário o empreendedorismo ganha destaque como alternativa de emprego, seja por um sonho pessoal, ou devido as transformações que estão ocorrendo no mundo do trabalho, dentre elas: à automação que substitui parte da mão de obra, os cortes e diminuição das despesas por parte de diferentes entes públicos e privados e a desestabilização econômica (DOLABELA, 2008). Tais transformações do empreendedorismo no contexto mundial também exerceram impactos no empreendedorismo brasileiro.

Podemos considerar a década de 1990, como sendo um marco para o Brasil, por ter sido nessa época que se definiram algumas práticas econômicas que estruturaram o mercado brasileiro e se estendem até os dias de hoje (HALICK, 2012). Percebe-se que o empreendedorismo ainda está fortemente ligado a economia. Salim e Silva (2010) corroboram com a discussão sobre o empreendedorismo no país na década de 90 e destacam o marco da inserção dele nas Instituições de Ensino Superior:

A partir da década de 1990, tivemos o início de uma nova fase do Empreendedorismo

no Brasil, acompanhando o que já estava se passando nos Estados Unidos desde os

anos 70. O empreendedorismo passou a ser estudado nas universidades, e grupos de

cientistas procuraram entender o comportamento e as motivações do empreendedor.

(26)

O empreendedorismo se tornou objeto de pesquisa e diversos de seus aspectos passaram a ser analisados ( SALIM; SILVA, 2010, p. 49 ) .

Destaca-se na fala dos autores supracitados o maior protagonismo nas pesquisas desenvolvidas na década de 90. É fato que o mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos, principalmente no século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo de vida das pessoas (DORNELAS, 2011). Foi então a partir desse século que o empreendedorismo começou a se afastar das pesquisas em modelos econômicos (de abordagens puramente econômicas) e passou a ser campo de interesse de cientistas sociais, com contribuições advindas de várias áreas de conhecimentos.

Já em meados do século XXI Dornelas (2011) aponta que a evolução do empreendedorismo se evidência através de ações desenvolvidas, exemplos dessas ações são:

incubação de empresas e parques tecnológicos, o desenvolvimento de currículos integrados que estimulam o empreendedorismo em todos os níveis de educação, programas e incentivos governamentais para promover a inovação e a transferência de tecnologia, subsídios governamentais para criação e desenvolvimento de novas empresas, criação de agências de suporte ao empreendedorismo e à geração de negócios, programas de desburocratização e acesso ao crédito para pequenas empresas, além do desenvolvimento de instrumentos para fortalecer o reconhecimento da propriedade intelectual, entre outros.

Com tais adventos o empreendedorismo passou a ser visto como uma ferramenta criada para despertar as habilidades, inovação e criação de alternativas através de ideias que pudessem vir a resultar em um produto ou serviço, para entregar quantidade e qualidade para o consumidor. De outra forma, o empreendedorismo vem sendo utilizado para fazer referência aos estudos relacionados ao empreendedor, às suas características, as atividades que ele desenvolve, ao seu ambiente de atuação (MELO NETO, 2002).

É nesse âmbito que os estudos a respeito da ação empreendedora passam a atribuir ao empreendedor a responsabilidade pelas transformações no ambiente, possibilitando o progresso de novas tecnologias e também de novos procedimentos gerenciais colocados à disposição das organizações (FRANCO; GOUVÊA, 2016). Assim o empreendedorismo ao longo do tempo destacou-se pelo papel transformador e inovador na realidade em que se inseria.

Desta forma, para uma melhor clareza da evolução do termo, Dornelas (2005) apresenta

um resgate histórico do surgimento do termo empreendedorismo e das modificações sofridas

ao longo do tempo expressos de maneira sucinta na figura 1:

(27)

Figura 1 – Representação gráfica do surgimento do empreendedorismo ao longo do tempo segundo Dornelas (2005):

Fonte: (DORNELAS, 2015, p. 29-30).

A figura 1 demonstra um aparato das visões de diversos autores da época, levantadas por Dornelas (2015) em que o aporte indicado ao longo do tempo, faz referência direta ao empreendedor, contudo foi analisada pelo o autor como a evolução do surgimento do empreendedorismo, observa-se que o termo empreendedor e o empreendedorismo não eram diferenciados, equívoco cometido ainda até os dias atuais. Tal fato também é apontado por Rosário (2007) que desenvolveu um apanhado da evolução do termo empreendedorismo entre 1730 e 2005, expresso no quadro abaixo:

Primeiro uso do termo empreendedorismo

•O empreendedor era visto como um aventureiro que assumia um papel ativo, correndo riscos.

Idade média

•O empreendedor não assumia grandes riscos, e apenas gerenciava os projetos, utilizando os recursos disponíveis geralmente proveniente do governo.

Século XVII

• Os primeiros indícios de relação entre assumir riscos e empreendedorismo ocorreram nessa época, em que o empreendedoresstavlecia um acordo contratual com o governo para realizar algum serviço ou fornecer produtos.

Século XVIII

• Nesse século, o capitalista e o empreendedor foram finalmente diferenciados, provavelmente devido ao inicio da industrialização que ocorria no mundo.

Século XIX e XX

• Os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou

administradores, sendo analisados meramente de um ponto de vista econômico.

(28)

Quadro 1: Evolução da definição do termo empreendedorismo

Autor Definição

Richard Cantillon (1730) O empreendedor é uma pessoa empregada por conta própria de qualquer tipo. Empreendedores compram a um preço certo no presente e vendem a um preço incerto no futuro. Um empreendedor é uma pessoa que suporta a incerteza.

Adam Smith (1776) Empreendedores são agentes económicos que

transformam procura em oferta, com ganho de margens de lucro.

Jean Baptiste Say (1816) O empreendedor é o agente que une todos os meios de produção, e encontra nos valores do produto, o reembolso total do capital entregue, o valor dos ordenados, o interesse, o aluguer pago, bem como os lucros que lhe pertencem.

Alfred Marshall (1879) O empreendedor é alguém que se aventura e assume riscos, que reúne capital e o trabalho requerido para o negócio e supervisiona os seus mínimos detalhes, caracterizando-se pela convivência com o risco, a inovação e a gestão do negócio.

Frank Knight (1921) Os empreendedores tentam prever e agir em mercados em constante mudança. Knight enfatiza a responsabilidade do empreendedor para suportar a incerteza da dinâmica dos mercados.

Aos empreendedores é exigido que executem tarefas fundamentais de gestão, como a direção e o controle.

Joseph Schumpeter (1934) O empreendedor é o inovador que implementa a mudança nos mercados através da criação de novas combinações. Estas novas combinações podem assumir várias formas; 1) a introdução de um novo produto ou incremento na sua qualidade, 2) a introdução de um novo método de produção, 3) a abertura de um novo mercado, 4) a conquista de uma nova fonte de prestação de serviços ou produtos, 5) a criação de uma nova organização industrial. Schumpeter comparou o empreendedorismo com o conceito de inovação aplicado a um contexto empresarial. Como tal, o empreendedor afasta o mercado do seu equilíbrio.

A definição de Schumpter também enfatizou a combinação de recursos. Schumpeter não considera os gestores de negócio já estabelecidos como empreendedores.

Penrose (1963) Atividade empreendedora envolve identificação

de oportunidades dentro do sistema económico.

(29)

Penrose distingue capacidade de gestão da capacidade empreendedora.

Harvey Leibenstein (1968, 1979) O empreendedor preenche as deficiências de mercado introduzindo actividades complementares. Empreendedorismo envolve

"actividades necessárias para criar ou manter uma empresa onde os mercados não estão claramente definidos no qual não se conhece completamente partes pertinentes da função de produção.

Israel Kirzner (1979)

O empreendedor reconhece e age nas oportunidades de mercado. O empreendedor é essencialmente um arbitrageur. Em contraste com o ponto de vista de Schumpeter, o empreendedor orienta o mercado para o equilíbrio.

Rothwell and Zegveld (1982) Empreendedorismo organizacional está relacionado com a criação de um novo negócio dentro das grandes corporações, um fenómeno que aumenta em importância junto das grandes concentrações industriais, e particularmente nas indústrias de investigação intensivas.

Peter Drucker (1985)

Empreendedorismo de criação. Criação de uma nova organização, substituindo a atitude subsistência para adoptar uma atitude pró ativa e autónoma de obter lucros. Empreender diz respeito a todas as atividades dos seres humanos que não aqueles que poderíamos chamar de “essenciais”

em vez de “sociais. Os empreendedores inovam. A inovação é o instrumento específico do espírito empreendedor. É o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar riqueza. A inovação, de facto, cria um valor. Não existe algo chamado de “recurso” até que o homem encontre um uso para alguma coisa na natureza e assim o dote de valor económico.

Gartner (1988, 1990) A criação de organizações distingue o

empreendedorismo de outras disciplinas.

Empreendedorismo é a criação de organizações.

Empreendedorismo termina quando o estágio de criação da organização acaba. A essência do empreendedorismo: empreendedor, inovação, inovação organizativa, criação de valor, lucro, crescimento, singularidade, e o dono-gestor.

Stewart (1991)

O empreendedorismo pode ser definido como o processo de criação de rendas através de inovação.

Andersson (2000) Qualidades do empreendedor (pp. 67): capacidade

de ver novas combinações; vontade de agir e

desenvolver estas combinações; a visão de que

interessa mais agir de acordo com a visão pessoal

(30)

do que os cálculos racionais; a capacidade de convencer outros.

Diochon (2003) “Empreendedorismo é um conceito multifacetado

e que evoluiu para incluir: o empregado por conta própria, pequeno negócio, criação de novos empreendimentos a partir do nada, novos empreendimentos dentro de organizações, gestão empreendedora (auto conhecimento e capacidade de liderança), empreendedorismo social (não- lucrativos), entre outros”.

Bygrave (2004) “Um empreendedor é um indivíduo que vê numa

oportunidade a possibilidade de criar um negócio.

Nesse processo empreendedor envolve atividades e as ações associadas às percepções da oportunidade e a criação do negócio”.

Beugelsdijk (2005) “O empreendedor distingue-se da restante

população pela sua característica individualista.

Fonte: Rosário (2007, p. 10)

Com base no exposto no quadro acima é possível inferir a multiplicidade do conceito, em destaque a autora aponta as palavras chaves nos conceitos apresentado, observa-se que em grande parte das definições é realizada uma associação por alguns dos autores apresentados que relacionam também a definição de empreendedorismo diretamente com o termo empreendedor.

Desta forma Branco (2012) ressalta que o aporte foi sendo desenvolvido ao longo de vários anos no empenho do conceito do empreendedorismo. Assim como é possível verificar no elenco de definições que constroem o referencial retratado.

2.2 CONCEITO DO EMPREENDEDORISMO E A INTENSIFICAÇÃO DOS ESTUDOS

Segundo Filion (1999) a palavra empreendedorismo pode suscitar diversos

entendimentos errôneos e interpretações equivocadas, quanto ao seu real significado. Portanto

para melhor compreensão, cabe iniciar com aspectos básicos sobre a expressão, que deriva do

termo latim imprehendere, e significa o indivíduo que assume riscos ao começar algo. O ser

empreendedor é um desafio perpétuo, dada à ampla variedade de pontos de vista usados para

estudar tal fenômeno. Em conformidade com Filion, Leite (2012) também corrobora com a

análise etimológica da palavra empreendedorismo:

(31)

Entrepreneurship na língua inglesa, é derivado de entreprende, termo utilizado no

século XVII, na França, para denominar um indivíduo que assumia o risco de criar um novo negócio. Os termos entrepreneur e entrepreneurship apresentam problemas de tradução para os principais idiomas, a parti de sua origem – o francês -, e para a língua portuguesa não foi diferente.

Entreperneur poderia ser traduzido como

“empresário” (LEITE 2012, p. 25).

O termo empreendedorismo vem obtendo grande visibilidade, ganhando espaço de debate e tornando-se objeto de estudos acadêmicos. O Instituto Euvaldo Lodi (2000) declarou que o tema empreendedorismo passou a ganhar espaço nas publicações acadêmicas a partir do início de 1980, e demonstra o quantitativo anual de publicação de mais de 300 livros e 100 artigos, além de centenas de revistas, dentre as quais, umas 20 são especializadas em empreendedorismo. Tal visibilidade com a temática do empreendedorismo conquistou maior espaço com o passar dos anos o que pode ser justificado na fala de Salim e Silva (2010, p. 18):

O empreendedorismo vem crescendo no mundo inteiro e, mais que isso, cada vez mais é tratado como uma questão fundamental para a realização das pessoas (visão dos humanistas) e para o desenvolvimento econômico (visão dos economistas). Dentro dessa óptica é que o Empreendedorismo vem obtendo maior apoio de governos, universidades e da sociedade em geral.

De acordo com Amaral, Nassif e Hashimoto (2017) o empreendedorismo provocou interesse nos estudos dessa área e vem despertando entre os cientistas inquietações levando à um crescimento significativo de produções, propiciando assim, reflexões teóricas e práticas quanto ao seu entendimento. Na literatura científica várias pesquisas têm sido desenvolvidas no sentido de buscar uma conceitualização para o empreendedorismo e para o empreendedor, bem como seu perfil e suas características.

Concordando com a perspectiva da intensificação das pesquisas sobre esse tema, Franco e Gouvêa (2016) relatam que é possível verificar que os estudos que se relacionam ao empreendedorismo são vastos, existindo um amplo número de publicações sobre o assunto, explorando as suas mais variadas vertentes.

Assim, a ampliação dos estudos no decorrer do tempo tem produzido vários pontos de vista, acerca do empreendedorismo, que divergem entre si e que nem sempre se complementam.

Abreu, Menut e Abreu (2009, p.3) reiteram: “a literatura concernente ao empreendedorismo é relativamente ampla e farta, mas ainda não reúne consenso entre os seus estudiosos quanto à definição do termo empreendedorismo ou empreendedor”.

Diante da amplitude e diversidade do tema, os autores Salim e Silva (2010) afirmam

que se faz necessário conceituar de modo mais preciso o Empreendedorismo e o movimento

que o engloba. Dessa forma, serão apresentadas algumas definições acerca do

(32)

empreendedorismo. No âmbito da conceptualização do termo empreendedorismo Dornelas (2005, p. 39 ) defende que:

Empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de idéias em oportunidades. E a perfeita implementação destas oportunidades leva à criação de negócios de sucesso.

Para muitos, é até mesmo uma forma de se relacionar e interagir com o universo.

Nesse contexto, a ênfase dada por Dornelas (2005) reside na oportunidade, ou seja, o empreendedor é aquele capaz de perceber e operacionalizar uma oportunidade em um negócio bem sucedido. Contudo não se restringe apenas à criação ou gestão de empreendimentos, pois pode ser uma forma de comportamento em variados contextos além do empresarial.

Em um sentido mais amplo o empreendedorismo não é somente uma disciplina acadêmica específica como se atribui habitualmente a Sociologia, a Física ou demais disciplinas, trata-se de um campo de estudo. Isto porque não existe um paradigma absoluto, ou um consenso científico. Traduz-se num conjunto de práticas capazes de garantir a geração de riqueza e uma melhor performance àquelas sociedades que o apoiam e o praticam. Em um sentido mais restrito pode relacionar-se com a abertura de um empreendimento como o processo pelo qual as pessoas iniciam e desenvolvem seus negócios. É um fenômeno complexo, no qual envolve o empreendedor, a empresa e o cliente, que fazem parte deste processo (BAGIO e BAGIO, 2015, OLIVEIRA, 2012).

Os autores supracitados, entendem o empreendedorismo relacionado à diversas perspectivas e contextos, Dornelas dá ênfase a concepção de empreendedorismo numa interpretação mais ampla, integrando o comportamento como uma vertente, não se restringindo a abertura ou gerenciamento de um empreendimento. Já Bagio e Bagio (2015) e Oliveira (2012) ampliam essa concepção, compreendem o empreendedorismo tanto quanto um campo de estudo, mas também abarcam um enfoque para a geração de riqueza através da criação de empresas.

Contudo, Baggio e Baggio (2015) afirmam que o empreendedorismo pode ser

compreendido como a arte de fazer acontecer com criatividade e motivação. Consiste no prazer

de realizar com sinergismo e inovação qualquer projeto pessoal ou organizacional, em desafio

permanente às oportunidades e riscos. É assumir um comportamento proativo diante de

questões que precisam ser resolvidas. O empreendedorismo por vezes é associado às

características do próprio empreendedor e compreendido como o despertar do indivíduo para o

aproveitamento integral de suas potencialidades racionais e intuitivas. É a busca do

(33)

autoconhecimento em processo de aprendizado permanente, em atitude de abertura para novas experiências e novos paradigmas.

No conceito de Bagio e Bagio, é abarcado elementos como a inovação, oportunidade, criatividade e o risco, apontados por parte dos autores anteriormente citados. Os autores supracitados também concordam com Dornelas (2005) no sentindo do empreendedorismo não se restringir as organizações. Mas além disso, acrescentam outros atributos, que abrangem o conceito: proatividade, autoconhecimento e atitude. E acerca da compreensão do termo os autores citam ainda:

A essência do empreendedorismo está na mudança, uma das poucas certezas da vida.

Por isto o empreendedor vê o mundo com novos olhos, com novos conceitos, com novas atitudes e propósitos. O empreendedor é um inovador de contextos. As atitudes do empreendedor são construtivas. Possuem entusiasmo e bom humor. Para ele não existem apenas problemas, mas problemas e soluções (BAGGIO e BAGGIO, 2015, p. 27).

No que diz respeito às ações do empreendedor, na concepção de Drucker (2014)

“empreender”, além de uma atividade econômica, é também uma ação humana que não são aquelas chamadas de “existenciais” pois são ações “sociais”. Essa abrangência também é abordada no conceito de empreendedorismo para Souza e Lopez Júnior (2011) que afirmam que o termo é altamente heterogêneo, sendo suas diferentes perspectivas refletidas nos distintos conceitos utilizados na literatura.

No entanto, essa diversidade conceitual possui algo em comum que é a relação do ato de empreender com a capacidade de inovar, a qual está vinculada ao conceito de desenvolvimento, como já apontada por Bagio e Bagio. Souza e Lopez Júnior salientam a inovação ao processo do empreendedorismo, evidenciada também sob a ótica Schumpteriana, na qual os empreendedores são seres capazes de promover a inovação, para romper os ciclos da economia, isto é, são inventores extraordinariamente criativos (ou inovadores) que eram os responsáveis por todas as ondas de prosperidade que o sistema conhecia.

De acordo com Dolabela (2008), como o fenômeno empreendedor nasceu na empresa, a literatura geralmente define o empreendedor em tal contexto. No entanto o empreendedor está em qualquer área. Não é somente a pessoa que abre uma empresa.

Considerando esse fato, acredita-se que a visão tradicional do empreendedorismo, na

qual se limita apenas a abertura de negócio, está defasada. Farfus (2008) afirma que o

empreendedorismo é o desenvolvimento de competências específicas que oportunizem o

processo de inovação, para que se torne possível à relação de conhecer o outro e as

possibilidades emergentes para realizar propósitos alinhados ao papel do empreendedor social.

(34)

A inovação é instrumento específico e inerente aos empreendedores, é o seu uso que permite explorar uma mudança e transformá-la em uma oportunidade que oferte um negócio diferente ou um serviço diferente. É conhecendo as fontes e colocando em prática os princípios da inovação bem sucedida que se alcança êxito no ato de empreender. As fontes do empreendedorismo podem se originar de diversos fatores, tais como fatores culturais, tecnológicos, de informação, conhecimento, entre outros. Pode-se recorrer a tais fatores a partir de diferentes combinações (DRUCKER, 2014, TIGRE, 2006). Dolabela (2008) destaca que:

“O empreendedorismo é um termo que contém as ideias de inovação e iniciativa. É um termo que implica uma forma de ser, uma concepção de mundo, uma forma de se relacionar”

(DOLABELA, 2008, p. 24).

Assim, percebem-se como os vários conceitos citados apontam para visões e compreensões variadas sobre empreendedorismo, contudo, apresenta de forma recorrente relação do termo com a inovação. Demonstrando o quanto este fenômeno é complexo, altamente heterogêneo, sendo suas diferentes perspectivas refletidas nos distintos conceitos utilizados na literatura para defini-lo pois seu conteúdo pode variar dependendo do lugar e do autor, isso porque recebeu fortes contribuições vindas da psicologia, economia e também da sociologia (AMARAL; NASSIF; HASHIMOTO, sd, OLIVEIRA, 2012, SOUSA e LOPES JÚNIOR, 2011). O Quadro 2 apresenta palavras chaves de algumas das principais definições citadas anteriormente.

Quadro 2 - Autores e palavras chave de conceitos de Empreendedorismo

Autores (Ano) Palavras chaves

Filion (1999) Indivíduo, Risco.

Leite (2012) Indivíduo, Risco, Negócio, Empresário.

Dorrnelas (2005) Pessoas, Processos, Oportunidade, Negócios de sucesso.

Oliveira (2012) Geração de riqueza, Processo, Negócios.

Baggio e Baggio (2015) Criatividade, Motivação, Inovação, Oportunidade, Risco.

Drucker (2014) Esfera econômica, Atividade social Souza; Lopez Júnior (2011) Desenvolvimento, Inovar, Competências.

Farfus (2008) Competências, Inovação, Social.

Fonte: Elaborado pelo autor (2018)

Entre as definições do conceito de empreendedorismo, apresentadas no aporte teórico

desse trabalho, foram escolhidas dez citações julgadas mais relevantes e retirado delas as

palavras chaves, conforme expresso no Quadro 2. Posteriormente foi possível verificar quais as

(35)

palavras chaves mais recorrentes nas definições de empreendedorismo analisadas. Portanto as palavras chaves mais indicadas foram: riscos e inovação, que foram citadas com a frequência de três vezes, sendo os termos que mais se destacam. Outras palavras chaves que foram citadas mais de uma vez nos conceitos, foram repetidas duas vezes apenas.

Cabe aqui destacar o conceito de inovação que segundo Guterres (2016) caracteriza-se como sendo a utilização de novas ideias visando à invenção/reinvenção de novos produtos e/ou serviços ou processos. A inovação é um termo inerente ao empreendedorismo levando em consideração que a inovação é conduzida pelo o ato de empreender, sendo uma ferramenta utilizada pelos empreendedores para percepcionarem e alcançarem uma oportunidade de negócio num novo mercado com um elevado potencial de crescimento. Tais características incidem diretamente no ato do empreendedorismo, a inovação, por exemplo, pode ser considerada também como a natureza da ação, caracterizada por buscar fazer algo inovador ou diferente do que já é feito. E o risco a falta ou inexistência de controle sobre as formas de execução e recursos necessários para se desenvolver a ação desejada, liberdade de ação (OLIVEIRA, 2012).

Sendo assim, é fato que a inovação e o risco compõem as características da ação empreendedora, a criação de algo novo mediante a visualização de uma oportunidade, dedicação e persistência na atividade que se propõe a fazer e ousadia para assumir os riscos que deverão ser calculados são características que influenciam o alcance dos objetivos pretendidos.

Portanto inovar é explorar novas ideias, ou aplica-las em um novo contexto, em geral é associada às novas tecnologias de informação, a novos processos ou simplesmente à melhor prática. A inovação está claramente associada a riscos (OLIVEIRA, 2012, GUTERREZ, 2016).

Contudo Oliveira (2012) afirma que embora o risco seja um fator essencial na ação empreendedora, tal fato não significa necessariamente que todas as medidas de mudanças são efetivamente empreendedoras. Da mesma forma, nem todas as ações desenvolvidas, com risco, sem controle dos processos são ações empreendedoras, pois nem sempre são ações inovadoras.

2.3. CORRENTES TEÓRICAS

Santiago (2009) aborda em seus estudos as três principais correntes teóricas que

demarcam as discussões sobre o empreendedorismo. A primeira, representada pelo economista

e sociólogo Schumpeter, que fundamenta o empreendedorismo e o espírito empreendedor como

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